UMA FORMA CRIATIVA DE ENSINAR: A ARTETERAPIA COMO AJUDA À PSICOPEDAGOGIA ATRAVÉS DAS ARTES PLÁSTICAS



Sandra Souto Silva Souza*

Resumo

Este artigo relata os diferentes focos de dificuldades de aprendizagem, destacando a importância da aplicabilidade da arteterapêutica para auxiliar a psicopedagogia a conduzir com inventividade sua ação educativa, enfatizando as inúmeras modalidades artísticas como um elemento de superação dos conflitos, internos e externos, que impedem o educando de aprender e apreender em uma construção contínua, inovadora e criativa.

Palavras - chave: Aplicabilidade. Arteterapêutica. Modalidades Artísticas.

Abstract
This article relates the different levels of trouble found in learning process, standing out the therapeutic art applicability, in order to aid the psych-pedagogy keeping focus the creation for educational practice as well as, it emphasizes several artistic options, as a way of overcoming the inner and outer struggles that prevents understanding in an innovator and creative ongoing construction.
Key words: Applicability, art, Artistic options Therapeutic.




Sandra Souto S. Souza* - Pedagoga, especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, especialista em Arte-Educação.




1-Introdução

Ressalta-se que a finalidade deste artigo, intitulado Uma Forma Criativa de Ensinar: A Arteterapia como ajuda Através das Artes Plásticas à Psicopedagogia, não é a contemplação da arte pelo belo, como objetiva as artes em si, entendendo-se também ser bela a maneira pela qual conduzir o aprendente em suas construções: a de se fazer arte educacionalmente.
Trata-se a arte como mola propulsora, capaz de ser utilizada na obtenção de resultados benéficos à Psicopedagogia, como o próprio título desta o diz, através das artes plásticas e da arterapia, para um melhor desenvolvimento dos aprendentes. Tem como base as pesquisas de Carls Jung; Nise da Silveira e Osório Cesar, que tiveram forte influência da arte de vanguarda modernista, e também alguns estudos psicanalíticos do Pai da Psicanálise, Sigmund Freud.
Tal foco de pesquisa coloca o psicopedagogo em um patamar inovador: ser também um arterapeuta da educação. Este fica, assim, entre as interfaces da educação e arteterapia, ambas numa correlação, em prol da superação de dificuldade de aprendizagem e distúrbios de aprendizagem do sujeito /aprendente em todas suas faixas etárias.
A humanidade vive um tempo em que a educação passa por um momento de mudanças em sua metodologia, e necessário se faz que a escola, em seu contexto educacional, se adapte a estas novas mudanças. Hoje a escola está mais voltada para um melhor conhecimento dos seus aprendentes, promovendo um aprendizado mais alegre e participativo. Ao trabalhar a criatividade, o educador valoriza sua prática e enriquece sua ação criadora, assim, ensinantes e aprendentes estão inseridos nesta conciliação de novas amostras educacionais.
Redimensionarem-se essas vivências dentro desse argumento psicopedagógico/arteterapêutico, calcado também na Teoria da Psicogênese da Língua Escrita de Ana Teberosky e Emília Ferreiro e o biólogo Jean Piaget, em sua Teoria Psicogenética, ao fazer-se a Avaliação do Questionário de Perguntas, quando o psicopedagogo investiga o aprendente no campo da leitura e escrita, ajudando-o, nessa superação, a perceber conflitos internos e externos, paralelamente a esta, a começar um acompanhamento arteterápico, que em suas produções artísticas.
O psicopedagogo é um profissional que está focado nas interfaces da educação e da saúde, cujo processo é busca constante pela qualidade de "Ser" e "Dever Ser", numa realização humana de ações focadas no autoconhecimento e auto-estima.
Incentivar a superação das dificudades e descobertas das potencialidades, é algo bastante relevante em nossos dias, pois sabemos do caminhar lento dos nossos passos educacionais, sendo de promordial importância avançarmos mais, com atitudes de um país ainda em desenvolvimento, mas também focado em uma visão além de suas fronteiras.
Leny Magalhães Mrech, em seu livro Psicanálise e Educação:Novos Operadores de Leitura, nos atenta para o fato de que:

A cultura cria formas especiais de conduta , muda o tipo de atividades das funções psiquicas superiores .Ela constrói novos extratos no sistema de desenvolvimento da conduta do homem.Este é o fato fundamental , que confirma cada uma das páginas da psicologia do homem primitivo, que estuda o desenvolvimento psicológico e cultural de forma pura e isolada.No processo de desenvolvimento histórico, o homem social muda os modos e procedimentos de sua conduta , transforma os códigos e funções inatas , elabora e cria novas formas de comportamento, especificamente culturais.(Apud, Magalhães, 2003, p.6).

As mudanças ocasionadas pela cultura fazem com que se mude a maneira pela qual o homem vai ser idealizado, modificando também com isto sua estrutura de pensamento, e este processo pelo qual passa sua aprendizagem é mutante, na medida em que ele constrói e organiza este saber.

