Ulcera por pressão – conscientização para prevenção é a solução

 

CLECILENE GOMES CARVALHO - Graduada em Enfermagem pela Universidade Vale do Rio Verde (Unincor), campus Betim. Membro da Associação Mineira de Hipertensão Pulmonar – AMIHAP. Pós graduanda em Psicologia multifocal. Acesse seu blog: http://clecilene.blogspot.com.

 

IVANIR DA SILVA BATISTA DE SOUSA. Graduada em Enfermagem pela Universidade Vale do Rio Verde (Unincor).

 

 

O desenvolvimento de úlceras por pressão (UP) é um grave problema de enfermagem, pois, freqüentemente, é associado à má qualidade da assistência e exige uma grande demanda de tempo e dinheiro para tratamento das lesões, sobretudo quando a prevenção recebe menos atenção, quando não existem programas específicos voltados para esse problema.

 

O oxigênio é o “combustível” essencial para que as células possam ter garantido a vida e suas funções. Além dele, outros nutrientes fundamentais para o funcionamento adequado das células e tecidos, são conduzidos através dos vasos e capilares e distribuídos de forma a irrigar e alimentar essas estruturas. A manutenção da integridade e perfusão desses vasos é vital quando se deseja preservar as atividades celulares e teciduais em níveis fisiológicos normais.

As (UP) é uma área de lesão localizada da pele e nos tecidos adjacentes, causadas por pressão, tensão tangencial, fricção e/ou uma combinação destes fatores. [...] Custam e afetam milhões de pacientes, nos lares, nos centros de saúde, nas instituições hospitalares e, em particular, nas unidades de terapia intensiva (UTI). [...] A taxa de incidência e prevalência destas lesões é maior nas UTI.

A incidência de UP está estimada em 5% a 10% entre pacientes hospitalizados e 13% entre pacientes que estão em casas de assistência e 40% dos doentes internados em UTI desenvolvem UP nas duas primeiras semanas de hospitalização.

A UP é uma preocupação secular dos profissionais que prestam assistência a pacientes acamados, sendo sua prevenção e tratamento um desafio para a equipe de enfermagem por ser esta que mantém um maior contato com o paciente.

As localizações mais freqüentes das ulcera de pressão: “isquiática (16%), sacrococcígea (49%), trocantérica (11%), e calcânea (36%). Outras localizações incluem maléolos laterais (8%), cotovelos (9%), região occipital (1%), e região escapular (3%).

 

As úlceras por pressão possuem as seguintes classificações que verificam o comprometimento tecidual:

Estágio I – Presença de eritema cutâneo que não desaparece ao fim de 15 minutos de alívio da pressão. Apesar da integridade cutânea, já não está presente resposta capilar.

Estágio II – A derme, epiderme ou ambas estão destruídas. Podem observar-se flictenas e escoriações.

Estágio III – Ausência da pele, com lesão ou necrose do tecido subcutâneo, sem atingir a fascia muscular.

Estágio IV – Ausência total da pele com necrose do tecido subcutâneo ou lesão do músculo, osso ou estruturas de suporte (tendão, cápsula articular, etc.).

 

Na Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) não está incluído o diagnóstico de enfermagem úlcera por pressão. No entanto, observa-se que ele está implícito no diagnóstico integridade da pele prejudicada – estado no qual o indivíduo apresenta alteração na integridade da pele; e no diagnóstico potencial/risco para integridade da pele prejudicada. 

 

A UP é considerada uma ferida crônica por ser de longa duração e reincidência freqüente, de cicatrização difícil, apesar dos cuidados da equipe de saúde. Embora não ameace diretamente a vida, representa um problema para os indivíduos afetados, uma vez que lhes acarreta considerável desconforto e influência no aumento de dias de permanência no hospital, dificultando seu retorno ao convívio familiar. Também induz à necessidade de tratamentos cirúrgicos e fisioterápicos, além de afetar a auto-imagem e auto-estima dos pacientes, levando-os a evidenciar problemas emocionais, psicossociais e econômicos.

 

A fisiopatologia das UP acontece quando os tecidos moles do corpo são comprimidos entre uma saliência óssea e uma superfície dura (colchões, macas, cadeiras...), provocando pressões externas maiores que as pressões capilares, estes sofrem oclusão e interrompem o fluxo sanguíneo, provocando isquemia local.

