Faculdade Montes Belos

CURSO PSICOPEDAGOGIA

SUENI MARIA DA SILVA 

UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

São Luís de Montes Belos, GO

2010

SUENI MARIA DA SILVA 

UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO

Monografia apresentada a Coordenação do Curso de Pós-Graduação Latu-Senso – Especialização - em Psicopedagogia para obtenção do diploma de Psicopedagogo, pela Faculdade Montes Belos – FMB – sob a orientação da Professora Esp. Lucivânia Rosa da Silva. 

São Luís de Montes Belos-GO

2010

Em especial aos nossos familiares mães, pais, irmãos e filhos.

Aos nossos amigos e professores, que nos incentivaram e nos acolheram, compartilhando conosco todos os momentos desta etapa de nossa caminhada.

A nossa orientadora, professora Lucivânia Rosa da Silva que nos orientou e incentivou.

A vocês, carinhosamente,

                                                                               DEDICAMOS.


Agradecimentos

 

 

 
 
 

A Deus, pela proteção e força a nós ofertada em todos os momentos de nossas vidas.

Em especial aos nossos familiares, mães, pais, irmãos, filhos e esposos, que nos apoiaram em todos os momentos de nossas vidas, e também nesta caminhada.

Aos nossos amigos e professores que nos incentivaram e acolheram, compartilhando conosco todos os momentos desta etapa de nossa caminhada.

A vocês, carinhosamente,

                                                                               

                                                                                 Agradecemos.


“Hoje, como no passado, a tarefa mais importante e também mais difícil na criação de uma criança é ajudá-la a encontrar significado na vida. Muitas experiências são necessárias para se chegar a isso. A criança à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se entender melhor; com isto, torna-se mais capaz de entender os outros, e eventualmente pode-se relacionar com eles de forma mutuamente satisfatória e significativa.”

BETTELHEIM

Resumo

 

 

A importância da relação professor/aluno para uma aprendizagem prazerosa e significativa, bem como, a forma como deve ocorrer a construção desta relação entre educadores e educandos no espaço escolar foi o tema abordado neste trabalho monográfico. Pretendeu-se analisar esta relação através de pesquisas bibliográficas, declarações de professores e ainda por meio de entrevistas feitas com os alunos do 1º ciclo do Ensino Fundamental da rede municipal, que são os principais beneficiados com a boa relação professor/aluno no processo de ensino e aprendizagem. As pesquisas bibliográficas nos permitiram compreender melhor a relação entre afetividade e cognição, a influência que cada professor exerce não apenas na vida escolar das crianças, mas também em seu convívio social. Conhecer os diferentes enfoques dados à relação professor/aluno por algumas importantes teorias educacionais foi outra intenção desta pesquisa. Os relatos dos alunos foram fundamentais para o desenvolvimento do trabalho e compreensão de como as crianças vêem sua relação com o professor como fator facilitador da aprendizagem. Tanto na visão dos alunos e educadores quanto dos pesquisadores e teóricos da educação existe o consenso de que o professor que consegue ter com seus alunos uma relação de respeito, cumplicidade e confiança com certeza colherá os frutos de uma aprendizagem verdadeira e significativa e como prêmio terá contribuído com a  formação de cidadãos mais conscientes e felizes.

Palavras- chaves: Relação. Construção. Aprendizagem. Professor. Aluno.  

 

 

ABSTRACT

 

The importance of teacher / student relationship to a joyful and meaningful learning, as well as how it should occur to build this relationship between educators and students at school was the subject discussed in this monograph. It was intended to examine this relationship through library research, statements of teachers and also through interviews with students of the 1st cycle of basic education in the municipal and state governments, which are the main beneficiaries of the good teacher / student relationship in the process teaching and learning. Literature searches have allowed us to better understand the relationship between emotion and cognition, the influence that each teacher has not only the lives of school children, but also in social life. Knowing the different approaches to data about teacher / student for some important educational theories was another aim of this research. The reports of the students were instrumental in developing the work and understanding of how children see their relationship with the teacher as facilitator of learning factor. Both in view of the students and teachers as researchers and theorists of education is generally agreed that the teacher can have students with a relationship of respect, trust and complicity surely reap the fruits of a true, meaningful learning and as a prize will contributed to the formation of citizens more aware and happy.


Keywords: Value. Construction. Learning. Professor. Student.

 

 

 
 

SUMÁRIO

 

 

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 11

2. ESCOLA: QUE ESPAÇO É ESSE?........................................................................... 13

2.1. O Surgimento da Escola.......................................................................................... 14

2.2. Sala de aula: um espaço heterogêneo .................................................................. 17

2.3. Tipos de aprendizagem........................................................................................... 19

2.3.1. Aprendizagem mecânica........................................................................................ 20

2.3.2. Aprendizagem significativa.................................................................................... 20

2.4. O Processo de Interação: Heranças..................................................................... 24

2.4.1. Relação professor/aluno: histórico........................................................................ 26

2.5. Afetividade.................................................................................................................. 27

2.5.1. O valor do afeto na relação professor   aluno...................................................... 28

2.6. A Relação Entre Afetividade e Cognição ........................................................... 30

2.7. Relação professor Aluno: Múltiplos Enfoques .................................................. 31

4. cONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 32

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 33

 
 

1. Introdução

            A relação professor/aluno, diante da necessidade das escolas em se adequar ao novo paradigma educacional no desenvolvimento de novas habilidades e competências exigidas pela sociedade moderna, se tornou fundamental como meio de promover e facilitar a aprendizagem significativa, portanto se faz necessário uma tomada de consciência por parte de todos os educadores no sentido de se comprometer com a construção de tal relação. É preciso clareza quanto ao tipo de cidadão que se pretende formar e, portanto, tomar atitudes inovadoras e transformadoras frente aos nossos alunos, partindo assim para a construção de uma relação sólida e duradoura que só trará benefícios para uma educação de qualidade.

            Este trabalho monográfico oferece aos educadores, alunos e demais pessoas comprometidas com a educação de qualidade, informações e reflexões sobre escola, educação e especialmente sobre a importância de uma boa relação professor / aluno para uma efetiva aprendizagem escolar. Sua realização será de suma importância para a compreensão do processo de estruturação de uma nova aprendizagem, que deverá ser pautada no aprender contínuo e dinâmico, pois assim acontecerá a formação de indivíduos críticos e comprometidos com o meio onde vivem.      

         O objetivo dessa pesquisa é fazer uma analise sobre a interação professor aluno, verificando o quanto uma relação positiva com vivências agradáveis pode ser decisiva para a formação de cidadãos, responsáveis críticos, éticos, conscientes e principalmente felizes.

O método utilizado para a pesquisa e elaboração deste trabalho será o indutivo, esta investigação segue o modelo quantitativo de pesquisa. O instrumento utilizado para pesquisa será uma entrevista contendo seis questões que serão aplicadas a alunos do ensino fundamental, para verificar como eles entendem a relação professor aluno. De igual modo será utilizado o método de pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica das idéias aqui desenvolvidas.

No primeiro capítulo encontra-se a descrição histórica da escola enquanto espaço de ensino e aprendizagem, da sala de aula como ambiente heterogêneo onde se constroem relações e onde acontece toda ação educativa proposta pela escola e a conseqüente  definição dos tipos de aprendizagem.As abordagens feitas nesse capítulo procuram ressaltar a importância  da escola enquanto instituição promotora da socialização e inserção social dos indivíduos na sociedade onde habitam.Também é feita uma análise do processo de aprendizagem verificando quais são os mecanismos que tornam esse processo significativo e com condições de possibilitar à criança a assimilação de conteúdos que desenvolva sua habilidades e competências de maneira integral. 

