Uma Leitura de Schopenhauer para a efetivação de um novo homem
Publicado em 24 de abril de 2014 por Bruno Marinelli
Poucos leitores podem não se aventurar ao ler Schopenhauer, uma pelo fato de justificarem como sendo um pensador muito difícil, outra pelo pessimismo ocasionado pela leitura de suas obras.
Porém, é importante que o leitor tenha em mente alguns esclarecimentos lógicos, a filosofia de Schopenhauer é pessimista na teoria, porém, é otimista na prática. Uma pelo fato de que ao desenvolver a sua teoria acerca do desejo e da vontade.
Do desejo nasce à vontade, mas é pela vontade que o desejo é alimentado ou condicionado, eis aqui um ponto específico do pensamento do filósofo, a vontade é causa do sofrimento, pois será ele um desejo sem fim. Aqui Schopenhauer demonstra grande habilidade ao ler Kant, pois, é provável que nenhum pensador leu Emmanuel Kant melhor que Schopenhauer. Isso pelo fato de colocar a vontade como princípio do mundo numênico. Como se não bastasse ainda a eleva ao grau de uma ação inconsciente, cega e insaciável, pois, a vontade humana esta sempre faminta e esfomeada para se realizar. Se não realizada causa tédio, se realizada causa sofrimento, pois a mesma se renova em um novo desejo e uma nova vontade.
Nesta esfera as ideias kantianas são colocadas em cheque, pois, atacando a maioridade de Kant, afirma que o que conduz o mundo é à vontade e não a razão, pois, é a razão fruto da própria vontade. Em tese, quanto mais elevado é o espírito humano, quanto mais genial maior lhe parece o sofrimento e as dores do mundo. A realidade real é que a vontade é cega sendo a razão apenas um oceano da irracionalidade.
O presente pensador inaugura inúmeros ramos da epistemologia, do conhecimento, da psicologia, e da antropologia humana.
Dentro deste relógio que oscila dentre o tédio e o sofrimento (da direita para a esquerda), no meio encontramos a felicidade que é apenas momentânea, logo ela é em si mesma negativa, pois gera falta e dela nasce o novo desejo. Já o sofrimento abrange para uma realidade positiva, pois é permanente e sempre produtor, pois, torna-se consciente.
É de suma importância que o presente pensador faça parte não somente da área da filosofia, mas também de vários ramos do saber científico, vale lembrar aqui, a própria noção de dor de finitude nas áreas médicas conhecidas como cuidados paliativos, de antemão quanto à biologia não consegue mais dar respostas para o sofrimento humano, é importante que o médico tenha em mente a biografia do paciente.
Outra realidade é que a abrangência de Schopenhauer é tão grande que deveria fazer parte da própria área psicológica da educação pedagógica. Ou seja, nossas crianças no mundo capitalista são criadas para a felicidade e logo não aprendem a lidar com o sofrimento, talvez se a presente noção de Schopenhauer fizesse parte do ambiente pedagógico teríamos um mundo mais fundamentado na realidade, ou seja, somente aprendendo a lidar com o sofrimento poderá o homem atingir maiores instantes de felicidade. Eis aqui a grande contribuição do pensador para a realidade cotidiana.