TWIGGY DECIFRA O CUBO: A JUVENTUDE COMO REVOLUÇÃO! Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Design de Moda à Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo sob a orientação da Profª. Mª. Silvana Zibetti. Centro Universitário Toledo Araçatuba 2010

RESUMO

Considerando a crescente importância dos jovens no mundo atual e buscando referências históricas nas grandes realizações revolucionárias promovidas por este público ativo, exigente e informado, esse trabalho tem como objetivo principal compreender melhor a visão juvenil para, assim, desenvolver produtos que atendam às suas expectativas e aos seus anseios. Encontramos, no cubo mágico, um produto revolucionário que encanta diversas gerações, com aspectos estéticos apropriados para o desenvolvimento de peças que traduzam o frescor e o espírito libertário da juventude aliados às características tais como: cor, forma, textura e flexibilidade. Essa pesquisa nos levou a elaboração de produtos com design arrojado, único e, por que não, de estética futurista.

Palavras-chave: Cubo Mágico. Design. Estética Futurista. Juventude.

INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso do Curso1 de Tecnologia em Design de Moda é atividade acadêmica obrigatória a qual se configura como trabalho de natureza prático-teórica. Consiste numa obrigatoriedade para obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda. O objetivo do TCC é desenvolver um projeto de criação de produtos de moda orientados por uma pesquisa de tendência estética e pelas preferências de determinado público-alvo. Diante desta premissa, adotamos como objeto de estudo a estética futurística que preponderou na década de sessenta. Tomamos como elemento principal de inspiração o cubo mágico e como público-alvo os jovens contemporâneos, gêneros feminino e masculino, faixa etária de 15 a 24 anos. Tentando encontrar o ponto de equilíbrio entre essas referências, procuramos desenvolver peças com design arrojado que atenda às exigências e expectativas dos consumidores. Este é o foco da coleção "Twiggy decifra o cubo: a juventude como revolução!". Assim, a questão a ser discutida é: qual seria o ponto de equilíbrio estético entre geração "Y", cubo mágico e anos sessenta que satisfaria esse público tão "antenado"? O objetivo geral é elaborar criações com o intuito de chamar a atenção para o design que prima pela mistura de materiais inusitados, para que com isso o produto disponibilizado para o consumidor-final carregue consigo o conceito da coleção em peças diferenciadas. Quanto aos objetivos específicos, o que se pretende é desenvolver as peças compõem a coleção levando em consideração a silhueta da década de sessenta, como a linha "A", a minissaia e as hot pants, além das peças de alfaiataria, de malha remetendo sempre à estética sessentista e do cubo-mágico.

I. PÚBLICO-ALVO

Temos como público-alvo os jovens de 15 a 24 anos, gêneros feminino e masculino, que estudam e/ou trabalham; gostam de viajar para lugares diversos e sonham conhecer o mundo um dia; estão sempre antenados com o que acontece em torno do mundo; sabem dos últimos lançamentos de músicas, filmes; se interessam por assuntos variados: política, arte, cotidiano etc.; estão ligados em diversas redes sociais e conectados com o mundo virtual; praticam alimentação variada: do fast-food ao almoço de domingo em família ou na casa dos amigos; consomem peças de roupa conceituais, sabem o valor de uma boa peça, prezam por exclusividade. Ilustração 1: Painel de perfil de público-alvo.