Quando a pressão externa é removida em um curto período de tempo, o fluxo sanguíneo é retomado e a pele local adquire um aspecto rosado ou avermelhado; é um mecanismo compensatório onde acontece uma vasodilatação para nutrir a região que sofreu hipóxia. Se pressionarmos com o dedo essa região, veremos que a área pressionada ficará, temporariamente, pálida, mas voltará a ficar hiperemiada após a descompressão. Este fenômeno é conhecido como hiperemia reativa. O paciente poderá sentir dor local, mas não acontecerão maiores danos se a pressão for aliviada ou eliminada.

Quando a hiperemia persiste, tecidos mais profundos podem ter sido lesados; é resultado de traumas capilares e extravasamento de sangue para os tecidos. A pele apresenta-se vermelho brilhante ou escuro, com presença de enduração ou flutuação à palpação. Essa situação raramente é reversível.

Quando os capilares são ocluídos, uma série de eventos celulares é desencadeada.
Os tecidos adjacentes sofrem hipóxia e os nutrientes e restos metabólicos começam a acumular-se nos tecidos. Capilares lesados tornam-se mais permeáveis e liberam fluidos para o interstício, provocando edema. Devido ao edema, a perfusão local é prejudicada e a hipóxia tecidual aumenta. Ocorre então mais morte celular e mais deposição de metabólitos no tecido, exacerba-se o processo inflamatório e a destruição tecidual.

O trauma muscular acontece quando a pressão é maior no ponto de contato entre o tecido mole e a proeminência óssea.

O dano observado na pele, pela pressão, geralmente, é considerado como “a ponta do iceberg”, devido à grande possibilidade de uma lesão de maior gravidade ter-se instalado na interface músculo-estrutura óssea.

O músculo é mais sensível aos efeitos da isquemia. Na pele chegam suprimentos sanguíneos da rede vascular cutânea e dos vasos perfurantes, recebe mais sangue do que suas necessidades metabólicas.

Os músculos são irrigados pelas perfurantes, a oclusão das mesmas resulta em um dano muscular de proporções mais significativas e acontece com maior brevidade daquele observado na pele.

 

Os efeitos patológicos da pressão externa nos tecidos moles são dependentes:

  • Da Intensidade da Pressão;
  • Da Duração da Pressão;
  • Da Tolerância Tecidual.

 

Além da intensidade, a duração da pressão é outro parâmetro que influenciará o aparecimento do dano tecidual.

Existe uma relação inversa entre duração e intensidade de pressão: pressões de baixa intensidade por um longo período de tempo podem causar danos teciduais, tanto quanto pressões de alta intensidade por curtos períodos de tempo.

 

As pressões capilares normais, em adultos sadios, têm valores aproximados de30 a40mmHg para os capilares arteriais e10 a14mmHg para os capilares venosos. Uma pressão externa de 70mmHg por 2 horas, sem alívio, provoca o aparecimento de isquemia localizada.

 

Fatores Causais Externos:

Além da pressão devemos considerar outros facilitadores para o aparecimento das UPs:

 

Cisalhamento: É causado por duas forças: a da gravidade que empurra o corpo para baixo e a resistência contrária do próprio corpo sobre o suporte de superfície (cama, cadeira...), que resulta em fricção involuntária. Um exemplo prático é, quando a cabeceira da cama é elevada mais que 30° e a força da gravidade empurram o tronco do paciente para baixo. O resultado é uma angulação dos capilares dos tecidos moles da região supra-sacral, causando a diminuição ou eliminação do aporte sanguíneo local, podendo resultar em morte tecidual.

Fricção: É o resultado do atrito entre a pele e o suporte de superfície, geralmente, por ocasião do re-posicionamento do paciente. É um dano superficial, limitado à epiderme, mas que rompe a barreira de proteção local.

Umidade: A umidade torna a epiderme mais permeável e diminui sua resistência à ação das forças externas, favorecendo o ambiente para que o cisalhamento e fricção causem danos maiores.

 

Fatores Predisponentes Internos:

 

Déficit nutricional: A boa nutrição é um coadjuvante importante para a manutenção da saúde e integridade da pele. As carências nutricionais, em geral, fragilizam a saúde e podem predispor ao aparecimento de UPs. A carência protéica torna o tecido mais susceptível a traumas, pois altera a pressão oncótica e induz ao edema. Também diminui a resposta do sistema imunitário. A deficiência de vitaminas A e C interferem na síntese de colágeno e na resposta imunitária, resultando em fragilidade capilar. O déficit mineral, como o do ferro, diminui a capacidade da hemoglobina de carrear O2. O zinco tem função importante nas reações enzimáticas. Carboidratos é fonte de energia para o metabolismo celular.

