Autoria:  André Gorski, Cátia Simões, Cristiane Goulart, Edgar Kunz , Eduardo Barin

                                                    RESUMO:

         O estudo de pesquisa procurou identificar o perfil do empreendedor do Shopping Independência, formado por 204 bancas de comercialização de eletrônicos, artesanato e roupas. A recente implantação deste tipo de negócio em Santa Maria dificultou a obtenção de referências em relação a indicadores sócio-econômico dos empreendedores, grau de formalização do negócio, conhecimento de ferramentas administrativas de gestão e índice de satisfação com seu negócio e local de trabalho. Informações que foram então o objeto desta pesquisa.No decorrer deste artigo apresentaremos o resultado dos questionários aplicados em 25% dos empreendedores, constatando as necessidades e virtudes, e indicando soluções para  adquirir conhecimentos administrativos, a formalização e o nível de crescimento que este tipo de empreendedor pode ter  no Shopping Independência .

Palavras chaves: micro empreendedor individual, empreendedor, formalização, camelódromo e Shopping Independência de Santa Maria.

                               

  1. INTRODUÇÃO

Com as grandes mudanças tecnológicas e organizacionais no século XX, que resultaram na substituição da mão-de-obra humana pela automação, pela elevação cada vez maior dos níveis de formação exigidos e a urbanização do trabalhador rural, novas profissões foram criadas enquanto outras desapareceram, ocasionando a divisão social do mercado de trabalho elevando o índice de desemprego. Em função disto muitos cidadãos não conseguem acesso ao mercado formal de trabalho e as necessidades dessas pessoas em prover seu sustento e o de suas famílias, fazem com que muitas delas acabam se colocando no mercado de trabalho informal, realizando as mais diversas atividades profissionais. As cidades brasileiras se deparam cada vez mais com o problema de informalidade, que se traduz pelo crescimento do mercado artesões, ambulantes e outros pequenos comércios informais. A importância social desses negócios dificulta as operações de controle pelos Governos, que acabam criando estruturas adaptadas, ou camelódromos, para a organização dessas empresas. A diferença entre um emprego formal e informal reside nos direitos que o empregado passa a ter, que vão desde os trabalhistas até o previdenciário. Ao assinar a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), o empregado tem o direito de receber os benefícios da Lei Nº 5.452, de 1º de Maio de 1943 – CLT. Os Governos buscando combater a informalidade têm criados diversos dispositivos para a formalização dos empreendedores informais, dentro dos quais se destaca Microempreendedor Individual (MEI) que proporciona que o inscrito neste programa não esteja sujeito à incidência do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), do Imposto de Produto Industrializado (IPI), da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), do Programa de Integração Social (PIS), e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) patronal.

A maioria dos empresários responsáveis por pequenos negócios identifica que o maior entrave para suas empresas esta na falta de capital ou, então, na falta de crédito e de financiamento das vendas. Desta forma esta pesquisa teve como objetivo identificar o grau de formalização e nível de controle contábil-financeiro dos empreendimentos do Shopping Independência em Santa Maria, além do perfil sócio-econômico e grau de satisfação de seus empreendedores. Esta pesquisa teve o intuito de permitir a avaliação do desempenho financeiro, identificar perspectivas de resultados futuros para empreendimentos no Shopping Independência em Santa Maria e definir perfil de empreendedor atuante no camelódromo, a fim de servir de modelo para novos projetos ou planos de negócio nesse ramo e apontar possíveis oportunidades de crescimento econômico para os negócios existentes. A presente pesquisa foi balizada nas respostas das seguintes questões: Qual o perfil sócio-econômico dos empreendedores no Shopping Independência de Santa Maria? Qual o índice geral de formalização dos empreendimentos desta mesma localização comercial? Quais os controles contábil-financeiros que possuem? E qual o grau de satisfação dos empreendedores com o resultado geral de seus negócios?