II. HISTÓRIA DA JUVENTUDE NA SOCIEDADE

A juventude esteve presente e muito ativa em diversos tipos de manifestações, em busca de seus próprios interesses ou em prol do bem comum. O interesse em expressar seu ponto de vista fez com que suas mensagens fossem levadas adiante, tornando assim essa massa social valorizada em discussões diversas. Ao longo da história, podemos perceber que os jovens do final da década de 50 traziam consigo um novo estilo de mobilização e contestação social. Munidos de palavras de ordem e expressões que marcaram época foram, num determinado momento, capazes de mobilizar multidões de jovens e intelectuais, nas mais diferentes partes do mundo. Nessa década, se destacou a geração de poetas, posteriormente chamadas de a beat generation que tem como símbolo poema Howl (Allen Ginsberg, 1956) ? traduzido significa urro ou berro como num prenúncio de liberdade da época. Paralelamente a esse fato histórico, surge o rock?n roll, caracterizado pelo estilo rebelde, os jovens encontraram nesse estilo musical identidade, ligando assim a música (ou arte) ao comportamento. A imagem do jovem de blusão de couro, jeans em suas lambretas ou motocicletas com topetes, mostrava uma rebeldia ingênua, a dos "rebeldes sem causa". Elvis Presley, com seu estilo provocativo e seu rebolado frenético, se tornou ícone desse movimento, assim como os ídolos do cinema James Dean e Marlon Brando, destaques desse importante meio de comunicação e fonte de inspiração para muitos.

Com a chegada dos anos 60, o estilo rebelde tornou-se mais enfático e a juventude, enquanto grupo, se destacou pela contestação radical. Assim, especulava-se se esse seria o surgimento de uma nova consciência, de uma nova era, de novos tempos. Contudo, os anos 60 consagraram a explosão da juventude em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que influenciados pela ideia de liberdade ? propagada no livro "On the Road", do beatnik Jack Kerouac, de 1957 ? começavam a se opor à sociedade vigente. Esse movimento ganhou as ruas e começou influenciar novas mudanças no comportamento jovem, como a rebeldia e o pacifismo do final da década. Nessa década, percebemos grande mudança no contexto da moda mundial. Atentas a esse novo público-consumidor e à sua voracidade, as empresas começavam a criar produtos direcionados aos jovens. A necessidade de se comunicar e de se expressar de diversas formas forçaram o surgimento de uma moda democrática. A moda, então, era não seguir a moda. As roupas perderam o aspecto uniforme e deixavam de caracterizar apenas classes sociais.

A juventude, ainda hoje, ocupa uma importante fatia da população mundial e seus feitos não se perderam na história. Na tabela apresentada a seguir, podemos ver que, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2004, entre 1993 e 2003, aumentou de 40,7% para 60,9% o número de adolescentes entre 15 e 17 anos de idade que tinham o estudo como atividade exclusiva. Porém, nas faixas etárias seguintes a vantagem de somente estudar ainda é uma realidade para poucos. Assim, 30,4% dos jovens de 18 e 19 anos de idade e 11,7% dos que têm entre 20 e 24 anos apenas estudam.

Como vimos, mais da metade dos jovens entre 15 e 24 anos ocupavam um posto no mercado de trabalho em 2003, conseqüentemente a presença dos jovens no mercado de trabalho os tornam consumidores em potencial, alvo de diversas marcas de alcance global e foco da nossa proposta de coleção. Diante desses fatos e levando em consideração as importantes realizações de jovens de épocas distintas, encontramos uma grande semelhança com a juventude atual. Com a globalização e a disseminação da internet, as participações se tornam constante entre esses jovens, que com apenas um clique conseguem viajar o mundo sem sair de seu quarto graças às redes sociais e as fontes de pesquisa. A informação necessita ser digerida com a mesma rapidez que é servida, e essa é uma característica marcante dessa nova geração, tornando esse público cada vez mais exigente e "antenado", capaz de discutir assuntos variados.

