UMA LEITURA DO ARTIGO “ POSSIBILIDADES DO BEM-ESTAR DOCENTE NO CONTEXTO EDUCACIONAL “DE AUTORIA DE SILVÉRIO COSTELLA, INGRID KORK NOAL E MARIA INÊS NAJORKS
AUTORA: MARIA LAURENICE DA COSTA FABRÍCIO
Apresentação
A presente abordagem foi construída a partir da leitura do artigo “ Possibilidades do bem-estar docente no contexto educacional “,de autoria de Silvério Costella, Ingrid Kork Noal e Maria Inês Najorks – no qual apresentam um estudo realizado em escolas públicas estaduais no município de Santa Maria-RS. Os autores do artigo analisado são pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria – RS. Em uma leitura mais atenta pressupomos que os autores acreditam ser esse “ bem-estar a possibilidade da “ cura “ para um mal-estar gerado em um contexto de insatisfação profissional, já que o docente é o sujeito de um jogo semelhante a um projeto profissional e existencial.
Viver em sociedade requer dos indivíduos que a compõe muito mais do que ser instituído, exige de cada um a opção e a ação de se conhecer dentro de certa prática social. É um problema que não se esgota em um primeiro plano, mas que tem que se reconhecer a enorme responsabilidade nos caminhos que levam o sujeito professor ao bem-estar, quer seja do ponto de vista acadêmico ou do profissional ou no que o prepara para seguir com sua formação pessoal, o que se sabe que todos esses perpassa por níveis de motivações e incentivos.
É importante assinalar que o caminho para devolver ao professor o seu lugar de direito, de forma a proporcionar-lhe satisfação, como gestor privilegiado dos processos de aprendizagem e respeitando as especificidades do seu grupo, é mantendo viva e estimulando a sua atividade criadora. Explicitar esses pressupostos é familiarizar-se com a situação do professor no contexto educacional, á algo histórico porque tornou-se nas últimas décadas
sinônimo da preocupação de muitos docentes. Haja vista que em muitos dos relatos desses profissionais muitas críticas e insatisfações compõem um cenário que se transforma em revolta, em impotência, mesmo também porque são eles os objetos de transformações, sabem como promulgar essas transformações mas não dispõem dos meios para tanto.
Pelo que apresentam os autores, parecem acreditar ser possível rever e aperfeiçoar continuamente a proposta que revela se estar ou não no caminho das interações mais prazerosas. Reconhecendo esse estudo em face de rarefeitos recursos de apoio à atuação docente, é importante assinalar que esse estudo foi organizado para ajudá-lo a se fazer porta-voz legítimo do projeto político-pedagógico, segundo os autores após reflexões foi enunciado uma outra realidade que permanecia oculta até o momento, a de bem-estar que foi se desvelando através de uma escuta mais profunda. Nota-se que essas concepções rompem com visões de paradigmas no entendimento do fenômeno mal-estar, já que é dele que emana outros conceitos de representações instituídos por um sujeito-professor que ocupa nesse espaço lugar de destaque.
Podemos observar que os pesquisadores ao elaborar esse estudo tiveram a intenção de chamar a atenção não somente dos docentes, mas especialmente das autoridades que compõem um cenário político, e que a eles foi dado o poder de transformação para melhor de todo um sistema, especialmente o sistemas educacional. Há um discurso histórico que se arrasta por décadas, de que o docente estar insatisfeito no exercício de suas atividades profissionais. È bem verdade que nesses últimos anos se tem investido na formação docente, mas não é só isso. È importante salientar também que nota-se a ausência de uma motivação que não podemos fechar os olhos para o evidente: essa motivação passa primeiro pelo incentivo salarial. Em um país onde algumas categorias profissionais que nem precisam de tanta formação intelectual e dedicação, perceberem mais do que um professor vai sempre reinar insatisfação, mal-estar e vai reinar sempre o perfil de um sujeito marcado por crises. Impossível não ilustrar a intenção dos autores com suas palavras, quando afirmam que a crise docente pessoal e profissional pode conduzir o professor para dois caminhos distintos: Por um lado evidencia-se
constante busca pelo bem-estar, que se caracteriza mais como possibilidade de superação da crise e aceitação do desafio. Característica comum daquele profissional que luta sem temor, com espírito competitivo e uma dose saudável de agressividade.
Esse artigo reflete a realidade de todos os docente na esfera educacional do país. Acredito que não importa a região, mas a partir do estudo apresentado pelos pesquisadores baseia-se na convicção de todos os profissionais docentes, que apesar das dificuldades vislumbram e encontram formas de fugir das armadilhas, assumindo a essa altura a relevante opção de se fazer objeto necessário, ou mesmo útil, de trabalhar nos moldes de retomada apostando que sempre no final do túnel há uma luz que brilhará para ele, e lá sim vai encontrar as possibilidades de bem-estar de que fala o texto de leitura. Buscando assim, escapar das armadilhas.
Partilhando dessas convicções, convém esclarecer que as leituras realizadas foram muito proveitosas e serviram mais uma vez para firmar aquilo que acredito: enquanto o profissional docente se depara com realidades conflitantes para a realização do exercício de sua função, será muito difícil falar e pensar em possibilidades de bem-estar. Porque aqui o que se falar é de um indivíduo que não tem como ser separado. Professor é professor vinte e quatro horas. Recomendaria a leitura desse artigo para todos os profissionais docentes como parte integrante de um estudo em que se pretenda realizar uma reflexão e avaliação dos profissionais de educação. Porque também ele fornece evidências mais do que suficiente de um modelo de idealização que se estar no caminho, mas ainda muito longe de alcançar.
Considerações finais
Dessa forma, considero muito ricas as experiências que foram relatadas nesse texto de leitura, e que não resta dúvida sobre a considerável contribuição para a formação de todos que chegarem a realizá-la( leitores ). É um importante recurso teórico e metodológico para se pensar em caminhos alternativos de possibilidades de bem-estar docente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, J.C.S. Docência e ética: da dimensão interativa entre sujeitos ao envolvimento sócio institucional. In: ROMANOWISKI, J.P.; MARTINS, R.D.O.; JUNQUEIRA, S.R. (Orgs.). Conhecimento local e conhecimento universal: práticas sociais, aulas, saberes e políticas. Curitiba: Champagnat, 2004.
BEHRENS, Marilda Aparecida. Formação continuada dos professores e a prática pedagógica. 3a. ed. Curitiba: Champagnat, 1996.
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da Educação. Porto Alegre: Artmédicas Sul, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 28 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. (Col. O Mundo, Hoje). V. 21. 184 p.