  1. Referencial Teórico:

É possível imaginar várias razões que podem justificar a informalidade dos empreendimentos visitados, tais como a dificuldade das empresas enquadrarem-se nas exigências das leis, o baixo nível de renda, que impossibilita a formalização e a falta de informação sobre as leis existentes para formalização das empresas. A idade avançada dos empresários poderiam também explicar a ausência de formalização, pois pessoas idosas poderiam ter pouco incentivos em se registrar pela falta de perspectivas futuras para seus negócios (ABUD, 2010). Portanto, a fundamentação teórica a seguir objetiva posicionar o leitor quanto aos conceitos de formalização de empreendimentos no Brasil, perfil sócio-econômico dos empreendedores brasileiros, controles contábil-financeiros e critérios para análise de satisfação de empreendedores.

2.1.     Formalização

Grande parte dos trabalhadores brasileiros ainda acorda todos os dias para buscar o seu sustento sem ter nenhum direito trabalhista. Eles são os trabalhadores informais, dentre os quais estão envolvidos muitos dos indivíduos envolvidos em nossa pesquisa. A informalidade é um problema histórico em nosso país, que se manteve em índices elevados nas últimas décadas .A literatura a respeito da informalidade no cenário do mercado de trabalho brasileiro consiste principalmente em trabalhos que abordam as políticas públicas de combate ao problema e a pesquisas em setores específicos.Podemos caracterizar o setor formal e o setor informal como: Mercado formal de trabalho, o qual contempla as relações contratuais de trabalho, em grande parte determinadas pelas forças de mercado, ao mesmo tempo que são objeto de legislação especifica que as regula. Em contraposição, existe o chamado mercado informal de trabalho, onde prevalecem regras de funcionamento com um mínimo de interferência governamental (CHAHAD,1998, p. 403).De acordo com Machado, Azevedo e Silva (2007), o crescimento econômico em nosso país e freado pela baixa produtividade do cidadão brasileiro e pelo alto índice de informalidade. Os autores ressaltam ainda que a questão da economia informal é preocupante para o governo e que várias políticas públicas têm sido estruturadas, tendo em vista a mudança desse quadro. Ramos e Ferreira (2005) fazem uma análise da informalidade no Brasil. Utilizam-se das bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retirados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), concluindo que a informalidade cresceu nas regiões metropolitanas, mesmo tendo diminuído no País como um todo. Tanto a indústria quanto o setor de serviços colaboraram para o crescimento da informalidade nesses locais, no caso do setor de serviços foi seu crescimento, enquanto na indústria foi sua crescente informalização. A figura abaixo apresenta uma síntese das razões da informalidade e suas respectivas interações:

 

 

Figura 1 – Fatores da informalidade e suas interações. Imagem retirada de pesquisa de pesquisa da McKinsey Consulting, 2003.

2.2.     Perfil sócio-econômico

Ao abordarmos a realidade sócio-econômica dos trabalhadores informais no Brasil é interessante observar a figura abaixo, com dados da Síntese de Indicadores Sociais de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que:

 

Figura 2 – Distribuição do trabalho formal e informal no Brasil

Percebemos que entre homens e mulheres há uma crescente diminuição na informalidade e uma consequente elevação nos índices de formalização. No que tange exclusivamente as mulheres é importante observar algumas informações: Entre as jovens de 16 a 24 anos, 69,2% das ocupadas estavam em trabalhos informais. A taxa era mais elevada entre as mulheres de 60 anos ou mais: 82,2%. As diferenças eram ainda mais expressivas na comparação regional: no Sudeste, 57,2% das mulheres jovens estavam inseridas em trabalhos informais no Nordeste chegava a 90,5% (IBGE, 2010).Quanto ao grau de instrução, de acordo com os dados da Pesquisa de Economia Informal Urbana (IBGE, 2003), 39,03% das pessoas que trabalham por conta própria no setor informal possuíam Ensino Fundamental Incompleto e 18,78% possuíam Ensino Médio completo. Apenas 2,72% possuíam curso superior, enquanto 9,93% declararam não ter instrução ou ter menos de um ano de estudo. O quantitativo de pessoas sem grau de instrução apresentou-se maior entre os trabalhadores do sexo masculino. Quanto à forma de entrada no negócio informal, 80,7% declararam ter entrado no negócio por relações pessoais. Nos grupos de idade, 69,23% dos informais possuía entre 18 e 39 anos de idade. Quanto ao rendimento médio do trabalho nos setores formal e informal é apresentada a figura abaixo:

