UMA ANÁLISE DE PROJETOS ESCOLARES: FOLCLORE
Publicado em 28 de junho de 2015 por JEOVANE SOARES RODRIGUES
UMA ANÁLISE DE PROJETOS ESCOLARES: FOLCLORE
Jeovane Soares Rodrigues1
I. RESUMO
Este trabalho consiste numa analise do que foi absorvido da disciplina de
Estudos transversais e multidisciplinaridade lecionada professor Nivaldo
Rodrigues da Silva Filho, para verificar como a interdisciplinaridade é
encontrada/deturpada nos projetos escolares. Nosso modelo de analise foi o
projeto Folclore do Centro de Educação Infantil Eusébio Justino de Camargo
da cidade de Nova Olímpia-MT.
Palavras-chave: Conceitos, Análise, Interdisciplinaridade.
II. INTRODUÇÃO
Ao nosso olhar, a interdisciplinaridade consiste primordialmente no
estabelecimento de ligações de interdependência, de convergência e
complementaridade entre as diferentes disciplinas escolares para que o
currículo apresente uma estrutura que possibilite o desenvolvimento de uma
prática interdisciplinar.
Segundo alguns autores, o currículo do ensino básico e fundamental tem
passado por séries de mudanças radicais, significativas e polêmicas., onde
são enviadas para as escolas os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
documento que deve ser esmiuçado a fim de que as novas diretrizes e bases
sejam articuladas no âmbito escolar e atendam às novas disposições
curriculares propostas. A interdisciplinaridade é uma destas teorias propostas
pelo PCN que aponta para a complexidade do real e a necessidade de se
considerar o conjunto de relações entre os seus diferentes e contraditórios
aspectos questionando a fragmentação entre os diferentes campos de
1 Mestrando em nível Profissional em Educação e Multidisciplinariedade, promovido pela
FACNORTE/IBEA.
conhecimento e a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a
qual a escola se constituiu historicamente.
Podemos perceber principais vantagens de se trabalhar através de projeto é
que a aprendizagem passa a ser significativa, centrada nas relações e nos
procedimentos. Uma vez identificado o problema e formuladas algumas
hipóteses, é possível traçar os passos seguintes: definição do material de apoio
para a pesquisa, que será utilizado para a busca de respostas, de confirmação
ou não das hipóteses levantadas. As ações a serem desenvolvidas
evidentemente serão determinadas pelo tipo de pesquisa. A socialização dos
resultados é parte fundamental para o sucesso do projeto e é de suma
importância para os membros que participaram da pesquisa.
III. ANALISE DO PROJETO ESCOLAR
Ao analisarmos a organização proposta do projeto sobre Folclore do
Centro de Educação Infantil Eusébio Justino de Camargo da cidade de Nova
Olímpia-MT, para os níveis de interdisciplinaridade escolar, vimos que esta é
pensada a partir de uma hierarquização que visa articular as disciplinas
escolares no interior de uma perspectiva que envolve desde a elaboração e
escolha dos textos, favorecendo uma articulação convergente e
interdependente entre elas e mantendo suas especificidades; passando por um
planejamento que implique na elaboração de um modelo didático que permita
nortear sua implementação; e culminando com a prática pedagógica dos
professores em sala de aula e por fim apresentação do resultado do projeto
que estava proposto:
Confecção de um mural com os trabalhos produzidos;
Produção e organização de um caderno com todos os tipos de
texto selecionados e as atividades produzidas;
Apresentações.
A construção de sentido, pela leitura como é citado no projeto escolar sobre
o Folclore está diretamente relacionada às práticas sociais ultrapassando a
simples decodificação da escrita. O ato de ler não implica em propiciar acesso
aos livros a estes sujeitos. O objetivo primordial do ensino da leitura além da
compreensão e produção de sentido é a formação humana que deve ser
efetivada na atuação dos professores das mais diversas áreas, a fim de formar
leitores críticos para as situações (extra) escolares, ou seja, para a vida. Desta
forma, o letramento deve constituir questões e temas para múltiplas
abordagens numa perspectiva interdisciplinar. Cabe ao professor subsidiar um
circuito de leitura que favoreça ao leitor condições interdisciplinares e
intertextuais para a construção de conhecimentos e práticas sociais.
O projeto enfatiza que para que a aprendizagem ocorra, os docentes
deverão trabalhar com o desenvolvimento dos alunos para a escuta ativa,
trabalhos em grupo, respeitando à diversidade de opiniões, do conceito de
individual e coletivo, do respeito às inteligências múltiplas, de transposição para
a realidade.
