UM PARALELO ENTRE TEORIAS DO ACONSELHAMENTO E DA PEDAGOGIA

Flávia Rizzo Marostegan
Conselheira Educacional e Familiar pela Universidade Adventista de São Paulo, UNASP ? EC.
Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista, UNESP ? RC


Resumo: O conselheiro precisa, em sua formação, conhecer as teorias que embasam as suas origens. A pedagogia, por sua vez, traz visceralmente os mesmos autores e as mesmas teorias do aconselhamento. Abordando o histórico das principais teorias, esse trabalho visa fazer um paralelo entre os autores, indicando suas contribuições para cada área, distintamente, destacando a Gestalt, de Rogers e o Behaviorismo, de Skinner. A escolha dessas teorias se deu principalmente pela influência que ambas tiveram no plano educacional, a mudança que propuseram na época de origem e as contribuições que permitem, até hoje, vastas discussões e maneiras diferentes de trabalho nas áreas pedagógicas e do aconselhamento. Trata-se de pesquisa bibliográfica qualitativa.

Palavras-chave: Gestalt; Behaviorismo; teorias da educação; teorias do aconselhamento.

Abstract: The counselor needs, in his training, to know theories based upon its origins. Pedagogy, in its turn, brings deeply the same counseling authors theories and it approacher the main theories details. This paper aims to compare the authors, indicating their contributions in each area, distinctivel by highlighting. Gestalt, of Rogers and the Behaviorism, of Skinner. These two theories have been chosen maninly due to their influence in the education area, the change that the these theories proposed in their origin, the contributions that they allow to this day, extensive discussions and different ways of work in pedagogical and counseling areas. It is about qualitative research literature.

Key-words: Gestalt; Behaviorism; theories of education; theories of counseling.

Introdução

Analisar teorias tão distintas no mesmo trabalho parece um paradoxo. Porém, as linhas de pensamento dos autores escolhidos são a base fundamental tanto da Pedagogia quanto do Aconselhamento. Ambas as teses apareceram há cerca de cem anos, entretanto, surgiram com proposições diferentes. O Behaviorismo é trazido à tona para tentar emplacar a Psicologia como ciência, afirmando que o comportamento é possivelmente mensurável. A Gestalt, por sua vez, vem postulando os sentidos como o centro do ser humano; o indivíduo não é composto por partes, mas é completo e interpreta as situações por completo, através dos sentidos.
São essas diferenças essenciais das teorias que fazem com que ambas sejam adotadas na pedagogia e no aconselhamento. Há profissionais que se rotulam conforme a teoria, para poder alinhar o seu trabalho com as definições daqueles que comprovaram as teses; assim acreditam no resultado eficaz.
Cada uma delas contribui distintamente para os vieses que serão analisados nesse artigo.
Para a pedagogia, o enfoque é a aprendizagem e a boa formação do aluno; já para o aconselhamento, a ênfase é no atendimento de casos que atrapalhem boas relações, sendo elas conjugais, familiares, envolvimento com substâncias ilícitas ou até mesmo, educacionais. Para os dois casos, as teorias oferecem explicações e maneiras de tratar seu público alvo, para que o objetivo seja alcançado.

