1 INTRODUÇÃO

A avaliação da aprendizagem é temática encontrada em variados campos de estudos, como no campo da psicologia, da sociologia, da Pedagogia e da educação entre outras. Antônio Nóvoa em um prefácio na obra de Fernandes (2005) diz que nem um tema deu tantos estudos e pesquisas, pois os pesquisadores e especialistas procuram compreender esta realidade, elaborando instrumentos mais sofisticados.

Vários problemas observados hoje nas escolas como evasão, a reprovação, a desistência entre outros são resultantes entre outras da forma como se entende e organiza o ensino e a avaliação.

A avaliação da aprendizagem é uma questão bastante complexa, tendo influências da pedagogia, da didática, da psicologia entre outras áreas. Atualmente há uma preocupação evidente nos trabalhos desenvolvidos para a necessidade de mudança e nas melhoras das práticas de avaliação das aprendizagens dos alunos.

A forma como a avaliação se organiza e se desenvolve em sala de aula reflete na aprendizagem que se desenvolve de forma superficial. Os elementos utilizados são geralmente utilizados para obtenção de garantir notas que não representam na realidade a verdadeira aprendizagem destes.

Segundo Luckesi (2006) enquanto a avaliação da aprendizagem tiver como centro os exames, não poderá cumprir com a função de subsidiar a decisão da melhoria da aprendizagem.

A breve discussão e a reflexão apresentada neste artigo abordam o relato de experiência vivida pela própria autora deste texto. Este artigo pode contribuir assim o espero para que a avaliação em sala de aula possa ser pensada e discutida de forma crítica e reflexiva.

 2 RELATO DAS EXPERIÊNCIAS DE AVALIAÇÃO

 2.1 No Ensino Fundamental

Lembrar minhas experiências em relação a avaliação no processo da minha aprendizagem é bastante traumática, pois sempre fui exposta e até mesmo ridicularizada não por um professor, mas por vários que foram inesquecíveis, sendo e claro negativamente.

            A avaliação de cada disciplina era aplicada assim como é ainda hoje no ensino fundamental quatro vezes durante o ano, tendo como único instrumento a prova. As provas eram compostas por questões objetivas e algumas subjetivas como são chamadas.

            Os conteúdos eram transmitidos geralmente por meio de aula expositivas e exercício para uma “melhor” aprendizagem, na verdade era um meio de decorar o conteúdo para realização das provas.

            Sempre tive muita dificuldade em relação à matemática e o professor sempre me ameaçava em relação minhas notas. Um dos momentos que me marcaram foi um dia da entrega da prova de matemática, tirei nota baixa, por este motivo fui chamada à frente e o professor mostrou- a aos alunos. Por meio de críticas e palavras de ofensas fui humilhada, no entanto, continuo com as mesmas dificuldades que até hoje ainda não foram resolvidas. 

            Todas as outras disciplinas seguiam a mesma linha, utilizavam a prova que sempre valia dez e dependendo dos acertos nos davam uma nota.      A nota mínima era cinco e no final do ano minhas notas deveriam somar em cada disciplina aproximadamente 32 pontos para ser aprovada.

            Neste nível passei todos os anos apesar de apresentar dificuldades em disciplinas como: matemática e disciplinas “decorativas” - história, geografia fui sendo aprovada até chegar ao Ensino Médio.

 

2.2 No Ensino Médio

             As dificuldades apresentadas no Ensino Fundamental apenas aumentaram ao chegar ao Ensino Médio. Pois, houve maior cobrança, maior número de matérias e professores.

            A forma de avaliação continuou sendo praticamente a mesma, era feitas quatro avaliações, a nota mínima cinco. As provas continuaram sendo o instrumento de avaliação de aprendizagem mais utilizado pelos professores. Lembro apenas de uma apresentação em Literatura. Fui obrigada a participar de uma peça teatral, sendo que fui escolhida pelo professor para ser o Diabo, isso porque fui castigada pelo professor que prometeu em uma de suas aulas, na qual eu estava conversando que eu seria este personagem. Ele me deu uma nota baixa e passei como dizíamos arrastada na disciplina.

            Continuei apresentando dificuldades na matemática, agora acompanhada pela Física e pela Química, tirava várias notas baixas, mas os professores acabavam dando um jeito de me aprovar. Tive uma reprovação no meu segundo ano do Ensino Médio fiquei reprovada nas três disciplinas que citei. Chorei bastante e minha mãe me consolou, pois apesar das notas me esforçava para aprender.

