UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

CURSO: FILOSOFIA – LICENCIATURA

DISCIPLINA: HIS. DA FIL. CONTEMPORÂNEA II

PROFESSOR: GAUDENIR

 

 

 

 

UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE MODERNIDADE E A PÓS-MODERNIDADE EM VATTIMO E LYOTARD [1]

 

 

Cristóvão de Sousa Gomes Júnior [2]

 

 

 

APRESENTAÇÃO

O seguinte trabalho é uma apresentação de alguns conceitos sobre modernidade e pós-modernidade em Vattimo e Lyotard. Segundo Lyotard não podemos mais recorrer as meta-narrativas, para validar o discurso científico pós-moderno. Vattimo afirma que não há um curso unitário nos acontecimentos humanos, e teve forte ligação com o niilismo.

 

PALAVRAS-CHAVE: Modernidade. Pós-modernidade. Meta-relatos. História. Mass mídia. Niilismo.

 

 

 

 

 

  1. 1.      A MODERNIDADE E A PÓS-MODERNIDADE EM LYOTARD

Segundo Lyotard, na modernidade têm-se os meta-relatos, uma meta narrativa da totalidade, e como exemplo da modernidade temos a questão do iluminismo, a questão do marxismo, o Hegelianismo... Todos são discursos totalizantes, o discurso moderno é um discurso da superação critica dos meta-relatos. Os meta relatos se estabelecem de muitas formas, por exemplo, a idéia metafísica da essência do homem moderno, por exemplo a idéia da raça ariana em pleno século XX como uma raça superior é um discurso metafísico, o eurocentrismo é um discurso meta-relato, pois se configura como dando conta da totalidade da existência humana.

O fato é que o discurso metafísico que defende um fundamento ultimo ele garante um ponto pelo qual se pode desdobrar todas as coisas, nesse ponto se pode erigir um juízo de valor que é universalizável, nesse sentido por exemplo quando o iluminismo defendia que por meio da racionalidade o progresso do homem aconteceria, também pela ciência que se configura como meta-relato. E se tem duas características importantes na modernidade, ela é especulativa e normativa. Totalidade e reapropriação, essas duas caracteristicas contornam a dialética do discurso da totalidade. A exemplo: o materialismo de Marx está dentro desses grandes meta discursos porque teria uma noção de totalidade e uma noção de superação critica.

Lyotard defende que a modernidade acabou, quando se prescreve a idéia da racionalidade como um ato de emancipação que é defendida pelo iluminismo auschwitz aparece, a razão que era prevista como um instrumento de emancipação do homem se tornou um instrumento de dominação, auschwitz se tornou um efeito colateral de uma razão que se tornou desrazão , então pra Lyotard os discursos da totalidade caíram por terra e mais ainda a idéia da complexidade dos jogos de linguagem,não é possível nesses jogos de linguagem estabelecer uma única forma de linguagem para que assim se estabeleça um consenso, o consenso não é continuo, isso permite o fim da modernidade, Lyotard defendeu que a modernidade faliu, acabou. Os meta-relatos passam a ser concluídos porque a modernidade chegou ao fim.

Desse modo lyotard defende que o pós-moderno seria o fim dos meta-relatos, esses meta relatos tem a função legitimante, legitimavam aquilo que era o discurso moderno, esse discurso moderno seria você pensar a história de um ponto de vista central, por exemplo o iluminismo, o marxismo, ele vai afirmar que o que causa o fim da modernidade  a exemplo seria auschwitz, o extremo da perversidade, alicerçados nessa idéia de iluminismo, o próprio socialismo real seria outro exemplo, Marx defendia a ditadura do proletariado, que seria a emancipação do proletário e o que se teve foi uma ação de uma ditadura Stalin que é o reverso da emancipação da ditadura do proletariado. Ou seja, ao invés de se tornar mais aberto, se tornou mais ditatorial.

E mais na própria questão dos jogos de linguagem, Lyotard irá defender as mais diversas formas de linguagem, pois ele acha que o consenso não pode ter um fim, o consenso é só meio, o consenso, ele próprio não dá conta da heteronômia dos jogos de linguagem. Por que a linguagem se manifesta de maneiras diferenciadas.

  1. 2.      VATTIMO E AMODERNIDADE E A PÓS-MODERNIDADE

Vattimo faz se apropria de conceitos de Lyotard, mas não concorda com alguns e vai além dele, e a primeira controvérsia que Vattimo observou é a seguinte, Lyotard quando diz que o fim do meta-relato é em função do pequeno relato, o pequeno relato assume a função legitimante, estão em crise os meta relatos. O núcleo extremamente fundamental entre eles dois é de que a critica que Lyotard faz a modernidade Vattimo aceita, e qual é a critica que Lyotard faz a modernidade¿ a idéia de que a modernidade termina por que os seus efeitos foram totalmente negativos, pois aconteceu auschwitz, a ditadura.