 

Figura 3 – Rendimento médio do trabalho formal e informal no Brasil

O gráfico nos traz que o rendimento do trabalho informal é bastante inferior ao do trabalho formal e que em ambos os casos os homens são mais bem remunerados em relação às mulheres.

 

2.3.     Formalização de negócios: vantagens e benefícios sociais

Ao tratarmos de formalização de empreendedores, é imprescindível que seja citada a Lei Complementar nº 128/2008 que criou a figura do Microempreendedor Individual (MEI). Atualmente, de acordo com dados da Agência SEBRAE de Notícias publicados em agosto de 2011, existem 1,5 milhão de empreendedores individuais no país.A formalização é feita a qualquer tempo pela internet. O CNPJ, a inscrição na Junta Comercial, no INSS e o Alvará Provisório de Funcionamento são obtidos imediatamente, gerando um documento único, que é o Certificado da Condição de Microempreendedor Individual (CCMEI). Não há a necessidade de o empreendedor enviar assinaturas, documentos e cópias, pois tudo é feito eletronicamente.A Lei Complementar nº 128/2008 em seu Artigo 18-A, diz que:

§ 1o  Para os efeitos desta Lei, considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.Portanto, pode cadastrar-se como MEI o empresário sem sócios e que tenha receita bruta anual de até R$ 36.000, o que dá, em média, uma renda mensal de R$ 3.000. O texto que amplia esse limite para R$ 60.000 anuais (PLP 87/2011) foi aprovado pela Câmara Federal em agosto de 2011 e depende de aprovação no Senado e sanção presidencial. As informações cadastrais do MEI, após sua inscrição, serão disponibilizadas imediatamente para as Juntas Comerciais e até o segundo dia útil do mês subsequente à sua inscrição, para os Estados e Municípios.Como o MEI não pode ter sócio, não tem contrato social, que é definido como o instrumento legal entre pessoas que se juntam para formar uma empresa. Caso o MEI queira ter um sócio no futuro, poderá solicitar à Junta Comercial a transformação de seu registro para sociedade.O MEI também está dispensado de contabilidade formal, porém os especialistas recomendam que mantenha registros a fim de ter controle em relação ao que compra, ao que vende e a quanto está ganhando. Outra importante vantagem da formalização é que o empreendedor terá condições de obter crédito junto aos Bancos, principalmente nos bancos públicos que dispõem de linhas de financiamento com redução de tarifas e taxas de juros reduzidas.

Formalizado, o MEI também poderá participar de licitações, tendo a possibilidade de vender para o Governo nas esferas Federal, Estadual e Municipal (SOBRAL, 2009).No tocante às linhas de crédito aos micro-empreendedores, apuramos que o Banco do Brasil oferece um pacote de serviço, incluindo conta corrente, com taxa de R$ 5 e cartão de crédito de múltiplas funções. Também dispõe de financiamento por meio do BB Giro Rápido, com valor da contratação a partir de R$ 1 mil, pagamento em até 24 meses, carência de até 59 dias para pagamento da primeira parcela e juros de até 2,45% ao mês (BANCO DO BRASIL, 2011).