 Enfim cheguei à prova do vestibular, fiz cursinho e sentir muitas dificuldades para passar no vestibular, mas passei, mesmo que com zero em matemática e em física na última etapa da prova. Passei na UFPA e UEPA. Cheguei ao ensino superior. Agora na Graduação.

 2.3 Na graduação

Cheguei à graduação trazendo comigo todas as dificuldades apresentadas nos níveis anteriores e me deparei com a avaliação. No curso de Pedagogia muitos seminários, apresentações e aulas expositivas. Foi de uma maneira fácil enganar os professores fingindo que eu estava aprendendo para conseguir as notas. Os textos eram apenas retirados de livros e internet e copiados para os trabalhos que serviam como avaliação. A avaliação era divida em três e algumas vezes duas, dependia do professor sendo que a nota mínima era sete. Sempre tinha a preocupação de não tirar a nota mínima e corria atrás de nota oito ou mais.

Já no curso de letras o instrumento de avaliação principalmente nos primeiros semestres foram às provas com questões discursivas juntamente com trabalhos como resumo, resenha e alguns seminários. A cobrança foi maior em relação à produção de textos. Tive uma professora que me devolveu quatro vezes o texto para refazer, isso me ajudou bastante para que realmente aprendesse a produzir um texto como resumo, resenha entre outros.

A avaliação na graduação na UFPA utiliza os conceitos diferentemente da UEPA, os conceitos EXC, BOM, REG E INS. As notas são transformadas em conceito. A nota mínima é cinco que pode representar em conceito REG.

Tive problemas em relação à avaliação de professores que prometeu que a presença, a participação nas aulas seriam levadas em consideração ao somar as notas, no entanto o critério utilizado pela professora foi apenas uma prova e a apresentação de um seminário. Quebrando com isto acordo feito entre alunos e professores no inicio da disciplina.

A preocupação maior hoje é a nota que será atribuída nos meus trabalhos escritos e as apresentações, este fato ocorre porque os próprios professores nos levam a pensar que o principal é a nossa nota e que para passarmos em uma disciplina precisamos tirar no mínimo cinco. Sou muito esforçada e procuro sempre tirar notas que me proporciona um conceito Bom ou Excelente, pois já estou pensando como eles são importantes na pós-graduação. A preocupação real com a aprendizagem fica sempre em segundo plano, e parece que este fato ocorre sempre tanto do lado do aluno como do professor.

 

3 CONCLUSÃO

O texto possibilitou refletir sobre a avaliação de aprendizagem no decorrer do processo de ensino na minha vida de estudante. Mostrando que em todos os níveis o instrumento principal é a prova tendo apenas algumas diferenças na graduação, porém tem o mesmo objetivo, conseguir as notas para passar.

            A avaliação parece um processo estático e sem mudanças que realmente precisa ser pensada de forma critica e reflexiva. É preciso que haja transformações no ato de avaliar principalmente levando em consideração sua importância e conseqüência na aprendizagem do aluno.

            Desde o meu ensino fundamental apresentei dificuldades, porém nem um professor teve a preocupação de uma verdadeira aprendizagem, apenas demonstraram a preocupação verificar minhas dificuldades e deixar como estava.

            Após a reflexão deste relato de experiência pensamos o quanto Luckesi (2006) estava correto ao afirma que a avaliação e os instrumentos utilizados podem ser considerados fetiche tanto por parte do professor como por parte do aluno. Pois, foram criados para atender a necessidade do homem trona-o independente deste processo.

            Pois até mesmo na pós-graduação fiz prova. Houve um professor que decidiu não avaliar por provas e nem trabalhos apenas conversava e discutia os textos em sala de aula. N final do curso muitos alunos foram reclamar com a coordenação que o professor havia só enrolado e que não se preocupou nem mesmo em avaliar se os alunos haviam aprendido sobre o conteúdo referente ao curso.

            Percebe-se com os fatos colocados no texto que ainda hoje e principalmente hoje o sistema de ensino, os professores e os alunos utilização e concebem a avaliação como elementos de aprovação e reprovação, apenas percentuais que muitas vezes influenciam negativamente no ensino e aprendizagem dos alunos.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNADES, Domingos. Avaliação das aprendizagens: desafios as teorias, práticas e políticas. Lisboa: Texto editores, 2005.

LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame e Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? 2006.