2-Artes plásticas: uma pincelada de sua história

Conta-se que as primeiras obras no campo das artes plásticas foram feitas no Período Paleolítico (2.500a. C), como estátuas humanas, destacando-se a Vênus de Willendor-pinturas em cavernas denominadas de rupestres, estão localizadas na Espanha, na cidade Altamira (3.000a.C a 1.200ª. C.), em Lascaux, França (1500 a 1000ª. C.), encontrando-se gravuras de diversos animais pré-históricos.
Entre os rios Tigre e Eufrates, viveu a civilização Mesopotâmia, onde existiam povos como os Sumérios, Babilônios, Assírios e Caldeus e percebeu-se a arte influenciada pela religião daqueles povos e pelo poderio dos governantes, inspiravam os artistas a utilizarem relatos de conquistas e vitórias, representados nos touros, alados, estaturas de olhos arredondados, relevos nas paredes, mostrando-se as guerras e conquistas, como se quisessem comunicar as atuais gerações e as vindouras o que se passara com seus habitantes.
A Arte Egípcia era composta de influência religiosa e ligada à morte cultuando-se a crença da vida após a morte, era aplicada em desenhos de faraós, deuses e animais em uma forma também textual, com a escrita hieroglífica, sua arte era retratada nos papéis, chamada na época de papiros e nas pirâmides, que exprimiam o cotidiano da classe nobre ou o dia a dia, tendo como traço característico, o desenho chapado, de perfil, não havendo perspectiva artística na Grécia criou-se a Arte Minóica, na Ilha de Greta, com um colorido bem acentuado nas obras de artes e de tons fortes, sendo as figuras mais comuns; touros, símbolos ligados ao mar, imagens abstratas e nas cerâmicas, decoravam-na com pinturas de animais.
Houve também na Grécia, um Período Clássico, onde foi o auge da expressão da arte local, notou-se um equilíbrio e os contornos que aproximavam da realidade, retratados em pinturas da natureza, contrário aos egípcios, o traço de perspectiva era muito presente nesta ocasião, alcançando-se este conhecimento através das figuras em esculturas feitas de bronze e mármore, dando-se evidência ao realismo presente nas obras de Fídias, Policleto, Praxíteles e Mirón, a arquitetura também era vista nos templos religiosos, como: Parthenon, A Acrópole de Atenas, O Templo de Zeus, situado na cidade de Olímpia bem demonstrado nas artes o auge do Expressionismo deste Período.
No Período Helenístico, houve uma união de duas artes: a grega e a oriental, tendo a primeira um aspecto de realismo (fruto do domínio persa) tão vista nas esculturas, um aspecto de dramaticidade em suas formas, com a finalidade decorativa.
Ressaltando-se a Arte Romana do Ocidente e do Oriente, denominada de Arte Bizantina, observa-se o entusiasmo dos povos etruscos, seguindo os moldes dos eles mentos artísticos e culturais existentes na Grécia, chegando-se a fazer cópias de estátuas clássicas, e era uma época em que se construíam monumentos públicos para homenagear - se os imperadores de Roma. Uma pintura de mural, ícones religiosos, manuscritos, mosaicos com cores bastante acentuadas, com traços influentes da religião.
Descrevendo-se um pouco a história da Arte Renascentista (Séc.XV e XVI), observa-se a volta da arte utilizada na antiguidade clássica. Na época do Humanismo, há o Paradigma Antropocêntrico, (o homem no centro), e por este foco, buscaram-se técnicas para serem aplicados nas perspectivas, que abrilhantavam as telas e figuras daquela época, conhecimentos científicos e matemáticos, em suas produções, mostravam a natureza em diferentes ângulos, utilizaram-se também as tintas a óleo, em uma busca constante de chegar mais perto da natureza, sombras, luzes, cores e perspectivas em harmonia. Entre as Esculturas Renascentistas, destacam-se: A Alegoria da Primavera, de Sandro Boticceli, A Virgem dos Rochedos, Moralisa e Última Ceia, de Vinci, A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio, o teto da Capela Cistina e outro.
No século XVI, inicia-se O Maneirismo, vindo romper com as referências clássicas até então tão cultuadas pelos artistas, era um período onde a idealização da beleza, tinha grande respaldo, e havia uma distorção quanto aos traços naturais, e criando-se uma arte bizarra, mostradas nas figuras, onde se podia percebê-las através das obras; A crucificação de Tintoretto, O Enterro do Conde, de Orgaz, de El Greco.
Na Arte Barroca (1600 a 1750), são mais destacadas as cores e nas formas do desenho, dando-se destaque as sombras e luzes tão bem pinceladas nas obras de artes da época, consistir nas cores destacadas e nas formas dos desenhos, sombras e luzes, tão bem pinceladas nos objetos artísticos que inspiravam as paisagens coloridas, naturezas-mortas e cenas corriqueiras, o que se percebe nas composições artísticas de Gian Lorenzo Bernini, Rembrandt e outros.
Em 1730 a 1800, deu-se o Período Rococó, com a utilização de uma pintura bem mais suave do que os tons fortes dos outros períodos, em linhas curvas e arabescos. Foi intensa aplicação desta arte em decoração de interiores, enfatizando-se os artistas: Jean Antoine Watteau, Gravanini Batista Tiepolo, Jean - Honoré Fragonard, Françoise Bourcher e outros.
A volta da Arte Clássica é vista no Período Neoclassicismo, por volta de 1750 a 1820, representa a volta da influência Grego-Romana, com desenhos mais definidos, e de linha sobre a cor, temas que geralmente retratam o momento atual ou que marcou gerações como: heroísmo e civismo, dentre vários pintores, notam-se por suas obras grandiosas: O Juramento dos Horácios e A Morte de Sócrates, de Jacques Louis David, e A Banhista de Valpinçon, de Jean ?Auguste ?Dominique Ingres, Romantismo (1790ª 1850), Época romântica onde dar-se ênfase ao sentimento e são representados deste período o artista Francisco de Goya y Lucientes, enfatizando - se A Família, de Carlos IV, o Colosso e Os Fuzilamentos do Três de Maio de 1908.
Algumas obras do Romantismo: A Balsa da Medusa, de Theodore Gericault, A Carroça de Feno, de John Constable, A Morte de Saldanapalo de Eugène Delcroa e O Combatente Teméraire, de Joseph William Turner. Caracterizou-se por ser contrário ao racionalismo.
Por volta de 1848 a 1875, o Realismo ocorreu. Suas características eram a objetividade e realidade física, onde artistas aproveitavam para criticar através da arte, a sociedade e também pintavam figuras eróticas donde incomodava a sociedade européia do século XIX, conservadora. As pinturas que marcavam esta fase foram: O Enterro em Ornans, de Gustave Conbert, Vagão de Terceira Classe, de Honoré Daúmier, e Almoço na Relva, de Edouard Manet.
A preocupação com os efeitos de sombras, luzes e perspectivas, foi marcada pelo Período do Impressionismo (1880 a1900), onde permaneceu bem caracterizada essa nova maneira de pintar, pintura por vezes ao ar livre, onde se abordava as paisagens naturais e os acontecimentos, fossem em festas, reuniões familiares entre outras. Dentre os pintores e suas obras de época, os mais conhecidos foram: Impressão, Nascer do Sol, de Claude Monet, A Aula de Dança, de Edgar Degas, e o Almoço dos Remadores, de Auguste Renoir.
Depois desse período, aponta-se polêmico Pós- Impressionismo, que, assim como o Impressionismo, priorizou as luzes, cores, e imitações do natural retratadas nas telas percebendo-se o cromatismo, eram presente nos objetos de arte, como as esculturas e telas. Van Gogh abusava dos tons fortes em pinceladas bem acentuadas e obras diversas, como A Noite Estrelada. Henri de Touse-Lautrec aplica a técnica da litogravura, muito difundida no meio artístico.
Finaliza-se este Período, e inicia-se o Período do Expressionismo, cujos pintores são formados em sua maioria pelos pós-impressionistas. Podemos citar alguns deles: Edward Munch, Enil Nolde, Amedeo Modigliani, Oskar Kokoschk, Egon Schiele, Chaim Soutine, Alberto Giacometti e Francis Bacon.
No Período que vai de 1908 a 1915, desponta o Cubismo, soltando-se as amarras dos elementos artísticos tradicionais, ao enfocar inúmeros pontos de vista a respeito de uma mesma obra de arte. A aplicação de formatos geométricos, utilizando-se de recortes de revistas, jornais e fotos são postas na arte como instrumento decorativo e inovador. Dar-se neste período, ênfase aos trabalhos dos autores: Les Demoiselles d?Avignon, de Pablo Picasso, e Casas em L?estaque, de George Braque.
Termina esta fase e nas décadas de 1910 a 1920, assinala-se o Dadaísmo, polêmico, anárquico, anticapitalista, pregando o absurdo, o sarcasmo, a sátira crítica, tudo o ia de encontro aos valores daquela época e repercutia esta mudança nas artes, numa linguagem diversificada, passando pela pintura, escultura, poesia fotografia e teatro, são artistas desse tempo: Hugo Ball, Hans Arp, Marcel Ducamp, Francis Picabia, Marx Ernest e outros.
Associando o irreal ao real, como maneira de retratar a arte, em seu mais novo contexto e forma, desponta o Surrealismo, década de 1920. Representa um rompimento com todos os métodos e aplicativos da arte, cores e desenhos em tonalidades bisarra e provocativa, imagens estranhas são produzidas pelos artistas, dentre as obras surrealistas, estas ficaram mais conhecidas: Auto-Retrato com Sete Dedos, Marc Chagall, O Carnaval do Arlequim, de Joan Miró, A Persistência da Memória, de Salvador Dali, A Traição das Imagens, de René Magritte Uma Semana de Bondade, de Marx Ernest, são algumas das mais enfatizadas obras.
A influência da mídia virtual, com as histórias em quadrinhos e a imprensa, fez chegar par promover mais uma mudança no campo das artes, a então chamada Pop-Art (1950), dando-se vazão a manifestação da Arte-Humor, permeada por críticas constantes, artistas mais conhecidos como Richard Hamilton, Allen Jones, Robert Rauschenberg, Jasper Johns, André Warhol e outros.
Surge depois a Art Conceitual (1960), em que os textos, imagens, e objetos, devem ter um valor específico, dando-se preferência à promoção de um espaço integrado em que se aponte o admirador e a obra em si. As televisões e os vídeos foram aproveitados, os artistas que mais se destacaram foram: Joseph Beuys, Joseph Kosuth, Daniel Buren, Sol Le-Witt e outros.

