UMA ANÁLISE DE PROJETOS ESCOLARES: FOLCLORE Jeovane Soares Rodrigues1 I. RESUMO Este trabalho consiste numa analise do que foi absorvido da disciplina de Estudos transversais e multidisciplinaridade lecionada professor Nivaldo Rodrigues da Silva Filho, para verificar como a interdisciplinaridade é encontrada/deturpada nos projetos escolares. Nosso modelo de analise foi o projeto Folclore do Centro de Educação Infantil “Eusébio Justino de Camargo” da cidade de Nova Olímpia-MT. Palavras-chave: Conceitos, Análise, Interdisciplinaridade. II. INTRODUÇÃO Ao nosso olhar, a interdisciplinaridade consiste primordialmente no estabelecimento de ligações de interdependência, de convergência e complementaridade entre as diferentes disciplinas escolares para que o currículo apresente uma estrutura que possibilite o desenvolvimento de uma prática interdisciplinar. “Segundo alguns autores, o currículo do ensino básico e fundamental tem passado por séries de mudanças radicais, significativas e polêmicas.”, onde são enviadas para as escolas os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – documento que deve ser esmiuçado a fim de que as novas diretrizes e bases sejam articuladas no âmbito escolar e atendam às novas disposições curriculares propostas. A interdisciplinaridade é uma destas teorias propostas pelo PCN que aponta para a complexidade do real e a necessidade de se considerar o conjunto de relações entre os seus diferentes e contraditórios aspectos – questionando a fragmentação entre os diferentes campos de 1 Mestrando em nível Profissional em Educação e Multidisciplinariedade, promovido pela FACNORTE/IBEA. conhecimento e a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola se constituiu historicamente. Podemos perceber principais vantagens de se trabalhar através de projeto é que a aprendizagem passa a ser significativa, centrada nas relações e nos procedimentos. Uma vez identificado o problema e formuladas algumas hipóteses, é possível traçar os passos seguintes: definição do material de apoio para a pesquisa, que será utilizado para a busca de respostas, de confirmação ou não das hipóteses levantadas. As ações a serem desenvolvidas evidentemente serão determinadas pelo tipo de pesquisa. A socialização dos resultados é parte fundamental para o sucesso do projeto e é de suma importância para os membros que participaram da pesquisa. III. ANALISE DO PROJETO ESCOLAR Ao analisarmos a organização proposta do projeto sobre Folclore do Centro de Educação Infantil “Eusébio Justino de Camargo” da cidade de Nova Olímpia-MT, para os níveis de interdisciplinaridade escolar, vimos que esta é pensada a partir de uma hierarquização que visa articular as disciplinas escolares no interior de uma perspectiva que envolve desde a elaboração e escolha dos textos, favorecendo uma articulação convergente e interdependente entre elas e mantendo suas especificidades; passando por um planejamento que implique na elaboração de um modelo didático que permita nortear sua implementação; e culminando com a prática pedagógica dos professores em sala de aula e por fim apresentação do resultado do projeto que estava proposto:  Confecção de um mural com os trabalhos produzidos;  Produção e organização de um caderno com todos os tipos de texto selecionados e as atividades produzidas;  Apresentações. A construção de sentido, pela leitura como é citado no projeto escolar sobre o Folclore está diretamente relacionada às práticas sociais ultrapassando a simples decodificação da escrita. O ato de ler não implica em propiciar acesso aos livros a estes sujeitos. O objetivo primordial do ensino da leitura além da compreensão e produção de sentido é a formação humana – que deve ser efetivada na atuação dos professores das mais diversas áreas, a fim de formar leitores críticos para as situações (extra) escolares, ou seja, para a vida. Desta forma, o letramento deve constituir questões e temas para múltiplas abordagens numa perspectiva interdisciplinar. Cabe ao professor subsidiar um circuito de leitura que favoreça ao leitor condições interdisciplinares e intertextuais para a construção de conhecimentos e práticas sociais. O projeto enfatiza que para que a aprendizagem ocorra, os docentes deverão trabalhar com o desenvolvimento dos alunos para a escuta ativa, trabalhos em grupo, respeitando à diversidade de opiniões, do conceito de individual e coletivo, do respeito às inteligências múltiplas, de transposição para a realidade. Sendo assim, compete ao professor subsidiar os mais diversos conhecimentos interdisciplinares e de letramento, aguçando no aluno a curiosidade e o trabalho de leitura, levando-o a analisar as idéias e estabelecer o diálogo