 E reconhece também em determinado ponto quando Lyotard também fala dessa multiplicidade de linguagens, Vattimo também teve, e a tese que a modernidade acabou ele também aceita, no entanto, ele não teria condições de permanecer fiel ao Lyotard, Vattimo vai tomar distancia, e a primeira distancia que ele toma é que Lyotard segundo ele coloca esses meta-relatos, essas pequenas narrativas, com a função efetivante que outrora, eram dos meta-relatos, e segundo Vattimo nem tudo é fenômeno histórico, e ele pergunta: em função de quê Lyotard pensa o fim dos meta-relatos¿ em termos históricos é lógico, agora em termos teóricos não.  O fim dos meta-relatos é o fim da história enquanto tema central, atrelado ao niilismo, ao marxismo.

O sentido de pós-moderno em Vatimo não tem apenas o sentido de ruptura, não é apenas uma ruptura com a modernidade, ele defende o desvaciar das estruturas fortes, sejam elas as mais diversas que se pode encontrar, na cultura do pós-moderno existem expressões como o niilismo que vai marcar a dinstinção do pós com o mecanismo anterior, então a idéia de estrutura forte está na política, está na teoria... Em nível de cultura ainda se tem a idéia de que há culturas mais desenvolvidas do que as outras, então não se tem o direito de afirmar que determinado povo tem a verdade e que a verdade é essa e deve ser seguida por todos.

 A pós-modernidade seria o fim da metafísica. Vattimo vai dizer que o fim da modernidade não é apenas do ponto de vista da história como tema central. A mídia ainda esta a favor dos grandes capitais dominantes, mas essa mídia também é muito ampla ao ponto de também permitir que as minorias apareçam, o que significa dizer que a história do ponto de vista unitário teve seu fim, do ponto de vista central não tem mais história, hoje não se tem a história, são histórias.

 Só que Vattimo vai além de Lyotard quando diz que com o fim da modernidade, ocorre também o fim da metafísica, onde a metafísica era a busca da causa primeira pela qual e da qual se derivam as outras coisas, e quando se chega a esse ponto não tem mais dialogo. Então o pós-moderno em Vattimo é o pós-moderno enquanto o fim da metafísica, não tem mais ciência forte, não tem mais ciência infalível, a falibilidade do conhecimento é o que marca o nosso tempo.

  1. 3.      O FIM DA HISTÓRIA

Vattimo vai defender a história do fim (do fim) da história, é necessário colocar em discussão esse tema, se o Lyotard defendeu que a modernidade acabou, ele falou do fim da historia, do meta-relato, mas ele não coloca em questão a própria lógica de citação do pensamento. Significa dizer que a modernidade, o que é moderno é o legitimante, enquanto o pós-moderno é a desconstrução dessa lógica de legitimação moderna. Significa dizer que aceita a tradição, mas em certo ponto se distancia daquela forma lógica para pensar de uma maneira diferenciada, isso é muito mais dialético e hermenêutico, isso é muito mais metafísico e ontológico.

Vattimo busca compreender a forma como nós estamos expostos na história, como estamos dispostos na história, nós somos um projeto que não é certo, mas nós não podemos entender esse projeto sem ter a condição de entender o que somos agora nesse exato momento, o que somos agora¿ pura incerteza, pura falta de fundamentação ultima.

A idéia de Vattimo é que a história não esta sob um prisma central, ela acontece hoje de forma múltipla, o que temos são narrações dos mais diversos tipos, das mais diversas feições, das mais diversas crenças, que devem ser respeitadas, a exemplo da televisão, hoje você pode acompanhar a história da Síria, do Islã, da Venezuela... Assim percebe-se que não se fala de uma única história, mas de várias histórias, a história para Vattimo ela é determinável, ela tem seu tempo, ela tem seu fim, há um aspecto que diz: são histórias, acontecem, são vivenciáveis, e são vivenciáveis no presente. Ele está tirando a história do ponto de vista central.

O que ele vai querer defender é que exista um homem atual, aquela modelação que lhe permite viver na ausência desses grandes valores, que são absolutisaveis, metafisicamente postos, como é que se pode viver hoje dependendo de uma cultura determinada com base no niilismo ativo¿ vai surgir aquela fundamentação anterior, que está ligada a um projeto de vida de um principio metafísico, essa vida é contigencial finita, imperfeita, mas que nos somos capazes aqui de chegar a um certo acordo.

