RESUMO 

O estudo historiográfico do conceito de gênero tem assumido uma relevância gradativa na atualidade, mas nem sempre foi assim, no início estas pesquisas só abarcavam o âmbito feminino em seus domicílios, tendo relações com um cenário patriarcal e machista. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é explicitar como as categorias de gênero foram abordadas inicialmente pela historiografia, notadamente pelas vertentes da história social e implicitamente os apelos para construir novas perspectivas, de novos olhares para esta categoria. 

Palavras-chave: Historiografia; Gênero; Feminilidade 

Mediante a introdução do paradigma da Nova História, onde foram incorporados novos temas, novas abordagens, desenvolveram-se entre eles os estudos de gênero, resultante dos movimentos reivindicatórios das mulheres na política nos anos 1970, a historiografia se viu instigada a construir pesquisas que revelariam as problemáticas acerca da opressão e desigualdade feminina; na década de 70 do século XX, o conceito de gênero era utilizado como designativo da classe feminina, focando somente os aspectos inerentes a mulher no meio social, mas a partir de 1980 este conceito passou a ser percebido em sua forma mais ampla, significando tanto o homem como a mulher em suas características identidárias e sócio-culturais, para este feito os elementos culturais domiciliares foram utilizados para elucidar as diferenças históricas da sociedade de cada época, definindo certa identidade do homem e da mulher.

A tabulação e a incorporação do grupo feminino como objeto da história sócio-cultural ampliaram as tematizações, enriquecendo os estudos dos segmentos sociais do passado; a categoria de gênero possibilitou a história conhecer as relações entre os grupos sociais com a experiência particular das mulheres no meio comunitário, do mesmo modo foram usadas para resolver problemáticas em outras perspectivas disciplinares. O compartilhamento do conceito de gênero pelos historiadores sociais forneceu subsídios necessários para combater o determinismo biológico a respeito das noções de masculino e feminino, mas alguns dos obstáculos ainda permaneceram, referindo-se à abordagem de gênero reduzidamente, isto é, privilegiando apenas a experiência de vida das mulheres. 

Embora a reorientação da história de mulheres levada a efeito com a incorporação da categoria gênero tenha contribuído para situar esses personagens na história como grupos sociais distintos, socialmente construídos e não naturalizados, no entanto, observa-se que muitos dos trabalhos que adotaram a perspectiva sócio-histórica de gênero com a pretensão de rejeitar as análises causais reducionistas, continuaram limitados ao estudo das mulheres e considerando as transformações sociais somente em termos de relações entre classe e sexo (BURITI, 2009). 

Buriti (2009) relata que “esses estudos privilegiaram a dimensão comparativa e descritiva das experiências dos gêneros e não a utilização do conceito de gênero sob um olhar amplo que se efetiva de forma inter-relacional e segundo os esquemas de significação que regem cada contexto de historicidade”. A história como trabalho profissional situou o início do estudo destas relações como uma forma de interação subsidiada por determinados interesses coletivos, com os conflitos imbricados no campo laborial nas fábricas. Em termos políticos e econômicos, as pesquisas históricas ainda permanecem em silêncio, porém notamos um pequeno esforço atual na mudança deste quadro, com o intuito de deixar de se atrelarem somente nas variáveis étnicas e raciais, partindo para outros enfoques. 

REFERÊNCIAS 

BURITI, Catarina de Oliveira & AGUIAR, José Otávio. Gênero, identidades e meio ambiente: polissemias historiográficas. Revista Interthesis, Vol. 06, Nº 02, 2009.