          No segundo capítulo discutiu-se como ocorre o processo de interação humana, verificando todas as nuances desse processo em diferentes contextos. Também foi feita uma pequena abordagem sobre o desenvolvimento e as mudanças ocorridas na relação professor/aluno observando sua importância no processo ensino aprendizagem. Procurou-se estabelecer a relação entre afetividade e cognição, mostrando o quanto a afetividade é decisiva para a construção de uma aprendizagem sólida e criativa. O afeto entre aluno e professor é considerado por estudiosos como Henri Wallon e João Henrique Pestalozzi como essencial para a progressão continua do aprendiz rumo à construção da aprendizagem. A análise dos múltiplos enfoques da relação professor / aluno foi feita com o objetivo de reconhecer que na dinâmica do processo ensino aprendizagem os papeis desempenhados tanto pelo aluno quanto pelo professor são decisivos para a implementação de uma educação de qualidade. A sala de aula é o espaço onde aprendiz e mestre em momentos de conflitos, de negociação, de comunhão e as vezes de estranhamento constroem com autonomia e respeito as bases para uma sociedade mais justa e mais humana.

 

2. ESCOLA: QUE ESPAÇO É ESTE?

 

 

No início da vida do homem na Terra, ainda nas comunidades primitivas, não haviam escolas. Mesmo assim, as crianças recebiam instruções, eram observadas pelos adultos, eram educadas, ou seja, aprendiam. Nas comunidades primitivas não existiam escolas nem métodos educacionais, no entanto já existia educação que tinha como objetivo básico promover o ajustamento da criança ao seu contexto ou seja, a seu ambiente fisíco e social. Nessa época, os conhecimentos eram transmitidos pelos mais velhos às crianças, sendo que os valores e os ensinamentos eram feitos de forma oral de geração para geração.

A educação existe onde não há escolas e por toda parte podem  haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi criada sequer uma sombra de algum modelo de educação formal e centralização (BRANDÃO, 2005, p. 13).

Nas comunidades primitivas, a educação (transmissão do saber) era feita de forma muito simples. O importante era que a crianças internalizassem os valores, as normas e os padrões exigidos pelo grupo. A forma mais comum de adquirir conhecimentos era através da imitação, o que tornava esse ato muito valioso para a aprendizagem da criança e para sua inserção no mundo adulto. Inicialmente, o processo de imitação feito pela criança é inconsciente, ela observa e imita os gestos e atitudes dos adultos sem nenhuma intenção premeditada. Posteriormente, a imitação se torna consciente, isto é, voluntária. Nesse sentido, Brandão (2005, p. 18) afirma que “as pessoas convivem umas com as outras e o saber flui, pelos atos de quem sabe e faz para quem não sabe e aprende”.

A ausência de escolas não serviu de empecilho para que a aprendizagem ocorresse. A educação fluiu de forma espontânea por todos os cantos do mundo. Ela acontecia naturalmente, ou seja, não existiam instituições destinadas a esse fim. O processo educativo tinha como instrumento principal, a transmissão do saber entre os membros do grupo, por isso se dava integralmente. Na sociedade primitiva, sem divisão de classes, os objetivos educacionais eram resultados da estrutura social homogênea. Na verdade prevaleciam os interesses comuns do grupo, o que contribuía para que a educação acontecesse de forma igualitária para todos. 

Ora, a educação é o território mais motivado deste mapa. Ela existe quando a mãe corrige o filho para que ele fale direito a língua do grupo, ou quando fala à filha sobre as normas de “ser mulher” ali. Existe também quando o pai ensina o filho a polir a ponta da flecha, ou quando os guerreiros saem com os jovens para ensiná-los a caçar. A educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventura de ensinar-aprender (BRANDÃO, 2005, p. 27).

 

 

2.1. O Surgimento da Escola

 

 

            A partir do momento que surge a desigualdade social nas comunidades primitivas, não apenas as riquezas são divididas, mas, o saber também passa a ser privilégio e domínio de um pequeno grupo. Nesse momento, o saber comum que unia e firmava o grupo passa a ser a diferença. Ele começa a ser usado politicamente para reforçar as desigualdades. Vagarosamente, os interesses comuns vão sendo substituídos por interesses distintos e muitas vezes antagônicos, o que faz gerar uma educação também desigual, atendendo a interesses individuais.

É o começo de quando a sociedade separa e aos poucos opõe: o que faz o que se sabe com o que se faz e o que se faz com o que se sabe. Então é quando, entre outras categorias de especialistas sociais, aparecem as de saber e de ensinar, a saber, (BRANDÃO, 2005, p. 27).

 

Nota-se que a partir desse momento, além da educação por observação, por imitação, feita de maneira livre, espontânea e, portanto, disponível para todos do grupo, começa a existir um outro tipo de educação, ou melhor, uma educação destinada a pessoas de diferentes categorias sociais. A educação passa a ser feita dentro dos padrões considerados adequados para a classe social  ou posição do indivíduo dentro do grupo.

A palavra escola em grego significa o lugar do ócio e surge, na Idade Média, para atender a demanda de uma nova classe social que não precisava trabalhar para garantir a sua sobrevivência, mas que necessitava ocupar o seu tempo ocioso de forma nobre e digna. Este lugar é a escola, que inicialmente se instaura como um espaço para o lazer e consequentemente o prazer. Com o passar do tempo, começa a perder esse significado, passando a ser vista como um lugar onde se vai buscar e adquirir novas informações, na maioria das vezes de forma descontextualizada, tornando-se um lugar enfadonho e desprazeroso. Tal afirmativa pode ser ratificada no discurso de crianças, adolescentes e até mesmo dos adultos que necessitam ir a escola, marcando a diferença entre o aprender com prazer fora da escola e o aprender dentro do espaço escolar (GAMA e PRETTO,p.16 2010).

Paulatinamente e dentro do contexto de cada comunidade a escola, mais propriamente a educação vai ganhando espaço e passando por modificações  que comtempla de maneira mais ampla os objetivos de todos aqueles que esperam que a escola seja um espaço onde a aprendizagem seja um ato prazeroso. Freire (1992) diz que a escola é:

Escola é o lugar de gente

 

Escola é... o lugar onde se faz amigos [...]

Escola  é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda,

que se alegra, se conhece, se estima [...]

E a escola será cada vez melhor

na medida em que cada um

se complete como colega, amigo, irmão.

Nada de ilha cercada de gente por todos os lados.

Nada de conviver com as pessoas e descobrir

que não tem amizade a ninguém

nada de ser como o tijolo que forma a parede,

indiferente, frio, só

importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

é também criar laços de amizade,

é criar ambiente de camaradagem,

é conviver, é se amarrar nela!

Ora, é lógico...

numa escola assim vai ser fácil

estudar, trabalhar, crescer,

fazer amigos, educar-se,

ser feliz.

Na visão de Paulo Freire (1992) a escola deve ser um espaço de construção da cidadania que busca ultrapassar seus limites, proporcionando a comunidade escolar, formada de diferentes grupos sociais, o acesso ao conhecimento que envolve o saber a ser e a conviver.

Os conhecimentos que se constroem na escola só ganham sentido quando são produtos de uma construção dinâmica e universal entre o saber escolar e os demais saberes, contando com o envolvimento da comunidade extra escolar, no processo contínuo e permanente que leva o educando a aquisição de conhecimentos, nos quais se interferem os fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos.

Analisar a escola como espaço sócio-cultural significa compreendê-la na ótica da cultura, sob um olhar mais denso, que leva em conta a dimensão do dinamismo, do fazer-se cotidiano, levado a efeito por homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, negros e brancos, adultos e adolescentes, enfim, alunos e professores, seres humanos concretos, sujeitos sociais e históricos, presentes na história, atores na história. Falar da escola como espaço sócio-cultural implica, assim, resgatar o papel dos sujeitos na trama social que a constitui, enquanto instituição (DAYRELL, 2010, p.34).

As questões relativas à aquisição de saberes, as transformações que ocorrem constantemente na sociedade, ao longo do tempo, imputam a escola a imensa tarefa de instrumentalizar as crianças e os jovens para que participem da cultura e das relações sociais e políticas. Ao se posicionar dessa maneira, a escola abre aos educandos a oportunidade de aprenderem sobre temas normalmente excluídos e atua na formação de valores e atitudes do sujeito em relação ao outro.

