Trombose é a formação de um coágulo dentro de um vaso sanguíneo, causada por "anormalidades" no sangue ou nas paredes vasculares. A predisposição à mesma é chamada de trombofilia, devendo ser aventada se a trombose ocorrer em jovens (<45 anos), sem fator desencadeante, em locais não usuais, for recorrente ou houver histórico familiar. A trombofilia pode ser hereditária ou adquirida. As alterações da coagulação que causam trombofilia incluem deficiências de anticoagulantes naturais ou resistência aos mesmos, ou excesso de fatores que promovem a coagulação no sangue, geralmente geneticamente determinados. A adquirida pode decorrer de câncer, anticorpos anormais no sangue, gravidez, cirurgias, problemas renais ou hemoglobinúria paroxística noturna (doença rara). A síndrome dos anticorpos antifosfolípides (SAF) é caracterizada pela presença de anticorpo "inibidor" da coagulação (na verdade, um procoagulante), inicialmente chamado de "anticoagulante lúpico", pela frequência nos pacientes lúpicos. As complicações obstétricas associadas à SAF incluem abortamentos de repetição, pré-eclâmpsia e coréia gravídica (rara). A SAF está associada a outros achados clínicos como livedo reticular, vegetações em válvulas cardíacas, oclusão da veia central da retina, enxaqueca e infarto agudo do miocárdio em adultos jovens. O câncer talvez seja a maior causa de trombose, especialmente nos idosos, podendo ser o primeiro "sinal" de uma doença maligna. Muitos tumores produzem substâncias que ativam a coagulação. A própria quimioterapia também está associada à trombose. O quadro clínico pode variar da trombose venosa profunda clássica até a grave síndrome de Trousseau, com trombose extensa e recorrente, mesmo com terapia anticoagulante. A apresentação clínica mais comum das trombofilias, como um todo, é a trombose nas pernas, com ou sem embolia pulmonar, em indivíduo jovem. O tratamento consiste na anticoagulação por longo prazo, após o episódio de trombose, o que é eficaz na maioria dos pacientes, a exceção daqueles com SAF ou câncer, que podem necessitar de "mais" anticoagulação. Os pacientes de alto risco devem receber anticoagulação contínua ou enquanto persistir o fator de risco mais importante. Os com risco moderado ou baixo de trombose, poderão receber profilaxia em situações especiais como cirurgias, imobilizações prolongadas ou gravidez. Nas pacientes com abortos de repetição, o uso de AAS desde o início da gestação, associado ou não à heparina, pode ser recomendado, além da monitoração fetal cuidadosa. Contraceptivos orais devem ser abolidos em mulheres com forte antecedente pessoal ou familiar de trombose. A reposição hormonal pós-menopausa nesses casos é controversa. O estudo familiar permite identificar os trombofílicos assintomáticos. Enfim, a ocorrência de trombose deve sempre fazer pensar em uma doença de base, que pode requerer tratamento específico. Assim, é fundamental pesquisar alterações da coagulação, genéticas ou adquiridas, que poderiam ser a causa desta manifestação. Leal FP. Causas, tratamentos e prevenção da trombose; Revista Mídia e Saúde, janeiro de 2010, n° 95, ano 9, p. 11. Obs.: Publicado com modificações. Francismar Prestes Leal.