Idade: Várias mudanças podem ser observadas na pele em decorrência da idade:
Adelgaçamento da camada dérmica devido à diminuição da síntese de colágeno, tornando a pele menos elástica, mais sensível a traumas e menos resistente à pressão. Atrofiamento das glândulas sudoríparas e sebáceas, enfraquecendo a barreira protetora ácida e a hidratação natural da pele. Os folículos pilosos atrofiam causando a queda dos pelos e diminuindo a proteção contra o atrito. Diminuição da velocidade do metabolismo e reprodução celulares, ocasionando, entre outras coisas, diminuição da defesa local e fragilidade capilar devido à redução da produção de fibras colágenas. O idoso pode estar sujeito a outros fatores que predispõe ao aparecimento das Ups, podemos citar os mais freqüentes: doenças crônicas, uso de fármacos, pouca ingesta hídrica e alimentação pobre em nutrientes.

Perfusão tecidual: A capacidade de perfusão tecidual e os níveis adequados de tensão de O2 são essenciais para as funções celulares. A tensão normal de O2 tecidual é, aproximadamente, 40 mmHg. A proliferação de fibroblastos e a resistência bacteriana, requerem tensão tecidual de 30mmHg. A mitose de queratinócitos e a síntese de colágeno só acontecem com níveis de O2 tecidual entre 15 e 30mmHg. Doenças crônicas ou agudas que comprometam as funções vasculares e pulmonares, como: hipotensão, hipovolemia, trauma, sepsis, etc., predispõem à hipóxia e comprometem a perfusão e oxigenação tecidual.

Status emocional: O stress emocional aumenta a secreção de cortisol, este, por sua vez, provoca um descompasso entre a síntese e a degradação do colágeno, diminuindo a capacidade do tecido em resistir às pressões externas. Os glucocorticóides podem afetar o metabolismo celular, interferindo na difusão de água, sais e nutrientes entre os capilares e o tecido.

Peso: Os pacientes emagrecidos têm pouco tecido subcutâneo e perdem a capacidade “amortecedora” contra as pressões externas, em especial na região das proeminências ósseas. Nestes pacientes, as funções metabólicas podem estar comprometidas pelo eventual déficit nutricional. Os pacientes obesos também estão propensos ao desenvolvimento de Ups, devido à dificuldade de mobilização e à umidade que fica retida entre as dobras da pele.

Mobilidade: A redução da mobilidade afeta a capacidade do paciente de aliviar a pressão, o que predispõe ao risco de desenvolver Ups. A mobilidade reduzida pode estar associada aos efeitos anestésicos dos períodos intra e pós-operatório; ao sono proporcionado por medicamentos; aos déficits neurológicos (paraplegia, esclerose, AVC, perda de sensibilidade); os distúrbios músculos-esqueléticos; alterações da consciência, etc.

Prevenção

A prevenção deve iniciar-se com orientações adequadas e estímulo ao paciente e seus familiares, salientando a importância da autodisciplina e da participação e colaboração durante o tratamento clínico. Para que haja cooperação é preciso ensinar aos familiares quais são os cuidados com a pele que previnem o aparecimento das UP. Ensiná-los a verificar quaisquer alterações na pele identificando possíveis riscos de surgimento das UP. Conscientizá-los da importância na mudança de posição do paciente no leito.

Em caso de pacientes hospitalizados, para melhor a visualização dos resultados quanto à mudança de decúbito, a equipe de enfermagem pode fazer uma escala de horário, em que os pacientes em risco de prejuízo da integridade da pele, estejam no mesmo horário, posicionados em decúbito iguais.

Outro método importante é a avaliação sistemática durante o banho, por uma equipe treinada, capaz de reconhecer riscos potenciais para o desenvolvimento das UP.

