Um dia em que nada deu certo

 

     Sabe aqueles dias que parece que levantamos com os dois pés esquerdos? Foi o que aconteceu comigo!

     Morando em Nerópolis e estudando na capital goiana, todos os dias realizava o trajeto entre as duas cidades de ônibus e às vezes de carona. Naquela segunda-feira, tinha uma prova de latim no primeiro horário e não podia faltar. Não sei por que, eu que nunca havia me atrasado, naquele dia perdi a hora. Levantei-me apressado e fui para o ponto da carona (nessas alturas o ônibus já havia passado). Mas eu tinha um amigo que saía de carro todos os dias às sete e meia rumo à Goiânia, era carona certa! Minha prova começava nesse horário. Não sei por que cargas d´agua, o amigo não veio. O tempo passava e, quando já estava quase desistindo, parou uma Ford f-4000. O motorista oferece carona, mas diz que eu teria que ir na carroceria, porque a cabine estava lotada. Pensei comigo: “Chegando lá é o que me importa”. A carroceria estava repleta de sacos de feijão. No meio do caminho, o motorista diz que vai passar por um desvio para fugir da barreira policial, pois o feijão não tinha nota fiscal. Lá fomos nós. A estrada era de chão e muito estreita. Para minha infelicidade, um caminhão estava à nossa frente e como não era possível ultrapassá-lo, fui comendo poeira até chegar ao Campus Universitário. Ainda faltavam uns quarenta minutos. Saí correndo, sujo como um porco. Pedi licença ao professor e todos me olharam como se eu fosse um E.T. Não havia tempo para explicações. Peguei a prova e me pus a respondê-la. No final da aula, o professor (talvez por pena da minha situação) me ofereceu uma carona até o ponto do ônibus. Como se a desgraça fosse pouca, ao chegar no estacionamento, o pneu do carro estava furado. Tivemos que trocá-lo. Resultado:

__ perdi o ônibus, cheguei atrasado no trabalho e ainda fui repreendido.

Realmente, aquele não era o meu dia.