Introdução:
Neste trabalho de investigação propôs-se a pesquisar o fenômeno da evasão escolar, fenômeno este que traz tantas preocupações, não só para o povo e as autoridades brasileiras, mas também para todo o continente latino americano. A evasão escolar aqui, foi estudada pelo prisma da inclusão digital e a qualidade na educação, como agentes facilitadores para a inserção da família (classe social baixa-baixíssima) do aluno na sociedade e, também, como agente inibidor da evasão escolar.
Este enfoque de estudo é um tanto quanto novo e carece ainda de muito estudo, mas o que chama a atenção é o fato de que mais uma vez esta classe social é a "premiada" a viver à margem deste processo, o da era da informação digital. Se programas sociais não forem implantados pelo governo, por empresários ou pelo terceiro setor ? as chamadas ONGs ?, para esta nova doença que acomete o Brasil, com certeza, um futuro não muito próspero aguarda esta Nação.
A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Edson Bezerra, no ano de 2008, na Cidade de Itaporã, Estado do Mato Grosso do Sul ? faixa etária dos alunos 7 aos 22 anos de idade, sendo que a população pesquisada foi composta pelos professores, alunos e pais dos alunos.
Definição do Problema:
A evasão escolar nas escolas públicas é problema notável em todo o território brasileiro. Com a chegada da modernidade é comum encontrar alunos que tem seus pais, o dia inteiro, fora de casa com presença marcante no mundo do trabalho e, sendo obrigados a delegar a outrem a educação "familiar" de seus filhos. Não obstante, o papel do professor vem mudando com esta realidade, e muitas vezes ele é obrigado a fazer o papel de pai, mãe, psicólogo e até outras áreas e, isto vem trazendo mudanças no desempenho do papel da família, e consequentemente no comportamento dos filhos. É a mudança de época pela qual a humanidade está passando.
Pergunta Genérica:
Quais as causas da evasão escolar no contexto da inclusão digital?
Perguntas Específicas:
A inserção da família no contexto escolar abrandaria os números desta estatística?
A abertura da escola nos finais de semana, para a participação da comunidade com atividades pedagógicas/orientadas maquiaria este problema, ou seria a solução?
A implantação de um projeto que vise à inclusão digital destas famílias, aproximaria os pais/filhos no processo ensino/aprendizagem desta escola?
Hipóteses:
A falta de convivência com os pais pode ser a causa da evasão escolar nas Escolas Públicas do Brasil.
A inclusão digital, como forma de aumentar a renda familiar, possibilitando a permanência da mãe no seio da família e a inclusão na sociedade.
A pouca participação dos pais nas atividades escolares propicia uma relação negativa (extremosa) no círculo: professor/escola/pais/filhos/comunidade.

Desenvolvimento:
1. Família e Escola
Família e escola são pontos de apoio e sustentação ao ser humano; são marcos de referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais positivos e significativos serão os resultados na formação do sujeito. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. Cabe aos pais e à escola a tarefa de transformar a criança imatura e inexperiente em cidadão maduro, participativo, atuante, consciente de seus deveres e direitos, possibilidades e atribuições.
A convivência familiar é fator essencial para o desenvolvimento individual da criança. É onde ela começa a construir a sua história de vida, a sua identidade. É da família que receberá a influência de valores morais e hábitos. Também é a família o primeiro grupo social do qual a criança fará parte, onde cada um terá sua própria identidade fazendo com que o relacionamento familiar se torne muito gratificante, prazeroso e também desafiador.
Quando a criança começa a freqüentar a escola, é inserida num universo coletivo em que as relações serão mais abrangentes como com os professores, alunos, funcionários, com o conhecimento e com o mundo. A sua adaptação a esse novo grupo social e o seu modo de aprender dependerá muito da sua bagagem familiar. Por isso existe uma grande preocupação da escola em estreitar os laços com a família. Tanto a escola quanto a família são pontos de sustentação de um ser humano. É necessário que haja uma harmonia entre elas para que os resultados na formação de um indivíduo sejam positivos.
Pais e professores devem caminhar juntos, pois têm o mesmo objetivo, que é preparar as crianças para a vida. Daí a importância de compartilhar idéias, compreender o que acontece no dia-a-dia sem julgar e, sim, buscar solução, pois tudo que se refere ao filho tem a ver com a família, assim como tudo que se refere ao aluno está ligado à escola. Portanto, se faz necessário que escola e família sintam-se parceiras nesta preciosa tarefa de transformar a criança em um cidadão consciente de seus direitos e deveres.