Um breve histórico do Behaviorismo

Traçando uma breve linha histórica do estudo do comportamento na psicologia, podemos começar indubitavelmente com a pesquisa de René Descartes (1596-1650). Esse estudioso traçou uma linha de investigação crítica, que confrontou a ciência e o dogma religioso. Ele defendia que o homem, diferente dos animais, possui alma e uma mente capaz de fazer escolhas, livre de idéias derivadas de experiências, mas recheada de idéias inatas.
Essa afirmação da existência de idéias inatas abriu espaço para um longo caminho de discussão, que se abriu em dois trajetos: nativismo e empirismo.
O nativismo refere-se à hereditariedade, o empirismo, à experiência.
Nessa linha de pensamento surgiram alguns críticos, como Thomas Hobbes, que defendia o homem racional, completamente dominado pela razão. Para ele, as idéias se relacionam conforme a experiência original que as conecta.
Um sucessor de Hobbes, John Locke, deu impulso ao empirismo britânico. Segundo ele, todo conhecimento chega a nós através dos sentidos, ou seja, o homem é uma tabula rasa, onde são depositadas experiências. As idéias podem ser combinadas como complexas ou simples, e desse pensamento desenvolveu-se o associonismo. O conhecimento era simplesmente um produto da interação entre homem e ambiente.
Na verdade, as leis da associação surgiram com Aristóteles, que afirmava que as idéias se ligavam conforme sua similaridade, contraste ou contigüidade.
Nessa época, o empirista presumia que nosso conhecimento era construído pelas sensações.
Seguindo a linha do associonismo, apareceram muitos autores; o mais crítico deles foi Gottfried Leibnitz (1646-1716) que dizia que o homem chega ao mundo predisposto a certas idéias, e pode desenvolvê-las conforme as tendências.
Para Daniel Hartley (1705-1757), o associonismo determinava ordens de acontecimento: a mudança em uma idéia ocasionava mudança da idéia seguinte, ou seja, sensações e idéias estão intimamente ligadas.
Avançando no pensamento empirista, os estudiosos afirmavam que era necessário treinar as faculdades presentes no nascimento através da educação, e para isso, era preciso usar de forças severas para inibir tendências más. Para o comportamentalista, o acúmulo de experiências é o foco.
Dentre todos os empiristas, a figura mais influente foi Skinner. Até hoje, ele é a figura mais controvertida na psicologia. Sua contribuição para o estudo do comportamento começou com a observação de animais. Segundo ele, a liberdade pode ser prejudicial, e o comportamento humano deve ser controlado. Seu Behaviorismo foi impulsionado por estudos antecedentes, que serão descritos superficialmente por este artigo.
Thorndike fez da aprendizagem por recompensa um conceito central em psicologia. Sua tese baseava-se na premissa que o animal era guiado por instinto e o homem, pela razão. Thorndike convenceu-se que os animais não eram capazes de mediar idéias, portanto focalizou seus esforços em uma explicação alternativa ? aprendizagem, que nada mais é que conexões de processos físicos e mentais. Esses, pelos sentidos e percepções e aqueles, por estímulos e respostas. (MILHOLLAN; FORISHA, 1978)
Com seus estudos, Thorndike conclui que aprender é uma capacidade do organismo.
Pavlov sugeriu o condicionamento clássico, como resultado de suas pesquisas. Segundo esse autor, certos estímulos produzem reflexos, que podem ser condicionados através da aprendizagem; a resposta oferecida pode ser manipulada para que o resultado seja significativo.
Segundo Milhollan; Forisha (1978, p. 60) "as pessoas são, em geral, condicionadas a responder favoravelmente ou desfavoravelmente a qualquer coisa que possa funcionar como estímulo."
Watson defendia a psicologia como ciência e para tanto, promoveu o estudo do comportamento como processo mensurável. Com esse intuito, nasceu o Behaviorismo (estudo do comportamento). Esse autor postulou o estudo de animais somente pelo seu comportamento, e transferiu essa possibilidade aos seres humanos, que não poderiam ter a consciência estudada, pois essa não era objetiva, diferente do seu comportamento, que era basicamente, para esse autor, o movimento de músculos e o trabalho de glândulas.
Watson afirmou que nascemos com pouca carga genética e predisposição para responder a alguns estímulos; todo resto é produto do que aprendemos. Na época, a influência de Watson foi tão grande que a maioria dos estudiosos que se seguiram foram Behavioristas.
Sem dúvida, as idéias de mais destaque do Behaviorismo foram concluídas por Skinner. Para esse autor, que criou a "caixa de Skinner" e a "máquina de ensinar", qualquer comportamento pode ser modelado através de recompensas ou reforços apropriados; isso aproxima ainda mais os homens dos outros animais. Ainda segundo ele, a tarefa da psicologia como ciência é controlar o comportamento humano.
Conforme nos pontua Baum (1999, s/p) "a idéia do Behaviorismo é simples de ser formulada: é possível uma ciência do comportamento". Tal argumento, segundo o autor fundamenta-se no fato de que - apesar das controvérsias sobre o sentido de "ciência" ou de "comportamento", incluindo questões sobre "se a ciência do comportamento dever ser a psicologia" ou "se a psicologia é uma ciência" - "todos os Behavioristas concordam que pode haver uma ciência do comportamento"
Ainda segundo o autor, o Behaviorismo pode ser referido como um conjunto de idéias sobre essa ciência chamada de análise do comportamento, e não a ciência ela própria, o Behaviorismo não é propriamente uma ciência, mas uma filosofia da ciência. Como filosofia do comportamento, entretanto, aborda tópicos que muito prezamos e que nos tocam de perto: por que fazemos o que fazemos e o que devemos e não devemos fazer .
Para Skinner cada comportamento é uma "função". O comportamento humano é modelado e reforçado; implica recompensa e controle e é determinado pelos estímulos que sempre levam a uma resposta. Para o Behaviorismo há uma maneira de extinguir, mudar ou reforçar um comportamento pelos reforços apresentados. Skinner os denominou como positivos, negativos ou punições. O reforço positivo atua para fortalecer um comportamento apresentado, chamado de resposta. Nem sempre o reforço positivo trabalha como recompensa, por isso essa palavra foi deixando de ser usada por quem estuda o tema. Os reforços negativos são usados mais frequentemente para a remoção de um comportamento.
A extinção de um determinado comportamento é a principal preocupação daquele que apresenta os reforços, o chamado reforçador.
Para Reese in Milhollan; Forisha (1978, p. 95):