Sendo assim, compete ao professor subsidiar os mais diversos
conhecimentos interdisciplinares e de letramento, aguçando no aluno a
curiosidade e o trabalho de leitura, levando-o a analisar as idéias e estabelecer
o diálogo existente entre um conhecimento e outro previamente adquirido. Os
professores, não somente de Língua Portuguesa, mas de todas as outras
disciplinas devem explorar a leitura e a tê-la como pré-requisito para as
práticas interdisciplinares nas redes de ensino-aprendizagem. Conforme
Antunes (2003, p. 67) a leitura deve ser explorada, de modo que o professor
seja o mediador do conhecimento do aluno, incentivando-o como sujeito da
interação, a atuar (participa) ativamente, recuperando, buscando, interpretando
e compreendendo o conteúdo e a relação deste com o mundo. Nesse sentido,
o projeto analisado ressalta a importância de que os alunos assumam os
projetos como desafios seus e lhes dêem significado, pois somente desta
forma compreenderão o sentido do projeto, evitando que este seja visto mais
por imposição, sem significado para os alunos.
Salienta Paulo Freire(1975), ao trabalhar com projetos interdisciplinares,
''tanto educadores quanto educandos envoltos numa pesquisa, não serão mais
os mesmos. Os resultados devem implicar em mais qualidade de vida, devem
ser indicativos de mais cidadania, de mais participação nas decisões da vida
cotidiana e da vida social. Devem, enfim, alimentar o sonho possível e a utopia
necessária para uma nova lógica de vida''.
Para Kilpatrick (1977), um bom projeto didático deveria contemplar as
seguintes características:
Ser uma atividade intencional e motivadora;
Ter características de um plano de trabalho manual;
Integrar várias disciplinas;
Ser realizada em um ambiente natural.
Ainda, destaca que um projeto para ser considerado bom deveria
apresentar três princípios:
Princípio da situação problemática: o projeto nasce de uma
situação-problema que motiva o aluno a resolvê-lo;
Princípio da experiência real anterior: em que a experiência
garante o sucesso;
c) princípio da eficácia social: o projeto deve ser executado em grupo e
para resolver situações que promovam a convivência (1977, p. 81-83).
Edgar Morin (2005), um dos teóricos desse movimento, entende que só
o pensamento complexo sobre uma realidade também complexa pode fazer
avançar a reforma do pensamento na direção da contextualização, da
articulação e da interdisciplinarização do conhecimento produzido pela
humanidade. Para ele:
[...] a reforma necessária do pensamento é aquela que gera um pensamento do
contexto e do complexo. O pensamento contextual busca sempre a relação de
inseparabilidade e as inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto,
e deste com o contexto planetário. O complexo requer um pensamento que
capte relações, inter-relações, implicações mútuas, fenômenos
multidimensionais, realidades que são simultaneamente solidárias e conflitivas
(como a própria democracia, que é o sistema que se nutre de antagonismos e
que, simultaneamente, os regula), que respeite a diversidade, ao mesmo tempo
em que a unidade, um pensamento organizador que conceba a relação
recíproca entre todas as partes. (p. 23)
IV. CONCLUSÃO
Concluimos que o projeto apresentado enfatiza que todos os pontos
citados acima além da participação significativa dos alunos, condizente com a
realidade pessoal do aluno e com o mundo que o cerca. O projeto destaca,
ainda, que a metodologia de promove a produção, a utilização, a resolução de
problemas e a aprendizagem, por ser uma atividade intencional, significativa,
manual, integradora de disciplinas e comprometida com a realidade para além
da escola. Nesse sentido, a interdisciplinaridade será articuladora do processo
de ensino e de aprendizagem na medida em que se produzir como atitude
(Fazenda, 1979), como modo de pensar (Morin, 2005), como pressuposto na
organização curricular (Japiassu, 1976), como fundamento para as opções
metodológicas do ensinar (Gadotti, 2004), ou ainda como elemento orientador
na formação dos profissionais da educação.
V. REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro & interação. / Irandé Antunes.
São Paulo: Parábola Editorial, 2003 (Série Aula; 1)
Educação: um tesouro a descobrir. 10. Ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:
MEC: UNESCO, 2006.
FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 2. ed.
Campinas: Papirus,1995.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 2ª
edição, 1975, pág. 44.
GADOTTI, Moacir. A organização do trabalho na escola: alguns pressupostos. São
Paulo: Ática, 1993.
Kilpatrick, William H. Educação para uma Civilização em Mudança. Tradução
ProfªNoemy S. Rudolfer. São Paulo. Melhoramentos, 1977.
Libâneo, J. C. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. Goiânia.
Alternativa,2001.
MORIN, Edgar. Educação e complexidade, os sete saberes e outros ensaios.
São Paulo: Cortez, 2005.
VI. ANEXO