Medidas podem ser tomadas como, por exemplo, proteger as saliências ósseas com materiais moles, como o algodão ou a lã esponjosa. Podem-se pôr almofadas nas camas, nas cadeiras e nas cadeiras de rodas para reduzir a pressão. A quem não se pode mexer sozinho, deve-se mudar a posição com frequência; a recomendação habitual é fazê-lo de duas em duas horas e manter a sua pele limpa e seca. Quem tem de passar muito tempo acamado pode usar colchões especiais (cheios de ar ou de água). Para os pacientes que já apresentam úlceras por pressão em diferentes partes do corpo, o uso de colchões de ar ou de espuma de borracha com relevo em forma de suporte para ovos pode diminuir a pressão e proporcionar alívio. Os que têm muitas úlceras por pressão profundas podem precisar de um colchão com suspensão de ar.

Tratamento

Um tratamento eficaz deve envolver profissionais de saúde, paciente, família e cuidadores.

O programa de tratamento recomendado deve focalizar:

  • Na avaliação do paciente e da Úlcera de Pressão;
  • Controle da sobrecarga nos tecidos e remoção do excesso de pressão;
  • O cuidado da Úlcera;
  • Controle a colonização bacteriana e a infecção;
  • Reparo operatório da Úlcera de Pressão;
  • Educação e melhoria da qualidade.

A avaliação inicial envolve a pessoa como um todo e não somente a úlcera, sendo a base para planejar o tratamento e avaliar os seus efeitos. Diante disso, a elaboração de um programa individualizado de prevenção e intervenção precoce é um instrumento necessário no plano de cuidados desenhado para as necessidades de cada paciente. Uma avaliação adequada também é essencial para que haja uma comunicação entre os profissionais.

Avaliação e reavaliação repetida dos pacientes de auto risco ajudara a enfermeira a comprovar a eficácia das terapias preventivas, ou então propor novas intervenções que lhe pareçam necessárias. A observação cuidadosa da pele na busca de qualquer área de hiperemia é feita durante banho e o reposicionamento no leito.

Intervenções De Enfermagem - Avaliar a ferida quanto a:

- Classificação.

- Formato e tamanho.

- Profundidade.

- Localização.

- Exsudato.

- Aparência da ferida.

- Cor da lesão.

- Extensão da ferida.

- Odor.

- Dor.

- Tempo de existência.

• Avaliar a progressão/regressão ou qualquer mudança na ferida.

• Definir os produtos necessários/apropriados para cada fase da ferida.

• Identificar as necessidades educacionais do paciente/cuidador quanto aos cuidados com a ferida em domicílio.

• Encaminhar o paciente a outros profissionais (Psicologia, Serviço Social etc.) de maneira apropriada.

Cuidado com a úlcera por pressão

O cuidado inicial da Úlcera de Pressão envolve limpeza da ferida, desbridamento aplicação do curativo e possivelmente uma terapia adjunta, em alguns casos a cirurgia reparadora será necessária.

A - Limpeza da ferida

A cicatrização da ferida é otimizada e o potencial para infecção diminuído quando todos os tecidos necróticos, exsudatos ou restos metabólicos são removidos do ferimento. Limpeza: […] limpe as feridas inicialmente e a cada troca de curativo. […] Utilize uma técnica não traumática […]. Evite o uso de anti-sépticos […] porque são substâncias citotóxicas. Use solução salina ou soro fisiológico (aquecido) (SF 0,9 %) para limpar a maior parte das Úlceras por Pressão. Use uma pressão de irrigação suficiente para melhorar a limpeza da ferida sem causar trauma no leito da ferida.

B - Desbridamento

Tecidos desvitalizados favorecem o crescimento de bactérias patológicas, assim, a remoção de tal tecido altera favoravelmente o ambiente de cicatrização de uma ferida. Deve-se selecionar um método de desbridamento mais apropriado. As técnicas de desbridamento são: cirúrgicos, mecânicos, enzimáticos ou autolítico.

C – Curativos/coberturas:

As Úlceras por Pressão requerem curativos para manter a sua integridade fisiológica. Um curativo ideal deveria proteger a ferida, ser bio-compatível e fornecer uma hidratação ideal. A condição do leito da úlcera e a função desejável do curativo determinam o tipo de curativo que será usado. Uma regra nesse caso é manter o tecido da úlcera úmido e a pele ao seu redor intacta e seca.

1. […] Use o julgamento clínico para selecionar o tipo de curativo mais adequado para manter a ferida úmida […].

2. Escolha um curativo que proteja a pele ao redor da ferida e a mantenha seca enquanto o leito da úlcera é mantido úmido.