Como a resposta reforçada é uma que precede imediatamente o reforço, é importante reforçar rapidamente o comportamento desejado, antes que outra resposta interfira... Modelagem habilidosa, consiste em selecionar as respostas corretas para reforçar.

A punição, por sua vez, é o artifício mais usado para extinção de um comportamento, mas com o passar do tempo passa a ser desvantagem para aquele que oferece e aquele que recebe. Depois de um período de punição, com a resposta superficialmente controlada, há o risco do comportamento voltar como antes quando a punição é cessada. Quase sempre a punição é acompanhada de um sentimento de ansiedade.
Para Milhollan; Forisha (1978, p. 103) "punição severa sem dúvida tem o efeito imediato de reduzir determinada resposta... Reforço positivo direto é sempre preferível porque parece ter menos subprodutos condenáveis."

A aplicação do Behaviorismo

A abordagem comportamentalista pode ser aplicada em vários campos e é até hoje questionada no campo da educação, por seus métodos válidos exclusivamente pelo mérito.
Para essa abordagem, o conhecimento chega através de experiências e aquele que o adquire não o faz sozinho, ou seja, o conhecimento não se desenvolve por si só, mas está intimamente ligado com experiências anteriores.
Na visão Behaviorista, a educação é uma das formas de controlar comportamentos, já que eles podem ser ensinados com precisão pelos professores, visando sua mudança, sua consolidação ou sua extinção. O ambiente, que pode corromper um bom comportamento, faz com que a educação retome o poder de controle, para que as respostas desejáveis reapareçam.
Apesar de não revelar num primeiro momento, a maneira dessa abordagem de educar para a liberdade parte do principio do controle, pois há aqueles que afirmam que a partir do controle determinado pelo outro, o indivíduo caminha para o auto-controle.
O papel da educação é evitar a influência direta e solitária dos acidentes naturais, que ensinariam de uma maneira trágica o modo "correto" de ser comportar. A escola, nesse caso, passa a ser o lugar ideal de propagação dessa idéia, já que educa para o controle, impondo e conservando aquele comportamento que é desejado.
Rocha (1980, p. 28) in Mizukami (1986, p. 30) nos afirma que para os behavioristas, a aprendizagem pode ser definida como "uma mudança relativamente permanente em uma tendência comportamental (...) resultante de uma prática reforçada"
Os reforços, nesse caso são em forma de nota, aprovação, reprovação, elogios, prêmios, e indiretamente, compensação monetária, prestígio; o objetivo final é a aquisição da resposta desejada maximizando o desempenho do aluno, respeitando sua individualidade. Para isso, é necessária a chamada programação do ensino.
Numa concepção skinneriana, segundo Mikuzami (1986, p. 35) "pedagogia, educação e ensino são identificados como método e tecnologia."
A abordagem comportamentalista também é divulgada e utilizada no aconselhamento, e consiste basicamente no trabalho com reforços.
Para o conselheiro que faz jus a essa abordagem, o comportamento do paciente pode ser mudado através de suas próprias atitudes. O papel do conselheiro é guiá-lo para que ele por si encontre uma possível solução para seu caso.
Na teoria Behaviorista, o paciente deve alcançar o auto-controle; cada estimulo da situação recebe uma resposta do paciente, que carrega antecedentes e conseqüências. Essas conseqüências de cada resposta são os estímulos, que variam de positivos a negativos, e as punições.
Para sistematizar o atendimento Behaviorista no aconselhamento, existe a chamada "engenharia do comportamento", ou análise funcional. A análise funciona como um esquema de antecedentes, comportamentos e conseqüências, e visa facilitar o trabalho do conselheiro. Nesse caso, o problema a ser solucionado é a resposta do paciente. O que deve ser modificado são os antecedentes, que causam o problema; cada mudança é uma hipótese de solução, que não colaborando na resolução, deve ser trocada por outra.
Outra técnica adotada pelos Behavioristas é o feedback, que surge no atendimento como valorização de uma boa atitude do paciente.
Para essa classe de profissionais, disciplinar é incentivar o que é certo. A aparição do primeiro comportamento inadequado é suficiente para que estratégias apareçam para sanar esse comportamento.

