A cada momento somos bombardeados pelas boas noticias sobre o desenvolvimento do turismo no Brasil. Dados econômicos nos levam a acreditar na visão otimista difundida pela mídia, onde nosso turismo (26° OMT) aparece como crescente e positivo, refletindo os investimentos a ele direcionados. Mas me ponho a pensar até onde devemos aceitar estes dados como positivos, acredito que esta aceitação nos desvie da necessidade de reconhecer o quanto fomos incompetentes nesta área durante as ultimas décadas, fato que pode se repetir nesta década também se levarmos em conta que no ano de 2005, a palestina em quase guerra cresceu aproximadamente 45% (Janeiro a Setembro), até mesmo a Venezuela com seu conturbado presidente, teve crescimento de 23% contra um aproximado entre 10% e 20% do Brasil (OMT , 2005). Nos apoiamos muito em dados regionais, por vezes, esquecendo que nossos visinhos nem sempre estarão  dispostos a gastar seus pesos em nossas praias, visto que também estão sujeitos a intempéries das economias em desenvolvimento. Más como ambicionar receber milhões de turistas transcontinentais, se nossa rede hoteleira é em maioria formada por hotéis caros, de baixa qualidade e pouco interessados em participar de projetos a longo prazo, onde tenham que investir também? Isso sem falar na péssima qualidade da mão-de-obra e dos serviços públicos oferecidos, tanto a população como ao visitante, ou tentaremos empurrá-los ao uso de táxis ou veículos alugados, longe da relação com a população local?

Não é a simpatia do povo que irá gerar um turismo contínuo e crescente, projetos e investimentos são necessários para o desenrolar  do fenômeno em sua máxima. A responsabilidade deve ser dividida entre as esferas do poder público, o empresariado e ate mesmo a população local e todos devem participar dos resultados do processo, fato de pouca realidade hoje neste país. Cito o exemplo da dita cidade ecológica de Bonito (MS), onde na ultima década, a municipalidade investiu bastante dos recursos públicos no turismo, atraindo investimentos e um fluxo considerável de visitantes, mas a mesma municipalidade, através de suas exigências, tornou difícil o acesso de seus munícipes aos visitantes, pois os moradores não podiam freqüentar os locais destinados aos turistas por não disporem de renda para tal, então viram seu município, sua historia e belezas sendo direcionadas aos externos em detrimento aos da casa, uma exceção foi-lhes dada, podiam usufruir do balneário municipal sem ônus, algo que outrora era pratica comum a qualquer um que vivesse ou visitasse o município.

Um antigo orgulho brasileiro, a aviação civil, chegou ao seu estado mais vergonhoso nos últimos meses, é certo que o oportunismo de funcionários e empresários, contribuiu para o caos que estamos assistindo, somam-se a isso os assaltos a ônibus de turistas, chacinas e arrastões, temos um ambiente propício a contra propagando do Brasil.

Uma proposta minha seria a de se desvincular a imagem do brasil a da cidade do Rio de Janeiro, a futebol e carnaval, propondo um Brasil de trabalho, dinamismo, culturas variadas e natureza impar, afinal os primeiros ícones se tornaram referencias viciadas sobre a condição nacional pelo observador estrangeiro.

Enfim, enquanto nos alegramos com estas ridículas noticias de crescimento, nos fechamos a ouvir o que os nossos poucos visitantes têm a nos dizer, pois é certo que suas reclamações não nos agradaram e por isso, preferimos sempre investir mais capital para trazer outros que não nos tenham conhecido ainda, em detrimento ao retorno dos primeiros. Estamos sempre disseminando uma imagem de país de futebol e carnaval ou se preferir Bunda e Bola e por vezes nos ofendemos quando a imagem que fazem de nós no exterior esteja relacionada a povos primitivos e voltados a atividades primárias. Colhemos o que plantamos.