A escola, para exercer a função social a que se destina, precisa possibilitar o cultivo dos bens culturais e sociais, considerando as expectativas e as necessidades dos alunos e de todos, diretamente ou não, envolvidos no processo de formação do cidadão.

É necessário, pois, a implantação de uma escola cidadã, onde os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade, capaz de assegurar o conhecimento historicamente acumulado, sem preconceitos, sem discriminação, discutindo sua autonomia e educando para que o aluno seja capaz de encontrar resposta do que pergunta (GADOTTI, 1999, p.13).

É no universo escolar que o aluno vivencia situações diversificadas que favorecem o aprendizado para dialogar, de maneira competente. Aprende a respeitar e a ser respeitado, a ouvir e ser ouvido, a reivindicar direitos e a cumprir obrigações. Aprende a participar ativamente da vida cientifica, cultural, social e política do país e do mundo.

Cada escola encontra uma realidade, uma trama, um conjunto de circunstancias e pessoas. Assim é preciso que esta promova a construção coletiva e permanente de saberes essenciais á aquisição de valores sociais e democráticos, não só do ponto de vista dos conteúdos, mais também dos valores que determinam significativamente a formação do indivíduo.

Para ser cidadão, isto é, para participar ativamente da vida da cidade, do mesmo modo que para ser trabalhador produtivo, é necessário o ingresso na cultura letrada. E sendo a cultura letrada um processo formalizado, sistemático, só pode ser atingida através de um processo educativo também sistemático. E a escola é, por sua vez, a instituição que propicia de forma sistemática o acesso à cultura letrada reclamada pelos membros da sociedade moderna (Saviani, 2000, p. 1).

            Dentro da escola, a criança recebe instruções que são valiosas para sua inserção social. Desta forma, um dos principais objetivos educacionais é promover a integração do indivíduo na sociedade, com plenas condições para desenvolver a cidadania de maneira plena e efetiva, sendo, portanto, fundamental, que a intervenção educativa escolar propicie um desenvolvimento em direção à aprendizagem significativa. Se a aprendizagem for uma experiência de sucesso, o aluno constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz. Se do contrário a experiência educacional escolar for desfavorável, o ato de aprender tenderá a se transformar em fracasso, do ponto de vista da aquisição do conhecimento. Assim sendo, é preciso que os conteúdos tenham sentido e sejam significativos para quem aprende.

 

2.2. Sala de aula: um espaço heterogêneo

A sala de aula é o coração da escola. É lá que acontece, ou deixa de acontecer, tudo o que a escola se propõe a fazer, é nela que o aluno aprende ou deixa de aprender, que adquire hábitos adequados e saudáveis de estudo.

A sala de aula é a relação entre o professor e o aluno. Um encontra no outro sua identificação e, concomitantemente, sua negação, pois o professor pressupõe o aluno e vice-versa. O professor nega o aluno porque este necessita ir além do que é para tornar-se realmente o que é. A semente é a árvore, mas precisa deixar de ser o que é para poder realizar o que mais pode ser. O aluno, por sua vez, nega ao professor o perfil do que ensina para cobrar-lhe a aprendizagem, posto que o desconcerto provocado exige um novo olhar sobre este outro, o aluno. O resultado é uma nova empreitada didática, metodológica, motivacional e estratégias pedagógicas (NOVELLI, 2010, p.15).

A dinâmica do processo ensino aprendizagem nos coloca sempre a reflexão sobre nossa prática educativa: de um lado espera-se que o professor, com sua prática contribua para facilitar esse processo; de outra parte é evidente que cada professor, na relação com seus alunos, em sala de aula interagindo com realidades tão diferentes, tem muito a transmitir, tanto do ponto de vista da troca teórica, quanto da discussão de problemas cotidianos.

 

2.3. Tipos de Aprendizagem

A aprendizagem é um processo de mudança do comportamento obtida provavelmente através da experiência construída por fatores emocionais, biológicos, relacionais e ambientais. Portanto aprender é o resultado da interação entre as estruturas mentais e o meio ambiente.

Refletindo sobre como se aprende, pode-se afirmar que todos conhecem o mundo através do convívio, da adaptação com o meio social, portanto, o indivíduo inicialmente aprende pela convivência.

A aprendizagem é adquirida quando o indivíduo incorpora o seu próprio modo de aprender conforme as necessidades surgidas, pois quando se tem a vontade de aprender para resolver seus próprios problemas, a compreensão fica mais acessível. O ambiente onde a criança interage influencia na sua na forma de aprender, fazendo com que a aprendizagem possa ocorrer de forma mecânica ou significativa.

2.3.1. Aprendizagem mecânica

A construção do conhecimento ocorre na medida em que cada indivíduo se movimenta no sentido e na direção de articular novos saberes aos que já possui. A busca incessante por novos conhecimentos levam a questionamentos. Por que devo aprender isso? Qual a utilidade desse conteúdo para minha vida? Muitas vezes estas perguntas são feitas em sala de aula por muitos alunos. Isso ocorre porque nesta aula o conteúdo não esta sendo trabalhado de maneira dinâmica e significativa. Não está havendo aprendizagem coerente e participativa, ou seja, é uma aula repetitiva, onde a aprendizagem se torna mecânica, decorativa. Isso ocorre porque o professor não consegue atribuir significados aos novos conteúdos que serão incorporados pelos educandos, então o novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente e não envolve sentimentos ou significados pessoais. Não ocorre na construção do conhecimento ou na aula a participação dos alunos, não existe interesse, entrega.

Dessa forma a sala de aula se torna um ambiente onde a criança encontra muito pouco ou quase nada de informação prévia na estrutura cognitiva a qual possa relacionar com os novos saberes que estão sendo aprendidos. Assim a aprendizagem ocorre de maneira arbitraria, ou seja, não existe um conhecimento prévio para que seja feita alguma relação significativa pelo educando. Essa forma de conhecimento pode ser boa para organizar o ensino, mas não para aprendizagem.

Aprendizagem mecânica é aquela que não apresenta importância para a pessoa como, por exemplo, a memorização de datas históricas, de formulas geométricas, de pouca utilização. A informação é armazenada de maneira arbitrária, não há interação entre a nova informação e aquela já armazenada, fica arbitrariamente distribuída na estrutura cognitiva sem ligar-se a conceitos específicos (AUSUBEL, 1980, p. 2).

 

 

2.3.2. Aprendizagem significativa

Ao contrário da aprendizagem mecânica que não fornece ao aluno condições para associar os diversos saberes, existe a aprendizagem significativa que não combina em nada com a idéia de conhecimento mecânico, linear, encadeado. A aprendizagem significativa considera essencial a descoberta, ou seja, o conhecimento deve ser descoberto pelo aprendiz. Depois de descoberto, a aprendizagem é significativa se o conteúdo ligar-se a conceitos subsunçores relevantes existentes na estrutura cognitiva.

O subsunçor é uma estrutura específica ao qual uma nova informação pode se integrar ao cérebro humano, que é altamente organizado e detentor de uma hierarquia conceitual que armazena experiências prévias do aprendiz (AUSUBEL, 1980, p.1).

Para que se dê aprendizagem significativa é necessário relacionar os novos conhecimentos aos conhecimentos já existentes. Esta é a teoria de David Ausubel (1980), que define este conhecimento prévio como “conceito subsunçor”. Ele propõe que os conhecimentos já adquiridos sejam valorizados para que possam construir estruturas mentais utilizando como meio, mapas conceituais, (ferramenta para organizar e representar o conhecimento) que permitam descobrir e redescobrir outros conhecimentos, caracterizando, assim, uma aprendizagem nova e eficaz, acabando com a ideia que o aluno é uma máquina pronta para receber informação de seu professor.

No decorrer da vida as pessoas adquirem conhecimentos devido ao contato com novas experiências, então pegam tudo que já tem armazenado no campo cognitivo e utilizam como fonte para o desenvolvimento da aprendizagem. Uma aprendizagem significativa está relacionada à possibilidade de os alunos aprenderem por múltiplos caminhos e formas de inteligência, permitindo aos estudantes usar diversos meios e formas de expressão. Ausubel (1988, p.3)diz que:” A aprendizagem só se realiza efetivamente,quando o aluno é capaz de construí-la significativamente,estabelecendo relações de semelhanças e se contraste entre o que aprende e o conteúdo já conhecido.