2.1-As artes plásticas: em harmonia com a ciência

Percebe-se que existem na mente humana duas vertentes para decifrar as emoções; de um lado, estão as Ciências com seus avanços tecnológicos, nos apontando um caminho, em uma rapidez quase que momentânea de informações; e as Artes, que com a sensibilidade dos artistas, retrata os anseios e sentimentos mais escondidos, em diversos tipos e relevos, cores e nuances, sombras e perspectivas.
Os neurocientistas buscam artisticamente uma explicação mais sensível aos diagnósticos de imagens que estimulam à cognição e o lúdico. A busca pela essência humana é interminável, algo impossível também para relatar através da arte, sem essa ajuda tecnológica, ambas tomam uma dimensão bem maior, se intercaladas.
Cientistas, como Albert Einstein, utilizaram-se da arte para elaborar trabalhos teóricos, racionais. As Artes Plásticas estão também auxiliando os exames tomográficos (alguns pintados à mão), Raios-X de manequim de vitrine, neurônios que monitoram robôs e desenhistas. Até onde vai o avanço das Ciências com as artes? Por certo não sabemos, mas se acredita ser de grande valia para obtenção de resultados que possam minimizar ou evitar futuros danos, conduzir a conseqüências desastrosas, por falta de um olhar mais criterioso e sensível.
A artista alemã Gabriele Leidloff (1990), fotografando bonecos de sexshop e celebridades, foi pioneira dessas experiências e celebridades, o que resultou em uma exposição. Essa pesquisa ajudou na técnica de produção de imagens, para aprofundar-se mais nas questões cerebrais, e os diagnósticos clínicos, despertam inspiração as obras de arte, atualmente, existindo um biofeedbak entre neurociência e arte.
Será então a arte vista ou aplicada na correção do que diríamos imperfeições ou áreas não detectadas somente com o respaldo tecnológico? Porém as ciências naturais discordam desta opinião, por não entender as artes focadas sob este ângulo, no que ocorre uma grande recusa pelo novo, pela modernidade. São obviamente sob duas ópticas em simbiose com o objeto observado, cada um captando de acordo com o que o outro oportuniza e oferece. A neurociência, buscando uma forma racional de decodificar os enigmas do planeta, e a arte, emprestando sua sensibilidade em uma visão quase poética.

2.2-O talento artístico e a mídia

Constata-se que a arte sai de um patamar quase inatingível e se permite ultrapassar várias barreiras que a impediam de ser fonte de informação artístico-cultural durante séculos, como manifestação popular.
Somente aqueles tinham uma boa condição financeira para ir até Paris, conhecer o Museu do Louvre, por exemplo, em um tour onde a arte é o ponto pitoresco. Atualmente, nas bancas de revistas, encontramos artes de pintores famosos, a um preço acessível ao público, CD - ROM, com cópias de telas de famosos, com Da Vinci, Renoir e outros, reproduzidas fielmente, no seu livro. Para Apreciar a Arte, Antonio Costella, comenta:

Todavia, o grande problema que se coloca em face da massificação dos bens artísticos é o seguinte: é fácil massificar a informação a respeito desses bens, mas é difícil massificar o conteúdo que eles encerram. É fácil informar todo o povo (Heitor Villa Lobos, Apud, Costellla, p.8-9, 1997.).

3-A trajetória da arteterapia

Expressar-se através da arte, de uma idéia, de um ideal ou manifestação das profundas emoções e sentimentos. Ligação com as origens. Arte, do latim ars, arts, de agere, agir, movimento. Art é uma produção única, original. Criatividade, do francês couer, coração. Terapia, transformação, cura. Arte terapia =a ação de transformar, curar com o coração, através da arte.
Arteterapia é um processo terapêutico que serve de recurso expressivo, a fim de conectar os mundos internos e externos do indivíduo, através de sua simbologia. Variados autores definiram-na como a arte livre, unida ao processo terapêutico, que transforma a arteterapia em uma técnica especial, distinguindo-se como método de tratamento psicológico, interligado no contexto psicoterapêutico como mediador artístico.
Tal atuação origina uma relação terapêutica particular, estável, na criação entre o sujeito (criador), o objeto de arte (criação) e o terapeuta. O recurso à imaginação ao simbolismo e a metáforas enriquece e amplia o processo livre.
A procedência da Arteterapia é da Antroposofia de Rudolf Steiner, segundo o qual o homem é considerado um ser espiritual composto de alma e corpo vivo, onde por meio dos conhecimentos: cor, forma, volume, disposição espacial. A terapia artística permite que a pessoa vivencie os arquétipos da criação, ou seja, re-conecte-se com as leis que são essenciais a sua natureza, como isso, proporciona um contato com a essência criadora de cada um. Entre 1876 a 1906, a arte era aplicada por criminalistas e psiquiatras para diagnóstico de doenças mentais.
As motivações inconscientes abalaram a visão tradicional daquela época, em 1906 a 1913. Freud se dedicava a escrever sobre artistas e suas obras, fazendo análise deles sobre a Teoria da Psicanálise, sendo possível a análise das manifestações inconscientes através da leitura dessas obras artísticas.
Observava-se que o inconsciente se manifesta por meio de imagens, sendo uma comunicação simbólica com função catártica. Consequentemente, a criação artística seria fruto de desejos sexuais, impulsos instintivos não passíveis de serem satisfeitos na realidade.
A Pedagogia Contemporânea instaura técnicas ativas das quais Decroly, Frenet, Montessori foi os precursores. Na História da Psicologia, a maneira das expressões das emoções, sentimentos, idéias através do desenho nas sessões iniciou-se com Jung e esse material foi intensamente estudado através de Técnicas Projetivas (H.T. P, Psicodiagnóstico de Rorchach, Teste da Figura Humana e outros).
Na década de XX, Jung começa a utilizar a arte como parte do tratamento psicoterápico. Assim sendo, as imagens representavam uma simbolização do inconsciente pessoal e muitas vezes o inconsciente coletivo, decorrente da cultura humana nas diferentes civilizações, onde analisou mitologias e culturas, sendo cada uma delas impregnadas de emoções distintas em diferentes conjunturas socais ao qual nomeou estruturas arquetípicas, sendo admissível compreender a conduta individual e a manifestação da sociedade no tempo e no espaço.
Verificou-se que estes estados de confusão receberam o nome de inconsciente coletivo. Em 1927 a 1929, a Dra. Ita Wegmann, O Dr.Husseman indicava a arte como parte do tratamento médico, nos Estados Unidos , na década de 40, Margareth Naumburg sistematiza a arteterapia dando investida ao uso das artes na metodologia terapêutica, com destaque em trabalhos corporais, tendo em vista a situação crítica de um público diferenciado do pós-guerra, abarrotando as práticas convencionais viventes.
Evidencia-se já está na Europa que está bem disseminada a arteterapia, nesta época, sendo aplicada nos hospitais gerais, em palestras e comitês, como também sendo oficializado o curso de graduação e pós-graduação no ano de 1980.
No Brasil, em 1923, Osório César, interno do Hospital Juquerí, e outros hospitais psiquiátricos no Rio de Janeiro iniciam o processo de desenvolvimento em estudos sobre as Artes dos Alienados, Somente em 1925, foi criada a Escola de Livre de Artes Plástica acima mencionada.
Enveredou-se por este caminho como alternativa de trabalho, para se chegar mais perto do mundo irreal do doente mental, a médica psiquiatra alagoana, Nise da Silveira e Osório Cesar, em 1946, inclui oficinas de arte na seção de terapia ocupacional no Centro Psiquiátrico D.Pedro II, sendo criado em 1952, o Museu do Inconsciente, Nise da Silveira, participa do Congresso de Zurique a convite de C.G.Jung levando trabalhos dos internos.
Em 1970, foi ministrado por um norte americano, o primeiro curso de arterapia na PUC, somente no ano de 1981, médica psiquiatra Nise da Silveira, escreve seu livro primeiro, "Imagens do Inconsciente".
O primeiro curso de pós-graduação em Arterapia do Rio de Janeiro deu-se em 1996, sendo a criação da Associação de Arterapia em 1999. A arteterapia é utilizada em instituições de Reabilitação Física como AACD e de Deficiência Mental como APAE e outras, Hospitais de Clínica Geral com clínicas de queimados e mutilados e setores das doenças degenerativas como Câncer, AIDS, Esclerose Múltipla, Alzheimer e outros.
Atualmente essa propagação da arteterapia está cada vez maior em várias capitais do país, Centro de Referências de São Paulo (AIDS) possui psicólogo trabalhando com artes, em múltiplas funções (SIC), em clínicas privadas, em consultórios, a arte tem sido também excelente instrumental nas terapias sexuais, familiares, de aprendizagem, onde existe também a ajuda psicopedagógica, nas diferentes dificuldades de comunicação verbal e oral.
Esconderem-se inconscientemente nos sonhos, foi visto com muito estudo por diversos profissionais, O Pai da Psicanálise, como era conhecido Freud, por sua vez, descreve-os como registros inconscientes, pelo qual o sujeito reprime seus mais ardentes desejos. Por vezes, a repressão chega a ser tão grande que se perde ali mesmo, o que se sonhou, e esta percepção de que o aprendente tem algo, pode transparecer em suas produções artísticas, ajudando a e descobrir causas do não aprender. No volume VI Obras Completas de Freud, ele relata que frequentemente experimentamos os sonhos em imagens visuais, sentimentos e pensamentos, sendo mais comum na primeira forma.
Percebe-se que parte da dificuldade de se estimar e explicar sonhos deve-se à dificuldade de traduzir essas imagens em palavras. Muitas vezes, quando as pessoas sonham, dizem que poderiam mais facilmente desenhá-los que escrevê-los. De acordo com escritos freudianos, as imagens escapam com mais facilidade do superego do que as palavras, alojando-se no inconsciente e, por este motivo, o indivíduo se expressa melhor de forma não verbal. A necessidade da comunicação simbólica origina-se deste pressuposto, como forma de auto-controle.
O Instituto Sedes Sapientiae, em 1998, teve como principal característica a construção da interface que se estabelece entre universo da arte e da terapia, fazendo-se uma análise, percebeu que, vivenciamos um período de globalização e mudanças na área de saúde mental, necessário se faz, que se projete o que está por vim , com o que existe , é como está inserido na história de forma simultânea, ou seja, o ontem e o amanhã, e no Hino Homérico a Hermes, figura relacionada com a arte no seu sentido mais profundo de força metafórica.
A História está sempre presente, e por ela somos levados ao dia de hoje, procuramos novos protótipos para integrar o presente. A arte, além de sua função social, entre outras, poderá também ter uma função terapêutica, e a arteterapia, por sua vez cuida da pessoa humana em sua essência mais profunda, interligando as áreas básicas do homem, no âmbito neurológico, cognitivo, afetivo e emocional, resultando no aprimoramento das funções egóicas, como: percepção, atenção, memória, pensamento, capacidade de previsão, exploração, execução e controle da ação.