As crianças, desde muito pequeninas, aprendem o tempo todo com sua família, não somente pelas palavras ditas, mas sobretudo, sobre aquilo que vêem nela, a forma como atuam, como agem perante os problemas. Definitivamente, as crianças observam e copiam o proceder de seus pais ante a vida. Uma autêntica educação em valores, mais que ser ensinada, é transmitida, vivenciada, experimentada. A vivência de normas e limites é fundamental para a construção dos valores, que não se transmitem por via genética, por isso é tão importante levá-los em conta na educação dos filhos, a melhor forma de agir com limites, transmitir valores, de aprender a viver em sociedade, é jamais aplicar o ditado tão popular "faça o que eu digo e não o que eu faço". Quer-se que os filhos sejam responsáveis e autônomos para ajudar a construir uma sociedade melhor, deve-se começar por criá-la e "fazer o que dizemos".
A crise da família é causa de uma sociedade que privilegiou mais o individuo que o coletivo é notória se reconhecer que são raras as exceções de pais e filhos que utilizam o diálogo como principal ferramenta na resolução dos conflitos, aliás, a correria do dia-a-dia não oferece tempo para o diálogo, nem mesmo para as refeições ao redor da mesma mesa. Quando analisamos o comportamento atual da grande maioria de adolescentes e jovens, qual a perspectiva que temos para a reestruturação familiar? Não podemos esperar a família ajustada em uma sociedade desajustada. Evidentemente que temos que buscar caminhos, porém, sabem que eles não são fáceis, considerando a desvalorização familiar que vivemos.
A conseqüência disto é perceptível na dificuldade que os pais possuem em lidar com os filhos, certamente já ouvimos dizer que há uma transferência de competências e responsabilidades para a escola. A escola passa a ser cada vez mais exigida, sabemos que não tem como suprir a ausência dos pais, no entanto precisa cumprir a sua missão educativa na formação de cidadãos equilibrados.
Neste singular a escola e a família devem ser parceiros, a escola poderá ajudar desde que a família não seja negligente no que lhe cabe na educação dos filhos, sem com isso utilizar o argumento de que a "educação compete aos pais e o ensino a escola", isto até poderia ser verdadeiro e aceito numa sociedade em que todas as famílias cumprissem este preceito, porém não é isto que acontece, encontramos muitas crianças que chegam à escola sem o mínimo necessário, por isso, a escola deverá estar cada vez mais preparada para ajudar a família. Sendo assim a articulação: escola, família e sociedade é imprescindível na formação da criança, enfim somos todos responsáveis pela educação.
Violência. Evidente que a dificuldade em articular bem a escola, família e sociedade, tem contribuído para a consolidação da cultura da violência, afinal a criança em processo de formação, dentro de uma família desajustada, uma escola e sociedade omissa, já é agredida e obviamente aprenderá mais a agredir do que amar. Para que a família possa ser santuário da vida é necessário a formação de verdadeiros sujeitos, para tanto a parceria com a escola é essencial, considerando que a escola oportunizará o complemento necessário na formação dos valores que são primeiramente trabalhados na família, pelo menos é o que deveria acontecer para construirmos uma autêntica cultura da paz.
Os pais não precisam ser cultos. Podem e devem dar, principalmente, exemplos de vida. Os melhores exemplos de integração escola/família estão entre as comunidades mais participativas, ainda que menos favorecidas economicamente, e não entre as mais instruídas. Um dos exemplos de escola que não assume suas responsabilidades é a que se dedica apenas aos alunos que já vêm prontos, com bagagem cultural anterior, e, por isso, são os que se destacam e passam facilmente de ano. O aluno com dificuldade de aprender, que deveria receber maior atenção, passa a ser apontado como culpado de seu próprio fracasso, e não a escola.
