Analisar o processo discursivo implica entender as estruturas ideológicas, que estão presentes em qualquer grupo social. E, como diz Foucault, todo discurso é produzido a partir de uma relação de poder, então estudar as Teorias da Interpretação e Analise do Discurso significa conhecer a profundidade da carga ideológica de um determinado grupo é transmitida através do discurso.

Com base na perspectiva neomarxista, quem detém o poder é o grupo hegemônico, e, considerando a existência dialética na práxis humana,  existe um esforço por parte da classe hegemônica em se manter no poder, moldando o seu discurso a depender do contexto em que se encontram, preservando sua estrutura de poder através do significado de segunda ordem, mascarado pelo discurso de primeira ordem. Porem, as classes dominadas, visando destituir o grupo hegemônico, articulam idéias que o contrapõem, a fim de destituí-lo e ocupar, por sua vez, o poder, impondo outra ideologia que, para se manter hegemônica, violenta outras insurreições ideológicas. Sendo assim, observa-se que a dinâmica social esta alicerçada na dialética, que por sua vez, se articula através da linguagem, objeto principal para analise do discurso.

É interessante levantar a relação entre pensamento e linguagem: segundo a concepção materialista, a comunicação é uma necessidade humana, e só se tornou possível através da evolução do aparelho fonador para produzir um conjunto de códigos lingüísticos comuns a um grupo social. Para os idealistas, os conceitos são elaborados antes da experiência humana, garantindo a criação de expressões que possam ser utilizadas em situações já previstas.

Levando-se em conta que a linguagem corolário para a elaboração e a propagação de códigos simbólicos, se torna importante relacionar a linguagem e a cultura. Ao se considerar a cultura como cristalização de elementos simbólicos em praticas sociais, a linguagem é imprescindível para a aquisição cultural; os códigos simbólicos, presentes em toda e qualquer cultura, existem com base em uma linguagem peculiar a determinado grupo social e contextualizam - se nessa linguagem. Devido à variedade de códigos lingüísticos, nota-se uma diversidade cultural. Porém a linguagem não precisa ser verbalizada para que determinada cultura seja firmada.

A Teoria da Interpretação e Análise do Discurso também repercute sobre uma questão filosófica – a existência de uma realidade. Ao se considerar que não existe apenas uma realidade, implica dizer que existem diversas formas discursivas. Esses diferentes discursos são inerentes à realidade de cada grupo social. É importante que para distinguir um objetivo através da formação discursiva, o anunciador porte-se como indivíduo/sujeito, e não como um deles. Lembrando que, seguindo a visão Gramsci Ana. O processo natural da cultura é a mutabilidade, e para que uma ideologia concretize sua hegemonia, torna-se crucial a adequação a essas transformações culturais, as quais estão vinculadas a campos simbólicos, produtores de discurso e força motriz dessa alteridade cultural, por sua vez ideológica. Evidencia-se então que o discurso é totalmente mutável, flexibilizando posições ideológicas