Um novo olhar sobre a infância e suas necessidades

Janaína Dorigoni Frazão

Vivemos em um período marcado pelas transformações no âmago das relações sociais, culturais, políticas e econômicas. Novas concepções nascem e expandem-se trazendo avanços para campo do conhecimento, inclusive para a área da educação, bem como para o novo significado de infância e de criança, que procura superar a imagem do adulto em miniatura, da criança como sujeito do amanhã para um indivíduo de direitos.
Assim, a própria concepção de infância vai gradualmente se modificando, principalmente com as contribuições de Piaget e de outros estudiosos defensores da criança como um ser ativo. As investigações do mundo infantil agora permeado pelo trabalho ratificam a ideia do infante que não deve somente aprender a escutar, mas que precisa de uma conjuntura propícia à aprendizagem do fazer e do falar. Segundo Piaget (1979), é necessário, além de incentivar a criança a agir, tomar decisões, fazer com que ela tome consciência de seus atos. "As crianças tem estruturas mentais diferentes das dos adultos. Não são adultos em miniaturas; elas têm seus próprios caminhos distintos, para determinar a realidade e ver o mundo" (PIAGET, 1979, p. 50).
Analisando o panorama que se apresenta na sociedade atual, o infante ocupa um papel importante na sua construção, pertencendo a uma classe social, possuindo uma história, uma cultura, um desenvolvimento próprio e com seus significados. Portanto, possui um conhecimento que propicia a busca pelo entendimento do mundo que o rodeia. Essa criança é um ser pensante, potencializador e capaz de interagir com a cultura e com as mudanças sociais do seu contexto.
Por outro lado, esses infantes vivem em condições adversas, sendo submetidos a várias realidades, dentre elas o processo de adultização, além da forte influência da mídia, da indústria cultural; a sociedade organizada não pensa nas necessidades das crianças para seu desenvolvimento reflexivo e cognitivo. Ao contrário, procura sutilmente mantê-los como indivíduos prisioneiros do capitalismo e apegados ao consumo desenfreado, tornando-os seres humanos, muitas vezes, sem limites. Dessa forma, constata-se que a infância possui múltiplas concepções, ou seja, de acordo com a realidade em que se encontra inserida.
Portanto, esse infante que é um sujeito de direitos, deve ter assegurado pela família e pela instituição que participa os princípios básicos para garantir seu desenvolvimento pleno, como alimentação adequada, afeto e não somente brinquedos para suprir a falta de seus familiares. Ainda, necessita da garantia ao processo de ensino?aprendizagem dentro de uma instituição que respeite seu tempo de aprendizagem e possibilite seu desenvolvimento cognitivo e afetivo de forma integral.
Compreendendo todos os aspectos elencados a concepção de infância vem mostrar aos educadores uma nova forma de pensar o ensino, considerando essa criança como sujeito capaz, atuante, com "voz", consequentemente não mais se permite um processo que vise apenas o ato de cuidar, deixando de lado o desenvolvimento do ato de educar que possibilita o crescimento e elaboração das estruturas mentais.
Portanto educador necessita estruturar projetos que almejem proporcionar o conhecimento do mundo em que a criança vive por intermédio do brincar, da ludicidade, da literatura e das interações que estabelecem com o meio e com o outro, internalizando, assim, suas vivências e experiência, pois, é através desse processo que as crianças se desenvolvem e constroem o conhecimento.

Referências bibliográficas:
PIAGET, J. e Greco, P. Aprendizagem e conhecimento. São Paulo: Freitas Bastos, 1979