Sabendo ainda que a educação seja sim o caminho mais certo para o tão sonhado crescimento, não só econômico como principalmente social. A grande questão sempre foi como chegar a uma educação pública de qualidade com tantos problemas existentes? Evasão escolar, sucateamento dos prédios, falta de capacitação para os professores e propostas pedagógicas ultrapassadas sempre foram os maiores problemas do ensino público no Brasil. Com a elaboração de programas sociais que visam remunerar as famílias pobres que mantiverem seus filhos na escola, o governo visa resolver a curto prazo a evasão escolar, com verbas especiais para projetos como o PETI e o FUNDEB melhorar a estrutura física e pedagógica, além de garantir ocupação para crianças pobres no horário extra escolar ajudando de quebra a erradicar o trabalho infantil.
Todas essas iniciativas são válidas, porém não são suficientes, nem funcionam cem por cento considerando que de toda verba que sai dos cofres públicos destinados à esses propósitos mais da metade se perde até chegar ao seu destino. No entanto a tecnologia parece agora ser a luz no fim do túnel para as nossas crianças. O governo mostra-se convencido de que a inclusão digital pode sim ser a solução para boa parte dos problemas da nossa educação. Numa nova realidade onde as escolas públicas estivessem corretamente inseridas na era da informação digital, é possível imaginar crianças carentes com o mesmo acesso a todo o tipo de informação assim como crianças de escolas particulares sempre tiveram.
Mais que inclusão digital, essa mudança acaba representando inclusão social. É dar a crianças pobres a oportunidade de lutar em pé de igualdade por oportunidades profissionais. Começando pela disputa no ingresso de universidades públicas sem a necessidade de cotas, que mais discriminam que qualquer outra coisa. É claro que não basta apenas equipar as escolas com computadores para promover toda essa revolução, mas é preciso ensinar e capacitar de vez os professores para lidar com essa nova realidade. Talvez a inclusão digital seja a solução que sempre se procurou para impulsionar o país rumo ao tão sonhado desenvolvimento.
2. Inclusão Digital
A inclusão digital deve expressar um conceito que encerre uma consideração profundamente humanista. O mundo contemporâneo está em um estado de transformações e as possibilidades de deterioração das relações humanas tornam-se tão presentes, que o resgate de certos valores "meio adormecidos", no afã do desenvolvimento puramente tecnológico e econômico, precisa ser considerado.
A inclusão digital deve ser vista sob o ponto de vista ético, sendo considerada como uma ação que promoverá a conquista da "cidadania digital" e contribuirá para uma sociedade mais igualitária, com a expectativa da inclusão social. É possível, portanto, formular uma base conceitual para inclusão digital, com fundamento no espírito de ética universal. Dado que inclusão digital é parte do fenômeno informação, no contexto da chamada sociedade da informação, pode ser observada pela ótica da ciência da informação. Neste sentido, entende-se, como ponto de partida do conceito de inclusão digital, o acesso à informação que está nos meios digitais e, como ponto de chegada, a assimilação da informação e sua re-elaboração em novo conhecimento, tendo como conseqüência desejável a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
3. Porque Qualidade na Educação
É preciso reconhecer que só a educação é capaz de derrubar o muro da desigualdade e do atraso. Só a educação é capaz de distribuir a renda. O bem-estar é fazer um país cujo capital seja o conhecimento. A escola do interior do estado mais pobre do país deve ter a qualidade da escola da capital do mais rico estado brasileiro. E elas precisam ter uma qualidade próxima, até que ela possa superar à das escolas dos países ricos. Também não adianta aumentar o salário do professor, se ele não for mais bem formado e mais dedicado. É preciso adotar um padrão mínimo de qualidade das edificações e dos equipamentos, bem como do conteúdo em todas as séries do ensino básico em todas as escolas.
Ao que tudo indica, a única forma de superação da situação inquietante na qual se encontra a educação pública brasileira atualmente seria aproximar a escola não só das necessidades das famílias, quanto de sua cultura e dos processos construtivos presentes no desenvolvimento da criança. Nas escolas estaduais atualmente, o aluno e a aluna se vêem obrigados a conviver com situações de violência, desespero e desesperança, ante as quais, a maioria dos professores simplesmente desistiu, assistindo a tudo como meros espectadores, sem perspectivas de um futuro humanizado e harmonioso. Desse modo, as relações entre as pessoas passaram para segundo plano, pois atualmente o que menos importa é o outro.
