TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: resíduos provenientes dos serviços de saúde

 

SOLID WASTE PROCESSING: waste from health services

 

Giovani Fuscaldi Albergaria - Especialista em Gestão Ambiental de Resíduos Sólidos; Geógrafo Ambientalista; Aluno do 1º período do curso de Engenharia Civil.

Paulo José Beraldo - Secretário Executivo; Aluno do 1º período do curso de Engenharia Civil.

 

 

RESUMO

 

A preocupação com as causas ambientais é o tema em questão. Os resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde podem causar sérios danos à população e ao meio ambiente. Resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA - e do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA - vêm para determinar diretrizes para um correto gerenciamento e tratamento desses resíduos. Com a ajuda de um profissional na empresa geradora é elaborado um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Com isso, surgem empresas que prestam o serviço de tratamento para estes resíduos e encaminham as sobras para um aterro sanitário. Neste contexto, é fundamental o papel dessas empresas para que o ciclo tenha êxito e para que o meio ambiente seja o maior beneficiado.

 

Palavras-Chaves: Resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde, Meio Ambiente, Tratamento de Resíduos.

 

ABSTRACT

 

The concern about the environment causes is the subject matter. Solid waste from health services can cause serious damage to population and environment. Resolutions of national Agency of Sanitary Surveillance - ANVISA - and of the National Council of Environment - CONAMA - come to establish guidelines for a correct management and processing of these wastes. With the help of a professional in the generating company is formulated a plan of solid waste management. Then, there are companies that provide the processing service for these wastes and send the remains to a landfill. In this context, is fundamental the role of these companies for the successful of the cycle and the environment been the biggest benefited.

 

Keywords: Solid waste from health services, Environment, Waste Processing.

 

 

INTRODUÇÃO


            Resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde, popularmente conhecidos como resíduos hospitalares, sempre constituem em problema para os seus geradores, que são responsáveis por eles até sua destinação final.

            Seus principais constituintes são os resíduos sépticos (gazes, agulhas, seringas, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, entre outros) e assépticos (semelhante aos domiciliares) e os principais geradores são os hospitais, clínicas, consultórios odontológicos, clínicas veterinárias, farmácias, postos de saúde e laboratórios.

            Esse tipo de resíduo deve ser encaminhado para as estações de tratamento e alguns podem ser diretamente enviados para a disposição em aterros sanitários, com exceção dos rejeitos radioativos que devem seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.

            Nas estações de tratamento são aplicadas duas técnicas: tratamento térmico por incineração ou autoclavagem.

A incineração é a destruição térmica dos resíduos. Consiste na queima do lixo e a uma redução drástica no volume, restando uma pequena quantidade de cinzas que será depositada em aterro sanitário. Caso a estação não seja projetada e operada adequadamente existe a possibilidade de emissão de compostos tóxicos na atmosférica.

            A autoclavagem trata-se de um tratamento térmico que esteriliza o material contaminado elevando a temperatura do mesmo através de um contato com vapor d’água. A desvantagem é que não existe redução no volume do lixo, que posteriormente será encaminhado para uma vala séptica de um aterro sanitário.

            O tratamento e a correta disposição em solo são de extrema importância para esse tipo de resíduo, uma vez que o mesmo contém bactérias e microorganismos que oferecem sérios riscos à saúde humana.

 

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS


           
A Classificação dos RSS objetiva destacar a composição desses resíduos segundo as suas características biológicas, físicas, químicas, estado da matéria e origem, para o seu manejo seguro. São classificados da seguinte forma:

  • Grupo A (Potencialmente Infectantes) - resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Ex: órgãos, tecidos, bolsas de sangue e vísceras de animais.
  • Grupo B (Químicos) - resíduos contendo substâncias químicas que apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente, independente de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos anti-retrovirais e produtos antibacterianos.
  • Grupo C (Rejeitos Radioativos) - são considerados rejeitos radioativos quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclideos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na norma CNEN-NE. 6.02. Ex: todos os resíduos contaminados com radionuclideos.
  • Grupo D (Resíduos Comuns) - são todos os resíduos gerados nos serviços de saúde que, por suas características, não necessitam de processos diferenciados relacionados ao acondicionamento, identificação e tratamento,  devendo ser considerados  resíduos sólidos urbanos. Ex: sobras de alimento, papéis de uso sanitário e resíduo das áreas administrativas.
  • Grupo E (Perfurocortantes) - são os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas, capazes de cortar ou perfurar. Ex: bisturis, agulhas e lâmina. 

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

 

            Os grandes de geradores de resíduos de serviço de saúde devem elaborar um programa de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS), que no caso específico o tipo de resíduo abordado (saúde) passa a se chamar PGRSS.

            O plano consiste em determinar as etapas a serem seguidas e como seguir o manual para que o plano seja aplicado com eficiência.