Para que educando consiga construir uma aprendizagem significativa existem alguns aspectos fundamentais que devem ser considerados. Esses aspectos são:

1. O significado – é plena de sentido, envolve sentimentos, provoca modificação no comportamento do indivíduo, e representa a idéia principal da aprendizagem, ou seja, é a associação das idéias são as experiências entrelaçadas que dão significado a aprendizagem.

2. O comprometimento – é a disponibilidade e participação plena dos alunos nas atividades propostas para que haja aprendizagem.

3. A transferência – quando o aluno vivencia o processo da aprendizagem significativa, ele participa ativamente dele, assimilando os conteúdos que estão de acordo com os seus objetivos, transferindo-os para novas situações. Esses conteúdos são adquiridos e utilizados para que se estabeleçam associações durante o processo ensino aprendizagem e durante toda a vida, pois foi construída de maneira significativa.

4. A auto-avaliação – As experiências, o compromisso o interesse destacados no aluno tornam-se instrumentos essenciais em uma avaliação uma vez que um aluno interessado e compromissado por si só sabe avaliar-se.

5. Os interesses individuais – Cada aluno é um ser diferente e com interesses individuais. Cabe ao professor envolver cada aluno considerando suas características individuais, mas de forma que todos alcancem o conhecimento e consequentemente seus objetivos.

A avaliação em uma aprendizagem significativa, deve ocorrer durante o  próprio  processo de trabalho dos alunos, no dia-a-dia da sala de aula, nas tarefas em grupo ou individuais.O professor nesses momentos deve procurar perceber se os alunos estão ou não se aproximando dos  conteúdos propostos. As dificuldades que por acaso apareçam devem ser sanadas, através de trabalhos que auxiliem na superação das dúvidas.  Através de intervenções, questionamentos, o educador pode ir complementando informações, buscando novos cominhos que levem à aprendizagem. Este é o papel que de fato deve ter o professor em um processo ensino aprendizagem que realmente pretenda ser significativo.

O educador jamais pode impor o que os alunos devem ou não fazer e menos ainda aplicar provas avaliativas com notas que variam de valor, classificando-os como mais ou menos “inteligentes”. O professor deverá incentivá-los a ser seu próprio juiz, a avaliar seus resultados e a encontrar novas alternativas quando necessário (AUSUBEL, 1988, p. 2).

Para que aconteça a aprendizagem significativa é necessário que o professor esteja disposto a promover um novo modo de ensino e consequentemente de aprendizagem. O professor e o aluno devem estar sempre na mesma sintonia, os objetivos do aluno devem ser os objetivos do professor. Portanto ele deve envolver os alunos em atividades que os deixem em contato direto com situações e fatos reais para que eles possam associar todos os conteúdos às suas experiências anteriores e transferi-las para outras situações de aprendizagem. O professor deve se atentar quando surge por parte do aluno a vontade aprender sobre determinado assunto (aprendizagem auto-iniciada) muitas vezes neste caso o aluno deixa transparecer seu interesse e sugere que seja feita determinada atividade para que ele possa aprender aquilo que está interessado, este é o momento em que o aluno mais está apto para aprender, pois, ele está disposto a envolver não só a  inteligência, mas também  sentimentos e desejos. Esta é a fase mais propícia e envolvente da aprendizagem e o professor deve aproveitar esse momento e estimular o seu aluno para a busca de novos saberes.

O professor deve estimular o interesse dos alunos para aprenderem e aprofundarem seus conhecimentos em conteúdos novos. O professor poderá incentivar os alunos sobre a importância de conhecerem conteúdos que, de início, não lhes despertam interesse e para os quais não estão motivados, auxiliando-os a alcançar os objetivos. É importante lembrar que o professor, em todo o momento do processo de ensino-aprendizagem, deve ser um facilitador da aprendizagem e não, somente, um transmissor de conhecimentos (SANTOS, 2008, p. 22).

Para a aprendizagem significativa o ambiente é de grande importância. Fica bem mais fácil o aluno aprender em um ambiente em que se sinta seguro, que tem liberdade para expressar, pois sabe que pode confiar e sabe que terá a compreensão do educador e dos colegas de sala. Esse ambiente acolhedor dará ao aluno mas possibilidades de bons resultados na aprendizagem mas,se for ao contrário,se o aluno convive em um ambiente onde é sempre criticado pelos colegas seja qual for a situação ou se tem algum trauma ele não vai conseguir aprender nada e consequentemente não vai alcançar seus objetivos, portanto vai se sentir travado sem entusiasmo. Neste caso o professor deverá tentar descobrir o que bloqueia o aluno e ajudando-o a solucionar o problema. Por esse e vários outros motivos percebe-se que então, que o professor tem papel crucial no desempenho do aluno, cabe a ele direcioná-lo em suas novas experiências, auxiliando-o a recuperar o desejo natural de aprender que existe dentro de cada indivíduo. Fazer com que os alunos sintam vontade de conhecer, investigar, questionar descobrir o novo, sem amarras que o obriguem a fazer isso ou aquilo, ou seja, transformar, esta é a palavra que define o papel do professor na aprendizagem significativa. Transformar por meio da educação seus alunos em homens capazes de fazer questionamentos, descobertas e, principalmente, conscientes de seu papel na sociedade.

Promover a aprendizagem significativa é parte de um projeto educacional libertador, que visa à formação de homens conscientes de suas vidas e dos papeis que representam nelas. É impossível ensinar liberdade cerceando idéias, oprimindo participações e ditando verdades. Apercebemo-nos dessas atitudes é iniciemos o real processo de transformação da nossa prática (SANTOS, 2008, p. 25).

Portanto, uma aprendizagem é considerada significativa quando ela é plena de sentido, envolvendo sentimentos e significados pessoais, ocorridos por meio de experiências. É uma aprendizagem que provoca modificação no comportamento do indivíduo em três níveis: conhecimento, atitude e habilidade, dando a ele condições de fazer intervenções críticas e conscientes no mundo onde vive e atua.

 

 

2.4. O Processo de Interação: Heranças

 

 

Os homens primitivos não tinham muita afetividade com o próximo, o que valia naquela época era o instinto de sobrevivência. Para sobreviver o alimento era retirado da natureza através da coleta de frutos e raízes. A escassez de alimentos impedia uma união maior entre o grupo visto que a luta pela sobrevivência impediam esses homens de uma aproximação maior uns dos outros. Apenas quando deixou de ser pescador e coletor de alimentos para se fixar no solo formando pequenas comunidades e que a interação se tornou viável. A partir desse momento, o ser humano começou a criar uma série de mecanismos para ajudá-los no processo de interação. A percepção de que o trabalho em equipe os beneficiaria na resolução de problemas fez com que os homens procurassem conviver de maneira relativamente pacifica uns com os outros.

No início do paleolítico a organização social se baseava em pequenos grupos humanos, e unidos por laços familiares. Com o passar do tempo a vida em grupo evoluiu e começaram a se organizar socialmente. Havia uma divisão simples do trabalho de acordo com idade e o sexo. Onde as mulheres cuidavam das crianças e juntamente com elas eram responsáveis pela coletas de frutos e raízes, os homens caçavam, pescavam e defendiam o território, sempre realizavam as tarefas em grupo (COTRIM, 2002, p.12).

