TUDO QUEBRADO
I
Vou por a boca no trombone
E esperar a solução
Senão vão quebrar tudo
E será a maior humilhação
A minha casa dominada
O invasor não terá perdão
Sozinho perdido no escuro
A essência de minha solidão
Vou dar um grito na noite
É como uma mortificação
O medo me domina o corpo
Talvez a minha absolvição
Clemência são minhas palavras
Que dominam a minha emoção
Só, desamparado e abandonado
Sinto somente dor e apreensão
Fuga, choro e lágrima
Meu sentido nessa concepção
Preciso apenas compreender
O que se passa nesse negro coração

II
Vou por a boca no mundo
Quando sangrar e abrir a minha ferida
Um corte grande e profundo
Invadindo a minha vida

III
Vou por a boca no trombone
Quando sentir tremenda dor
Não entre, não quebre tudo
Não me faça tanto terror
A vida pode ser simples e bela
E não dotada de tanto rancor
Se arrependa e tenha remorso
De ti eu sinto temor
Eu sei que você vai entrar
Com muita cólera e um tremendo furor
A raiva só fere e faz doer
E ser da vida um sofredor
As pernas ficam bambas
Eu sinto maior tremor
Da vida os meus amigos
Eu dou tanto valor
Meu coração coisa boa exala
Eu vejo de flor em flor
Como um jardim todo florido
Eu só quero sentir amor

IV
Vou por a boca no mundo
Quando em minha casa você entrar
Dizer palavras frias
E aqui tudo quebrar

V
Vou por a boca no trombone
Quando entrar com atribulação
Num quebra quebra tremendo
Trancado nessa prisão
Restos e cacos espalhados
Jogados pela casa e por todo o chão
Lembranças e papéis rasgados
É a dor de uma grande depressão
Olho nos olhos e não acredito
Que a fúria domina uma inquietação
Sem de mim nenhuma piedade
Ou qualquer adoração
Não me maltrate... Não dedique tanta angústia
Esse pavor fere sem qualquer compaixão
Golpeia profundamente meu peito
Lanha com suas unhas sem salvação
Porque fazer isso comigo?
Sem piedade e por mim admiração
Não quebre... Não me faça sofrer
Só quero amor e paz no meu coração.

VI
Vou por a boca no mundo
Quando aqui você ingressar
Invadindo o meu espaço
E dominando todo o meu lar

VII
Vou por a boca no trombone
Por sua falta de fraternidade
Mandar você sair
E sumir pela cidade
Nunca mais me procurar
Pois não quero sua amizade
Seu ódio não me interessa
Muito menos a sua maldade
Das pessoas que me rodeiam
Preciso de afetividade
E de você que triste é
Só me causou irritabilidade
De você não quero nem...
Uma simples piedade
Aqui em minha casa
Só deixou animosidade
Na minha vida busco sempre
Encanto, afeição e emotividade
Amor, encanto e paixão
Esperança, afeto e amizade.

VIII
Vou por a boca no mundo
Por você ser um sofredor
Se você sofre, também me faz mal
Pois é um coração sem nenhum amor

IX
Vou por a boca no trombone
Com total deslumbramento
Quando aqui você entrar
Sem qualquer arrependimento
Dedicando tremenda zanga
Com muito arrebatamento
Consagrando imensa ânsia
Por mim nada de acautelamento
Como se fosse uma assombração
Aparecendo sem relacionamento
Fico aos gritos e aos prantos
Com seu desmedido excitamento
De meus olhos saem lágrimas
Tristeza e acanhamento
Sorumbático, sozinho e calado
Em meu rosto um abatimento
Angústia, menosprezo e decepção
Com esse seu enfezamento
Porque me dedicar essa falta?
Em seu coração nenhum sentimento

X
Vou por a boca no mundo
Quando o ódio daqui se for embora
Sorrir, ser feliz e sonhar
Com a felicidade que no peito outrora.
MARCELO RISSATO