Fazendo uma releitura das religiões encontramos como primeiros deuses cultuados, a Deusa da Fertilidade e o Deus Cornudo (cornudo porque o chifre na época antiga tinha a finalidade de determinar o poder e a virilidade masculina).

Ao longo do tempo encontramos toda uma carga mitológica em busca de querer explicar a origem do mundo. Uma eterna questão humana que ainda hoje desperta grande interesse de inúmeras áreas do conhecimento.

Gostaria de fazer destaque a mitologia grega sobre a personagem de Zeus e seus irmãos Poseidon e Hades (o deus do submundo). Realidade que acaba por se aculturada aos altares de Roma, porém, com outras nominações.

O judaísmo sendo uma religião de grande caráter machista faz alusão à presença do mal, porém, sempre veiculando o mal como uma doença ao qual não podia naquele momento ser explicada cientificamente. Fator este próprio e talvez até mesmo, inunda as religiões. O fato é que a linguagem mitológica que é em si uma tentativa simbólica de explicar um determinado fenômeno natural sempre está presente em sua estrutura.  

Por fim, encontramos diante do Cristianismo, a religião que mais sincrética até o presente momento. Justifico esta alternativa pelo próprio nascimento da religião cristã, que não era unívoca, mas na verdade nos primórdios do cristianismo encontramos na verdade várias correntes cristãs; basta lembrar a ideia agnóstica acerca do próprio Deus encarnado.

Segundo os relatos encontramos a figura do grande anjo abençoado por Deus, Lúcifer, o guardião da luz e seus outros arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel. Nesta realidade, defrontamos com a criação do homem e a revolta ou o ciúme de Lucifer perante a figura decadente dos homens.  

O fato é que Anjos e Homens passam sobre um mesmo ponto crucial e inicial, Deus. Todos provem de Deus. A ideia do diabo é difundida em maior instância durante a idade Média, sempre associando a figura do diabo a pestes ou as invasões bárbaras.

Porém, neste artigo o foco central é a figura do Diabo, figura que causa grande medo e enchem igrejas no mundo contemporâneo. O que quero justificar é que o diabo é fruto de uma releitura das próprias ações humanas dentro do tempo histórico das religiões. Afinal de contas, a escolha do Diabo é uma escolha fortemente humana, “Preferiu ser Senhor dos Infernos para deixar de ser servo no céu!”. A questão é qual pessoa no mundo não faria tal escolha, quem não sonha em reinar, quem não almeja o poder? Se não faça uma releitura histórica de si mesmo e percebera o quanto está errado em suas análises acerca de si mesmo.

Outra realidade que gostaria de elencar é que se assim o mesmo vier a existir possuímos assim como na figura do criador “Criados a sua imagem e semelhança” pelo mesmo criador do anjo maculado também somos a sua imagem e semelhança. Jung colocou isso de forma clara em suas análises ao afirmar que carregamos em nossa essência luzes e sombras.

O Diabo não deve ser temido, deve ser encarado, pois, assim como Deus nos habita ele mesmo em nós está. Não quero aqui justificar nossas responsabilidades e escolhas feitas como culpa deste anjo, mas muitos de nós adoramos subliminar nosso ato errado a figura de um Anjo mitológico que pouco tem responsabilidade para com nossas escolhas.