Acordo de manhã e procuro meu pai, saio do meu quarto correndo em direção ao quarto dele, vou alegre, animado, feliz com os planos que ele me promete para o futuro.

Meu pai acredita em mim, diz que serei grande, um dos melhores, terei muita influência na minha vizinhança.

Ele não liga para o que os vizinhos acham, que comentam que meu pai está fora de si, seus planos nunca darão certo, creditam a mim a frustação de ser apenas quem eles querem que eu seja, um mero observador, deixando para os vizinhos da rua de cima, que são ricos, toda a glória que possam ter.

Estes vizinhos inescrupulosos, não medem esforços para me verem fracassar, inclusive chegando ao ponto de fazerem alguns de seus filhos se passarem por amigos meus, frequentar minha casa apenas para espionar o que ando fazendo.

Essas pobres crianças, que se acham maiores e mais importantes do que eu, apenas pelo fato de possuírem riquezas, que eu espero um dia ganhar.

Naquela manhã ao chegar ao quarto do meu pai não o encontro, a sua cama está vazia, desarrumada, como se ele tivesse saido com pressa.

Saio a lhe procurar, não o encontro, muito menos pista de seu paradeiro, e para piorar minha mãe já tem um novo companheiro, uma pessoa pertencente a um círculo que eu não esperava, e pior, meu pai acabou de sair, como pode minha mãe ter arrumado alguém tão rápido?

Descubro o motivo, os vizinhos da rua de cima, por meio de suas crianças que se fingiam de meus amigos, já haviam enchido a cabeça da minha mãe com falsas verdades sobre meu pai, os seus motivos errôneos eram tão fortes que minha mãe acabou acreditando, aceitando esse novo companheiro, que ela não conhecia, apenas havia visto ou ouvido falar, mas por ser amigo dos vizinhos de cima, no começo minha mãe acabou cedendo ao seu companheiro.

Infelizmente para mim, fiquei muito tempo sem ter notícias de meu pai, ou tios, avô, alguém que me fizesse lembrar de meu pai, e para piorar minha situação, o meu padastro se assim o posso chamar começou a mostrar sua personalidade, quem realmente era.

Uma pessoa totalmente violenta, que me batia, me trancava em casa, pelo simples fato de eu sentir saudade de meu pai.

Minha mãe aos poucos começou a perceber a personalidade de seu companheiro, principalmente quando os amigos que eu fazia na escola, começavam a se mudar de cidade pois meu padastro dizia que eu era má influência, apenas por sentir saudade de meu pai.

Assim foi por vários anos, sofridos é verdade, mais que resisti firmemente, não cedendo nem aos vizinhos da rua de cima e nem ao meu padastro, quando minha mãe finalmente percebeu a perversidade de meu padastro, foi quando conseguimos o tirar de casa, foi a melhor coisa que me aconteceu.

Não tive meu pai de volta, mas cessou o sofrimento que meu padastro, que foi colocado dentro de casa, praticamente forçadamente, me fez passar.

Há e quer saber o nome de minha mãe, de meu padastro, e o meu?

Sim, eu os apresento e me apresento: Prazer eu sou o Brasil, minha mãe o seu povo, e o meu padastro a Ditadura.