Um breve histórico do livre arbítrio.

O que é o livre arbítrio.

Intuitivamente sentimos que somos livres.

Escolhemos o que dizer e o que fazer.

Mas a ciência coloca essa proposição em questão.

Com efeito, perguntamos somos livres ou não.

Isso significa uma definição mais objetiva da racionalidade.

 Não consigo entender o homem absolutamente racional.

Tudo indica que nossas escolhas são predestinadas a outros fatores.

Além naturalmente do controle evidente de nossa mente.

Com efeito, significa que o homem é dotado  de uma razão e ao mesmo tempo de outra   anti razão.

A sensação que tenho do livre arbítrio é uma sofisticada ilusão. O homem é preso a um conjunto de determinações as quais não possibilitam à inteligência a liberdade desejada.

A primeira ideia do livre arbítrio está em choque com a concepção de Deus, como um ser totalmente oniciente e onipotente.

 Sendo Deus totalmente poderoso e capaz de tudo,  nossas ações deveriam ser determinadas no ato da criação, se aconteceu alguma falha nesse ato, no sentido da realização  o que seria por natureza perfeito, consecutivamente imperfeito, isso por si prova a inexistência de Deus, e coloca o homem no rol da evolução comum.

Santo Agostinho  colocava essa questão do seguinte modo, o homem deveria pelo menos usar do livre arbítrio para aceitar a graça divina e a redenção.

 Na vida prática, nada disso tem algum sentido, porque precede a natureza a tese, segunda a qual nada reina por princípios metafísicos, o que existe nesse plano, simplesmente por uma sustentação de natureza ideológica.

Mais tarde teólogos mais inteligentes entre eles no século XII, Tomás de Aquino, veja a perfeição da sua imaginação, determinava, Deus de certo modo está fora do tempo Histórico. Essa a ideia fundamental de Tomás, a ação de Deus não se verifica na história.

Deus existe fora da história, da produção cultural desenvolvida pelo homem, exatamente por esse motivo os poderes de Deus, não implica em nenhuma ação de predeterminação.

Embora saiba tudo do mundo que criou, incluindo  a prática do livre arbítrio, não dentro das circunstancias modificáveis de cada tempo, porque a cultura e a sua evolução, não se pode prender a um tempo, ela resulta e modifica se por meio dos grandes processos de  sínteses, em cada tempo se modifica em direção  a perfeição.

Nada poderá ser preso as circunstâncias prévias, essa é a ideia de um Deus inútil, não funcional, que não tem nenhuma utilidade ao homem, muito menos a natureza do mundo, daquilo que supostamente foi elaborado por ele, essa ideia teológica de Deus, leva a uma pessoa inteligente necessariamente ao ateísmo.

No século XVI, com a reforma protestante surgiram outras formas de ideologias a respeito dessa questão. Lutero e Calvino defenderam que Deus predestinou todas as nossas escolhas, desse modo já está escrito quem será salvo, a salvação foi atribuída ao movimento protestante.

A Igreja católica continuou afirmando a noção do livre arbítrio, no concílio de Trento no ano 1545, repudiou enfaticamente a ideia defendida pela teologia protestante da predestinação.

No século XVII com a revolução científica, surgiu outra interpretação do livre arbítrio, a filosofia da nova ciência determinou em acordo com o materialismo, os movimentos da matéria são sempre determinados por circunstancias especificas em cada tempo histórico.

Com efeito, as circunstâncias matérias anteriores, determinam momentos as posteriores, como o ser humano não depende apenas da racionalidade, mas também da materialidade do corpo, conclui-se que as escolhas são determinadas por circunstancias além do nosso controle.

Isso significa que o homem não tem culpa total a respeito dos seus erros, do mesmo modo mérito em tudo que acontecer de acertos. Nesse sentido o homem é apenas parcialmente livre do mesmo modo culpado.

Alguns filósofos aceitam que não existe de fato o livre arbítrio, que o conceito etimológico é apenas uma ideologia de justificação para atender interesses particulares, dar ao Estado o Direito de condenação.  No século XVII, Spinoza peremptoriamente concluiu o livre arbítrio é simplesmente uma ilusão.

Então a ideia de céu, inferno, ressurreição e reencarnação, não tem nenhum fundamento, são ideologias a serviços de sistemas religiosos, como Deus poderia condenar alguém, se tudo são resultados de circunstancias históricas distintas, e, que o próprio Deus não se movimenta na perspectiva da história.  Com efeito, o pecado não tem função na ação de julgamento.  

