Introdução

Este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar as várias modificações que ocorreram na utilização do solo da orlinha do bairro industrial, as alterações na paisagem e os reflexos ocasionados na dinâmica da região desde sua ocupação, até os dias atuais.
Localizado na zona norte, a quatro quilômetros do centro da cidade, no bairro de mesmo nome, a prainha do bairro industrial anteriormente chamada pelos moradores mais antigos da região, de xica chaves, presenciou a instalação da 1ª fabrica da região, a Sergipe Industrial que foi a responsável pelo povoamento da região, construindo casas para os seus operários. As demais fábricas que posteriormente vieram a ocupar a região seguiram o mesmo modelo e construíram casa para os seus operários, com isso o bairro foi crescendo gradativamente. A maioria dos freqüentadores da prainha eram os pescadores, os operários e os moradores das áreas visinhas que iam se banhar nas águas do rio Sergipe. Na beira do estuário os bares que ocupavam a área serviam peixes e mariscos pescados ali mesmo na redondeza, está foi uma época de grande valorização da prainha, mas ao analisarmos a historia dessa região houve épocas de abandono da prainha pelo poder publico e pelos freqüentadores da área.
Hoje revitalizada e com nome e status de orlinha, antiga prainha volta a se destacar como ponto de visita e lazer para turistas, moradores da região e de todo o estado. Tais mudanças nos levam a crê que ao longo do tempo toda a dinâmica da região foi alterada.
Assim o presente projeto vem com intenção de analisar as diversas finalidades na utilização do solo e aprofundar a análise dos elementos responsáveis por essas transformações.
Portanto este projeto procura identificar os reflexos foram ocasionadas pelas constantes transformações ocorridas numa área que tem muito a nos mostrar no decorrer da sua historia.
O processo de ocupação da área de estudo.

Nas primeiras décadas do século XX, toda aquela região do bairro industrial era ocupada por pequenos núcleos de casebres de pescadores, chácaras, e posteriormente casas de segundas residências que pertenciam aos grandes senhores de engenho, comerciantes e grande parte da pequena elite sergipana, já que muitas pessoas e autoridades da época preferiram, seja por motivos de falta de estrutura da nova sede da província, ou por não concordar com a mudança, permanecer em São Cristóvão. A então chamada xica chaves era o lugar de lazer dos residentes da região, os moradores e os visitantes iam a prainha se banhar nas águas claras e tranqüilas do rio Sergipe;
"Na quadra de verão, Chica Chaves fora o ponto de atração dos turistas ricaços de Nossa Senhora do Socorro da Cotinguiba, Laranjeiras, Maruim e Santo Amaro, de onde vinham refrescar a canícula naquela aprazível praia. Comentava-se com bom humor que aqueles senhores de engenho, comerciantes estrangeiros e as respectivas sinhazinhas, a se banharem nas águas tranqüilas do rio Sergipe, envergando as calças a meio-pau e camisas de mangas compridas para livrar-se de maus olhos, destacando-se entre eles, o Barão de Marium e os ingleses comerciantes de máquinas para engenho de açúcar, era um pau com formiga. Improvisavam barracas de palhas na beira do rio, para trocar de roupas e se refugiarem do sol causticante"... (Graça, 2005,32).

Na área não existiam construções como nos dias atuais, a paisagem era de muito verde, sinal de um lugar ainda pouco explorado. No final da tarde os pescadores atracavam suas pequenas e simples embarcações às margens da prainha, lugar onde também eram comercializados os peixes e mariscos pescados ali mesmo a poucos quilômetros do estuário do rio Sergipe. Analisando o passado da xica chaves, nota-se que a proximidade com a parte central da cidade onde se localizava a maioria das residências, a praça e o palácio Fausto Cardoso, a ponte do Imperador e até então a principal avenida a antiga Rua Aurora hoje chamada Ivo do Prado, potencializou o acesso e o povoamento da área. As belezas naturais e por até então ser a única opção de lazer atraíram cada vês mais pessoas que procuraram se fixar as margens da tão popular xica chaves.Nesse momento nota-se que com o inicio do povoamento da área começam a surgir as primeiras alterações na utilização do solo da região e alteração da paisagem natural da prainha.