2.4.     Controle contábil-financeiro

Uma das principais causas dos desastres com pequenas empresas é não manter os registros e controles contábeis apropriados, precisos e atualizados – e não utilizá-los para administrar a empresa. A falta de um sistema eficaz de contabilidade não é apenas um problema contábil – é um problema administrativo. Sem registros e controles financeiros adequados, você não consegue compreender a empresa. Fica voando e uma queda é quase inevitável (RESNIK, 1991, p.136 apud CONGRESSO UFSC DE CONTROLADORIA E FINANÇAS, 2008).O controle contábil-financeiro é fundamental para a administração financeira de uma empresa, pois é a base para as decisões de níveis gerenciais e estratégicos relacionados com geração, gestão ou aplicação de recursos, por exemplo. Portanto, é importante que consideremos a seguir alguns modelos de controles contábil-financeiros.Para a gestão contábil ser efetiva numa organização deve incluir um controle permanente para medir o desempenho das atividades executadas, proteger os ativos e o patrimônio institucional, disciplinar o relacionamento entre os envolvidos e elaborar informações confiáveis para a apreciação e tomada de decisões (CAMELO, CAMELO e PAULINO, 2006, p. 52 apud FRANCISCO, KLANN e FIGUEREDO, 2009).Os modelos de gestão contábil ou controles contábil-financeiros a considerar na presente pesquisa são: administração do capital de giro; risco financeiro, liquidez e estratégia financeira; e saúde financeira.Administração do capital de giro :para Bodie e Merton (2002 apud CARNEIRO, MATIAS e CAMARGO, 2004), as empresas precisam usar dinheiro para cobrir as despesas, antes que quaisquer quantias em dinheiro sejam coletadas pela venda dos produtos da empresa e têm como resultado um investimento típico em ativos, como estoques e duplicatas a receber e excede seu passivo, como contas provisionadas e duplicatas a pagar. A diferença entre esses ativos e passivos circulantes é chamada de capital de giro. Dependendo da necessidade de capital de giro, a empresa financia em fontes terceiras ou próprias de recurso nas formas de longo ou curto prazo. Perez Júnior, Pestana e Franco (1995 apud CARNEIRO, MATIAS e CAMARGO, 2004) definem a necessidade de capital de giro como o montante que a empresa precisa dispor em função do ciclo econômico (dado pelos prazos médios). Essa necessidade de capital de giro é o montante de financiamentos que a empresa precisa obter para manter as atividades.Gitman (1997 apud CONGRESSO UFSC DE CONTROLADORIA E FINANÇAS, 2. 2008) relata que a finalidade do controle financeiro é assegurar que o capital da empresa esteja disponível nos montantes adequados, no momento certo e ao menor custo, caso contrário a empresa não sobreviverá.Baseando-se no exposto acima, a administração do capital de giro eficiente busca reduzir os investimentos em ativos não lucrativos, como duplicadas a receber e estoques e aumentar o prazo com fornecedores, antecipação de pagamento de clientes e salários provisionados. Assim, seria a utilização dessas fontes de recursos a forma mais econômica, rápida e contínua de investimento em capital de giro, necessitando controlar as o mínimo das atividades operacionais como caixa e bancos, estoques, contas a receber, contas a pagar e fluxo de caixa.