Volta-se para uma decorrência de um "consciente coletivo" que se compõe, a partir de cada expressão singular e num dado momento nos restituísse as nossas próprias questões, no processo individual são outras vozes que nos tomam por meio de nós mesmos, trazem a fala nossos próprios sussurros, objetivando emergi-los do que nos é indiferente e acolher seus contornos.






3-1-A Importância da arteterapia para o tratamento psicopedagógico

Em seu livro Percursos em Arteterapia: Arteterapia Gestáltica, Arte em Psicoterapia, Supervisão em Arteterapia, a autora Selma Ciornai cita Buber, que foi
filósofo, educador e sobretudo, um humanista. Época em que era evidente e crescente o individualismo, onde éramos alienados em relação ao outro, para ele, o dialogismo acontece nas interfaces que se situam entre Eu e o Outro, aponta o aprender como algo que se motiva, não pronto e determinado, mas descoberto pelo próprio indivíduo, nos diz:

Devo dizer mais uma vez; não tenho ensinamentos a transmitir. Apenas aponto algo, indico algo na realidade, algo não visto ou escassamente avistado. Tomo quem me ouve pela mão e o encaminho à janela. Escancaro-a, aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um diálogo. (Martin Buber, 1967, p.165).

Percebemos quão grande é a sua relação dialógica com a arteterapia, citando novamente Buber, percebemos que o trabalho arteterapêutico é idêntico ao de um professor, na medida em que aponta somente a janela em direção ao saber, mostra a importância do descobrir, vejamos:

A realidade decisiva é o terapeuta, não os métodos. Sem métodos somos diletantes. Sou a favor dos métodos, mas somente para usá-los, não para acreditar neles. Embora nenhum médico possa passar sem uma tipologia, ele sabe que em certo momento, a pessoa incomparável do paciente está frente à pessoa incomparável do médico. Ele joga fora a sua tipologia o máximo que puder e aceita essa coisa imprevisível que acontece entre terapeuta e cliente [...] O mestre verdadeiro responde à singularidade. (Buber, 1967, p.165 Apud Ciornai, 2004).

Observa-se a relevância de um trabalho voltado para arteterapia em psicopedagogia, sendo comum estabelecer hoje em nossos dias, já que demoramos muito a intervir psicopedagogicamente com nossos ensinantes, em função das necessidades da criança. Os brinquedos, jogos dramáticos e recursos arteterapêuticos desempenham, neste período, um papel nuclear. Seu uso é de principal importância na estruturação do processo psicopedagógico, tendo em vista a construção do conhecimento e do saber por parte da criança através do uso de brinquedos e jogos e atividades de expressão artística.
Verifica-se também ser de suma importância o uso das artes plásticas com adolescentes e adultos, devido ao fato de que as mesmas podem elevar a auto-estima do aprendente e melhorar no âmbito das dificuldades relacionadas com a aprendizagem, o recurso da arteterapia para diagnosticar, e precaver-se também de aceitáveis dificuldades, como forma alternativa de promover um aprendizado mais consistente e saudável, portanto essas linguagens plásticas, poéticas e musicais, dentre outras, podem ser mais adequadas à expressão e elaboração do que é apenas vislumbrado, ou seja, esta complexidade implica na apreensão simultânea de vários aspectos da realidade.
Esta é a qualidade do que ocorre na intimidade psíquica; um mundo de constantes percepções e sensações, pensamentos, fantasias, sonhos e visões, sem a ordenação moral da comunicação verbal do cotidiano.
A psicopedagogia, focada em uma visão multidiciplinar, apropria-se de outros campos do saber humano, como pedagogia, psicologia, psicanálise , sociologia, neuropsicologia, antropologia, linguistica e áreas afins, com a função de ressaltar a importância da construção do conhecimento , e a Arteterapia ajuda a superação de problemas diversos inseridos em uma dificuldade de aprendizagem que é permeada também , com a ajuda desses profissionais , quando necessário for um acompanhamento conjunto de todos ou alguns desses sujeitos, habilitados cada um em sua área, mas que unidos por um mesmo objetivo:dar melhor qualidade de vida ao aprendente em todos os aspectos sócios educacionais: nesta simbiose que é a prendizagem.
A arteterapia mostra esse norte, como alternativa de obtenção de resultados satisfatórios a curto, médio ou longo prazo, dependendo das necessidades não do coletivo em si , mas das individualidades de cada um, imbuído desse contexto artísto em uma trca constante de saberes e decobertas.
Enquanto profissionais, agindo no campo da psicopedagogia, calcada em especial na arteterapia, necessário se faz que compreenda os diferentes fatores que contribuem para o aparecimento das dificuldades de aprendizagem, principalmente no âmbito escolar, a fim de diagnosticar e tratar o sujeito que não consegue aprender, que não deseja de alguma forma, aprender, a través da anamnese, um primeiro encontro que ele tem com seus familiares e o aprendente, busca-se o olhar psicopedagógico e a escuta psicopedagógica, elementos facilitadores à percepção de prováveis fatores que ocasionaram "o não aprenderem", tal escuta, e tal olhar podem ser adquiridas com a utilização dos procedimentos artísticos, observando-se os traços desenhados e pintados, das falas, dos silêncios, dos gestos e do corpo, por fim em diversas manifestações expressivas do aprendente, o que deixa o ensinante ciente do que ocasionou a não aprendizagem, neste movimento investigativo.
Os trabalhos arterapêuticos têm um poder medicinal, que geram saúde psicológica, o que não deixa de ser verdade em parte, quando o aprendente tem problemas de distúrbios mentais, distúrbios de aprendizagem ou dificuldades de aprendizagem, regido de um processo criativo, de crescimento, em uma Base Fenomenológico-Existencial, Acreditando ser a própria pessoa em certos aspectos, co-responsável por sua saúde e superação.
Encontrando sentimentos que sejam pessoalmente relevantes e significativos em seus trabalhos e criações, a arteterapia aponta possibilidades para as intervenções psicopedagógicas, o psicopedagogo procurará conhecer a história pessoal do sujeito aprendente, observar o papel no meio familiar onde convive tentar descobrir aspectos diversos da convivência diária que ele possui suas relações inter e intrapessoais e tempos de atuação destas ações. Esta intervenção psicopedagógica e arteterapêutica está também pautada em recursos psicopedagógicos nunca expressão plástica do educando que se trabalha, objetivando abrir alternativas que emergem em uma desinibição, chegando-se ao ponto onde está localizado o foco que o impede de aprender.
O psicopedagogo deve conhecer as técnicas aplicadas pelo arteterapêuta, para ver quais são as técnicas necessárias para cada caso específico de aprendizagem e qual funcionará na a sua aplicabilidade com seus clientes.
O conhecimento das técnicas tanto expressivas quanto das Teorias Psicológicas e deve partir de um autoconhecimento para trabalhar mais segurança os conteúdos estão sempre atentos durante todo processo de criação do aprendente, ele se expressará através da escolha da técnica, da forma que constrói da fala e dos sentimentos expressivo durante a criação e depois dela, onde sua profissionalização dependa de ter a competência, onde deve encontrar uma ordem dos símbolos para a desorganização do sofrimento do sujeito- aprendente, que não precisa ter habilidade manual para exercer este trabalho o que está em evidencia são os sentimentos que deixa emergir com esta ação.
[...] O espaço psicopedagógico... Aberturas e limites mediados por diferentes formas de aprender, criando e expressando. Espaço demarcado pela preocupação do aprender, integrando diferentes formas de criar e ao mesmo tempo construir o conhecimento... O tempo... quanto eu e o outro precisávamos saber o momento certo para perceber, para transformar! Aquele menino que procurava ajudar, precisava saber esperar [...] (Apud, CIORNAI, 2004.).