III. GERAÇÃO Y

Nossa coleção tem como público-alvo os jovens e adolescentes da geração "Y", que já conquistaram seu espaço no mercado de trabalho e que, provavelmente daqui há alguns anos o dominarão por completo. Concebidos em plena era digital, acreditam em valores próprios e usam tecnologia como importante meio para obtenção de sucesso profissional e pessoal. Eles são liberais no consumo, mas um tanto conservadores no aspecto social. Gostam de novidades, querem estar antenados e buscam símbolos que os liguem a comunidades. Impulsivos, imediatistas, impacientes no mercado de trabalho, os jovens da geração "Y" não pensam duas vezes antes de mudarem de emprego caso não se sintam valorizados ou confortáveis no ambiente corporativo. Uma pesquisa publicada pelo site da revista Galileu (Edição 219 ? Outubro de 2009) e realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA/USP), com cerca de 200 jovens de São Paulo, revelou que 99% dos nascidos entre 1980 e 1993 só se mantêm envolvidos em atividades que gostam, e 96% acreditam que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. Na questão "qual pessoa gostariam de ser?", a resposta "equilibrado entre vida profissional e pessoal" alcançou o topo, seguida de perto por "fazer o que gosta e dá prazer". O estudo, desenvolvido por Ana Costa, Miriam Korn e Carlos Honorato e apresentado em julho, tentou traçar um perfil dessa geração que está dando problema para pais, professores e ao departamento de RH das empresas identificação ? as chamadas "tribos". Os locais de compra e as marcas acabam tornando-se sinalizadores que identificam o novo consumidor com seu grupo. Essa geração é exigente e extremamente preparada, com muita informação. Conhecem o padrão de qualidade global, pois tem o mundo a um clique. A tecnologia proporciona a essa geração um volume intenso de informação que lhe é oferecida segundo a segundo, e com isso vemos o surgimento de um verdadeiro boom da internet, as redes sociais. Orkut, Facebook e Twitter são exemplos de algumas dessas redes que já se tornaram um verdadeiro fenômeno entre a juventude atual. Esse grande volume de informação que a internet lhe proporciona, necessita de um raciocínio rápido, pois elas não param de ser despejadas diariamente. Uma pesquisa do Departamento de Educação dos Estados Unidos revelou que crianças que usam programas online para aprender ficam nove pontos acima da média geral e são mais motivadas. Nessa mesma edição da revista Galileu, o professor da FIA Carlos Honorato, em entrevista, define essa como "a era dos indivíduos multitarefas". Ao mesmo tempo em que estudam, são capazes de ler notícias na internet, checar a página do Facebook, escutar música e ainda prestar atenção na conversa ao lado. Para eles, a velocidade é outra. Os resultados precisam ser mais rápidos, e os desafios, constantes.

