AGES
FACULDADE DE CIÊNCIAS HOMANAS E SOCIAIS
LICENCIATURA EM LETRAS
Prof. Déborah Leal ? Língua Portuguesa V - Noturno
Acadêmico Ronye Márcio Cruz de Santana

Uma análise sintática do poema ?Com licença poética? de Adélia Prado

TEXTO: Com licença poética

ADÉLIA PRADO

Quando nasci um anjo esbelto 1/,
desses que tocam trombeta 2/, anunciou: 3/
vai carregar bandeira.4/
Cargo muito pesado pra mulher, 5
05 - esta espécie ainda envergonhada. 6
Aceito os subterfúgios 7/ que me cabem, 8/
sem precisar mentir.9/
Não sou tão feia 10/ que não possa casar, 11/
acho o Rio de Janeiro uma beleza 12/ e
10 - ora sim, 13/ ora não, 14 / creio em parto sem dor. 15/
Mas o que sinto escrevo. 16/ Cumpro a sina. 17/
Inauguro linhagens, 18/ fundo reinos 19/
-- dor não é amargura. 20/
Minha tristeza não tem pedigree, 21/
15 - já a minha vontade de alegria, 22/
sua raiz vai ao meu mil avô. 23/
Vai ser coxo 24 / na vida é maldição pra homem. 25/
Mulher é desdobrável. 26/ Eu sou. 27/

01 - A análise sintática do poema

01. Oração subordinada adverbial de tempo (temporal)
02. Oração subordinada adjetiva restritiva
03. Oração principal da frase 4
04. Oração subordinada substantiva apositiva ou Oração subordinada substantiva objetiva direta
05. Frase nominal
06. Frase nominal
07. Oração principal
08. Oração subordinada substantiva completiva nominal ou Oração subordinada substantiva objetiva direta
09. Oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida no infinitivo ou Oração subordinada substantiva objetiva indireta (de aceito)
10. Frase nominal
11. Oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida no infinitivo.
12. Oração principal
13. Oração coordenada sindética alternativa
14. Oração coordenada sindética alternativa
15. Oração subordinada substantiva objetiva indireta ou Oração coordenada assindética
16. Oração coordenada sindética adversativa
17. Oração subordinada substantiva objetiva direta ou Oração coordenada assindética
18. Oração subordinada substantiva objetiva direta ou Oração coordenada assindética
19. Oração subordinada substantiva objetiva direta ou Oração coordenada assindética
20. Oração nominal
21. Oração principal ou nominal ou Oração coordenada assindética
22. Oração subordinada adverbial explicativa
23. Oração subordinada substantiva objetiva indireta ou Oração coordenada assindética
24. Oração principal ou Oração subordinada adjetiva restritiva no infinitivo
25. Oração subordinada substantiva completiva nominal ou predicativa do objeto
26. Oração nominal ou Oração coordenada assindética
27. Oração nominal ou Oração coordenada assindética

02 ? Análise morfossintática

Os períodos subordinados se verificam a exemplo dos versos ( 1 ), ( 2 ), ( 3 ), ( 6 ), ( 7 ) e ( 8 ). No período subordinado há uma dependência de uma frase a outra pelo meio do verbo, do nome e do advérbio. É isso que se verifica na frase "Quando nasci um anjo esbelto, disse que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira". ( versos de 1 a 3 ). O termo "Quando" nos induz tempo, por essa razão podemos analisar que o período é uma Oração Subordinada Adverbial de Temporal, já que essa palavra expressa o valor de tempo. A palavra "desses", no segundo verso, restringe a ação do anjo no instrumento que ele toca, por esse motivo caracterizei como Oração Subordinada Adjetiva Restritiva. O verbo "anunciou" tem como sujeito "um anjo esbelto", por esse motivo classifiquei como Oração Principal que se subordina ao verso "vai carregar bandeira", que tem um sentido apositiva da oração principal ou uma Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta que é subordinada diretamente ao verbo.

O substantivo "os subterfúgios" é que exige o complemento "me", bem como a palavra verbal "aceito" exige o complemento "que me cabem", tornando a oração numa Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal, ou numa Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta do pronome "me".

A frase "sem precisar mentir" analisei que esta frase liga-se ou depende do verbo "aceito" no verso ( 6 ) que classifiquei como Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal Reduzida no Infinitivo e, também, como Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta, logo que está ligado por um verbo transitivo indireto.

Nas demais frases/versos ocorre sintaticamente uma relação de coordenação ou frases nominais, mas quando elas se equivalem sintaticamente entre si, a estabelecer uma hierarquia entre os termos para que haja uma progressão de mensagem e informação entre si, tornando num texto coeso, coerente e único.

O poema de Adélia Prado caracteriza mais pela função sintática das Orações Coordenadas e Orações Nominais, não afirmando que não há presença das Orações Subordinadas.

A organização da estrutura poética de Adélia é formada por período simples e períodos compostos. Isso ocorre nas frases/versos ( 6 ), ( 9 ), ( 10 ), ( 11 ), ( 12 ), ( 12 ) ( 13 ), ( 14 ), ( 16 ) e ( 18 ). São frases organizadas em uma única estrutura, isto é, um único núcleo, por esse motivo que a frase é definida pelo seu propósito comunicativo, isso significa que mesmo uma frase seja independente ela, pela sua capacidade de entrelaçamento linguístico, é capaz de transmitir de forma satisfatória uma relação, e até mesmo uma situação em que é utilizada com as demais que a ela possa a vir subordinar, ou seja, dar-lhe um sentido ou um complemento plausível.

O estilo poético não o descaracteriza como texto, visto que todo ou qualquer texto é sintaticamente embasado com frases que se comunicam de forma coordenada ou subordinada, e pensar no poema conseguir enxergar as diversas possibilidades de escrever a frase em que contexto as palavras e orações se ligam satisfatoriamente nas múltiplas possibilidades de formarem uma ideia em um determinado contexto.

Os períodos compostos de poema encontram-se nos versos de ( 1 ) a ( 3 ), no qual há (quatro) frases sendo a primeira com o verbo "nasci" uma Oração Subordinada Adverbial Temporal, a segunda com o verbo "tocam" classificada como Oração Subordinada Adjetiva Restritiva, a terceira com o verbo "anunciou" que classifiquei como Oração Principal da frase/verso 4 (quatro) e está, a quarta, como Oração Subordinada Substantiva Apositiva. Como é notório esses versos se comunicam entre se umas se relacionam com as outras completando-lhes os sentidos, e ao mesmo tempo desenvolvendo o mistério que a autora deseja com tais intenções das estruturas frasais.

O texto ao longo de sua composição é formada por orações que ora são coordenadas, ora subordinadas, esse dois processos dispõem intencionalidades que é disposto pelos verbos e essa disposição nos diz a que condição a personagem está, que decisão ela vai tomar, que posição ou estado ela se encontra.

REFERÊNCIA

INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos textos. 3 ed. São Paulo: Scipione, 1995.

MAZZARATTO, Luiz Fernando. CAMARGO, Davi Dias de. SOARES, Ana Maria Herrera. Manual de Redação: guia prático da Língua Portuguesa. São Paulo: DCL (Difusão Cultural do Livro), 2001.

RYAN, Maria Aparecida. Conjugação dos verbos em português: prático e eficiente. 17 ed. São Paulo: Ática, 2006.

TERRA, Ernani. NICOLA, José de (Ass. Ped.). Minigramática. 8 ed., 7° imp. São Paulo: Scipione, 2001.