A psicopedagogia é uma ciência que interfere como área do conhecimento, buscando em seus métodos e intervenções, uma alternativa de chegar-se ao saber, mesmo que por vias cognitivas que fogem do contexto comum do aprender em instituições educacionais, ajudar psicopedagogicamente, dando continuidade ao aprendizado que por ora necessitava desta intervenção.
3.2-As técnicas artetapêuticas e suas aplicações nas oficinas psicopedagógicas

Sabe-se que as oficinas são abrangentes a diversos profissionais, como os arteterapeutas, costureiros, cozinheiros, mecânicos, artesãos e outros. Trabalham-se nas oficinas, confeccionando-se algo, é uma tarefa de quem o faz, um ofício; as pessoas inseridas nesta função desenham , criam , recriam e produzem.
As Oficinas Psicopedagógicas são recursos que podem ser utilizados pelos educadores e psicopedagogos, a utilização das artes, como configuração de acolher o sujeito da informação. No decorrer do acompanhamento psicopedagógico, o aprendente irar adquirir, partindo-se da introspecção do sujeito em suas objetividades e subjetividades, onde as técnicas devem facilitar a obtenção de auto-estima e autoconhecimento.
Conhece-se e conhecer o outro são ações primordiais em um fazer arteterapeutico/psicopedagógico, e que aconteça de forma intencional e participativa, em um diálogo que esteja inserido em parâmetros éticos, que essas intervenções; fluam de acordo com a singularidade do sujeito em questão, em uma tentativa de descobrir o caminho que faz mais sentido para o aprendente e de acordo com o seu desenvolvimento cognitivo, para não acontecer de o resultado não ser suficiente, abrange com isto, sua psicomotricidade, emocional, e afins. O aproveitamento certo para cada estágio de desenvolvimento, abre-se um leque de opções que facilitarão o saber.
Dentre estas atividades, propulsoras do aprender e apreender conhecimentos temos como foco principal as artes plásticas, que são, por vez, as mais diversificadas de conteúdos que podem ser colocados em prática, quanto ao manejar de seus inúmeros materiais, tanto promovem como instigam a aprendizagem dos alunos, é imperativo que o psicopedagogo como mediador desta aprendizagem , conheça-se primeiramente para tratar o seu aprendiz.
Inúmeras são as sugestões de temas que ajudam o psicopedagogo a entender melhor os conflitos que permeiam as dificuldades de seu cliente. Pode começar com o tema da pintura ou desenho por a própria fala dele, o que disse e o que mais o perturbou e perturba atualmente, então, partindo-se dessa abertura, escolhe o tema: "eu - só", "eu - super-herói" "eu - você" "eu - mundo", finalmente, que os episódios ocorram norteando este conhecimento prévio do profissional ou que seja uma porta escolhida pelo próprio aprendente.
Utilizar-se de técnicas com materiais que lambuzem muito as mãos, para os que têm "psicose de lavá-las a toda hora", entendendo ser este um hábito constante de quem é compulsivo. Ajudam muito na superação destes problemas o manuseio das tintas a óleo, canetas hidrográficas, argilas e outras. Estes materiais oferecem saídas de interatividade com os demais, no caso do tratamento ser em grupo, expressão de sentimentos, falar sobre eles projetá-los nos seus afazeres, apoderar-se deles e aprender novos arquétipos para suportá-los, enriquecendo-se e alargando-se os caminhos, objetivando-se construir uma forma mais concreta de perceber-se inserido no mundo, não como mais um, mas como o único que se parece com ele mesmo.
Observar-se as dicas que os adolescentes e as crianças dão, como por exemplo: a maneira como falam, se alto ou baixo, sua postura, se fazem barulho ou são silenciosos, por fim, tudo o que julgar necessário como material que enriquecerá seu diagnóstico, para o sucesso do tratamento.
Em seu fazer arteterápico, o psicopedagogo precisa traçar um quadro em que organize este tratamento, eleborando-se hipóteses e buscando-se "aberturas" que serão ou não válidas ao próprio aprendiz. Não se esquecendo que é de suma importância ter-se um pensamento arterapêutico por trás de todas as intervenções que se possam executar. No trabalho psicopedagógico, modificar-se a linguagem plástica, em linguagem verbal e trabalhando com os conteúdos dessa linguagem escrita e falada.
Relata-nos a autora Sonia Alejandro Reisin no seu livro, Arteterapia Semânticos e Morfologias, em um enfoque maravilhoso, sobre o quão é importante perceber a simbiose existente entre o objeto e o sujeito:

O objeto me diz algo em sua objetividade que retorna sobre o sujeito, implicando sua subjetividade. O ato do sujeito gera objeto (a cena dramática, a pintura, a música, etc). [...] nos fantoches e nas máscaras há uma dimensão de construção plástica que pode devir na atuação, pondo em fogo o mágico de dar vida ao inanimado, embora também possa provocar uma angústia posterior ao simbólico a que remete como essa magia e esse poder da máscara que se torna independente do sujeito, que o revele no fogo de diferentes papéis (embora muitos deles recusados). (Apud, Reisin, 2006, p.18.).

Ter-se um olhar clínico voltado também para a reação do sujeito ao contato com o objeto, embora os pareçam simples objetos inanimados, mexem consequentemente com suas emoções e o remete a um comportamento ali percebido, dando indícios por vezes do que a fez não aprender, recuar, desistir e não apoderar-se de autonomia mesmo já tendo ultrapassado os Estágios de Desenvolvimento Piagetianos.
Arteterapia pode ser utilizada como elo de interação entre os vários campos do conhecimento para o aprendente adquirir aprendizagem, em todas as faixas etárias que se fizerem necessário em determinadas situações que precise esta técnica ser aplicada, no âmbito escolar, empresarial, hospitalar e como simples tratamento direcionado apenas para um sujeito sem vínculos com nenhuma instituição, somente trabalhar o Ser humano e o e o "Dever ser".
O trabalho em grupo promove resultados benéficos no trabalho do psicopedagogo em arteterapia, pois muito do que se aprende em sociedade é resultado do trabalho em grupo que é realizado. As pessoas se identificam em suas dificuldades e se apóiam uma nas outras, buscando soluções em feedback, o que obviamente dá um resultado mais satisfatório, já que o tratamento arterapêutico tem uma abrangência maior de cura. Os grupos podem ser catalisadores para o desenvolvimento de recursos e habilidades latentes.
Os aprendentes que acham também intensos os trabalhos individuais não bons para trabalhar em grupos, havendo, portanto solidariedade entre eles, como forma também de ensinar o sentido da partilha. A maioria dos terapeutas concorda com o tratamento em grupo, enquanto uma minoria acredita ter suas desvantagens, por ficarem muito expostos os problemas de cada um, e, igualmente, a vantagem de economizar tempo, já que, depois de uma avaliação prévia, no caso do psicopedagogo, uma anamnese, para após organizar os aprendentes que trabalharam ou não juntos, tendo o critério de não haver rotulações nos grupos, percebendo-se a falta de privacidade dos problemas de cada um.

4-Diagnóstico psicopedagógico

Inicia-se o tratamento psicopedagógico, com auxílio arteterápico, em seguida, é claro, são feitos os procedimentos do diagnóstico psicopedagógico, próprios do Psicopedagogo Clínico, composto por: entrevistas, testes, observações e análises variadas, abrangendo causa da dificuldade de aprendizagem, desistências, reprovações, abandono das atividades escolares. São de propriedade de Análise Diagnóstica: o Eixo Horizontal, permeado por todas as ocorrências instantâneas que frequentemente acarretam choque emocional, inadaptação, dificuldade de aprendizagem, e Eixo Vertical, que engloba os episódios e elementos histórico-orgânicos que provocaram traumas e originaram a estruturação do repertório comportamental da criança.
Faz-se uma Coleta de Dados. Antes, entrevista-se contratualmente os pais ou responsáveis, com o intento de obter informações básicas do aprendente, é a E.F.E. S(Entrevista Familiar Exploratória Situacional), onde toda a família é convidada a dar seu depoimento sobre o cliente em questão, principalmente os que convivem mais com ele (a).
A entrevista com os professores, amigos e outros profissionais arraigados nesta tarefa, começando-se ao EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem), a temática, envolve tudo o que o aluno diz, em duas aparências: um manifesto e outro latente, a dinâmica, entende-se por tudo que faz, ou seja, sua conduta: voz, postura corporal, gestos, sendo apontado de produto, tudo o que ele deixa no papel. Com os matérias por sobre a mesa, postos pelo psicopedagogo, que é útil pedir ao aluno que mostre o que sabe fazer, são materiais do seu dia a dia, cola tesoura, papel massa de modelar, lápis de cor, lápis de cera, quebra cabeça, e outros que a ocasião necessitar.
Havendo, deste jeito, uma série de testes que podem ser aplicados pelo Psicopedagogo, é voltada especificamente para a Psicopedagogia, TDHA (Déficit de Atenção com Hiperatividade), Testes Piagetianos, Desenho- História, Testes Projetivos. Os testes psicológicos são avaliativos de memória, inteligência, personalidade, restrita somente ao psicólogo.
Faz-se também uma Avaliação Psicomotora, observando fatores correlacionados com super-proteção, motricidade fina e ampla, coordenação espacial, contração e rigidez muscular. Avaliação da Linguagem, fala (mudez, gagueira, voz alta, voz baixa), leitura (habilidade geral, soletra,reconhece letras, mas é incapaz de ler, não extrai sentidos e significados), escrita (caligrafia e forma de reprodução). Avaliação Perceptiva Motora compreende-se: Reação Motora ao Tato, Reação Motora a Sons, Reação Motora a Estímulos Visuais, Reação Motora a Estímulos Conjugados e também observação dos jogos e as interpretações de situações do sujeito.
As Provas Operatórias são alternativas de terapêutica psicopedagógica, onde é dado um material ao aprendente, com a intenção elaborar atividades, onde será vista sua estrutura cognitiva, sendo uma análise que perceberá o nível operatório do sujeito e sua correlação com uma faixa etária.
As diferenças individuais não serão tomadas como indicadores da quantidade de inteligência, mas como uma característica no estágio do desenvolvimento intelectual ao qual se insere o aprendente, e que os erros e acerto, são conseqüências o que se atravessa em sua história, e em uma classificação dos resultados, pode-se então perceber o problema da dificuldade de aprendizagem em três níveis, ou seja: nível 1, é indicativo de que houve ausência da noção (não atingiu o nível operatório neste domínio), nível 2, indicativo de as respostas são instáveis em relação ao tipo de operação apresentado, nível 3, indica a aquisição do nível operatório do domínio testado.
Faz-se também um Genograma, compreende-se todo o histórico de vida daquela família e o aprendente, envolvidos no diagnóstico. E por fim, a Devolução, que é o tempo de retorno das informações coletadas a família, é a entrega do Diagnóstico. Cabendo ao psicopedagogo primeiro dizer a própria criança, em linguagem adequada a abrangência da mesma.

4-1- Os distúrbios e as dificuldades de aprendizagem sob o foco da psicopedagogia:

Começa-se pela pergunta: Dificuldade de Aprendizagem ou Patologia?
Hoje está sendo interrogada a sociedade, principalmente no âmbito educacional, pois há uma crença de que o fracasso escolar tem uma co-relação com a patologia da aprendizagem. Na década de 1970, quando houve um número acentuado de frustração escolar, quando, estatisticamente, percebeu-se que a maioria não aprendia, esses problemas foram levados para o serviço de saúde, notando-se ter causas orgânicas, sendo, portanto mínimas, em relação ao fracasso bastante acentuado a nível nacional.
Estes problemas têm dois focos não vistos antes: 1. Tranquiliza-se os envolvidos, por nomear-se um acontecimento e 2. Desobrigam de responsabilidade aqueles que a tinham em demasia, os educadores. Essas intervenções, por conseguinte, deveriam não rotular patologia e dificuldade, previamente, também já tivessem sido posta "a sentença "ao aprendente que não aprende, imprescindível se faz que a educação e a sociedade como um todo, encontre alternativas que façam a aprendizagem.
Compreendem-se os distúrbios e as dificuldades de aprendizagem como o tema eficaz onde está arraigado todo o trabalho do Psicopedagogo. Inúmeras são estas dificuldades e carecem de um diagnóstico por vezes, minucioso e participativo com os demais profissionais que o podem ajudar a minimizar este problema, com uma visão, consequentemente mais ampla de que causas elas podem advir.
Nossos pensamentos situam-se entre as objetividades e as subjetividades. Em seu livro, Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem, para Sara Pain, no que se refere às objetividades e subjetividades, ela especifica que é fundamental que haja separação neste processo, de objetividade e subjetividade, apesar de ambos serem trabalhados respectivamente, mas de modo que não se confundam e se misturem esses saberes, para que ocorra o estado denomina de estado de confusão e de aprendizagem não aconteça, aparecendo, portanto a dificuldade de aprendizagem:

É preciso considerar a aprendizagem a partir da articulação entre duas linguagens: a dramática como manifestação do inconsciente e a linguagem lógica como manifestação da relação com o conhecimento através das estruturas cognitivas. (PAIN, 1985, p. 10)

