TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Publicado em 05 de maio de 2010 por Giovani Albergaria
TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: resíduos
provenientes dos serviços de saúde
SOLID WASTE PROCESSING: waste from
health services
Giovani Fuscaldi
Albergaria - Especialista
Paulo José Beraldo - Secretário Executivo; Aluno do 1º período do curso de
Engenharia Civil.
RESUMO
A preocupação com as causas ambientais é o tema
Palavras-Chaves: Resíduos
sólidos provenientes dos serviços de saúde, Meio Ambiente, Tratamento
de Resíduos.
ABSTRACT
The concern about the
environment causes is the subject matter. Solid waste from health
services can cause serious damage to population and environment.
Resolutions of national Agency of Sanitary Surveillance - ANVISA - and
of the National Council of Environment - CONAMA - come to establish
guidelines for a correct management and processing of these wastes. With
the help of a professional in the generating company is formulated a
plan of solid waste management. Then, there are companies that provide
the processing service for these wastes and send the remains to a
landfill. In this context, is fundamental the role of these companies
for the successful of the cycle and the environment been the biggest
benefited.
Keywords: Solid
waste from health services, Environment, Waste Processing.
INTRODUÇÃO
Resíduos sólidos provenientes dos serviços
de saúde, popularmente conhecidos como resíduos hospitalares, sempre
constituem em problema para os seus geradores, que são responsáveis por
eles até sua destinação final.
Seus principais constituintes são os
resíduos sépticos (gazes, agulhas, seringas, bandagens, algodões, órgãos
e tecidos removidos, entre outros) e assépticos (semelhante aos
domiciliares) e os principais geradores são os hospitais, clínicas,
consultórios odontológicos, clínicas veterinárias, farmácias, postos de
saúde e laboratórios.
Esse tipo de resíduo deve ser encaminhado
para as estações de tratamento e alguns podem ser diretamente enviados
para a disposição em aterros sanitários, com exceção dos rejeitos
radioativos que devem seguir as determinações da Comissão Nacional de
Energia Nuclear - CNEN.
Nas estações de tratamento são aplicadas
duas técnicas: tratamento térmico por incineração ou autoclavagem.
A
incineração é a destruição térmica dos resíduos. Consiste na queima do
lixo e a uma redução drástica no volume, restando uma pequena quantidade
de cinzas que será depositada em aterro sanitário. Caso a estação não
seja projetada e operada adequadamente existe a possibilidade de emissão
de compostos tóxicos na atmosférica.
A autoclavagem trata-se de um tratamento
térmico que esteriliza o material contaminado elevando a temperatura do
mesmo através de um contato com vapor d’água. A desvantagem é que não
existe redução no volume do lixo, que posteriormente será encaminhado
para uma vala séptica de um aterro sanitário.
O tratamento e a correta disposição em solo
são de extrema importância para esse tipo de resíduo, uma vez que o
mesmo contém bactérias e microorganismos que oferecem sérios riscos à
saúde humana.
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
A Classificação dos RSS objetiva
destacar a composição desses resíduos segundo as suas características
biológicas, físicas, químicas, estado da matéria e origem, para o seu
manejo seguro. São classificados da seguinte forma:
- Grupo
A (Potencialmente Infectantes) - resíduos com a possível presença de
agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou
concentração, podem apresentar risco de infecção. Ex: órgãos, tecidos,
bolsas de sangue e vísceras de animais.
- Grupo B (Químicos) - resíduos contendo substâncias químicas que
apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente, independente de
suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e
toxicidade. Ex: medicamentos anti-retrovirais e produtos
antibacterianos.
- Grupo C (Rejeitos Radioativos) - são considerados rejeitos
radioativos quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que
contenham radionuclideos em quantidades superiores aos limites de
isenção especificados na norma CNEN-NE. 6.02. Ex: todos os resíduos
contaminados com radionuclideos.
- Grupo D (Resíduos Comuns) - são todos os resíduos gerados nos
serviços de saúde que, por suas características, não necessitam de
processos diferenciados relacionados ao acondicionamento, identificação e
tratamento, devendo ser considerados resíduos sólidos urbanos. Ex:
sobras de alimento, papéis de uso sanitário e resíduo das áreas
administrativas.
- Grupo E (Perfurocortantes) - são os objetos e instrumentos
contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas,
capazes de cortar ou perfurar. Ex: bisturis, agulhas e lâmina.
PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS
Os grandes de geradores de resíduos de serviço de
saúde devem elaborar um programa de gerenciamento de resíduos sólidos
(PGRS), que no caso específico o tipo de resíduo abordado (saúde) passa a
se chamar PGRSS.
O plano consiste em determinar as etapas a
serem seguidas e como seguir o manual para que o plano seja aplicado com
eficiência.
Basicamente, as etapas são as seguintes:
- Armazenamento na origem: após a geração dos resíduos os mesmos devem ser corretamente acondicionados em bombonas de polietileno e/ou sacolas plásticas resistentes, para diminuir o risco de contaminação das pessoas envolvidas neste processo.
- Coleta na origem e transporte para a unidade de tratamento: após o
correto armazenamento dos resíduos vem a coleta das bombonas e
transporte para as unidades de tratamento, feito em veículos preparados
para esse tipo de carga e corretamente identificados pelo símbolo de
contaminação biológica e o nome e telefone da empresa prestadora do
serviço.