Conseqüentemente, é imprescindível que pais e mães estejam em sintonia com a vivência escolar e social de seus filhos e filhas, pois essa integração tende a enriquecer e facilitar o desempenho escolar da criança. Portanto, é necessário que se habituem a participar da vida escolar dos filhos e filhas. Para isso, uma alternativa viável seria a divisão de responsabilidades entre os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem.
Esta parceria consiste em família e escola caminharem juntas, sendo que cada uma das partes deve ser preservada em suas características próprias. Os resultados sugerem que, no âmbito escolar, é preciso buscar o envolvimento da família na aprendizagem dos seus filhos, valorizar e orientar os pais e mães no sentido de incentivar as boas relações com a escola e todos que fazem parte deste ambiente. Essa certeza se evidencia no cotidiano escolar onde são visíveis, por exemplo, os resultados positivos do trabalho com famílias de alunos e alunas com dificuldades de aprendizagem e/ou comportamento inadequado. Desse modo, é evidenciado a necessidade de fomentar a interação escola e família para o benefício do desempenho escolar das suas crianças.
Análise e Interpretação dos Resultados:
Análise das Variáveis (questionário aplicado na população pesquisa):
Falta de convivência com os pais. Nesta variável o que se quis verificar foi que a falta de convivência com os pais acarreta, na criança, um efeito negativo no processo ensino/aprendizagem, e com 86% de concordância os pesquisados concordaram com a afirmação contida na variável.
Evasão escolar. Ela é um processo lento que tem seu início, quando o aluno tem problemas de assiduidade escolar. Com 82,7% de adesão, esta variável foi aprovada, ou seja, a evasão escolar inicia com a falta da criança à escola, esporadicamente.
Inclusão digital. No processo tecnológico que o mundo vem passando quem não estiver incluído nele, vive à margem da sociedade, e com 78% de aceitação, os pesquisados confirmaram que as classes sociais das minorias se vêem excluídas deste processo.
Mãe que trabalha e a permanência no lar. Com 83,3% de aprovação a variável confirmou quão importante é para os entrevistados, a efetivação da mãe no lar para reassumir a responsabilidade da educação dos filhos.
Pouca participação dos pais na escola. Com 96% de concordância provou-se que a desvalorização da escola, por parte da família, ocorre devida a pouca participação dos pais nas atividades escolares.
Relação negativa entre pais e escola. Nesta variável foi concordado entre 93,3% dos entrevistados que para um progresso no processo ensino/aprendizagem, os pais devem manter uma relação cordial e positiva com a escola.
Abertura da escola nos finais de semana com atividades monitoradas pelos professores, aproxima os pais da escola. Esta variável foi concordada por 72% dos pesquisados, o que deixou claro que a comunidade quer fazer parte do contexto da escola, sendo que esta iniciativa viria coroar de êxito os anseios destes pais.
A convivência entre professor/escola/pais/alunos/comunidade ficará mais forte com a participação dos pais na escola. Com 92% a variável foi aceita o que reafirma que, no processo ensino/aprendizagem há uma necessidade de envolvimento de todos: professores, escola, pais, alunos e comunidade, para que haja uma educação de qualidade.
Valorização do jovem, criança e adolescente como agente inibidor da evasão escolar. Com 90,2% de aceitação esta variável foi aprovada, ou seja, quando o aluno é valorizado ele toma "gosto" pela escola, não havendo motivo para evadir da mesma.
Uma vez a evasão erradicada o rendimento escolar destes alunos melhora. Nesta variável 80,7% dos pesquisados responderam que sim, ou seja, a evasão está interligada com o rendimento, por isto há a necessidade de se desenvolver um trabalho com aquele aluno tido como "aluno-problema", pois não havendo rendimento escolar negativo, haverá um fator a menos para a evasão escolar.
Para combater a violência escolar é necessário investir em palestras de relacionamento (escolar/familiar). Nesta variável 94% das pessoas pesquisadas concordaram com a real necessidade de se aplicar palestras de relacionamento, abrangendo tanto o universo escolar como, também, o universo familiar.
Para coibir a violência na escola há necessidade de fazer um trabalho de base na família. Com 92,7% os pesquisados concordaram que para combater a violência escolar há necessidade de desenvolver um trabalho de base com a família destes alunos e não só com a escola.
Participação em programa social do governo. Esta variável veio confirmar a classe social familiar dos alunos da Escola Estadual Edson Bezerra, ou seja, 58,9% dos pesquisados são da classe social baixa-baixíssima.