As primeiras fábricas e sua influência na prainha

O inicio das alterações na utilização do solo e paisagem da região, deu-se principalmente a partir das instalações das fabricas. A primeira a se instalar foi a Sergipe Industrial conhecida como "Fábrica velha" tomou a iniciativa de construir casas para seus operários, as fabricas que a seguir vieram, tomaram a mesma iniciativa, impulsionado o povoamento da região e popularizando ainda mais a prainha. Toda a estrutura até então existente teve que se adaptar as novas características que a região ganhará, os ares de modernização foram surgindo com ele desaparecendo o clima bucólico da prainha. A beira do estuário do rio o comércio agora já bastante desenvolvido bares e quiosques ocupam as margens da prainha.
As modificações que vieram a partir das instalações das fabricas trouxeram reflexos significativos não só para o bairro como para a prainha; uns positivos como: aumento e desenvolvimento do comércio realizado nas proximidades ou as margens da prainha, um maior numero de moradores e visitantes, ponto fixo de encontro e lazer das proximidades.
Porem segundo Graça (2005, p.144-145) as fabricas responsáveis pelo desenvolvimento sócio-econômico do bairro, são acusadas de jogar desde os seus primeiros anos de sua instalação, dejetos poluentes no rio sem qualquer tratamento prévio, as águas do rio passaram a ter uma coloração escura e barrenta. Em 1989, foi construído um atracadouro para lanchas, a idéia era facilitar a travessia para a Barra dos Coqueiros, mas a pouca profundidade do rio na área impossibilitou o sucesso da obra. Nessa época também foi constatado um acelerado processo de erosão que estava afetando parte da Avenida General Calazans também conhecida como rua da prainha.
Ver-se que as alterações causadas pelo homem, e as ações do meio natural, se relacionam provocando também alterações na paisagem seja ela natural, ou seja, que ainda não sofreu alterações provocadas pelo homem ou artificial produzida pelo homem e em beneficio do mesmo. Sem duvida o fato das fabricas terem se instalado no bairro industrial deu o pontapé inicial para as constantes alterações na utilização do solo e na paisagem local.

O abandono da Prainha

A prainha do bairro industrial que outrora fora tão prestigiada e considerada um dos principais pontos turísticos da cidade passou por uma fase de abandono. No ano e 1998 a área se encontrava completamente abandonada pelo poder publico e pelos seus freqüentadores, o lugar onde á anos atrás atraia a alta sociedade sergipana como: Sabino Ribeiro, Thales Ferraz, Carlos Cruz, Silvio Leite e tantos outros ilustres sergipanos. A prainha pedia socorro, segundo reportagem do jornal da cidade a ultima obra realizada na área foi em 1989, na administração do então governador Antonio Carlos Valadares, que construiu um atracadouro para lanchas.
Na limpeza publica os problemas eram muitos, havia lixo para todo lado, eram jogados nas margens da prainha lixo de todo tipo, material de construção, lixo domestico e ate animais mortos como se não bastasse a poluição provocada pelas fabricas têxteis. O que se via era o caus, a decadência da prainha, no estado em que se encontravam muitas pessoas que faziam da prainha seu ponto de lazer prejudicando o comercio local, formado principalmente de donos de bares e restaurantes ao que todo indicava a área onde há tempos atrás estava destinada ao esquecimento, toda uma historia de envolve a sociedade sergipana desde a mudança da capital ficaria apenas na lembrança.
As alterações na paisagem da prainha que nada agradavam a população se fizeram presente, acabando por repercutir em sua funcionalidade que era de promover um espaço onde as pessoas se divertiam e admiravam a paisagem natural.

