~Um rei Uma rainha Um meio Inteiro~

Por Carlos Mettal e Enethe Dannyelle Moolesinne

Na volta pra casa

Uma surpresa de “hum” e risos

dando piruetas e ficando do avesso

para encontrar o lado certo           

sob as estrelas que clareiam

sou um pouco do sol

sou verdadeiramente da noite

e o lado certo sempre é sem dúvida do avesso

nesse lado somos mais soltos

mais leve mais interessantes

tão mais liberados

noite avessa atravessa o verso do avesso com o lado certo

então tendo o certo como oposto ao errado

somos tão metades inteiras de certezas e promessas

mostra teus olhos a quem te olha

mostra tuas vestes a quem de veste

mostra teu avesso a quem tem apreço

mostra tua volta a quem não te solta

aos olhos raros que possam ver

os segredos que neles há guardado

olhos que vêm com plenitude

segredos são meus alimentos quando tenho fome

segredos são meus caminhos quando estou perdido

segredos são teus olhos que me dão o infinito

os meus olhos tem a luz que pode guiar o homem perdido

até um caminho infinito

o lugar dos meus segredos mais confortáveis

o segredo da alma

segredos meus que mata a tua fome

fecha teus olhos que não vejo

deixa-me a tua noite na qual te desejo

guia-me do perdido caminho ao teu labirinto

segreda teus mistérios sobre minha cabeça vazia

alimenta minha alma na tua como guarida

fome tenho

fome terei

assim posso retornar de onde parti ao que deixei

darei-te asas

preencho a tua cabeça vazia de loucas fantasias

fantasias que alimenta a fome de um homem perdido no caminho

segredo pra mim é medo e fantasia

que se misturam em busca do êxtase

jantar da meia noite

meia luz na minha vez

tudo pode sem cansaço

o abraço de recomeço que cansa de novo o corpo inteiro

voa de longe em asas de cílios que cintila o medo da fantasia

mistura teu êxtase em sentimento e pleno será

a destreza do que se destranca na meia garganta do sentimento

quando é preenchido por sementes que brotam na semana primeira

a fantasia e o medo andam de mãos dadas

pois bebem a água da mesma fonte

a fonte do desejo

fantasias sem medo é um corpo sem alma

fantasias e medos são vestes que se despem ao toque do sabor da língua

sentes medo

tens fantasia

atravessa o mundo sem porta da minha alegria

às vezes o toque

um toque apenas do sabor da língua

se constrói um homem

quando se sente perdido

um toque da língua desmonta no cheiro o segredo da fome do homem

o cheiro da pele para mim é o maior segredo

pele que cheira a desejo

um gosto do cheiro invade as entranhas

se morde por inteiro aos dentes e sentidos da pele

que em ti e em mim é maior que segredo

desejos e cheiros

onde a língua quer lamber todo prato do segredo

não há mais o que temer

mesmo que ainda se queira ficar a tremer

frio e calor na palavra sugada e lambida

sobre as folhas de linhas brancas escritas

pelos fios de seda de tua trança e lábios vermelhos

a língua que lamber o segredo da alma

pois lá está o mais doce segredo de uma mulher

dentes que querem morder a pele

doce mulheres que têm segredos guardados

que se soltam ao sabor escondido,

decifra teus caminhos em sinais que me guiam

ao profundo senso do alcance de minha mordida

mãos e dedos que pousam borboletas

corpos e segredos que acasalam o meu medo

fantasias as minhas asas e casula ao meu começo

tudo que pretendo e ensejo

segredo pra mim é o grande desejo

guardado sempre a encontrar um homem em um caminho perdido

e presente ser seu ao lhe presentear

das curvas que me atraem

amanheço seguro no teu cais

vestes branco e calça jeans

mas tanto faz

velejas sempre de volta ao meu porto que aqui te apraz

segredos pra mim é encontrar alguém que possa confiar

e revelar o que já sei de mim

ouvinte por natureza detenho todos os segredos

que se oculta atrás da rosa vermelha do desejo

lábios novamente fechados a esperar

a chave mestra da revelação encontro no ouro dos teus cabelos

um segredo por um desejo

uma rosa por um beijo

meias listradas meu feitiço

meu jardim de corpo inteiro

segredos valem a cor do ouro dos meus cabelos

por isso não entrego fácil pra ninguém

te dou degraus para subir

um corrimão para não cair

escadas me seduzem quando a multidão vai a subir

mas sempre surge um rei digno e de plena confiança

que por natureza arranca todos os segredos da rainha

e uma rosa vermelha apenas se torna tão pequena

para ocultar a sua face inteira

havendo um parlamento verde

tua presença é minha sintonia através do vento

se há silêncio ou gritaria de socorro

não fique atenta

olhe para mim

no cheiro que penetra a tua respiração

o frescor na tarde

tão pequenina na beira do mar

tão ninfa de arrepiar

sorrisos de sereia ao querer enfeitiçar

por natureza

a rainha precisa se ocultar

atrás da rosa vermelha