Um breve histórico do Humanismo

O Humanismo surgiu na intenção de contrapor o Behaviorismo, postulando a psicologia como ciência humana e não natural. Ambas ciências querem entender o comportamento humano, mas seus métodos e objetivos se diferenciam. O precursor dessa idéia foi Abraham Maslow, mas quem a impulsionou foi Carl Rogers. Os Humanistas consideravam o estudo do comportamento empiricamente muito superficial, desconsiderando fatos relevantes que influenciam o cotidiano das pessoas.
No início do século XIX, a personalidade era vista, segundo pensadores, um acaso que ocorria pelo ambiente experimentado. Porém, alguns oponentes desse pensamento começavam a divulgar a idéia de que o indivíduo interage com o ambiente, formando assim uma experiência única daquele momento. Em países como Alemanha, Escócia e França, o Humanismo vinha tomando força através dessas afirmações. O francês Maine de Biran foi responsável pelo primeiro estudo que considerava o self como a individualidade de cada ser, que poderia vivenciar experiências, e não apenas registrá-las. Para esses pensadores, o ambiente vem a ser um lugar de experiências.
Anterior a essa revolução na psicologia, Blaise Pacal (1623-1662) in Milhollan e Forisha (1986, p.128) nos diz que:

É perigoso mostrar ao homem com excessiva freqüência, que ele é igual às bestas, sem mostrar-lhe sua grandeza. É também perigoso mostrar-lhe com excessiva freqüência sua grandeza sem sua baixeza. É ainda mais perigoso deixa-lo ignorante de ambas. Mas, é muito desejável mostrar-lhe as duas juntas.