existente entre um conhecimento e outro previamente adquirido. Os professores, não somente de Língua Portuguesa, mas de todas as outras disciplinas devem explorar a leitura e a tê-la como pré-requisito para as práticas interdisciplinares nas redes de ensino-aprendizagem. Conforme Antunes (2003, p. 67) a leitura deve ser explorada, de modo que o professor seja o mediador do conhecimento do aluno, incentivando-o como sujeito da interação, a atuar (participa) ativamente, recuperando, buscando, interpretando e compreendendo o conteúdo e a relação deste com o mundo. Nesse sentido, o projeto analisado ressalta a importância de que os alunos assumam os projetos como desafios seus e lhes dêem significado, pois somente desta forma compreenderão o sentido do projeto, evitando que este seja visto mais por imposição, sem significado para os alunos. Salienta Paulo Freire(1975), ao trabalhar com projetos interdisciplinares, ''tanto educadores quanto educandos envoltos numa pesquisa, não serão mais os mesmos. Os resultados devem implicar em mais qualidade de vida, devem ser indicativos de mais cidadania, de mais participação nas decisões da vida cotidiana e da vida social. Devem, enfim, alimentar o sonho possível e a utopia necessária para uma nova lógica de vida''. Para Kilpatrick (1977), um bom projeto didático deveria contemplar as seguintes características:  Ser uma atividade intencional e motivadora;  Ter características de um plano de trabalho manual;  Integrar várias disciplinas;  Ser realizada em um ambiente natural. Ainda, destaca que um projeto para ser considerado bom deveria apresentar três princípios:  Princípio da situação problemática: o projeto nasce de uma situação-problema que motiva o aluno a resolvê-lo;  Princípio da experiência real anterior: em que a experiência garante o sucesso; c) princípio da eficácia social: o projeto deve ser executado em grupo e para resolver situações que promovam a convivência” (1977, p. 81-83). Edgar Morin (2005), um dos teóricos desse movimento, entende que só o pensamento complexo sobre uma realidade também complexa pode fazer avançar a reforma do pensamento na direção da contextualização, da articulação e da interdisciplinarização do conhecimento produzido pela humanidade. Para ele: [...] a reforma necessária do pensamento é aquela que gera um pensamento do contexto e do complexo. O pensamento contextual busca sempre a relação de inseparabilidade e as inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto, e deste com o contexto planetário. O complexo requer um pensamento que capte relações, inter-relações, implicações mútuas, fenômenos multidimensionais, realidades que são simultaneamente solidárias e conflitivas (como a própria democracia, que é o sistema que se nutre de antagonismos e que, simultaneamente, os regula), que respeite a diversidade, ao mesmo tempo em que a unidade, um pensamento organizador que conceba a relação recíproca entre todas as partes. (p. 23) IV. CONCLUSÃO Concluimos que o projeto apresentado enfatiza que todos os pontos citados acima além da participação significativa dos alunos, condizente com a realidade pessoal do aluno e com o mundo que o cerca. O projeto destaca, ainda, que a metodologia de promove a produção, a utilização, a resolução de problemas e a aprendizagem, por ser uma atividade intencional, significativa, manual, integradora de disciplinas e comprometida com a realidade para além da escola. Nesse sentido, a interdisciplinaridade será articuladora do processo de ensino e de aprendizagem na medida em que se produzir como atitude (Fazenda, 1979), como modo de pensar (Morin, 2005), como pressuposto na organização curricular (Japiassu, 1976), como fundamento para as opções metodológicas do ensinar (Gadotti, 2004), ou ainda como elemento orientador na formação dos profissionais da educação. V. REFERÊNCIAS ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro & interação. / Irandé Antunes. São Paulo: Parábola Editorial, 2003 – (Série Aula; 1) Educação: um tesouro a descobrir. 10. Ed. – São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2006. FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 2. ed. Campinas: Papirus,1995. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 2ª edição, 1975, pág. 44. GADOTTI, Moacir. A organização do trabalho na escola: alguns pressupostos. São Paulo: Ática, 1993. Kilpatrick, William H. Educação para uma Civilização em Mudança. Tradução ProfªNoemy S. Rudolfer. São Paulo. Melhoramentos, 1977. Libâneo, J. C. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. Goiânia. Alternativa,2001. MORIN, Edgar. Educação e complexidade, os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez, 2005. VI. ANEXO