Antes não havia jardim.

Pobre rapaz ainda não se reconhecia assim: jardineiro. Rosa era uma sementinha que levada pelo vento, tratou-se de se assentar no terreno vazio, mal cuidado e até então estéril do pobre rapaz. Em pouco tempo a sementinha germinou e brotou, revelando sua beleza nata e também a verdadeira vocação do terreno outrora sem valor, sem sentido...

Pobre rapaz que até então não tinha sentido a beleza e o perfume de uma verdadeira rosa, entregou-se de corpo e alma ao prazer de cuidar de seu, agora, jardim. Os dois, então, se completavam e não se continham de tanto contentamento.  Um era para o outro seu maior tesouro. Todos que passavam perto daquele belo jardim admiravam o quão repleto e bem cuidado ele estava!

Mesmo em dias de tempestades, Rosa mantinha-se forte porque seu jardineiro sabia do que ela precisava. Quando ele esmorecia, Rosa o encorajava. Quantos momentos difíceis e de maus tempos eles passaram! Foram se passando as estações e Rosa e o Jardineiro, por se conhecerem tão bem, passavam pelos outonos, verões e invernos, com valentia.

Rosa, como era de se esperar, foi se tornando mais bela e mais viçosa aos cuidados de seu Jardineiro. Este, que antes não se sabia assim, Jardineiro, foi adquirindo experiências em cuidados com rosas e foi se tornando o melhor de todos. Rosa ficava feliz em olhar para seu Jardineiro e ver o quão forte e feliz ele estava. Nem se parecia mais com aquele pobre rapaz de antes. Ele era mesmo seu maior orgulho!

Até que no início do verão, o Jardineiro viu-se confuso e se foi... Talvez a segurança e a experiência em cuidados com as rosas que Rosa proporcionou a ele possam tê-lo confundido... Pobre Rosa, tornou-se inconsolável. Foi perdendo, aos poucos, pétala por pétala. O Jardineiro voltou, mas se foi novamente... Depois voltou, e para ficar! Rosa ficou feliz com a volta de seu maior tesouro, mas, infelizmente, ela já tinha adoecido. De viçosa e perfumada, Rosa se viu amargurada, frágil, despedaçada... Já não havia pétalas e também os cuidados recebidos pelo seu Jardineiro já não eram os mesmos...

Rosa, que antes era tão forte, tornou-se frágil a ponto de não conseguir mais lutar pelo seu jardim. Até que num dia de outono, Rosa se foi... Ao Jardineiro disse “adeus”, deixou-lhe um último beijo. O último.

Já não se chama Rosa, pobre moça, pois nem mesmo pétalas ela tem... Pobre moça, que antes tinha um jardim dos sonhos, tenta cuidar agora dos seus espinhos para manter-se viva.  Não existe mais perfume, nem jardim, nem nada! Muita ausência, tristeza e saudade ainda persistiram por um longo tempo em seu coração.

Pobre moça, não entristeça seu coração! Aceite a natureza dos Jardineiros.

Eles são assim e sempre terão rosas belas e frescas para serem cuidadas!