Esse pensamento vem fortificar a idéia de que o homem poderia ser mais do que os animais de laboratório com os quais as pesquisas empíricas eram realizadas.
No final do século XIX, para ser um estudioso da área, era necessário escolher entre as duas teorias, pois elas eram como inimigos em um campo de batalha.
Entre os autores que seguiram defendendo a teoria nativista, Wilhelm Dilthey (1833-1911) apontava que era preciso tentar analisar os comportamentos mais complexos do ser humano, deixando de lado as teorias passíveis de teste. Para esse autor, o comportamentalismo nada teve a dizer sobre a criatividade, a imaginação, entre outros elementos subjetivos que são intrínsecos à natureza humana; além disso, ele afirmou que o Humanismo derivou diretamente do Behaviorismo, pois tomou como base seus dados empíricos.
Algum tempo depois, Carl Rogers veio fazer a mesma afirmação, mesmo sendo crítico da abordagem skinneriana.
Franz Brentano, um contemporâneo de Dilthey, teve suas idéias divulgadas de uma maneira mais abrangente, que deram força à duas linhas de pesquisa: a Gestalt e a Teoria de Campo. Segundo Milhollan e Forisha (1986, p. 133), Brentano não desconsiderava a psicologia como uma ciência humana empírica.
No final do século XIX, o cenário da psicologia mudou. Reconhecida como ciência, a discussão agora era sobre qual linha seguir. No começo do século XX, duas tendências foram as mais significativas na linha humanística. A primeira ainda considerava as experiências empíricas, e a segunda tomava como fonte de estudo a imagem do homem.
A idéia mais difundida nos Estados Unidos foi a primeira delas, a Gestalt, que se fundamentava na percepção de um objeto considerando o ambiente em que ele se encontra, ou seja, a parte de um todo. O todo é composto por várias partes, que possuem individualidade, porém não é apenas um aglomerado de partes, tendo também sua relevância única.
A segunda idéia, a Teoria de Campo, por Kurt Lewin, defende três postulados, sendo eles: a) o campo é formado por fatos que se integram; b) o comportamento é dependente do que esse campo oferece; c) a análise surge do todo para as partes. Sendo assim, o comportamento nasce dependente da situação do ambiente. O indivíduo corresponde ao que lhe é oferecido e o sujeito interage com o ambiente em que está.
Outro importante defensor da abordagem humanística é Rollo May. Para ele, o homem não pode ser objeto de estudo se esse estudo parte apenas de uma visão. O homem deve ser considerado como um todo, tendo em vista seus pensamentos, complexidade, expressões e todos os elementos subjetivos que fazem parte de sua formação. Cada ser é único e vive situações particulares, que devem ser analisadas separadamente de outras situações.
Outras contribuições sobre esse assunto vieram de autores como Jean-Paul Sartre, que afirmava que o indivíduo é feito por suas escolhas, e encara-las é sinal de liberdade e responsabilidade; Maslow, que mais tarde veio a formular a pirâmide de Maslow, detalhando as necessidades do homem; e Allport.


A aplicação do Humanismo

Para a abordagem Humanista, a aprendizagem ocorre durante um processo, que inclui o contexto que o indivíduo está inserido e o que ele percebe sobre esse campo que o envolve.
Rogers desenvolveu dezenove princípios iniciais para definir o comportamento humano, que para ele não era mensurável quantitativamente. Segundo esse autor, se um ambiente não é ameaçador o crescimento é facilitado e o organismo reage ao seu contexto. Essa reação é o comportamento acompanhado de emoção, reação do self conforme o que lhe é oferecido. Quando as experiências não são organizadas, pode haver um desajustamento psicológico no indivíduo, e o ajustamento se dá quando a experiência e suas percepções são compatíveis com o self. O self, por sua vez, pode se ajustar, mantendo seu equilíbrio, para se adaptar a novas experiências, assim recuperando o ajustamento psicológico.
Os estímulos que estão nesse campo se agrupam para cada indivíduo dependendo de sua semelhança e congruência, ou seja, o que faz sentido ao sujeito é relacionado com outras idéias prévias que o sujeito já possuía sobre o assunto.
Para a educação Humanista, o objetivo principal é formar sujeitos atuantes, que aprenderam a adaptar-se e a mudar conforme as situações; aqueles que aprenderam a aprender são os "educados", por isso, o ambiente deve ser facilitador, já que a aprendizagem envolve uma mudança no eu.
Para facilitar o processo do aluno, o professor deve oferecer compreensão, e deve apresentar problemas relevantes, para que o aluno entenda o motivo da aprendizagem. Além disso, há a importância da liberdade para escolher: quando a liberdade é "permitida", as crianças passam aprender a escolher com sabedoria.
No momento que o aluno faz a conexão do novo estímulo que lhe está sendo oferecido com suas idéias previas, ocorre um insight. O insight é responsável pela formação de conceitos. Podemos relacionar, nesse momento, a abordagem humanística com a idéia piagetiana, de que a mudança é responsável por novas aprendizagens (conceito da assimilação).
Para a Gestalt, o aluno aprende quando observa o todo, e reage ao todo; a aprendizagem consiste em implicar discernimento e compreensão das situações. Na educação, houve necessidade da reformulação de currículo, já que essa abordagem defende a relevância do todo, ou seja, as disciplinas isoladas não faziam sentido, pois fazem parte de um todo pedagógico, que deve ser aprendido.
Para essa teoria, alguns elementos facilitam a ocorrência do insight, e são eles:

a) a inteligência do aluno facilita o insight;
b) a experiência facilita a percepção do problema, mas não o resolve;
c) o insight é possível quando a organização do problema facilita sua observação;
d) o ensaio e erro é um caminho ao insight, mas não se trata de uma tentativa cega.