A Revitalização da Prainha

No ano de 2003, foi iniciada as abras de revitalização da prainha do bairro Industrial, com o intuito de revitalizar a área que a anos não passava por uma reforma, o projeto implantado pela secretaria municipal de planejamento: SEPLAN, visa reurbanizar a área resgatando as suas funções e colocando-a como um novo espaço de lazer e turismo da capital. Desde que o governo municipal anunciou a reforma da área varias foram as expectativas, tanto dos moradores do bairro, como de toda a sociedade Aracajuana, que ainda guardava as lembranças da velha chica xavez, aos domingos repleta de pessoas, a se banharem nas águas calmas da prainha evidentemente hoje poucos se arriscam a entrar nas águas devido as denuncias de poluição das suas águas. Hoje revitalizada com sua estrutura e paisagem alterada com nome e status de orlinha, a antiga prainha do bairro industrial volta a exercer a finalidade a que sempre foi destinada a de promover diversão, lazer, e uma linda paisagem. Desta forma constatamos que quanto a sua finalidade nada se alterou desde o seu processo de ocupação.
Quanto à utilização do solo e as alterações da paisagem, essas sim sofreram grandes mudanças e evidentemente continuará a sofrer. O que dizer com essa afirmativa e que é que essas modificações não aconteceram de maneira aleatória ou seja , o homem como um grande transformador do espaço e procurando adequá-lo, o modifica de acordo com as suas necessidades.Notamos que a estrutura existente na prainha no inicio de sua ocupação atendia as necessidades daquele momento. Desta maneira queremos dizer que os espaços são modificados cronologicamente de acordo com as exigências humanas.
Portanto queremos ressaltar a importância de analisarmos as constantes modificações que na maioria das vezes são provocadas por nos, e nos trazem tantos reflexos já que estamos inseridos nos espaços que modificam.









Conclusão

O presente projeto de pesquisa procurou fazer uma análise das mudanças ocorridas na prainha do Bairro Industrial. Iniciando pela sua funcionalidade no tempo, pois a prainha servia de veraneio para alta sociedade sergipana num determinado período e chegando a ser abandonada e revitalizada, tudo isso por causa das transformações trazidas com o desenvolvimento da região, mudando assim a sua funcionalidade e sua paisagem. Tendo o nome inicial de prainha, a região recebeu a implantação de fábricas têxteis e com elas a chegadas de um grande contingente de moradores. A fábrica construiu casas e cedeu, para os seus trabalhadores, assim houve um crescimento daquela área e juntamente com esse crescimento veio à poluição tanto por parte dos moradores como por parte das indústrias que jogam no rio por tubos os seus lixos.
Recentemente deu-se a construção do projeto de revitalização acabando assim a primeira etapa do projeto dando uma nova paisagem e uma nova forma de utilizar aquele solo. Os moradores também se beneficiaram dessa mudança, nos diversos sentidos; econômico, social e cultural. Utilizando a área para o lazer e trabalho para alguns. Hoje ela é visitada por turistas do mundo todo que vem visitar a capital sergipana. Sendo um dos principais pontos de lazer do Estado. Assim trazemos como o objetivo, esclarecer e analisar quais foram os reflexos trazidos à região devido às mudanças no uso do seu solo e as alterações na paisagem ao longo do tempo. Sem dúvida todas essas alterações provocaram mudanças significativas na dinâmica do bairro e conseqüentemente essas repercutiram sobre a prainha.
Ao analisáramos as causas, os reflexos, entendemos que essas ações só puderam se realizar através da ação modificadora do homem já que o mesmo transforma os espaços continuamente, a fim de adequá-los aos seus interesses, suas necessidades. O conhecimento que será gerado com a realização da pesquisa visa promover uma análise mais profunda das transformações ocorridas numa das áreas mais antigas da cidade, entender a maneira com os espaços se modificaram, o que levou á essas modificações.


Referências Bibliográficas
GRAÇA, Tereza Cristina Cerqueira da: De Maçaranduba á Industrial: Historia e memória de um lugar. Aracaju- Funcaju, 2005.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade: Metodologia do trabalhocientifico: Procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório,publicaçõese trabalhos científicos. 6-ed. São Paulo: Atlas, 2001.

VALÉRIA Íris. Prainha já foi considerada turística. Jornal da cidade, 24 de mar.1998 B-11.


JORNAL, Gazeta de Sergipe: Aracaju, 30 maio 1971. P.09.
RODRIGUES, Auro de Jesus. Metodologia cientifica: Completo e essencial para a vida universitária. São Paulo: Avercamp, 2006.