OBS.: nesta variável não foi levado em conta os professores, uma vez que não possuem filhos matriculados nesta Escola.
Prova das Hipóteses:
H1. De acordo com a pesquisa realizada foi provada que "A falta de convivência com os pais pode ser a causa da evasão escolar na Escola Estadual Edson Bezerra". A hipótese ficou comprovada com 82%.
H2. "Uma solução pode ser a inclusão digital, como forma de aumentar a renda familiar, possibilitando a permanência da mãe no seio da família e a inclusão na sociedade". A hipótese ficou comprovada com 89,3%. Uma das soluções apontadas pela pesquisa é a inclusão digital, como forma de aumentar a renda familiar, possibilitando a permanência da mãe no seio da família e também a inserção desta família na sociedade.
H3. "A pouca participação dos pais nas atividades escolares propicia uma relação negativa (extremosa) no círculo: professor/escola/pais/filhos/comunidade". A hipótese ficou comprovada com 88,3%. Provou-se nesta pesquisa que a participação dos pais nas atividades escolares, cria um laço afetivo na relação da família do aluno com a escola, o que propicia uma responsabilidade maior dos pais com a vida escolar dos seus filhos e, neste processo, todos ganham, pois esta ação inibe a evasão escolar. O professor motivado por esta relação produz melhor ? porque sente que será cobrado ? e a escola passa a ser vista por um ângulo positivo pela comunidade, criando, assim, a qualidade na educação.

Recomendações:
1. Autoridades:
Governo Federal - implantação de uma fundação educacional, na cidade em questão, denominada Fundação Paz e Bem, onde funcionará:
-um Web Siber de conteúdo educativo, como forma das crianças utilizarem os recursos para digitação de trabalhos ou até mesmo oferecer serviço especializado terceirizado às empresas da cidade e região, como meio de angariar fundos para investir na própria Fundação e, também, aumentar a renda familiar ? não havendo necessidade da mãe se ausentar do lar;
-salas de reforço nas áreas de Português, Matemática e Ciências Físicas e Biológicas;
-oficinas profissionalizantes onde as crianças poderão desenvolver trabalhos manuais, com o objetivo de resgatar sua auto-estima e,
- futuramente esta Fundação poderá estar leiloando estes trabalhos e repassando as verbas a estas famílias, que não terão mais motivos para tirar os filhos da escola, com o único objetivo de que o mesmo trabalhe para aumentar a renda familiar.
Ressalta-se, ainda, que a entrada nesta Fundação será condicionada à assiduidade e aproveitamento escolar da criança à escola, bem como também, da presença dos pais nas atividades promovidas pela escola nos finais de semana; tudo mediante registro fornecido pela escola.
Diretora e Coordenadora ? viabilizar junto a outras Instituições, compromissadas com a causa social e a educação, cursos de capacitação aos professores, bem como, cursos de motivação e relação interpessoal; qualificando estes profissionais para bem melhor interagir com os alunos, coibindo assim qualquer resquício de evasão.
2. Pais e Escola ? uma outra maneira de fixar estes alunos na escola, é abri-la nos finais de semana, com atividades monitoradas pelos professores, aos pais destas crianças, com o intuito de transformar a realidade existente, onde a educação é preterida e colocada em segundo plano, quando estes pais se vêem diante do dilema: educação e trabalho, pois é quando estas famílias ficam com a segunda opção, pois precisam do salário que o filho poderá receber para aumentar a renda familiar.
A escola deve ser atrativa aos olhos destas crianças, um lugar onde ela queira ficar, mas para isto é necessário que se faça um trabalho de conscientização não só com os professores e alunos, mas também, com os pais destes alunos, pois esta é uma maneira de resgatar o valor da educação como agente transformador da realidade destes alunos e suas famílias.
3. Professores ? capacitar os professores de maneira a prepará-los para a aplicação não só dos conteúdos exigidos pela Secretaria Estadual de Educação, mas também, de conteúdos que contemplem a realidade social dos alunos (contexto social da família e comunidade).
4. Alunos ? conscientizar que o fenômeno da evasão escolar tem seu início com aquela falta ? não justificada ? esporádica que com o passar do tempo torna-se efetiva, decorrente da falta de interesse pelos estudos e que, muitas vezes, vem maquiada com a justificativa da necessidade do trabalho ? para aumentar a renda familiar ? e é quando este aluno não retorna mais à sala de aula.

Conclusão:
Após análise dos dados coletados, concluiu-se que, para que se possa combater o índice de evasão é necessário um maior envolvimento da própria comunidade escolar e seus componentes (internos ou anexos), ou seja, do centro diretório da escola (direção e coordenação), dos professores, alunos e principalmente dos pais e de toda a comunidade externa.
É necessário oferecer aos professores, por exemplo, cursos de capacitação para que os educadores se sintam ? e de fato assim o estejam ? preparados para uma melhor aplicação dos conteúdos disciplinares e pedagógicos em sala de aula, bem como o façam adequando-os com a realidade de seus alunos. Para se concretizar a escola almejada é preciso, de acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa, um empenho do centro diretório num acolhimento sincero e fraterno não só do educando, mas da família como um todo, visando com isso, abrir as portas físicas e afetivas da escola ? gerando assim, uma relação recíproca de escola x comunidade externa.
Concluiu-se, também, que a escola deve ser atrativa para os olhos de seus alunos, deve ser um lugar onde ele queira ficar não por imposição, mas por opção, por consciência autônoma de que ali é o seu lugar, a sua escada para um futuro sólido e benéfico: um lugar no qual simultaneamente sonhos possam ser plantados e realizados. Para tanto, é imprescindível que se faça um trabalho de conscientização da importância e do valor construtivo da escola não só com o alunado, mas também, com os pais destes alunos, orientando-os das possibilidades concretas de vida que seus filhos terão quando e somente quando vivem e interagem no ambiente escolar, resgatando, assim, o papel da educação como agente transformador de uma vida, aparentemente, sem perspectivas.
Sendo assim, após uma análise empírica dos resultados obtidos com a presente pesquisa, é possível abstrair que todas as hipóteses estavam corretas, uma vez que foi verificada a veracidade de todas as possíveis causas apontadas como sendo, de fato, um conjunto de fatores que se congregam, gerando um sistema dominante de situações que levam à evasão escolar.
Verificou-se também, como um "a parte" das hipóteses apontadas, a importância da criação de centros de apoio, paralelos ao ambiente escolar, que ofereçam suporte aos alunos, climatizando-os numa atmosfera educacional da qual se possa estabelecer uma ponte entre escola e cotidiano, ou, noutra forma de lusidiar a relação, uma ponte entre o saber (ser) e o conviver (humano).
Com o envolvimento de todos com a qualidade da educação, o aluno não irá mais para a escola por obrigação, mas sim, por que a escola irá proporcionar a ele condições de igualdade aos alunos das escolas do centro da cidade, freqüentada pela população mais abastada de Itaporã.
"Conheça-te a ti mesmo" (Portal de Delfos, Grécia). Ampliando-se a seguinte frase para um panorama político-psico-social brasileiro, consegue-se entender a real proporcionalidade bem como a real base do problema educacional que se estabelece neste país. Desde quando colônia e até pouco tempo, o Brasil se viu governado por mãos eletizadas: elite da corte portuguesa, a elite do reinado, a elite do café com leite, a elite militar e a elite neoliberal. Uma conseqüência visível dos seguidos governos de elite é um certo descaso com a educação.
Delfos na Grécia é um portal de entrada para um centro do entretenimento, um lugar no qual o povo (não a elite) tinha acesso a diversão gratuita e de qualidade. A educação brasileira precisa de um Delfos que diga: "conheça-te a ti mesmo", e que o diga para a nação como um todo, pois, Brasil é sinônimo de povo, é feito de povo, sustentado pelo povo, amparado pelo povo, Brasil é uma pátria de povo, do povo, não da elite. O Brasil necessita conhecer-se a si mesmo, saber que é de e do povo, para só assim conseguir fornecer (para o povo) uma educação gratuita de qualidade. Caso contrário será elite e talvez, devido ao tempo, transformar-se-á no que o próprio tempo transformou Delfos: ruína.
Educar por educar, ficamos com o sonhar. No fazer ainda por se fazer, ficamos no esperar. Esperar por esperar, terminamos utopia de novo. Por isso, elite por elite, fiquemos com a elite: a elite do povo.