A teoria Humanista fez surgir a teoria inicial do aconselhamento, pois a teoria que se centrava na percepção do indivíduo poderia fortalecer a terapia do ouvir, ou seja, o que o outro sente e percebe pode ser ouvido e compartilhado. Para o aconselhamento Humanista, o outro é meu espelho e eu posso me enxergar através dele; a Gestalterapia é baseada na terapia individual em grupo. O sujeito é único e uma parte do todo com a sua história, mas o grupo é importante, pois influencia como o todo. Nessa terapia individual de grupo, ocorrem dois processos: a catarse (o grupo acolhe meu sentimento) e a contra-catarse (o grupo se fortalece e todos enfrentam a dor).
A importância do outro como parte do todo é a reprodução e o enfrentamento do sentimento exposto, que até então estava inconsciente, já que não havia o espelho no qual o sujeito pudesse se enxergar.
Para a teoria que obedece às postulações humanísticas, o indivíduo busca sanar uma pirâmide de necessidade. As necessidades são gradativas, e é impossível chegar ao pico se a base está desestruturada. O individuo é um ser completo, com capacidades amortecidas; é plausível de mudança, a motivação é o impulso para a reação do organismo e o conflito é o trampolim para a mudança. Para Rogers, a escuta empática facilita a mudança do cliente, pois o conselheiro busca uma lacuna, de onde o indivíduo possa se enxergar.


Metodologia

A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, partindo de pesquisas bibliográficas que foram cuidadosamente selecionadas e deram o embasamento teórico para essa temática.

Considerações Finais

Apesar de terem o mesmo grau de importância, o Behaviorismo e o Humanismo defendem pontos de vista muito divergentes. No entanto, embasaram pensadores que desenvolveram teorias da pedagogia e do aconselhamento.
O empirismo defende a aprendizagem como uma resposta do indivíduo a um estímulo dado. Já os humanistas vêem a aprendizagem como uma percepção de experiências.
Para o aconselhamento, o comportamento do paciente pode ser mudado, mantido ou extinto, e isso pode ser feito conforme as teorias descritas nesse trabalho.
O Behaviorismo traz, basicamente, a idéia de que toda ação tem uma reação, e que toda experiência boa fica memorizada como aprendizagem, mas desconsidera as experiências ruins, os erros, e não faz nenhuma observação sobre uma premissa que sabemos ser muito importante para a aprendizagem: a reflexão.
Quando um indivíduo somente reage a um estímulo, não há reflexão sobre o que está sendo vivido naquele momento. Ao contrário, a gestalt parte da observação do todo, sua interação com o meio, a importância de suas partes formadoras e destaca o insight, que ocorre na assimilação da idéia nova com o que já foi experimentado pelo sujeito, um processo já enfatizado por Piaget.
Não há, na prática, uma teoria que absorva completamente todas as necessidades da educação e do aconselhamento. Na realidade, o que vemos são instituições que se rotulam, mas que nem sempre seguem as leis básicas da teoria tomada como princípio, pois as mesmas são ignoradas em seus detalhes.
Para alguns educadores, é válido pinçar de cada teoria o que cabe ao momento, e o que apresenta o resultado esperado para cada situação. O mesmo acontece no aconselhamento, quando o profissional não segue uma linha de atendimento.
Se o ditado "cada cabeça, uma sentença" tem o seu valor, adequar a assistência para cada caso pode ser o começo de uma solução mais rápida e eficaz.

Referências bibliográficas

FORISHA, Bill e MILHOLLAN, Frank E. Skinner X Rogers: maneiras diferentes de encarar a educação. São Paulo: Summus Editorial, 1978.

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. Editora EPU, 1986.

TERRA, Márcia. Trabalho apresentado em 2003, para a disciplina "Desenvolvimento e Aprendizagem", ministrada pelo Prof. Dr. Sérgio Leite, na Faculdade de Educação da Unicamp.