2.5   Grau de satisfação dos empreendedores:

    Para definir o grau de satisfação do empreendedor com seu negócio, a presente pesquisa identificou os critérios de avaliação, os quais dependem de alguns fatores presente no ambiente que cerca os negócios no Shopping Independência. Os fatores são alguns conceitos do marketing: decisão de compra, forças competitivas, concorrentes, tipos de varejistas e localização.Decisão de compra:Kotler e Keller (2006, p. 194) definem que o consumidor pode decidir a compra baseado em modelos não compensatórios quando não segue a avaliação formal por marca. Esses modelos ocorrem não necessariamente com a comparação de atributos positivos e negativos apenas, mas também aumenta a probabilidade de a pessoa fazer uma escolha diferente do que se tivesse realizado uma avaliação detalhada. A seguir, destaque para três regras heurísticas de escolha:Heurística Conjuntiva: consumidor determina nível aceitável para cada atributo e escolhe primeira alternativa que atenda o padrão. Nesse caso o consumidor entra na loja com um pré-requisito e não procura por mais de uma opção, decidindo pela primeira que atenda – Heurística Lexicográfica: consumidor escolhe melhor alternativa com base no atributo percebido como mais importante. Nesse caso o consumidor entra na loja com um atributo em mente e escolhe a melhor opção, decidindo pela procura entre todas as opções. – Heurística de Eliminação por aspectos: consumidor compra a alternativa com base em um atributo selecionado probabilisticamente e elimina opções que não atinjam o mínimo aceitável. Nesse caso o atributo é selecionado como mais importante pela probabilidade de projetar a melhor opção e decide eliminando as que estiverem abaixo (KOTLER E KELLER, 2006, p. 194).Importante destacar que os consumidores não adotam necessariamente uma única regra de escolha para comprar que, em alguns casos, usam estratégia de etapas que combinam duas ou mais regras. Além disso, as características da pessoa, a dificuldade e o ambiente da decisão de compra e o contexto social podem afetar se ou com as heurísticas de escolha são utilizadas (KOTLER e KELLER, 2006, p. 195). Forças competitivas:São cinco as forças que determinam a atratividade intrínseca, no longo prazo, de um mercado ou segmento de mercado: concorrentes do setor, novos concorrentes potenciais, substitutos, compradores e fornecedores. A ameaça de rivalidade intensa no segmento ocorre quando já possui concorrentes poderosos, agressivos ou numerosos, onde ocorrerão guerras por preço, batalhas no campo da propaganda e lançamento de produtos novos, causando competição onerosa.  A ameaça de novos concorrentes se baseia na configuração das barreiras de entrada e saída do segmento de mercado, sendo o mais atraente para novos entrantes quando a entrada tem barreiras pequenas e de saída grandes.  A ameaça de produtos substitutos ocorre quando outros produtos interferem na decisão de compra de seu produto pelo consumidor, podendo ser real ou potencial e afetando os limites de preço e lucro no segmento. A ameaça do poder de barganha cada vez maior dos compradores acontece a medida que eles se organizam e se concentram, quando o produto representa uma parcela significativa dos custos do comprador, quando o produto não é diferenciado, quando os custos de mudança dos compradores são baixos, quando os compradores são sensíveis a preço devido a margens de lucro baixas, ou quando podem integrar estágios anteriores da cadeia produtiva. A ameaça do poder de barganha cada vez maior dos fornecedores surge quando os fornecedores da empresa podem elevar os preços ou reduzir quantidades fornecidas, causado pela sua concentração, sua organização, existência de poucos substitutos, seu produto de material importante e se os custos para a empresa mudar de fornecedor forem altos (KOTLER E KELLER, 2006, p.336. Concorrentes: Conforme Kotler e Keller (2006, p. 344), conhecendo seus concorrentes, a empresa pode classificá-los e tratá-los na base de comparativos: concorrentes fortes versus concorrentes fracos, concorrentes próximos versus concorrentes distantes e concorrentes ‘bons’ versus concorrentes ‘maus’. Nos fortes versus fracos é importante seguir exemplos dos fortes e superá-los; nos próximos versus distantes é necessário observar todos independente da proximidade quanto a posição geográfica ou tipo de negócio; nos ‘bons’ versus ‘maus’ é imprescindível apoiar empresas ‘boas’ a atacar as ‘más’ pois essas últimas tentam comprar participação em vez de conquistá-la, arriscam-se muito, investem em capacidade excessiva e tumultuam o equilíbrio do setor.

 

  1. METODOLOGIA:

Visando o objetivo de analisar o nível de formalização e o nível de controle contábil-finaceiro do Shopping Independência, desenvolveu-se este trabalho através de uma pesquisa quantitativa. Assim projetando me medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística, apresentando os dados percentuais.