Segundo Vattimo a história acabou porque ela não é mais contada por um grupo, não é mais contada de maneira oficial, a história é contada por várias histórias, por várias manifestações. Até então o que se via era a história sendo contada por um único ponto de vista, era a história dos vencedores, e nunca a história dos vencidos, mas agora a história passa a ser narrada também pelo ponto de vista dos vencidos.

  1. 4.      OS MASS MIDIA

O rádio, a televisão, os jornais, se tornaram elementos de uma grande explosão de multiplicação de visões de mundo bastante diferenciados, manifestações das mais variadas vertentes... Portanto os mass mídia(meios de comunicação) são um fator determinante que vai diferenciar o moderno do pós-moderno, a tecnologia agora é a tecnologia da informação, o mundo agora é o mundo em rede, esse mundo em rede não conta a história unilateralmente.

As incertezas demonstram que o pensamento não pode ser mais atentado a uma certeza “x”, a filosofia não é dona da totalidade, não é dona da verdade, ela tem seu papel, e na concepção de Vattimo a filosofia é uma interpretação do presente, não mais num sentido de definir a totalidade, não tem condição, pois não se pode enquadrar um conjunto de culturas em um principio de cultura, não se pode enquadrar a história e um conjunto de histórias, não se pode mais pensar o presente como pensavam os modernos, não há mais a mínima condição, pois se rompeu com os ditames, com toda aquela tradição, a filosofia, ela foi desconstruída ela não é mais metafísica, a filosofia é, e a sua tarefa é nos permitir compreender o presente de uma forma que não é total, pois existem muitas filosofias. A multiplicidade cultural-filosófica é algo que independe de qualquer coisa.

É importante lembrar que a forma de pensar ainda é muito atrelada a lógica do capital, o capital ainda manda, o fato é que, ele é capaz de dominar tudo em todos os lugares na mesma proporção¿ e a filosofia pode se manter enquanto metafísica na contemporaneidade¿

  1. 5.      O NIILISMO

Uma expressão que aparece como conceito marcante na pós-modernidade é o niilismo. O niilismo ativo diz respeito a uma “transmutação de todos os valores” que consiste basicamente em dois aspectos: mascaramento da falsidade dos valores cristãos; oposição dos novos valores conforme a vida. Num sentido positivo, por­tanto, “niilismo significa a destruição filosófica de todo pressuposto, e negativo, ao contrário, quer dizer a destruição das evidências e das certezas do sentido comum da parte da especulação idealista.

O niilismo é a marca da pós-modernidade, o niilismo abarca a sociedade no sentido de não se ter mais um fundamento absoluto, o niilismo ativo o qual Nietzsche já havia anunciado. Não se precisa mais de um fundamento ultimo pra se pensar a existência, fundamentos absolutos não se constituem mais como referenciais para a nossa existência.

E o niilismo é ontologia, é pensar o ser enquanto ser, não tem aquele transcendente da metafísica. O niilismo ativo ocupa o lugar da metafísica na contemporaneidade. É saber viver na ausência desses grandes valores que marcaram a história do pensamento humano. A pós-modernidade é a época da heterotopia, são várias maneiras de ver o mundo, são varias formas de conceber a verdade, a filosofia pós-moderna ela se potencializou, a razão não é capaz de fazer uma síntese, a razão não é a dona da verdade, a filosofia não é a única capaz de chegar a verdades.

 

  1. 6.      CONSIDERAÇÕES FINAIS

Lyotard assume uma incredulidade em relação as meta-narrativas. Com isso, ele queria dizer que a experiência da pós-modernidade decorreria da perda de nossas crenças em visões totalizantes da história, que prescreviam regras de conduta política e ética para toda a humanidade assim como aconteceu com o iluminismo e o marxismo. E a história por sua vez mostrou que na prática, tais teorias não funcionaram conforme o previsto.

Vattimo por sua vez propõe que o caso da modernidade culmina com o fim da história como unidade. A própria noção de progresso linear é questionada, especialmente com o advento dos mass media, em que são tomados como possibilidade de emancipação, há uma ruptura com os velhos modelos, os padrões impostos e torna-se visível uma sociedade múltipla, multicultural. Afinal a intensificação das possibilidades de informação, sobre a realidade nos seus mais variados aspectos, torna cada vez menos concebível a própria idéia de uma realidade unitária, unidimensional e formatada por padrões étinicos e culturais pré-estabelecidos.

 

  1. 7.      REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. 5. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. 132p.; 21 cm.

VATTIMO, G. A. A Sociedade Transparente. Lisboa:

Edições 70, 1989.



[1] ARTIGO UTILIZADO COMO CRITERIO AVALIATIVO DA DISCIPLINA DE HIS. DA FIL. CONTEMPORÂNEA II.

[2] ALUNO DO 7°  PERIODO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU.