Um passo em direção a igualdade

" Posso não concordar com o que dizes mas defenderei até a morte o direito que você tem de dizê-las" Voltaire

A união homoafetiva foi recentemente reconhecida pelo STF, com a premissa de que o aspecto biológico não é uma determinante nos relacionamentos. Sentimentos como a felicidade e o afeto atuam como elementos que aproximam as pessoas. Com esse reconhecimento cria-se uma nova visão de unidade familiar, diferente daquela baseada apenas nos aspectos físico-biológicos.
Os casais homoafetivos alcançaram uma posição social justa, uma vez que, como cidadãos, possuem o direito de terem sua união protegida pelo Estado a semelhança dos casais heterossexuais. Sendo o Estado um ente que visa unir os diferentes entorno de um direito, deve julgar e decidir conforme o bem geral e não de acordo com qualquer tipo de grupo. Todos tem o direito de amar da forma que melhor entendem. Não seria correto tratar tais casais como um subgênero baseado na sua opção sexual.
É de vital importância levar em consideração que em um pólo oposto encontram-se aqueles que pensam de forma diferente. Estes não aceitam o homoafetividade com tanta naturalidade. É necessário buscar um ponto pacífico entre essas visões antagônicas. Assim como os homossexuais têm o direito de manifestar sua opção afetiva, aqueles que professam uma fé tem o direito de assim manifestar sua crença.
Pessoalmente defendo o direito que uma pessoa tem de expressar sua afetividade com a pessoa que a faça sentir-se bem. Mas reservo-me ao direito de não achar tal atitude natural. É inevitável tocar no ponto religioso da questão. Como evangélico entendo que o amor ente pessoas do mesmo sexo não seja o ideal de Deus. Mas não posso, e não seria ético, impor minha religião as outras pessoas, mudar seu estilo de vida apenas pelo fato de considerar algo errado. Optar por uma religião é algo voluntário, não imposto. Qualquer leigo ao ler os evangelhos perceberá que Jesus Cristo não obriga ninguém a segui-lo, quem o fez foi de boa vontade.
Não compete a mim julgar quem quer que seja por sua opção sexual, a Deus compete julgar. Apenas defendo o direito que cada um tem de fazer aquilo que julgar melhor, cabendo arcar com as conseqüências dessas escolhas. Vale citar Aleister Crowley que dizia: " faça o que tu queres pois é o todo da lei ". Em outro ponto o Rei Salomão " ... de tudo quanto fizeres Deus te pedirá contas". Podemos ligar estes pontos e chegar a um equilíbrio: liberdade com responsabilidade. Usar a liberdade respeitando o semelhante. Para nós evangélicos Deus é o ponto a ser observado ao usarmos da liberdade. Para o ateu o Estado exerceria esse papel.
A meu ver o grande ponto é ver o Estado como um defensor dos direito dos cidadãos. Defendendo o interesse dos evangélicos, católicos, umbandistas, e homossexuais. Como observa Albert Einstein ao falar sobre a liberdade, esta só é possível quando há um espírito de tolerância por parte da população. Segundo ele isso é algo difícil de se atingir e realmente o é. O Estado, em virtude dessa dificuldade, deve atuar como um mediador para que um grupo não se sobressaia sobre o outro. Nem os cristãos sobre não-cristão (uso este termo para me referir aos que não seguem o cristianismo tradicional) para que surja uma nova era das trevas e nem os não-cristãos se sobre cristãos criando uma nação autoritária.
O reconhecimento da união homoafetiva é uma conquista para aqueles que decidiram viver juntos. Deve o Estado defender estes cidadão protegendo-os em sua decisão, uma vez que também contribuem para o desenvolvimento da nação. No entanto é preciso observar que não são um grupo especial, são apenas mais um grupo debaixo de uma Constituição que garante a todos o direito a externar seu credo e opinião.