3.1.     População e Amostra:

A população da pesquisa foi constituída pelos empreendimentos no Shopping Independência de Santa Maria que perfazem um total de 204 elementos. Os respondentes foram identificados de 1 a 204 com relação a uma lista de empreendimentos com ordem não divulgada para preservar o direito de sigilo empresarial dos próprios empreendedores frente a os ambientes de tarefas que atuam. Para a pesquisa foi utilizado sistema de amostragem, determinada de forma aleatória simples calculada e selecionada de acordo com os dois seguintes procedimentos.

Amostra Piloto: Inicialmente foi selecionada uma amostra piloto de aproximadamente 25% da população, contendo 51 elementos aleatoriamente durante a aplicação do questionário conforme ordem chegada dos empreendedores no local de trabalho e disponibilidade dos mesmos para participar da pesquisa. Os escolhidos ficaram de acordo com a tabela abaixo relativa à lista inicial da população:

9

38

68

114

167

202

10

41

71

119

168

 

18

44

72

124

172

 

27

45

73

126

173

 

29

48

78

134

178

 

30

49

92

142

187

 

32

55

93

143

191

 

33

56

95

153

196

 

35

60

103

157

198

 

37

64

111

166

199

 

 

3.1.1.   Cálculo da Amostra: Depois de efetuada a coleta de dados da amostra piloto foi adotada como variável critério para a determinação do tamanho da amostra “possuir todos os empregados com vínculo empregatício, alguns ou nenhum”. Da amostra piloto 10% possuem todos vinculados, 4% com alguns e 86% com nenhum empregado vinculado ao empreendimento entre os respondentes. Adotando-se os valores variáveis 10%, 4% e 86%, ainda um erro amostral de 5%, confiabilidade de 95% foi calculado o tamanho da amostra utilizando-se a seguinte fórmula estatística, aplicável a valores relativos:

 

Onde:

E = 0,05

N = 204

α = 0,05

p = 0,10

q = 0,04

r = 0,86

n = ?

Z = 1,96

Obtendo-se: n = 5

Portanto, a amostra piloto de 51 respondentes excede e muito o mínimo desejado para um grau de confiabilidade aceitável, resultando em um método de amostragem extremamente satisfatório.

 

3.2.     Coleta de Dados:

Foi utilizada a aplicação de um questionário subdividido em sócio-econômico e perfil de negócio para a amostragem, buscando verificar de forma quantitativa o perfil do empreendedor, o grau de formalização de seu negócio, as ferramentas administrativas utilizadas no controle contábil-financeiro e o grau de satisfação com os resultados alcançados.

O questionário sócio-econômico teve 12 questões objetivas que determinarão em grau o perfil sócio-econômico do empreendedor na sociedade em que está inserido. O questionário de perfil de negócio possui 28 questões objetivas que determinarão o índice de formalização e nível de controle contábil-financeiro do estabelecimento e grau de satisfação do empreendedor com o negócio.

É importante observar que a linguagem adotada no questionário é simples e direta, ou seja, sem incluir nomenclaturas teóricas e termos demasiadamente específicos, pois a projeção previa um público é de nível escolar desconhecido e possivelmente variado, além de ter-se pleno entendimento de todos os respondentes, por isso foi necessária a análise e a combinação de dados para decodificar a implicação do respondido no resultado da pesquisa. Além disso, as opções descritivas que houve em algumas questões foram para dar credibilidade à resposta, ou seja, as descrições da alternativa incompletas ou descritas incoerentemente com a pergunta obtiveram a questão avaliada para o pior caso entre as hipóteses.

3.3.     Análise de Dados:

A análise dos dados foi feita através de um plano de codificação que utiliza uma planilha de pontuação baseada em ponderações por dado levantado no questionário. O plano consistiu em decodificar todos os dados de cada formulário de perguntas, ou seja, dar significado numérico para as respostas de acordo com o peso de cada alternativa com os indicadores usando a planilha de pontuação. Assim, depois de quantificado cada indicador, de 0 a 10, foi possível concluir a pesquisa.