Apreender, quando o objeto do nosso conhecimento nos é apresentado e em uma dialética, é ingressarmos em harmonia com o que é visto, mas para que esta aprendizagem de fato aconteça necessário se faz que estejamos motivados por esta vontade de conhecer, ávidos pelo desejo do novo, a fim de assimilar informações, construir e apossar-se deste conhecimento, em um dialogismo de construções intermináveis.
Negar-se a integrar-se aos saberes objetivos e subjetivos que norteiam o aprender leva às dificuldades, como: Disfasia incorpora um grande número de dificuldades que vão dos atrasos simples de linguagem aos distúrbios mais graves que levam a ausência total de linguagem.
Não existe déficit sensorial ou dano motor, assim sendo, não é corriqueiro encontrar sinais associados. A dificuldade de leitura na idade habitual de se ler nomeia-se de Dislexia, disortografia, não sendo um sintoma de debilidade ou deficiência sensorial, a este tipo, estão em pauta às dificuldades ortográficas, no que é percebido aos sete anos de idade. Suas causas podem ser de ordem física, neurológica X genética, para a linguistíca, não é uma doença, mas um defeito na aprendizagem, não é problema de visão, mas ao tratar uma criança com falhas em sua percepção visual, o treino deve está voltado para a estimulação desta percepção, sabendo-se ser a mesma como posição no espaço, figura e fundo, memória visual e, então o conhecimento da língua. Por conseguinte, só será realmente dislexia quando existir um déficit no desenvolvimento em reconhecer e compreender os textos escritos e acadêmicos ou da vida cotidiana.
Os fundamentais sintomas da Dislexia são: dificuldade na associação dos sons as letras, fala e escrita, princípio do alfabeto, confusão de grafemas em que a correspondência fonética é próxima (a-ã, s - ch, u-o) ou cuja forma é próxima (b-d, p-q), não havendo ocorrência de inversões (or-ro, cri-cir, ovóv para vovó), e também de omissões (bar-ba, prato-pato), existindo episódios de adições ou mudanças, há também confusão na distinção entre direita e esquerda, no nível da frase, há dificuldades em assimilar suas pausas e seu ritmo, e quando a leitura consegue ser realizada, a totalidade da informação não costuma ser apreendidos, amontoamento e constância dos erros de soletração ao ler e de ortografia ao escrever.
Quanto aos casos de Disortografia, é importante frisar que ela se dá quando existe dificuldade de aprendizagem e do desenvolvimento de habilidade da linguagem escrita expressiva, incidindo ou não integrada à dificuldade de leitura (dislexia), sendo sintomas presentes, a troca de grafemas que são advindos de discriminação auditiva. Pode acontecer a troca de fonemas na fala e a apresentação destas trocas na escrita, falta de vontade de escrever, dificuldade em apreender as sinalizações gráficas (parágrafos, travessão, pontuação e acentuação), elaboração de textos sucintos e aglutinação ou separação indevida das palavras.
O tratamento deve ser criterioso. Antes de conduzir a terapia, é importante ver a reeducação. A criança precisa aceitar sua dificuldade, fazendo da mesma uma motivação para que abarque um desenvolvimento das habilidades satisfatoriamente, sendo relevante o papel do psicopedagogo. Neste artifício, o papel do educador é mais importante que o da própria criança. A utilização dos métodos fundamentados na escrita que empregar séries (palavras que se encadeiam por suas formas ou sentidos) e nas quais a criança se auto- corrige, precisando de acompanhamento fonoaudiólogo, e este tempo tem a durabilidade de 6 a 24 meses, sendo relativa a cada criança.
Podem ser superadas pequenas dificuldades em uma classe que não seja sobrecarregada, tanto de alunos, como de tarefas. É preferível que o educador perceba isto e tente gerir a aula em uma cadência que atenda as necessidades individuais, e o psicopedagogo atento às essas falhas, trabalhe conjuntamente com o professor e demais profissionais neste tratamento, caso haja.
A Discalculia é um conflito neurológico específico, afetando a habilidade de uma pessoa abarcar e manipular os números, havendo a dificuldade de lidar com a matemática, tempo medidas e afins. Entende-se que o problema não se encontra especificamente na matemática, mas na configuração como está sendo ensinado.
Seu pretexto também pode está em um déficit de atenção visual, numa conjuntura neurológica, tendo um motivo em um baixo QI, outra probabilidade é a memória em curto prazo, apontando sua excitação ou redução e uma combinação de vários fatores. E os sintomas são múltiplos, como dificuldade corriqueira com números, confundindo os sinais:+, -, ÷, e x, incompetência de dizer quais dos dois números é maior, dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo, com tarefas diárias como verificar a modificação e ler relógios analógicos, inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou adicionar no orçamento, dificuldade mental em avaliar a medida de uma distancia. Sendo complicado apreender e recordar conceitos matemáticos, como regras, fórmulas e sequências e dificuldades em manter a contagem durante jogos, podendo gerar uma fobia a matemática.
Principia-se o tratamento com um neuropsicólogo, onde se notará as percepções de formas preservadas de funcionamento, utilizando-se como ponto para uma metodologia coerente, um estudo de caso para o planejamento de exercícios específicos, para uma demanda específica, onde o profissional trabalhará a auto-estima, sendo primordial a adesão de pais e professores.
A Dislalia, outro distúrbio de aprendizagem, afeta a fala, e é assinalado pela dificuldade em pronunciar as palavras, no que incide em má pronúncia das palavras, seus sintomas são, eliminação de fonemas ou sílabas, troca de fonemas e sílabas, distorção de fonemas ou sílabas e suas razões podem ser as perturbações orgânicas, má constituição dos órgãos da fonação (fala, e existindo-se também a Dislalia Funcional, é aquela de hereditariedade, reprodução ou alterações emocionais. Suas características são a palavra fluida, mas inteligível, e o ampliação na linguagem pode está associado à normalidade ou ao leve retardo, dificuldade na linguagem oral, onde pode existir influência na linguagem escrita.
E o que fazer?O psicopedagogo deve orientar os pais ou responsáveis por ver as qualidades físicas dos órgãos imprescindíveis à emissão de palavras, condições quantitativas e qualitativas da audição do aprendente.
Observou-se, ao longo de diversos estudos sobre o TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, que verdadeiramente trata-se de uma dificuldade de aprendizagem que solicita adotar medicamentos, por ser analisada uma doença ou um transtorno neurobiológico, primeiramente ligado a uma lesão cerebral mínima, é uma doença reconhecida pela OMS - lei de proteção e assistência aos portadores e seus familiares.
Atualmente, existem especialistas que defendem o uso de medicamentos e outros que, por considerarem o déficit como um transtorno social, assegura que o indivíduo deve aprender a suportá-los sem uso de medicamentos. Na década de 60, a síndrome de conduta, perspectiva funcional, em 80 era vista como uma adição do elemento cognitivo.
Os sintomas estão, em sua maioria, relacionados com a desatenção, não atenta para os pormenores ou fica ligado demais, tem dificuldade para concentrar-se e não presta atenção no que estão lhe dizendo, dificuldades em acompanhar regras e instruções, desviando-se para outras atividades, não finaliza o que começa desorganização, evita atividades que estabelecem um esforço mental contínuo, perde coisas importantes, se dispersa com facilidade, abandonando suas coisas para ver as coisas dos outros, esquece compromissos e tarefas e as tarefas complexas se tornam entediantes e ficam esquecidas e, ainda, dificuldade em fazer plenamente algo de curto ou longo prazo.
Incluem-se nestes sintomas a hiperatividade e a impulsividades. O hiperativo apresenta alguns sintomas, como, ficar remexendo as mãos ou os pés, os dois ao mesmo tempo, quando sentado, não ficar sentado por muito tempo, pular, correr excessivamente em situações inadequadas, sensação interna de inquietude, barulhento em atividades lúdicas, muito agitadas, fala em demasia, responde as perguntas antes de concluídas, dificuldade de esperar a sua vez, intrometer-se em conversas ou jogos dos outros.
O Diagnóstico é feito mediante 6 sintomas apresentados pelo cliente e pelo menos 2 ambientes diferentes, tendo o cuidado de observar o diagnóstico errôneo de escolas quanto se realmente o aquele aluno tem este transtorno. Seus motivos podem ser hereditariedade, problemas na gravidez ou parto, problemas familiares como funcionamento familiar caótico, alto grau de desarmonia conjugal ou baixa instrução.
O resultado do diagnóstico é moderado por inúmeros focos, como ter conhecimento que só existe transtorno quando há prejuízo, que ele é um caso clínico, são confirmações feitas já no âmbito da psicologia e da psiquiatria e profissionais de áreas afins, é necessário o uso de medicamentos para controle dos sintomas, nem sempre são satisfatórios, existem os efeitos colaterais. O diagnóstico é mais fácil , quando a criança entra na escola aos 5 anos , e também é importante observar as quedas, se são cometidas com muita freqüência, é caracteristicamente um transtorno da infância.
Utilizam-se estimulantes, como metilfenidato /dopamina, alvo de críticas dos pediatras existindo uma associação equívoca ao uso de estimulantes e dependentes químicos. O uso dos medicamentos, por si só , não é suficiente. Os ambientes escolares da sala de aula devem adaptar-se à situação do aluno, assim como a sua casa deve passar por modificações quanto à acomodação dos objetos.
É relevante que o psicopedagogo, ao fazer o diagnóstico do seu cliente, veja e norteie a questão da dificuldade, ou distúrbio, que leva o sujeito ao não aprender, faça isso com responsabilidade, sustentado em bases de um conhecimento prévio da atual situação na qual ele está inserido. Observarem-se as dificuldades e os distúrbios para ao aplicarem-se as técnicas de arteterapia, para que elas tenham utilidade e resultados benéficos a cada caso em sua especificidade, através desta abordagem individual do que aplicar, a quem aplicar e como aplicar. A continuidade irá observando ser ou não este o caminho.