De início, os utensílios utilizados pelos homens são tão primitivos que parecem não ter qualquer função. A natureza é a única produtora de riqueza, portanto, para os primeiros homens saber utilizar os recursos vindos da natureza era uma tarefa a ser conquistada. Tomar posse dela é apropriar-se de um território, é tornar-se dono desse território, sendo assim possível a sua exploração. Segundo Marx e Engels (1985) e daí resulta que o que cria a comunidade primitiva, o que os homens que a compõem têm em comum é a posse coletiva de um território. A comunidade é o único sujeito porque, face à hostilidade da natureza, perturbadora e desconhecida, apenas ela pode assegurar a ocupação e a defesa desse território e eventualmente a sua expansão pela conquista. Ocupação do território que reside no fato de os grupos serem constituídos por laços internos como o sangue, o parentesco (alargando-se pouco a pouco, graças à incorporação de elementos externos: mulheres, escravos, alianças). Apenas quem pertencia ao grupo podia viver no território, os laços sanguíneos inicialmente são determinantes nas relações sociais. Dentro de cada grupo social a interação entre seus membros era determinante para a sobrevivência de todos.

Nas suas origens, os homens conservam evidentemente os traços do mundo animal de onde provêm. Apenas se separam dele quando começam a produzir as suas condições de existência a partir da ajuda de utensílios rudimentares (paus, pedras, etc.) de que se apropriam. A horda, o clã e a tribo nascem como realidades gregárias, mesmo que exista certo polimorfismo de famílias, divisões de sexo, idades, enfim, relações mais ou menos complexas, de acordo com o estádio do seu desenvolvimento (MARX e ENGELS, 1985, p. 32).

Paulatinamente a intencionalidade em transformar o meio onde viviam em benefício próprio levou o homem a intensificar o processo de interação social, a necessidade da ajuda do outro, do trabalho do outro foi cada vez mais percebida e aceita. O homem se depara com a interdependência, com a evidência de que o viver sozinho e isolado apenas dificultaria a aquisição dos bens necessários à manutenção da vida.

As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização comportamental e profissional de um individuo.Desta forma a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências,pois a educação é uma das fontes mais importante do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.

(SILVA, 2005, p.12).

Dentro desse contexto a educação assume um papel que se torna decisivo para a interação completa do homem na sociedade onde ele vive e atua.

 

 

2.4.1. Relação professor/aluno: histórico

 

 

Inicialmente o poder do educador era total, a submissão do aluno ao mestre era exigência básica para a permanência do educando em sala de aula.

Na escola tradicional, os professores raramente sorriam, pareciam não gostar dos alunos e os castigavam pelos mínimos motivos. A relação era fria e distante, pois qualquer envolvimento emocional poderia comprometer o resultado do trabalho pedagógico. Na nova escola, ao contrário, o professor tem uma relação afetiva com seus alunos e o aprendizado só pode se realizar num ambiente de companheirismo e democracia (DANTON, 2010, p. 28).

Com as inúmeras pesquisas e teorias educacionais desenvolvidas foi sendo percebido que a interação entre professor e aluno é decisiva para a aprendizagem significativa da criança. Teóricos apontaram que o educador devia levar em conta o estado emocional, bem como as condições econômicas, sociais e familiar do educando, analisando-as e trabalhando em prol do seu crescimento intelectual.

A escola nova vai focar seu interesse no aluno, que será visto como sujeito de sua aprendizagem. Essa nova abordagem foi resumida na expressão “Aprender a aprender”. Ou seja, a escola não deve repassar necessariamente conteúdos, mas deve despertar nos alunos a capacidade deles mesmos serem capazes de aprenderem (DANTON, 2010, p. 27).

Cada vez mais se percebe o quanto é necessário criar um vínculo afetivo entre o educador e educando, pois só assim haverá a compreensão das dificuldades, das necessidades e limitações do educando no decorrer do processo ensino aprendizagem. A educação deve promover o desenvolvimento dos educandos com intuito de prepará-los para um novo papel que é o desempenho de habilidades e competências necessárias para que possam se tornar cidadãos comunicativos, espontâneos, e criativos.

Quando o educando se sente confiante em si mesmo o aprender se torna mais fácil, pois há uma motivação intrínseca que lhe é próprio, e essencial para o seu aprendizado. Desta forma o educador tem que usar métodos e técnicas de motivação em sala de aula para que desperte a curiosidade, a atenção e o interesse dos alunos nas tarefas escolares.

Este ato complementa o profissional que ama seu trabalho, dá tudo de si, e não mede esforços para adquirir com seus docentes um vínculo afetivo que é essencial pelo bom andamento da sala de aula.

O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas (FREIRE, 1996, p. 96).

Professores que se consideram os donos do saber, o centro da verdade, usam de seu autoritarismo em sala, tem um dialogo ríspido com a turma, isso poderá causar traumas que poderão levar a dificuldades de aprendizagem e ao fracasso escolar. A palavra mal dita quando caí na mente do aluno podendo lhe causar vários traumas e preconceitos. O professor pode proferir palavras de esperança, e fazer brilhar os olhinhos das crianças, levando-as a aprendizagem como em um passe de mágica, mas se for ao contrário a palavra pode ser com um raio que pode penetrar na vida do aluno e criar uma nuvem negra na mente da criança que irá desmanchar os seus sonhos, criando medo e deixando os alunos inseguros e desinteressados. O educador que fica na frente das crianças, e não sabe desempenhar bem seu papel pode provocar danos irreparáveis, tornando os alunos seres desmotivados e passivos. O educador precisa pensar bastante no seu modo de agir, de falar, de se postar diante dos educandos, pois suas ações possuem uma força enorme, seja para construir ou para destruir.

O professor precisa saber identificar o momento em que o aluno já é capaz de fazer sozinho suas atividades, tendo consciência de que tem potencial para crescer e atingir seus objetivos, aí ninguém mais o segura. Nesta fase, a relação professor aluno é tão boa, pois pode levá-los a caminhar para alcançar seus objetivos. Nesse contexto a sala de aula gera partilha, troca de experiências, portanto, a aprendizagem torna-se fácil e prazerosa. Palavras e ações são tão poderosas que não só representam o que existe realmente como cria realidade. A magia pode acontecer entre o docente e discente através de frases simples como: você é maravilhoso, esta crescendo e outras, isso pode representar algo inigualável na vida da criança, poderá levá-la ao sucesso da aprendizagem.

A boa relação professor/aluno em sala de aula e de suma importância, o educador que tem vínculo de afetividade com os alunos terá maiores oportunidades para realizar um bom trabalho com a turma. É neste momento que o educador precisa desenvolver atitudes que privilegiem a construção do saber pelos educandos. Sua maneira própria de lidar com o saber, de estabelecer estratégias que facilitam a aquisição do saber pelo aluno é que vai estabelecer o sucesso de seu trabalho pedagógico.  Para esse sucesso o educador jamais pode se posicionar como detentor do saber, deve entender que nessa situação ele precisa respeitar os saberes que os alunos trazem consigo. Ele precisa estar consciente de que o aluno possui uma bagagem enorme de conhecimento que deve ser valorizada e utilizada durante o desenvolvimento das atividades escolares

2.5. Afetividade

A palavra afetividade segundo o dicionário Aurélio (2001, p.20) significa qualidade ou caráter de afetivo. O verbete afetividade representa o conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sentimentos e paixões, acompanhado sempre da impressão de dor, satisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza. A palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar, atingir, abalar).

Desde muito cedo o afeto já é demonstrado, ainda na gravidez, os pais criam um lugar especial para a criança que virá e determinam qual o seu papel em suas vidas. Junto com as expectativas que criam nesta criança que esta por chegar, vem muitas vezes também às decepções, as culpas e muita frustração.

Hoje os pais mudaram, pois profundas e velozes transformações sociais, políticas, culturais e principalmente tecnológicas vem proporcionando inovações e situações inovadoras, porém junto com essas modificações vêm sempre junto resultados indesejáveis. Um dos aspectos dessas mudanças foi à necessidade de atualização e adaptação a essas novidades do mundo globalizado, que por outro lado trouxe um grande número de analfabetos tecnológicos e um alto índice de desemprego pela substituição tecnológica. Outro aspecto dessas inovações foi à ilusão e o desejo por uma vida mais livre, mais prazerosa e a consciência de que podemos dominar e alterar a natureza humana, física e psíquica e lutarmos ainda assim contra a miséria, a fome e a doença que continua existindo em abundância. Um último aspecto dessas mudanças é o questionamento de todas as formas de autoridade, seja política, profissional, educacional, familiar, etc.