IV. MOVIMENTO DE CONTRACULTURA

Em meados do século XX, os movimentos contestadores da cultura vigente, promovidos pela juventude da época, surgiram como novo fenômeno e os veículos de comunicação de massa aos poucos começaram a intitulá-los com nova terminologia: a contracultura. Inicialmente, o fenômeno foi caracterizado por algumas questões estéticas e um conjunto de hábitos repudiados pelas famílias de classe média social. Porém, não se tratava apenas de um apelo superficial e estético, pois se notava que com essa juventude havia valores mais expressivos, novos modos de pensar, de encarar e se relacionar com o mundo e com as pessoas. Começava a se delinear, assim, os contornos de um movimento social de caráter fortemente libertário, com um enorme apelo junto a uma juventude de camadas médias urbanas e com uma prática e um ideário que colocavam em xeque, frontalmente, alguns valores centrais da cultura ocidental, especialmente certos aspectos essenciais da racionalidade veiculada e privilegiada por esta mesma cultura. Ainda que diferindo muito dos tradicionais movimentos organizados de contestação social ? e isto tanto pelas bandeiras que levantava, quanto pelo modo que as encaminhava ? a contracultura conseguia se afirmar, aos olhos do Sistema e das oposições (ainda que gerando incansáveis discussões), como um movimento profundamente catalisador e questionador, capaz de inaugurar para setores significativos da população dos Estados Unidos e da Europa, inicialmente, e de vários países de fora do mundo desenvolvido, posteriormente, um estilo, um modo de vida e uma cultura undrerground, marginal que, no mínimo davam o que pensar. (PEREIRA, 1992, p.8-9).
De acordo com PEREIRA (1992), o termo "contracultura" foi inventado pela imprensa norte-americana, nos anos 60, para designar as novas manifestações culturais que floresceram não só nos Estados Unidos, como também na Europa e, com menor intensidade, na América Latina. Contracultura é a cultura marginal, independente do reconhecimento oficial. Na verdade, é um termo bastante coerente, pois as características básicas do movimento é o fato de se opor, de diferentes maneiras à cultura vigente. Ele ainda classifica a contracultura de duas maneiras diferentes:
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como um fenômeno histórico, cuja origem pode se dar na década de 60, dando o sentido de que ela apenas foi estabelecido; como uma postura em face da cultura convencional, de crítica radical, dando o sentido que é e sempre será.
É comum acharmos que a cultura é algo hereditário, aquilo que herdamos dos nossos pais e antepassados, uma entidade intocável, definitiva, que se apresenta diante de nós como parte da própria essência da realidade. Cultura é um produto histórico, é incerto, mais acidental que necessário, uma criação arbitrária da liberdade. Cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. Sendo assim, a cultura pode ser definida como ideias ou artefatos. É certo afirmar que não há cultura, mas sim culturas no plural, criadas por diferentes homens e em diferentes épocas e lugares, cada qual com suas características, tanto subjetivas como objetivas, expressando assim não a realidade entre si, mas diferentes maneiras de ver essa realidade e interpretá-las. Todos os homens possuem cultura, no sentido de que, vivendo em sociedade, participam de alguma cultura. De um lado, o termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude [...] que marcaram os anos 60: o movimento hippie, a música rock, certa movimentação nas universidades, viagens de mochila, drogas e assim por diante. [...] Trata-se, então, de um fenômeno datado e situado historicamente que, embora muito próximo de nós, já faz parte do passado. [...] De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a alguma coisa mais geral, mais abstrata, um certo espírito, um certo modo de contestação, de enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às forças mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo de crítica anárquica ? esta parece ser a palavra-chave ? que, de certa maneira, ?rompe com as regras do jogo‟ em termos de modo de se fazer oposição a uma determinada situação. [...] Uma contracultura, entendida assim, reaparece de tempos em tempos, em diferentes épocas e situações, e costuma ter um papel fortemente revigorador da crítica social. (PEREIRA, 1992, p. 20).
Historicamente, muitos consideram o Existencialismo de Sartre como o marco inicial da contracultura, já na década de 1940, com seu engajamento político, defesa da liberdade, seu pessimismo pós-guerra, etc., portanto, um movimento filosófico mais restrito, anterior ao movimento basicamente artístico e comportamental da Beat Generation que resultaria num movimento de massa do final da década de 60, o movimento Hippie. Esses fatos nos mostram quanto, não só o comportamento, mas até mesmo nossas necessidades estritamente naturais, sendo moldados pela cultura, são de uma maleabilidade inconcebível. Desse modo podemos afirmar que a contracultura nasceu a partir do confronto entre a cultura, reconhecida como doença, e a visão juvenil, cujo instinto natural é para a saúde. E as vertentes que se fundiram para o surgimento e a formação da contracultura, são de origens distintas, mas correm para um mesmo intuito que é o desejo de liberdade.