4.2- Utilizações dos materiais artísticos em psicopedagogia: entendendo as criações do inconsciente

Pincéis, cores, papéis, telas, argila, cola, figuras, desenhos, recortes, que têm como finalidade a mais pura expressão do verdadeiro self, não se preocupando com a estética, e sim com o conteúdo pessoal implícito em cada criação e explícito como resultado final. São necessárias várias técnicas utilizadas não para profissionalização ou comercialização, mas somente manuseio dos mesmos, no tratamento.
É fundamental a adaptação através das linguagens plásticas, poéticas ou musicais dos diversos materiais o que antes era apenas vislumbrado, ou seja, ter compreensão necessária para entender psicopedagogicamente, a complexidade que está subentendida nas diversas manifestações artísticas do aprendente. Como também perceber este mundo psíquico do sujeito aprendente em suas subjetividades e individualidades, como seus mais ardentes sonhos, fantasias, desejos e visões., propondo, então, em uma abordagem psicopedagógica, a ordenação lógica através do tratamento psicopedagógico, dos fatos mostrados inconscientemente em seus desenhos e pinturas.
Segundo o pensamento junguiano, devem-se observar os sonhos, pois são criações inconscientes que o consciente muitas vezes consegue captar, e que podem servir de norte para um bom resultado psicopedagógico, buscando através da arte esta significação, pois para ele, a arte tem finalidade criativa, e a energia psíquica, consegue transformar em imagens e através dos símbolos colocarem seus conteúdos mais internos e profundos.
Os procedimentos psicopedagógicos serão realizados em: consultórios, domicílio e ou em instituição (ensino/empresarial/hospitalar). Individual ou em grupo. Esses procedimentos serão feitos com ajuda da anamnese, em busca de checar junto ao sujeito e a família, as causas de determinada dificuldade de aprendizagem. Cabe ao psicopedagogo investigar estas dificuldades e buscar maneiras de tratá-las. Observa-se que, um primoroso cuidado com os detalhes do material para um bom desempenho do diagnóstico, arteterapêutico, em psicopedagogia, é de suma importância. Por entender-se que cada sujeito aprendente, em questão, tem suas individualidades, que mobilizam emoções e sentimentos de maneiras diversificadas. É necessário, portanto a atenção aos materiais, pois podem penetrar de maneira mais rápida nos conflitos internos e inconscientes do indivíduo.
À medida que o psicopedagogo for trabalhando através da artetepia com seus aprendentes, irá percebendo os efeitos por entender que em uma pintura, quando flui , fluem ali, emoções e sentimentos. A esfera afetiva emocional está mais abrangente, pois as pinceladas lembram o fluxo respiratório, a vida. As tintas mais utilizadas são; aquarela, guache, anilina, óleo, acrílica e nanquim. A tinta guache requer maior domínio de movimentos, libera emoções, e incentiva a criatividade A aquarela, devido a sua leveza, e o uso obrigatório da água, mobiliza ainda mais o lado afetivo. Sugeridas para indivíduos muito racionais e com dificuldade afetiva. Contra-indicada para deprimidos.
Devido à dificuldade de fazer figuras, por ser muito aguda, a anilina é ótima para pessoas que têm medo de perder o domínio das coisas. Já a tinta a óleo é mais apropriada para pessoas com depressão, pois possibilita maior equilíbrio da situação, o nanquim, quando puro, é de fácil controle, porém requer agilidade e sensibilidade ao ser usado com água é mais fluído, exigindo muito mais habilidade e concentração. Nota-se que quanto mais expressão, maior será o autoconhecimento e a autoconfiança, a pintura, como o desenho, pode ser livre, de cópia ou dirigida. Com a pintura, trabalha-se também, a estruturação e a área afetiva emocional, chegando-se ao equilíbrio das emoções, e quanto mais diluída estiver à tinta, mais aflorado é o resultado emocional. Pode-se utilizar a sucata também na pintura com tintas plásticas, estimula as percepções, a atenção, a construção, a transformação, o concreto e as mudanças. É um material transformador do que antes era lixo.
Elaborando a comunicação entre as possibilidades e limites próprios da ciência e a expressiva liberdade de criação da arte; fazendo ligações entre anseios gerados pelo mundo atual com o mais remoto passado, em prol de um desenvolvimento e superação de dificuldades de aprendizagem, desenvolvendo o potencial humano, por meio de situações que favoreçam a leitura do mundo, de maneira mais ampla, rica, criativa e profundo, a arteterapia busca atuar sobre problemas de aprendizagem.
Uma obra de arte consegue por si só transmitir sentimentos, como alegria, desespero, angústia e felicidades, de maneira única e pessoal, relacionadas ao estado espiritual, em que se encontra o autor no momento da criação. Uma pintura com a finalidade terapêutica consegue também retratar o momento ou os momentos que perpassam aquele sujeito aprendente, utilizado hoje com ênfase ao tratamento psicopedagógico, a arte é, portanto, a essência da arteterapia. As três definições de Arte, assim, estão sempre presentes na atuação do aprendizado terapêutico. A arte como fazer, como conhecer ou como exprimir.
É muito importante que o adolescente saiba o porquê do seu tratamento, e qual motivo fez seus pais ou responsáveis o encaminharem ao Tratamento Psicopedagógico. Quando necessário, deve ser aplicado um questionário, onde se possa perceber em que estágio de desenvolvimento encontra-se o aprendente, sendo isso muito importante para a arteterapia, que, dessa forma, direcionará seu trabalho de acordo com o desenvolvimento biopsicossocial do sujeito /aprendente.





















6-Conclusão:

O acompanhamento psicopedagógico, mediante as dificuldades e distúrbios de aprendizagem, encontra na arteterapia mais uma alternativa que vem ajudar o sujeito/ aprendente a inserir-se não só no seu meio sócio cultural, como também a adquirir e perceber suas potencialidades por maiores que sejam seus obstáculos. Sai da área conflitante em que se encontra. Abrem-se, desse modo, as oportunidades ofertadas a um mundo onde arte e arteterapia oportunizam o aprender e apreender de forma participativa.
A aplicabilidade das artes plásticas é tão abrangente que permeia a educação, em que muitas de suas obras retratam muito da história da humanidade; presenteia a arteterapia, emprestando a psicopedagogia, um recurso a mais em sua intervenção. Oferta-se a ciência, buscando-se perceber um ponto não visto pelo recurso tecnológico. Tornam-se popular, quando a vemos exposta, nos mais diferentes materiais que a mídia vincula. Ajuda a medicina, quando dá vazão para que a inspiração das pinceladas façam nascer formas e mostrem dados não detectados.
Portanto, em qualquer circunstância em que utilizemos as artes, elas deixarão, por certo, no derramar de suas tintas, algo outrora descoberto, algo que recentemente que se conheceu ou algo que ainda está por vir.




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