Com esse turbilhão de mudanças, nós adultos estamos nos sentindo cada vez mais confusos, desorientados e atarefados, imagine as crianças, como estão se sentindo no meio disso tudo. O que percebemos hoje é o medo que as crianças têm de crescer. Crescer pra que? Para se tornarem um adulto aflito, sem tempo pra se divertir, que só trabalha, fica estressado, nervoso e desencantado pela vida. E é assim que nossas crianças estão nos vendo hoje. Apesar de todas as transformações, o ser humano continua nascendo um ser frágil e que exige cuidados, afeto e proteção. As crianças e os adolescentes estão sendo gerados e criados por adultos que estão com dificuldades para enfrentarem os próprios problemas por isso não conseguem de ser espelho.

Há uma crise generalizada de auto-estima nos adultos expressada de diversas formas, e as crianças estão passando pelo mesmo processo. Elas chegam à escola sem a estrutura básica que deveriam ter. Não respeitam mais as regras, as leis e nenhum tipo de autoridade.

A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. No ambiente escolar afetividade é além de dar carinho, é aproximar-se do aluno, saber ouvi-lo, valorizá-lo, acreditar nele, dando abertura para sua expressão (PIAGET apud MONTGNINI, 1999, p. 6).

O afeto, a atenção, o cuidado, a proteção, o modelo de autoridade que uma criança ou um adolescente precisa para se tornar uma pessoa digna e feliz deveriam ser passados pelos pais, mas infelizmente esses valores não são mais encontrados dentro de cada um desses pais, e estes não se sentem capazes de passar a seus filhos tais valores. E o mais grave, é que esses conteúdos emocionais estão sendo despejados nas escolas, em cima dos profissionais da educação para serem supridos.

         Os pais não podem usar os medos, inseguranças, cansaço e revolta para agredir ou maltratar os filhos. Desculpas como falta de tempo, falta de jeito para conversar com os filhos, é isso que temos hoje nos lares. As famílias estão vivendo uma onda de violência em todas as camadas sociais. A imoralidade, a falta de ética. Isso leva as pessoas a um sentimento de enfraquecimento e impotência frente aos acontecimentos. O que as crianças precisam é de pais dispostos que tenham orgulhos de seus filhos e de contar as histórias de suas infâncias para que os laços afetivos sejam reforçados. O que a sociedade está precisando no momento é de pais que erram, e que mostram para seus filhos que é errando que se acerta. Pais que orientam que escutam e entendem o mundinho de seus filhos. Tudo começa na família, a criança que recebe afeto, segurança e compartilha de um lar descomplicado que tenha simplicidade, diálogo se desenvolve emocionalmente, intelectualmente e socialmente bem e tem grande chance de se tornar um adulto feliz.

 

2.5.1. O valor do afeto na relação professor- aluno

 

Para a mentalidade contemporânea, amor talvez não seja a primeira palavra que venha à cabeça quando se fala em ciência, método, teoria educação ou sala de aula. Mas o afeto, ou seja, o tema afetividade em sala de aula vem ganhando espaço entre teóricos da educação e também entre professores e pais que percebem cada vez mais o quanto é importante no espaço escolar criar um ambiente onde prevaleçam sentimentos como: carinho, respeito, compreensão, ou seja, um ambiente onde exista afetividade.

Segundo Ferreira (1999, p. 62) afetividade significa:

Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.

Uma educação critica e consciente, que vise à formação plena da criança não pode deixar de perceber que a emoção se faz presente entre professores e alunos em diversos momentos do processo ensino aprendizagem. A constatação de que a ausência da afetividade traz danos para a ação pedagógica, pode ser facilmente verificada, pois, em uma sala onde o lado emocional tanto do educador quanto do educando não é considerado pode ocorrer prejuízos que vão atingir não só o professor, mas também o aluno. Se o professor não souber lidar com crises emocionais de seus educandos isso poderá provocar desgastes físico e psicológico nas crianças.

A preocupação com a afetividade em sala de aula não é um tema que apenas recentemente vem sendo discutido, na verdade educadores como Pestalozzi, Wallon, dentre outros, já mostravam o quanto é importante que a escola e mais especificamente o educador saibam lidar com os sentimentos de seus alunos. Pestalozzi, considerado o pai da teoria do afeto, afirma que “os sentimentos têm o poder de despertar o processo de aprendizagem autônoma na criança”. Para esses estudiosos a educação deveria ser integral, onde o processo educativo deveria englobar três dimensões humanas, identificadas com a cabeça, a mão e o coração. O objetivo final da educação deveria ser uma formação também tripla: intelectual, físico e moral.

Em relação ao método de estudo, este deveria reduzir-se em três elementos simples: som, forma e número. Só depois da percepção viria a linguagem. Com isso o aluno teria condições de encontrar em si mesmo, liberdade e autonomia moral.

A função do ensino é preenchê-la de informação. Para o pensador suíço, um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa. Dar atenção à sua evolução, às suas aptidões e necessidades, de acordo com as diferentes idades, era, para Pestalozzi, parte de uma missão maior do educador, a de saber ler e imitar a natureza – em que o método pedagógico deveria se inspirar (FERRARI, 2008, p. 2).

 

Analisando as ideias de Pestalozzi em relação à afetividade (MARANGON e LIMA, 2008, p. 2), percebe-se que ele não acreditava em julgamentos externos. Portanto, em suas escolas não havia notas ou provas, castigos ou recompensas. A disciplina exterior era substituída pelo cultivo da disciplina interior, essencial à moral. Dentro desta visão a criança se desenvolve de dentro para fora, o professor deveria respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa, dando atenção à sua evolução, às suas aptidões e necessidades.

Pestalozzi (apud Ferrari 2008) argumenta que a criança precisa ser tratada pelo professor como a semente pelo jardineiro. Os cuidados com os progressos, limitações e ritmo de aprendizagem devem vir sempre em primeiro lugar. O respeito às etapas vivenciadas pelas crianças dentro do processo de aprendizagem é primordial. “Providenciar as melhores condições externas para que essa criança seguisse seu desenvolvimento natural. A semente traz em si ‘o projeto’ da vida toda” (PESTALOZZI apud FERRARI, 2008, p. 1).

As contribuições de Wallon para a área educacional são imprescindíveis, mais ainda em se tratando da questão da afetividade. Ele foi o primeiro teórico a apontar a necessidade de levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para a escola.

O desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, essa descoberta abalou as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento (WALLON apud MARANGON E LIMA, 2008, p. 1).

Montagnini (1999) diz que para Wallon as emoções têm papel fundamental no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que a criança exterioriza seus desejos e suas vontades. Através de novos vínculos sociais, a criança passa a se interagir com novos padrões de comportamento, conteúdos e valores sociais. Esse conhecimento de mundo ocorre do real para o mental. Segundo (WALLON apud ALMEIDA, 1993, p. 14).

Montagnini (1999) mostra que para Wallon as transformações fisiológicas em uma criança revelam traços importantes de caráter e personalidade. Para ele a emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos cardíacos e até o tônus muscular, e ajuda o ser humano a se conhecer. Portanto, a afetividade é um dos principais elementos do desenvolvimento humano, é ela que proporciona um crescimento psicológico e emocional saudável, pronto para receber e compartilhar sentimentos. Pode-se dizer que a escola e em especial os educadores exercem papeis fundamentais para o desenvolvimento socioafetivo da criança. A escola pode ser um meio social, um espaço de colaboração para o desenvolvimento integral da criança. Segundo Almeida (1999, p. 99),

Como meio social, é um ambiente diferente da família, porém bastante propício ao seu desenvolvimento, pois é diversificado, rico em interações, e permite à criança estabelecer relações simétricas entre parceiros da mesma idade e assimetria entre adultos. Ao contrário da família, na qual a sua posição é fixa, na escola ela dispõe de uma maior mobilidade, sendo possível a diversidade de papéis e posições. Dessa forma, o professor e os colegas são interlocutores permanentes tanto no desenvolvimento intelectual como do caráter da criança, o que poderá ser preenchido individual e socialmente.

Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. Enquanto teorias tradicionais valorizam e priorizam a inteligência e o desempenho em sala de aula a teoria walloniana prima pela valorização do fator emocional. As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.

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2.5. A Relação Entre Afetividade e Cognição

A teoria de Piaget demonstra que o desenvolvimento intelectual é efetivado através de dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Provavelmente o desenvolvimento afetivo ocorre de maneira paralela ao cognitivo, mas tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Montagnini (1999) diz que para Piaget o aspecto afetivo não pode sozinho modificar as estruturas cognitivas, mas pode influências que estruturas mudar.

Considerando a influência da afetividade no desenvolvimento intelectual, o olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Quando o educador dá credibilidade às opiniões do aluno e valoriza suas sugestões, tendo sempre disponibilidade para o diálogo a aprendizagem se torna mais fácil.

Montgnini (1999) citando Piaget, diz que esse teórico acredita que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência, para ele sem afeto provavelmente não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação, e consequentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados, então não haveria inteligência. Dessa forma a afetividade é atribuída como uma condição inevitável na construção da inteligência, mas, também apenas ela não seria suficiente para determiná-la.

Jean Piaget (apud MONTAGNINI, 2000) define afetividade como sendo todos os movimentos mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um elemento indiferenciado do domínio da afetividade. O afeto é uma importante energia para o desenvolvimento cognitivo.

As emoções estão presentes quando se busca conhecer, quando se estabelece relações com objetos físicos, concepções ou outros indivíduos. Afeto e cognição constituem aspectos inseparáveis, presentes em qualquer atividade, embora em proporções variáveis. A afetividade e a inteligência se estruturam nas ações dos indivíduos. O afeto pode, assim ser entendido como a energia necessária para que a estrutura cognitiva possa operar. E mais ele influencia  a velocidade com que se constrói o conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras elas aprendem com mais facilidade (DAVIS e OLIVEIRA ,1990, p. 83-84).

Segundo Davis e Oliveira (1990) Wallon também procurou analisar a importância da afetividade para o desenvolvimento intelectual, porém ele não separou o aspecto cognitivo do afetivo. Seus trabalhos dedicam grande importância às emoções como constituição intermediária entre o corpo, sua fisiologia, seus reflexos e as condutas psíquicas de adaptação. Com isso, podemos entender que o afeto esclarece a aceleração ou retardamento da formação das estruturas; aceleração no caso de interesse e necessidade, retardamento quando a situação afetiva é uma barreira para o desenvolvimento intelectual.

A intensificação das relações entre professor-aluno, os aspectos afetivos emocionais, a dinâmica das manifestações da sala de aula e formas de comunicação devem ser caracterizadas como pressupostos básicos para o processo da construção do conhecimento e da aprendizagem e ainda, da condição organizativa do trabalho do professor. Compreende-se, então que afetividade e inteligência são aspectos indissociáveis, intimamente ligados e influenciados pela socialização.

Tanto a inteligência como a afetividade são mecanismos de adaptação. Permitem ao indivíduo construir noções sobre os objetos, as pessoas, as situações, conferindo-lhes atributos, qualidades e valores. Assim contribuem para a construção do próprio sujeito, sua identidade, sua visão de mundo (DAVIS e OLIVEIRA, 1990, p. 84).

Afetividade no ambiente escolar leva o educador e todo o grupo de educadores da escola a se preocuparem com os alunos, é reconhecê-los como indivíduos autônomos, com uma experiência de vida diferente da sua, com direito a ter preferências e desejos nem sempre iguais ao do professor.  Portanto, é fundamental cuidarmos do aspecto afetivo no processo ensino-aprendizagem. Precisamos compreender que a criança é um ser diferente cognitiva e afetivamente, sendo necessário considerar as características de cada fase de seu desenvolvimento. Querer ensinar regras de comportamento sem proporcionar a criança situações de interação que levem a uma real tomada de consciência é pura perda de tempo, e o que é pior, pode acabar dificultando a aquisição do pleno desenvolvimento cognitivo e afetivo.

Na interação que professor e aluno estabelecem na escola, os fatores afetivos e cognitivos de ambos exercem influência decisiva. Na interação cada parceiro busca o atendimento de alguns dos seus desejos: de proteção, subordinação, de realização etc. Através dela, tanto os alunos quanto o professor vão construindo imagens do seu interlocutor, atribuindo-lhe determinadas características, intenções e significados. Cria-se, assim, uma rede de expectativas recíprocas entre professor e alunos, que pode ser ou não harmoniosa (DAVIS e OLIVEIRA, 1990, p. 84).

Segundo Davis e Oliveira (1990), para que a interação professor alunos possa levar a construção de conhecimentos, a interpretação que o professor faz do comportamento dos alunos é essencial. O educador deve estar atento para o fato de que existem muitas significações possíveis para os comportamentos assumidos pelas crianças. O professor deve buscar verificar quais significações traduzem melhor as intenções originais. Além disso, o professor precisa compreender que aspectos da sua própria personalidade, seus desejos, preocupações e valores in fluem em seu comportamento, ao longo das interações que ele mantém com a classe.

2.7. Relação professor Aluno: Múltiplos Enfoques

Nos dias atuais o que se ouve é: eu preciso, eu quero, eu vou, eu faço. Cada vez mais a sociedade estimula crianças e adolescentes a ter atitudes individualistas que se distanciam cada vez mais da reflexão e da responsabilidade com o próximo. Isto está acontecendo na sociedade e dentro da escola, provocando “crises” educacionais e problemas na aprendizagem.

Como educadoras é possível fazermos uma análise pessoal e profissional de tais situações. Temos visto e vivenciado as dificuldades pelas quais as escolas têm passado para acompanhar e satisfazer os anseios da sociedade em relação a uma educação de qualidade sem quase nada conseguir. Mesmo com todas as dificuldades acreditamos que seja possível melhorar e até solucionar em grande parte os problemas com a aprendizagem, resultando consequentemente numa       educação de boa qualidade.

Para tanto é preciso que todos os envolvidos no processo educativo tomem consciência de que a relação professor-aluno é fundamental em todos os níveis e modalidades de ensino. Pois através de uma boa relação os alunos podem ser motivados a construir o próprio conhecimento.

Percebe-se, no entanto que há uma grande dificuldade por parte de muitos professores em construir uma boa relação com seus alunos, na maioria dos casos essa dificuldade é devido à preparação teórica recebida nos cursos de formação para o exercício docente, onde o tema costuma ser trabalhado de modo a fornecer apenas normas de “direção e manejo de classe”.

Durante o processo de formação os acadêmicos estudam os vários significados da relação professor-aluno e a importância que um bom relacionamento pode ter para o processo ensino aprendizagem e para a harmonia da sala.

A forma de análise e compreensão sobre a relação professor aluno difere-se conforme as concepções de aprendizagem de cada tendência pedagógica estudada. Observe como é visto a relação professor aluno dentro de cada tendência:

Tendência Tradicional - a relação é vertical, autoritária. O professor apenas transmite o conteúdo como verdade absoluta enquanto o aluno o recebe passivamente. Pressupõe a necessidade de grande esforço mental para “decorar” tudo que foi transmitido. O princípio básico da relação é o de que o professor é o detentor do saber e o aluno é aquele que nada sabe. A disciplina é entendida como sinônimo de silêncio e ordem na sala de aula.

Tendência escolanovista - relação é democrática. O professor orienta as atividades dos alunos, que participam ativamente no processo ensino aprendizagem. A relação se baseia no fato de que os alunos têm necessidades e interesses próprios que os diferencia uns dos outros, ao professor cabe atender às diferenças individuais. Assim, disciplinado é o aluno solidário, participante, ativo e conhecedor das regras de convivência em grupo. O professor é o mediador entre o conteúdo e o educando.