Os indicadores na planilha de pontuação foram relacionados com os objetivos da pesquisa, são eles: perfil sócio-econômico; formalização; controle contábil-financeiro e grau de satisfação. Na tabela de tabulação de dados há um peso para a alternativa de maior valor e, as demais alternativas da mesma questão, na seqüência estão preenchidas com valor de peso progressivo-aritmeticamente até a alternativa de menor valor ser zero, salvo as alternativas com opção de descrever a resposta que existem para garantir a credibilidade do questionário e sendo sempre um valor extremo predefinido.

O critério quantificado pelos autores da presente pesquisa é que define o peso máximo de cada questão a relevância de cada dado levantado de foi de acordo com os assuntos apresentados no referencial teórico a respeito de cada indicador.

Cada questionário respondido obterá um valor de 0 a 10 para os quatro diferentes indicadores e, no final, ter-se-á um resultado médio dos mesmos. Para alcançar os objetivos traçados pela pesquisa, após aplicação e mensuração dos indicadores de cada um dos questionários, bastará preencher os resultados na planilha de contagem ou pontuação, que os resultados quantitativos indicarão o perfil dos empreendedores e seus respectivos negócios no Shopping Independência de Santa Maria.

  1. RESULTADOS:

                        Ao analisarmos os resultados da pesquisa desenvolvemos as seguintes análises e conclusões do Perfil dos Empreendedores do Shopping Independência. No que diz respeito ao Perfil Sócio-Econômico o valor de cálculo de 4,88 indica equilíbrio entre a atuação no segmento de homens e mulheres, podemos também ressaltar que a média de renda é de R$ 1.000,00 a 2.000,00 e que a maioria dos empreendedores possuem família com em média de quatro membros e dois dependentes. O resultado encontrado demonstra que a renda no Shopping Independência para seus empreendedores está acima dos dados do IBGE que indicam renda de trabalhadores informais entre R$ 518,00 a 821,00. 

         Em relação ao Grau de Formalização do negócio teve como resultado 3,07 que indica baixo Grau de Formalização, resultado influenciado pelo grande número de empreendedores entrevistados não serem os proprietários de suas bancas, outros fatores importantes a serem considerados é baixa formalização (geração de CNPJ) e a inexistência de empréstimo para ampliar seus negócios devido à informalização.

         O controle contábil-financeiro obteve o resultado de 4,15 indicando que existe controle formal por parte dos gestores das bancas, a maioria realiza o controle diário de vendas, possuem noção do valor estocado em sua banca, realizam transações de crediário e cobranças de débitos em atraso. Apresentam estes tipos de controle em anotações em cadernos.

Referente ao Grau de satisfação apresentou como resultado o valor de 6,81 demonstrando que os empreendedores entendem que a localização de sua banca e o tipo de negócio inserido em Shopping Popular é salutar para o seu negócio. Entendem que as demais bancas com produtos similares não oferecem perigo a condução do seu negócio, e não demonstram interesse em sair do Shopping Independência.

 

 

 

  1. CONCLUSÃO

       Após conhecermos os dados supra apresentados, passamos a apresentar os encaminhamentos necessários para a melhoria e ampliação dos negócios estudados.

Vemos um papel importante que pode ser cumprido pelo SEBRAE referente à informação e formalização destes empreendedores por meio do MEI – Microempreendedor Individual, devido que os mesmos possuem perfil para o programa.

Em relação ao conhecimento Contábil e Financeiro indicamos, também, o SEBRAE com o Projeto Negocio a Negocio, auxiliando e ensinado ferramentas administravas aos empreendedores que se formalizarem.

A Formalização e o conhecimento de Ferramentas Administrativas devem ser as prioridades para que estes empreendedores possam ampliar seus lucros.

 

REFERÊNCIAS

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