Stela era uma estrela. Uma mulher discreta, de bom gosto e boa educação, assim como era inteligente, generosa e uma profissional competente.
Os amigos de seu marido, Julio, não se cansavam de lembra-lo quanta sorte tinha por ter como esposa alguém tão compreensiva, meiga e gentil.
Não tinha uma beleza vistosa, chamativa, mas sabia ser sensual e interessante quando queria, mesmo se vestindo e se portando de maneira discreta.
Stela era uma mulher , no sentido mais completo e profundo da palavra, sempre prestando atenção no seu "sexto sentido", porem sem deixar de lado a razão.Gostava de sua aparência, mas sabia que seu ponto forte, mais interessante, aquele que a fazia conseguir o que desejasse, estava no olhar,com ele conquistou muita coisa, pois transmitia sem palavras as suas intenções, tudo que lhe ia na alma e no corpo e quando se mostrava frágil, desprotegida e carente , não havia quem resistisse aos seus apelos, sutis, porem eficazes, exceto seu marido.
Tinha um filho, Vitor, um adolescente de dezesseis anos. Era um rapaz tranqüilo por natureza, e que nunca deu aos pais nenhum trabalho, desses, que os jovens costumam dar ao chegar nessa fase.
Mãe e filho se davam muito bem, havia uma espécie de cumplicidade entre eles, nascidas quando Julio teve uma caso que quase levou a separação do casal.Na ocasião, Stela suportou toda dor e humilhação com muita dignidade, fazendo tudo para que Vitor não guardasse magoa ou revolta contra seu pai. Terminado o caso, essa mulher redobrou seu empenho em fazer sua pequena família, sua casa e a vida de todos voltarem ao normal, continuou a fazer de tudo para suprir as necessidades dos dois, mas deixou de lado suas necessidades, esqueceu-se de si mesma.
Fingia ter perdoado a traição de seu marido, embora tentasse perdoar e esquecer com toda força de seu coração.Porem, algumas pessoa próximas, que souberam do caso, não a deixava esquecer, sempre lhe cobrando uma atitude, uma vingança. Ela por orgulho ou medo, talvez, não deixava transparecer a ninguém que sentia falta, por parte de seu marido, de carinho, de palavras de apoio e conforto, que precisava de elogios ou reconhecimento pela sua dedicação ao casamento e de nunca ter lhe cobrado, julgado ou ter usado esse fato contra ele.
Assim passou alguns poucos anos,voltada para a familia e o trabalho, porem se afogando na magoa, na tristeza e na carência emocional e sexual, foi aprendendo a fechar os olhos para os outros casos de Julio, dizendo á si mesma que as outras mulheres.não significavam nada na vida dele e nem na dela, que essas pequenas traições eram normais para os homens.
Depois de algum tempo e um bom desempenho profissional na empresa onde trabalhava, recebeu uma melhora significativa de salário e um cargo de importancia,o que iria tomar um pouco a mais de tempo da sua vida pessoal.
Seu filho, orgulhoso e feliz com o sucesso da mãe, lhe deu o apoio que precisava, pois seu marido não se manifestou, ignorando completamente a felicidade da esposa, não se importando nem mesmo em saber quanto dinheiro teriam a mais, em casa.
O trabalho era interessante e ela o executava com perfeição e satisfação não fosse as sutis "cantadas" que seu chefe lhe dava. No começo sentia-se desconfortável, mas com o passar do tempo começou a gostar, afinal ele era um homem muito interessante e inteligente e soube levantar a auto estima de Stela, fazendo ressurgir sua vontade de viver, o desejo de se ver como uma mulher desejável novamente
Sentindo-se valorizada, como profissional e como mulher, relaxou e aos poucos foi se deixando envolver pelo clima.
Nessa época, Julio estava envolvido com uma nova mulher e isso foi o pretexto que ela precisava.Usando como desculpa uma daquelas reuniões que aconteciam semanalmente na empresa, saíram para jantar e foi nessa noite, fria e chuvosa, que aconteceu a primeira traição de Stela.


Fim da primeira parte.