            Basicamente, as etapas são as seguintes:

  • Armazenamento na origem: após a geração dos resíduos os mesmos devem ser corretamente acondicionados em bombonas de polietileno e/ou sacolas plásticas resistentes, para diminuir o risco de contaminação das pessoas envolvidas neste processo.
  • Coleta na origem e transporte para a unidade de tratamento: após o correto armazenamento dos resíduos vem a coleta das bombonas e transporte para as unidades de tratamento, feito em veículos preparados para esse tipo de carga e corretamente identificados pelo símbolo de contaminação biológica e o nome e telefone da empresa prestadora do serviço.
  • Tratamento dos resíduos (incineração ou autoclavagem): feito o transporte dos resíduos, é hora de tratá-los. Os meios utilizados são a incineração (destruição térmica ou queima dos resíduos) ou a autoclavagem (tratamento térmico que esteriliza os resíduos). Ambas as opções seguem normas para que não haja acidentes ambientais ou com os funcionários.
  • Disposição no solo: consiste em depositar em aterro sanitário as sobras do tratamento.

JUSTIFICATIVA

 

            Uma vez que vários geradores desconhecem a legislação ou simplesmente tentam fugir a responsabilidade para não arcar com os custos do tratamento exigido por lei, este trabalho justifica-se pelo desrespeito com o meio ambiente e pela fraca fiscalização junto aos geradores dos resíduos

 

OBJETIVO

 

            Este trabalho objetiva-se em detalhar os tipos de resíduos provenientes dos serviços de saúde e esclarecer as alternativas para tratamento e destinação correta dos mesmos, facilitando o entendimento da legislação e aplicação da mesma.

 

METODOLOGIA

           

            A primeira parte consistiu na revisão bibliográfica em torno do tema, o que esclareceu o que e quais são os resíduos dos serviços de saúde, os geradores e o processo que vai desde a geração até a destinação final, passando pelo armazenamento no local de origem, coleta, transporte e tratamento.

            Foi feita uma visita técnica em um gerador para saber quais são os tipos de resíduos gerados, se existe um plano de gerenciamento de resíduos, o qual envolve as etapas descritas anteriormente e qual a destinação final dos mesmos.

            Com os dados em mãos o trabalho foi estruturado de acordo com normas técnicas propostas e concluído com o auxílio das reuniões com a orientação.

 

RESULTADOS

 

            Segundo dados obtidos junto ao gerador durante a visita, a maior parte dos resíduos gerados são do grupo D, que são os resíduos comuns. Os resíduos foram detalhados em: restos de alimentos, jornais, revistas, garrafas, embalagens, papel higiênico, fraldas e outros tipos de descartáveis. Esses resíduos são encaminhados para a coleta diária e levados para a disposição em aterro sanitário, não necessitando de tratamento prévio por se tratarem de substâncias sem risco de contaminação biológica.

            Outros resíduos encontrados foram os potencialmente infectantes - Grupo A - e os perfurocortantes - Grupo E - descritos pelo responsável do setor como: gazes, agulhas, bisturis, seringas, algodão, órgãos, tecidos removidos e sangue. Esses resíduos são acondicionados, coletados, transportados, tratados e dispostos em aterros sanitários, seguindo normas do plano de gerenciamento e as leis em vigor.

            Os resíduos químicos - Grupo B - que são os medicamentos anti-retrovirais e produtos antibacterianos que não são utilizados por quaisquer motivos, voltam às indústrias produtoras e tomam a destinação correta, não ocasionando problemas para o hospital gerador.

            Não foram detectados rejeitos radioativos - Grupo C.

            Apenas uma pequena parte do lixo, os papéis de escritório, é encaminhada para reciclagem.

 

Tipos de Resíduo

Constituição

Destinação Final

Grupo A

Gazes, algodão, órgãos, tecidos, sangue e seringas

Unidades de tratamento

Grupo B

Medicamentos anti-retrovirais e produtos antibacterianos

Devolvidos às indústrias produtoras

Grupo C

Rejeitos radioativos

-

Grupo D

Restos de alimentos, jornais, revistas, garrafas, embalagens, papel higiênico, fraldas

- Aterro sanitário

- Reciclagem

Grupo E

Agulhas e bisturis

Unidades de tratamento

 

Tabela 01: Tipos de Resíduo, Constituição e destinação final dos resíduos.

Fonte: Hospital Socor, 2010.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            O tratamento de resíduos provenientes dos serviços de saúde está em constante crescimento. O setor que presta este tipo de serviço comemora esse crescimento, pois quanto maior a preocupação com os resíduos maior também será o lucro com seu tratamento.

            Os grandes hospitais, principalmente, vêm buscando essa alternativa para minimizar os riscos de contaminação e obter o selo verde, o que é muito bem visto já que atualmente percebe-se uma maior preocupação com o meio ambiente.

            Se todos os potenciais geradores ficarem atentos ao meio em que vivem e se preocuparem em tratar seus resíduos ao invés de depositá-los junto com os resíduos “normais”, com certeza isso implicará em menor risco de contaminação e maior vida útil dos aterros sanitários, o que implicará no correto funcionamento do aterro e minimização de impactos ambientais.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

MARCOS, Antônio. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Hospital SOCOR.

  

Organização Pan-Americana da Saúde. Guia para o manejo interno de resíduos sólidos em estabelecimentos de saúde. Tradução de Carol Castillo Arguello. OMS - Organização Mundial da Saúde. Brasília, 1997.

 

Resolução nº 306 ANVISA de 07 de dezembro de 2004. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.


Resolução nº 358 CONAMA de 29 de abril de 2005. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

 

SISINNO, Cristina Lúcia Silveira; OLIVEIRA, Rosália Maria. Resíduos sólidos, ambiente e saúde: uma visão multidisciplinar. Fiocruz. Rio de Janeiro, 2002.