V. A MODA DOS ANOS 60

Com a Europa recuperando-se da escassez e das privações dos anos de pós-guerra, em ambos os lados do Atlântico o que se via era um mercado adolescente em crescimento. Essa crescente prosperidade dava início à sociedade do "descartável" e do consumismo. O volume de novas coleções crescia desenfreadamente e as tendências eram lançadas com uma rapidez incrível. Em meados da década de sessenta, a moda deixava de ser criada exclusivamente por costureiros parisienses, mas sim ditadas por um grupo de novos estilistas de Londres. A moda deixava de ser exclusividade apenas dos indivíduos de classe social elevada e concentrava-se no jovem médio de rua. A peça revolucionária que marcaria essa década no mundo da moda com certeza foi a minissaia, que chegava à altura da coxa. As casas parisienses se mantinham, porém gradualmente a alta-costura dava espaço ao prêt-à-porter, à medida que os custos se elevavam devido ao intenso trabalho em modelos feitos sob medida e quem podia pagar por eles diminuíam.
A imagem estética predominante ainda carregava consigo grande influência da moda que precedia a época. Sem grandes excentricidades, Christian Dior continuava a criar peças que possuíam suas características com sucesso. Exemplo disso, foi a capa da Revista Time em Março de 1957. Após sete meses de sua publicação, Dior morreu, repentinamente, passando seu legado para seu precoce assistente Yves Saint Laurent, que com apenas 21 anos de idade foi diretor artístico por três anos e levou a casa para estilos mais juvenis. O sucesso de Saint Laurent era incontestável. Em 1957, lançou a coleção "Fuso", com trajes estreitos, sem cintura marcada. Nessa mesma linha, Balenciaga vinha trabalhando e aperfeiçoando o vestido-tubo esbelto, sem cintura que, ao chegar ao mercado de massa foi apelidado de "o saco" por jornalistas que não o aprovaram. Em sua primeira coleção para a Casa Dior, foi exibida a linha "Trapézio", que exibia uma silhueta em cunha, sem adornos. Em 1965, inovou mais uma vez ao apresentar uma coleção inspirada nas obras do artista plástico Mondrian, feitos em seda pesada, hoje um ícone da década. Dentre os nomes da década, um em especial destacava-se André Courrèges que criava suas peças de acordo com as modelos que ele escolhia: sempre jovens, atléticas, que se ajustava aos modelos de corte despojado. Vestidos e saias curtos, rodados, com jaquetas encaracoladas faziam parte de suas coleções. Com uma paleta estrita, suas peças eram inspiradas pelo vestuário esportivo, assim como pelos trajes de astronautas e por espaçonaves. Para ele o branco, uma de suas cores favoritas, significava juventude e otimismo.
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Ilustração 9: O aspecto futurista das peças da coleção de André Courrèges.
Fonte: http://portalbelezachic.blogspot.com/2010/08/aula-fashion-com-paula-acioli.html Pierre Cardin, saudado como a brilhante estrela jovem da costura parisiense, ousava nas formas que oscilavam em decotes assimétricos, contornos festonados, golas roulés e colarinhos enormes, emoldurando o rosto, todos eles remodelados para se ajustarem ao estado de espírito de cada temporada. Também, explorou figuras esféricas, como o vestido-casaco-balão e vestidos retos apertados. Nessa mesma época, exibiu casacos em forma de trapézio (linha "A"), adornados por altos chapéus em forma de pão-de-açúcar, que ultrapassavam quase 18 polegadas acima da cabeça. Como fonte de pesquisa e inspiração para o desenvolvimento de uma coleção foram os modelos ultramodernos que o colocaram no movimento futurista da moda, marcando assim, como o ápice de seu trabalho. Vínculos como a Pop Art e a Op Art foram estabelecidos em uma série de vestidos retos estampados com inserções geométricas, em uma combinação de preto e cores vibrantes.
A corrida espacial de 1960 foi mais um incentivo para as criações futuristas. Cardin era fascinado pela exploração interplanetária. Essa fascinação acabou influenciando até em sua coleção Cosmo, de 1965. Composto de uma túnica ou avental, sobre suéter canelado, colado ao corpo, meias-calças ou calças, dando o aspecto unissex. Traduzindo o espírito dos jovens sessentistas que procuravam inovações, no começo da década, surgia nova geração de estilistas britânicos. Era a primeira geração dos educados em departamentos de moda e têxteis das escolas de arte britânica e encorajados por professores entusiásticos. Mary Quant foi a pioneira ao abrir sua primeira loja, a Bazaar, na King‟s Road, Chelsea, determinada a vender roupas que agradassem aos fregueses jovens. Desanimada com o que estava disponível (roupas elaboradas, de cintura apertada, chegando à altura barriga da perna, complicados por luvas, chapéus e joias próprias de uma dama), Quant começou a desenvolver seus próprios modelos. Sua primeira coleção foi um sucesso total, forçando-a a aumentar sua produção imediamente. Com formas retas simples, ligeiramente bojadas e linhas tubulares, ela colocou as cinturas para baixo, usou faixas horizontais e recortes triangulares de pregas na linha da bainha para permitir o movimento; manteve os acessórios no nível mínimo e, significativamente diminuiu as saias. Quant fazia roupas divertidas, buscava fontes de inspirações incomuns e as retrabalhava em uma série de visuais rápidos. Gostava de materiais inovadores como o PVC, utilizado na confecção de capas de chuva em cores brilhantes, uniformes de ginástica com minissaias e o humilde padrão de tricô recebeu impulso ao criar uma série de minivestidos. Os jovens da explosão pós-guerra nos EUA estavam chegando à idade adulta e seu desejo por modas chamativas e extravagantes também foi satisfeito por butiques que surgiram em todas as cidades. Os anseios exibicionistas eram satisfeitos por vestidos de plástico transparente, roupas de papel, trajes de motoqueiros prateados e roupas fluor para as discotecas.
O rosto da vez era o de Lesley Hornby, a Twiggy, que combinava exatamente com as roupas do estilo "mod", com seu corpo adolescente, cabelos penteados de lado como o de um menino, levando-a ao título de "O rosto do ano", em 1966. A maquiagem preta pesada era pré-requisito da moda sessentista, criando contraste com pele e bocas mais claras. Também, se introduziu o uso de cílios postiços, em longas tiras que poderiam ser cortados para adaptar-se aos olhos da cliente. As formas geométricas não ficaram apenas restritas às roupas. Mary Quant inovou ao cortar seus cabelos com Vidal Sasoon, o badalado cabeleireiro da época que revolucionou o penteado dos jovens com cabelos curtos cortados com precisão.