A mente uma vez determinada, numa direção, seja ela do senso comum ou científica é praticamente impossível à mudança, ninguém consegue levar o ateísmo a um evangélico, do mesmo modo converter um cientista epistemologicamente a fé.

 A  razão tem lógicas pré-estabelecidas na evolução da razão, isso a posteriori. Tudo depende do caminho do processo de síntese desenvolvido, raramente alguém consegue mudar o rumo do entendimento desenvolvido.

 É dentro dessa perspectiva que não existe o livre arbítrio, a razão é a própria lógica de cada razão, sendo que a maioria delas, não tem nenhum fundamento lógico racional.  O principio se aplica a todas as outras formas de ser de todos os outros homens na realização da compreensão das coisas.  

No século XX, com a descoberta da física quântica, o princípio de toda realidade é material, o homem é uma realidade material, vejamos então a análise, sabemos que o comportamento subatômico, só pode ser entendido pelas leis da probabilidade, razão das quais surgiu à formulação do principio da incerteza Heisenberg.  

Não é perceptível absolutamente a direção do movimento, do mesmo modo sua velocidade, então como saber a realidade plena, se toda realidade material é constituída por átomos o que se denomina modernamente de realidade subatômica.

O que significa essa descrição, a realidade não pode ser prevista, nada com certeza absoluta, mesmo diante da possibilidade objetiva de um conceito intuitivo.

 Algo que parece ser evidentemente verdadeiro. O livre arbítrio é exatamente essa possibilidade, o que naturalmente não é possível. É impossível a precisão.  A epistemologia é apenas a probabilidade.

Entretanto, alguns pensadores, como Roger Penrose,  afirmou que essa variante, é exatamente, contrária ao que poderia ser a intrusão epistemológica, poderá constituir na base formulativa para liberdade.

 Mas  na verdade é absurda uma transposição das micros partículas ao mundo da mente, porque são realidades diferentes não verificáveis do ponto de vista empírico.

Uma espécie de casuísmo quântico, o que não deve ser considerado, a razão humana e formada por outras complexidades as quais não servem de certo modo ao mundo da ética.

 Simplesmente também porque o mundo em referencia se determina por lógicas diversas de cada complexidade das valorações, além das ideologias distintas.  A razão humana tem outros princípios nas suas formulações que servem ao mecanismo de alienação.  

O livre arbítrio absoluto deveria requerer  um eu autônomo, que ativamente deveria seguir procedimentos neutros, entender a mente humana separada de tudo, não apenas da realidade material, mas também de ideologias circunstanciais.

Isso é praticamente impossível  por vários motivos, um deles o homem é constituído de realidade material, a mente resulta de sínteses das complexidades sobrepostas  desordenadamente.

Motivos pelos quais não existem espaços para mentes autônomas, porque são meramente condicionadas as diversidades nas formas de sínteses.  A matéria é determinada por leis determinísticas do mesmo modo esses mecanismos culturais.

Descartes defendeu a natureza dual da mente e corpo, segundo esse modo de entender a mente e o corpo são realidades separadas, mas pode interagir em particular e a  mente decidir de forma autônoma em relação ao corpo, a forma de ver etc. Descartes nega a realidade de outras complexidades da razão em suas determinações.  

A pesquisa fisiológica mostrou que não existe razão para acreditar na realidade da mente separada da matéria, o que se determina de corpo humano, motivo pelo qual não existe um domínio da mente separado corpo, foi eventualmente um grande erro cartesiano.

Os grandes defensores do livre arbítrio moderno são denominados de compatibilistas eles apostam na compatibilidade, entre eles estão:  Hobbes, Hume em nossos dias, Daniel Dennett.

Mesmo que os atos sejam determinados pela história prévia de cada pessoa,  que todas as formas sejam mediadas pelo desejo, por certa lógica inconsciente da ação mediadora, a vontade que impulsiona as  lógicas não reais a lógica verdadeiramente racional, aquilo que é exatamente a esse espaço mental que  decide.  

    Existe um espaço de liberdade que a pessoa individual escolhe, decide o que deve ser melhor para si e para a realização da sua vida. Esse pequeno espaço na areia mental é o que se determina de liberdade de escolha, o que é aceito  de compatibilidade.  

Edjar dias de Vasconcelos.