- Tratamento dos resíduos (incineração ou autoclavagem): feito o
transporte dos resíduos, é hora de tratá-los. Os meios utilizados são a
incineração (destruição térmica ou queima dos resíduos) ou a
autoclavagem (tratamento térmico que esteriliza os resíduos). Ambas as
opções seguem normas para que não haja acidentes ambientais ou com os
funcionários.
- Disposição no solo: consiste em depositar em aterro sanitário as sobras do tratamento.
JUSTIFICATIVA
Uma vez que vários geradores desconhecem a
legislação ou simplesmente tentam fugir a responsabilidade para não
arcar com os custos do tratamento exigido por lei, este trabalho
justifica-se pelo desrespeito com o meio ambiente e pela fraca
fiscalização junto aos geradores dos resíduos
OBJETIVO
Este trabalho objetiva-se em detalhar os
tipos de resíduos provenientes dos serviços de saúde e esclarecer as
alternativas para tratamento e destinação correta dos mesmos,
facilitando o entendimento da legislação e aplicação da mesma.
METODOLOGIA
A primeira parte consistiu na revisão
bibliográfica em torno do tema, o que esclareceu o que e quais são os
resíduos dos serviços de saúde, os geradores e o processo que vai desde a
geração até a destinação final, passando pelo armazenamento no local de
origem, coleta, transporte e tratamento.
Foi feita uma visita técnica em um gerador
para saber quais são os tipos de resíduos gerados, se existe um plano de
gerenciamento de resíduos, o qual envolve as etapas descritas
anteriormente e qual a destinação final dos mesmos.
Com os dados em mãos o trabalho foi
estruturado de acordo com normas técnicas propostas e concluído com o
auxílio das reuniões com a orientação.
RESULTADOS
Segundo dados obtidos junto ao gerador
durante a visita, a maior parte dos resíduos gerados são do grupo D, que
são os resíduos comuns. Os resíduos foram detalhados em: restos de
alimentos, jornais, revistas, garrafas, embalagens, papel higiênico,
fraldas e outros tipos de descartáveis. Esses resíduos são encaminhados
para a coleta diária e levados para a disposição em aterro sanitário,
não necessitando de tratamento prévio por se tratarem de substâncias sem
risco de contaminação biológica.
Outros resíduos encontrados foram os
potencialmente infectantes - Grupo A - e os perfurocortantes - Grupo E -
descritos pelo responsável do setor como: gazes, agulhas, bisturis,
seringas, algodão, órgãos, tecidos removidos e sangue. Esses resíduos
são acondicionados, coletados, transportados, tratados e dispostos em
aterros sanitários, seguindo normas do plano de gerenciamento e as leis
em vigor.
Os resíduos químicos - Grupo B - que são os
medicamentos anti-retrovirais e produtos antibacterianos que não são
utilizados por quaisquer motivos, voltam às indústrias produtoras e
tomam a destinação correta, não ocasionando problemas para o hospital
gerador.
Não foram detectados rejeitos radioativos -
Grupo C.
Apenas uma pequena parte do lixo, os papéis
de escritório, é encaminhada para reciclagem.
Tipos de Resíduo |
Constituição |
Destinação Final |
Grupo A |
Gazes, algodão, órgãos, tecidos, sangue e seringas |
Unidades de tratamento |
Grupo B |
Medicamentos anti-retrovirais e produtos
antibacterianos |
Devolvidos às indústrias produtoras |
Grupo C |
Rejeitos radioativos |
- |
Grupo D |
Restos de alimentos, jornais, revistas, garrafas,
embalagens, papel higiênico, fraldas |
- Aterro sanitário - Reciclagem |
Grupo E |
Agulhas e bisturis |
Unidades de tratamento |
Tabela 01: Tipos de Resíduo, Constituição e
destinação final dos resíduos.
Fonte: Hospital Socor, 2010.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tratamento de resíduos provenientes dos
serviços de saúde está em constante crescimento. O setor que presta este
tipo de serviço comemora esse crescimento, pois quanto maior a
preocupação com os resíduos maior também será o lucro com seu
tratamento.
Os grandes hospitais, principalmente, vêm
buscando essa alternativa para minimizar os riscos de contaminação e
obter o selo verde, o que é muito bem visto já que atualmente percebe-se
uma maior preocupação com o meio ambiente.
Se todos os potenciais geradores ficarem
atentos ao meio em que vivem e se preocuparem em tratar seus resíduos ao
invés de depositá-los junto com os resíduos “normais”, com certeza isso
implicará em menor risco de contaminação e maior vida útil dos aterros
sanitários, o que implicará no correto funcionamento do aterro e
minimização de impactos ambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARCOS, Antônio. Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde. Hospital SOCOR.
Organização Pan-Americana da Saúde. Guia para o
manejo interno de resíduos sólidos em estabelecimentos de saúde.
Tradução de Carol Castillo Arguello. OMS - Organização Mundial da Saúde.
Brasília, 1997.
Resolução nº 306 ANVISA de 07 de dezembro de
2004. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA.
Resolução nº 358 CONAMA de 29 de abril de
2005. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA.
SISINNO, Cristina Lúcia Silveira; OLIVEIRA, Rosália Maria. Resíduos sólidos, ambiente e saúde: uma visão multidisciplinar. Fiocruz. Rio de Janeiro, 2002.