Tendência Tecnicista - tanto o professor quanto os alunos são os executores de tarefas programadas por um grupo de especialistas. A relação é também vertical e autoritária como na teoria Tradicional, agravado pelo fato do professor não participar em nada na elaboração de seu trabalho. Trabalha-se com a possibilidade de ensinar tudo a todos. Disciplinado é o aluno que cumpre rigorosamente todas as tarefas propostas conforme os objetivos operacionais, aluno produtivo é o que responde em conformidade aos programas esquematizados.

Tendência Sociointeracionista - Vygostsky defende a idéia de que todo conhecimento é construído socialmente no âmbito das relações humanas, cujo princípio é o de que o conhecimento se constrói primeiramente pelas relações interpessoais para, posteriormente, tornar-se intrapessoal (desenvolvimento real, autonomia, apropriação). Assim o aluno é considerado um sujeito interativo e ativo no próprio processo de construção do conhecimento e o professor é o que dá suporte para a aprendizagem dos educandos, pois, para se construir novos conhecimentos precisam-se de alguém que os ajude, eles não o farão sozinhos. Portanto a relação professor aluno é pautada pelo diálogo.

Tendência Cognitivista - que é defendido por Piaget o aprendizado é colocado como individual, ou seja, será construído na cabeça do sujeito a partir das estruturas mentais que ele possui. A relação está baseada na cooperação. O aluno é considerado sujeito, protagonista do próprio conhecimento através do debate e discussão estabelecido com o professor em torno do objeto de conhecimento. O papel do professor é o de instigador, provocador, incentivador e o encorajador para a iniciativa própria do estudante.

            É muito importante conhecer as tendências da educação, pois, cada uma delas contribui para formar um todo organizado, consistente e coerente, que dá sentido aos elementos do processo de ensino que as compõe. No entanto o enfoque que se dá na Didática teórica, sobre a relação professor-aluno é parcelada, fragmentada e isolada. Fala-se de uma relação harmoniosa e sem conflitos em que os alunos trabalham satisfeitos e felizes, na prática não é bem assim que acontece.

            Na realidade a relação professor-aluno encontra em sua construção alguns obstáculos, que geram angústias e insegurança, pois, como em todo processo também na relação professor aluno existem momentos em que imprevistos e incertezas fazem com que o clima de harmonia seja rompido. Muitas vezes faz necessário que o professor mude sua postura frente aos alunos e ao ensino, às vezes ele precisa ser mais duro, mais exigente para não perder de vista o tipo de pessoa que deseja formar. É preciso que ele ajude os educandos a tomarem consciência da importância de um bom relacionamento em sala de aula.

      Em muitos momentos é preciso que o professor repense sua prática pedagógica, reveja teorias para poder partir em busca de caminhos ainda não percorridos. Em dados momentos o educador sente que está tateando no escuro, portanto é o momento de romper com modelos estabelecidos que dificultem a caminhada rumo à construção de uma relação professor/aluno pautada no diálogo e no respeito mútuo.

            Durante a formação de professores, deveriam ser vivenciadas atividades pedagógicas com o objetivo de esclarecer a dimensão social da relação professor aluno.

            É importante o professor perceber que o vínculo de dependência desenvolvido nas escolas hoje, não é exclusivamente responsabilidade sua e dos alunos. Esse vínculo é determinado por mecanismos opressivos montados dentro da instituição escolar, representados pelas estruturas econômica, social e política. Na disciplina Didática deveriam ser abordados temas que levassem os professores a observar que na realidade a relação professor-aluno expressa e reflete os interesses e determinações da sociedade em que se está inserido. No entanto esses temas não são abordados, existindo assim uma relação autoritária que fortalecem e consolidam o vínculo de dependência, e, é está visão e posição que os novos professores repassarão aos alunos, mesmo que apresentem discursos mais avançados. O que acontece na verdade é que o professor no curso de Pedagogia estuda as teorias educacionais, história da educação, fundamentos filosóficos, psicologia da educação, e através dessas abordagens tenta entender a sociedade, se mune de conhecimentos teóricos, mas quando se deparam com a realidade de uma sala de aula se assustam e muitos se sentem frustrados, porque percebem que na prática tudo é muito diferente.

            Apesar de todos os obstáculos encontrados pelos professores em sala de aula que interferem na forma de se relacionar com seus alunos, há muitos professores que percebem que a relação professor-aluno pode e deve ser construída de maneira dinâmica e que essa relação é um espaço onde poderá ser desenvolvido um trabalho mais adequado às necessidades e interesses dos alunos. Para tanto o professor precisa oferecer a eles o direito de serem ouvidos e compreendidos porque assim os estudantes encontram caminhos para reconhecer seus sentimentos, desenvolvendo a sensibilidade, sentindo assim parte do grupo, entendendo que sua presença e sua contribuição são importantes para a dinâmica pedagógica da sala de aula.

            De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 19),

Por trabalhar com a diversidade humana, comporta uma ampliação de horizontes para o professor e para o aluno, uma abertura para a consciência de que a realidade em que vivem é apenas parte de um mundo complexo, fascinante, desafiador [...].

Conclui-se, portanto que para se tentar resolver as “crises” na educação e os problemas de aprendizagem é preciso que os educadores sempre estejam aprimorando, aprendendo coisas novas diariamente, ter a mente aberta, visão voltada à coletividade, exercitar a interatividade através do diálogo, focados na construção de uma boa relação professor-aluno, que se dará pelo comprometimento, pela motivação, pelas atitudes dialógicas, pela capacidade de mudança de todos os envolvidos no processo de ensinar e aprender. Logo, a relação entre professor e aluno depende fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles..

       

         

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 Este trabalho foi realizado tendo como objetivo principal provar e ou comprovar como a relação estabelecida entre professor/aluno interfere positivamente no processo de ensino e aprendizagem. A s conclusões obtidas através das pesquisas bibliográficas e de campo também serve de embasamentos para educadores e demais envolvidos no processo educativo. As informações que constam no corpo do trabalho são frutos de reflexões pautadas em renomados teóricos como: Henri Wallon, João Henrique Pestalozzi, Paulo Freire, Regis Moraes entre outros, que com teorias inovadoras proporcionam aos educadores a possibilidade de repensarem a prática pedagógica cotidiana, e assim, a se comprometerem com uma aprendizagem prazerosa e significativa.

Foi necessário retroceder no tempo, realizando uma panorâmica para esclarecimentos que se acreditaram importantes para o entendimento de como foram ou são construídas as relações sociais e educacionais, principalmente a relação professor/aluno. Para tanto foi feita uma análise da construção do espaço escolar desde os tempos primitivos. Também foi realizado um breve estudo sobre o espaço da sala de aula, local onde se desenrolam grande parte das tramas educacionais. Conseguiu-se também estabelecer a relação entre afetividade e cognição, considerando enfoques diferenciados.

No decorrer da pesquisa buscou-se ainda analisar a influência que uma boa relação entre professor e aluno tem na formação de cidadãos responsáveis, críticos, éticos, conscientes e principalmente felizes. Foi possível notar com clareza a existência de vários tipos de professores, que usam teorias, técnicas e métodos diferentes, mas todos têm algo em comum, de uma forma ou de outra deixam suas marcas na vida de seus alunos, seja ela positiva ou negativa. A maioria dos educadores visa um ensino de qualidade e pretende proporcionar uma aprendizagem significativa, onde os alunos se tornem sujeitos ativos e conscientes de seu papel na sociedade.

            As pesquisas bibliográficas demonstram que a relação entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica na sala de aula fazem parte da organização do trabalho docente, ou seja, é fundamental na organização de situações didáticas, sendo a base para a construção do conhecimento, pois norteia as aprendizagens significativas atendendo às necessidades e anseios da sociedade.

Conclui-se, portanto que para construir uma relação duradoura e respeitosa entre professor e aluno se faz necessário antes de tudo vencer algumas dificuldades e obstáculos como: o olhar lançado pelo professor ao aluno; ter em mente e bem definido o tipo de sujeito que se deseja formar; adequar metodologias; definir competências pedagógicas e habilidades que se deseja desenvolver.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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