Poucos leitores podem não se aventurar ao ler Schopenhauer, uma pelo fato de justificarem como sendo um pensador muito difícil, outra pelo pessimismo ocasionado pela leitura de suas obras.

Porém, é importante que o leitor tenha em mente alguns esclarecimentos lógicos, a filosofia de Schopenhauer é pessimista na teoria, porém, é otimista na prática. Uma pelo fato de que ao desenvolver a sua teoria acerca do desejo e da vontade.

Do desejo nasce à vontade, mas é pela vontade que o desejo é alimentado ou condicionado, eis aqui um ponto específico do pensamento do filósofo, a vontade é causa do sofrimento, pois será ele um desejo sem fim.  Aqui Schopenhauer demonstra grande habilidade ao ler Kant, pois, é provável que nenhum pensador leu Emmanuel Kant melhor que Schopenhauer. Isso pelo fato de colocar a vontade como princípio do mundo numênico. Como se não bastasse ainda a eleva ao grau de uma ação inconsciente, cega e insaciável, pois, a vontade humana esta sempre faminta e esfomeada para se realizar. Se não realizada causa tédio, se realizada causa sofrimento, pois a mesma se renova em um novo desejo e uma nova vontade.

Nesta esfera as ideias kantianas são colocadas em cheque, pois, atacando a maioridade de Kant, afirma que o que conduz o mundo é à vontade e não a razão, pois, é a razão fruto da própria vontade. Em tese, quanto mais elevado é o espírito humano, quanto mais genial maior lhe parece o sofrimento e as dores do mundo.   A realidade real é que a vontade é cega sendo a razão apenas um oceano da irracionalidade.

O presente pensador inaugura inúmeros ramos da epistemologia, do conhecimento, da psicologia, e da antropologia humana.

Dentro deste relógio que oscila dentre o tédio e o sofrimento (da direita para a esquerda), no meio encontramos a felicidade que é apenas momentânea, logo ela é em si mesma negativa, pois gera falta e dela nasce o novo desejo. Já o sofrimento abrange para uma realidade positiva, pois é permanente e sempre produtor, pois, torna-se consciente.

É de suma importância que o presente pensador faça parte não somente da área da filosofia, mas também de vários ramos do saber científico, vale lembrar aqui, a própria noção de dor de finitude nas áreas médicas conhecidas como cuidados paliativos, de antemão quanto à biologia não consegue mais dar respostas para o sofrimento humano, é importante que o médico tenha em mente a biografia do paciente.

Outra realidade é que a abrangência de Schopenhauer é tão grande que deveria fazer parte da própria área psicológica da educação pedagógica. Ou seja, nossas crianças no mundo capitalista são criadas para a felicidade e logo não aprendem a lidar com o sofrimento, talvez se a presente noção de Schopenhauer fizesse parte do ambiente pedagógico teríamos um mundo mais fundamentado na realidade, ou seja, somente aprendendo a lidar com o sofrimento poderá o homem atingir maiores instantes de felicidade. Eis aqui a grande contribuição do pensador para a realidade cotidiana.