VI. O CUBO DE RUBIK ? CUBO MÁGICO

O cubo de Rubik, também, conhecido como cubo mágico, é um quebra-cabeça tridimensional, inventado pelo húngaro Ernő Rubik, em 1974. Originalmente, foi chamado o "Cubo Mágico" pelo seu inventor, mas o nome foi alterado pela Ideal Toys para "cubo de Rubik". Neste mesmo ano, ganhou o prémio alemão do "Jogo do Ano".
O Cubo de Rubik é um cubo, geralmente confeccionado em plástico e possui várias versões, sendo a versão 3x3x3 a mais comum, composta por 6 faces de 6 cores diferentes, com arestas de aproximadamente 5,5 cm. Outras versões menos conhecidas são a 2x2x2, 4x4x4 e a 5x5x5.
É considerado um dos brinquedos mais populares do mundo, atingindo um total de 900 milhões de unidades vendidas, bem como suas diferentes imitações.

6.1 História

O primeiro protótipo do cubo foi fabricado, em 1974, por Ernő Rubik, professor do Departamento de Desenho de Interiores na Academia de Artes e Trabalhos Manuais Aplicados em Budapeste. Quando Rubik criou este quebra-cabeça, a sua intenção era criar uma peça que fosse perfeita em si mesmo, no que se refere à geometria. A sua principal função foi para ajudar a ilustrar o conceito da terceira dimensão aos seus alunos de arquitetura. A primeira peça que realizou foi em madeira e pintou os seus seis lados com seis cores distintas, para que, quando alguém girasse as faces do cubo, tivesse uma melhor visualização dos movimentos realizados.
O invento, descende de um protótipo 2x2x2, criado por Larry Nichols, em Março de 1970, um quebra-cabeça que consiste num cubo. Cada uma das suas seis faces está dividida em nove partes, 3x3, num total de 24 peças que se articulam entre si devido ao mecanismo da peça interior central, oculta dentro do cubo.

6.2 Curiosidades

O cubo de Rubik possui 43 trilhões de combinações possíveis diferentes. Se alguém pudesse realizar todas as combinações possíveis a uma velocidade de 10 por segundo, demoraria 136.000 anos, supondo que nunca repetisse a mesma combinação.
Ernő Rubik, inventor deste quebra-cabeça, demorou um mês a resolver o cubo pela primeira vez.

6.3 Análise estética do cubo

O cubo possui características únicas reunidas em apenas um objeto. Cores vibrantes, textura, flexibilidade. O aspecto geométrico em forma de cubo é fascinante, e as possibilidades de formas que ele adquire com as rotações são infinitas. Além do mais, conforme as peças se deslocam, a possibilidade de cores que harmonizam e dão asas à imaginação.

VII. A COLEÇÃO: FICHA SÍNTESE

7.1 Nome da Coleção

Twiggy decifra o cubo: a juventude como revolução!