3. Escolha um curativo que controle o exsudato, mas que não resseque o leito da úlcera. O exsudato excessivo pode atrasar a cicatrização da ferida e macerar o tecido ao redor.

4. Considere o tempo gasto pelo cuidador quando selecionar um curativo. Coberturas de filmes transparentes e curativos hidrocolóides requerem menos tempo do cuidador que os curativos com gaze que são continuamente umedecidos com solução fisiológica.

 5. Elimine os espaços mortos da ferida completando todas as cavidades com o material de curativo para dificultar a formação de abscessos. Evite empacotar demais a ferida, pois, o super empacotamento pode aumentar a pressão e causar danos adicionais ao tecido.

6. Mantenha o curativo intacto, monitorize os curativos aplicados próximos ao ânus, pois estes são mais difíceis de manterem intactos. Se necessário, coloque fitas ou esparadrapos nas bordas dos curativos, como se fosse uma moldura de uma fotografia, para reduzir este problema.

O uso de Terapias coadjuvantes:

O papel de várias terapias coadjuvantes, em melhorar o processo de cicatrização da úlcera, tem sido investigado […], incluiu eletroterapia, oxigênio hiperbárico, infravermelho, ultravioleta, irradiação com laser de energia baixa, ultrasson e outras drogas sistêmicas além dos antibióticos, por exemplo, vasodilatadores, inibidores de serotonina e agentes fibrinolíticos.

Controlando a colonização bacteriana e a infecção

As úlceras do estágio II, III e IV são invariavelmente colonizadas por bactérias e na maior parte dos casos, uma limpeza adequada e um desbridamento, vão evitar que a colonização bacteriana chegue até uma infecção clínica.

Controle de Infecção

1. Siga as precauções para  isolamento de substâncias corporais quando estiver lidando com UP.

 2. Use luvas limpas para cada paciente. Quando estiver tratando múltiplas úlceras em um mesmo paciente, atenda a úlcera mais contaminada por último. Remova as luvas e lave as mãos entre os pacientes.

3. Use instrumentos estéreis para desbridar UP. Após o desbridamento, monitorize a temperatura do paciente e esteja alerta para sinais de bacteremia ou septicemia, por exemplo: febre inexplicada, taquicardia, hipotensão, deteriorização no status mental.

 4. Use curativos limpos ao invés de curativos estéreis para tratar UP, desde que os procedimentos do curativo cumpram as diretrizes da Comissão de Controle de Infecção da instituição.

5. Curativos  limpos também podem ser usados em situações de cuidado domiciliar. O descarte desses curativos contaminados deve ser feito de maneira consistente, com a regulamentação local.

Conclusão

As funções da pele, dentre outras, são de proteção do organismo contra invasão de patógenos; manutenção da temperatura corporal; controle da perda de líquidos e eletrólitos. A pele constitui uma barreira protetora que, quando lesada, torna o organismo vulnerável às agressões externas e descompensações orgânicas. Portanto, são de fundamental importância que sejam empregados todos os recursos possíveis para a manutenção da integridade cutâneo-mucosa. As úlceras de pressão constituem uma problemática social e de saúde; representam um dos maiores desafios para a enfermagem, requerendo destes profissionais, além de conhecimentos científicos, muita sensibilidade e sentido de observação com relação à manutenção da integridade da pele dos pacientes sob seus cuidados, principalmente daqueles que apresentam maior risco de déficit tegumentar em razão da longa permanência na mesma posição, ocasionada por patologias agudas ou crônicas de diferentes etiologias, como lesões neurológicas ou qualquer outro comprometimento que determine permanência prolongada no leito ou em cadeira de rodas. A abordagem nestes casos deve ser multiprofissional, pois só o envolvimento da equipe interdisciplinar pode contribuir para sua prevenção e tratamento. O profissional de enfermagem deve ser dotado de conhecimento técnico cientifico da fisiologia e etiologia das úlceras por pressão, das características da ferida, para identificação de problemas reais e potenciais, com melhor planejamento da assistência e implementação e prescrição de cuidados educativos, preventivos e terapêuticos. Promovendo assim uma melhor qualidade da assistência de enfermagem, melhorando a qualidade de vida do paciente evitando problemas secundários como infecções, internações, dentre outros e garantindo lhe o direito a saúde.

 

Referencias

 

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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Tratamento e controle de feridas tumorais e úlceras por pressão no câncer avançado. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Feridas_Tumorais.pdf