7.2 Estação e ano

Primavera / Verão 2010

7.3 Conceito da Coleção

Temos como princípio o frescor da juventude, aliado ao espírito aventureiro, ousado. Com isso, usamos a mistura de materiais mais nobres a outros nem tanto, traduzindo bem esse conceito. Peças que exigem um estudo mais aprofundado, com formas e recortes diferenciados.

7.4 Cores

O branco e o preto, usados como base, nos dão asas à imaginação para as criações. O vermelho, o laranja e o amarelo expressam o furor, o espírito aventureiro sem medo de ousar. O azul traduz o frescor juvenil, a doçura, a busca pelo novo. O verde mostra a esperança de mudança, o uso do conhecimento para expressar seus desejos.
Juntas, elas nos levam ao mundo colorido e alegre da POP ART, das revoluções e contestações, do lúdico ao futurista, dando conceito.

7.5 Materiais

Vinil ? 100% Poliéster;
Jeans ? 100% Algodão;
Organza ? 100% Seda;
Malha Fitness Sport Wear ? 92% Poliéster / 8% Elastano;
Malha de Algodão ? 100% Algodão;
Sarja ? 97% Algodão / 3% Elastano;
Tricoline ? 98% Algodão / 2% Elastano.

7.6 Formas e estruturas

Todas as formas e estruturas da coleção foram pensadas e desenvolvidas de acordo com os temas propostos. Dos anos 60, aspiramos, principalmente, a linha "A", o aspecto futurista, a ousadia e o espírito jovem. De acordo com as características da geração Y, como a presença no mercado de trabalho e o domínio de assuntos diversos como arte, política, economia, etc., desenvolvemos peças tradicionais da alfaiataria com materiais diferenciados: a organza oferece transparência; o vinil produz o aspecto plastificado nas peças e o jeans remete ao espírito despojado e irreverente da juventude.

7.7 Briefing

Nossa coleção foi desenvolvida para os gêneros feminino e masculino, sendo três looks completos para os garotos e cinco para as garotas. Para as garotas criamos peças com design arrojado e irreverente. As peças-chaves da coleção feminina são hot-pants, vestidos, casaquetos, calças cigarretes e shorts. A silhueta feminina terá sempre a cintura e os ombros marcados, e será composta pela mistura de materiais e transparência. Os materiais oscilam entre tecidos mais nobres (organza de seda) e outros conotados de certa rebeldia e juventude (jeans, vinil, malha). As roupas possuem detalhes diferenciados, principalmente, em decotes e recortes e bastante ousados. Para os garotos, escolhemos o corte típico da alfaiataria, uma de nossas inspirações, sempre ousando na mistura dos materiais e nos recortes. As peças masculinas são bem elaboradas e carregam consigo conceito e estilo. As peças-chaves para os garotos são as bermudas, calças, regatas e camisetas, camisa, casacos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As peças elaboradas nesta coleção carregam consigo um conceito forte e direcionado para o nosso público-alvo, jovens antenados que prezam por design e exclusividade, público que possui características que remetem aos jovens da geração Y, uma de nossas inspirações. Assim, levando em consideração o espírito libertário e revolucionário jovem que teve início na década de 50 e seu ápice na década de 60, desenvolvemos uma coleção que prima pela estética futurista dessa mesma época e com referências nas formas, cores e texturas do cubo mágico. Uma coleção ousada, marcante e alegre.

REFERÊNCIAS FEGHALI, Marta Kasznar. As engrenagens da moda. Tradução: Marta Kasznar Feghali e Daniela Dwyer, Rio de Janeiro: Senac Rio, 2004. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, 1910-1989. Minidicionário da Língua Portuguesa Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Coordenação Marina Baird Ferreira, Margarida dos Anjos; equipe Elza Tavares Ferreira... [et al]. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. 4.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. MENDES, Valerie D. ; HAYE, Amy de la. A moda do século XX. Tradução: Luís Carlos Borges. Revisão técnica: José Luiz Andrade. São Paulo: Martins Fontes, 2003. (Coleção a). PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. O que é contracultura. São Paulo: Brasiliense, 1992. ZIBETTI, Silvana. Jeans, um símbolo da cultura jovem. 2007.281 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação). Universidade de Marília (UNIMAR), Marília.