TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA

RESUMO
FORGIARINI, Kelin 1
RICCI, Luize V. 2
JUNHO/2010

A ansiedade é um estado humor desconfortável e de apreensão negativa em relação ao futuro, ou seja, uma inquietação desagradável, que envolve respostas cognitivas, fisiológicas e comportamentais, respostas estas que têm por objetivo a proteção. Em sua normalidade a ansiedade é importante para a adaptação e sobrevivência do indivíduo ao meio, mas quando se torna persistente pode vir desencadear transtornos. Existem vários transtornos, dos quais alguns são típicos da infância, estes que podem acarretar consequências para o desenvolvimento. Esta pesquisa teve como objetivo definir o que é ansiedade e os seus principais transtornos; explicar os possíveis fatores desencadeantes e verificar as consequências que os transtornos de ansiedade podem causar no desenvolvimento da criança. Por meio da pesquisa feita pode-se verificar isso, e os resultados permitiram comprovar tais hipóteses: que as relações familiares e o contexto social são os fatores que podem inferir no desenvolvimento infantil como um todo. De modo que, no início da escolarização a criança necessita de uma atenção especial para que não desenvolva comportamentos ansiosos. Estes que se forem persistentes podem desencadear um transtorno, o qual poderá ser prejudicial, implicando e dificultando o processo de socialização e o desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Ansiedade, Infância, Transtornos, Comportamento, Relações Familiares e Contexto Escolar.

1. Acadêmica do 3° período do curso de Psicologia da Faculdade de Pato Branco - Fadep.
2. Acadêmica do 3° período do curso de Psicologia da Faculdade de Pato Branco - Fadep.

ABSTRACT
FORGIARINI, Kelin 1
RICCI, Luize V. 2

Anxiety is an uncomfortable mood state and negative seizure about the future, or an, unpleasant restlessness, which involves cognitive, physiological and behavioral responses, responses that they are supposed to protect. In your normal anxiety is important for adaptation and survival of the individual in the middle, but when it becomes persistent can to initiate disorders. There are several disorders, some of which are typical of childhood, these that may result in consequences for the development. This study aimed to define what is anxiety disorders and their principal; explain the possible initiating factors and determine the consequences of anxiety disorders can to cause the development of the child. Through the survey we can see that and allowed to substantiate these assumptions: that family relationships and social context are factors that can infer in the child?s development as a whole. So that at the beginning of schooling the child needs special attention for that doesn?t develop anxious behaviors. These that if are persistent, may initiate a disorder, which may to be harmful, leading and inhibiting the process of socialization and child development.

Key-words: Anxiety, Childhood, Disorders, Behavior, Family Relations and School Context.

1. Student of the 3rd period of the Psychology course at the Faculty of Pato Branco - Fadep.
2. Student of the 3rd period of the Psychology course at the Faculty of Pato Branco - Fadep.


1. INTRODUÇÃO

Como pressupõe Graeff, et al. (1999), a palavra "ansiedade" deriva do termo grego Anshein, que tem por significado "estrangular, sufocar, oprimir". Os primeiros registros sobre ansiedade estão na Grécia clássica. Porém, esta adquiriu proeminência na Psiquiatria na primeira metade do século XX com Sigmund Freud.
Atualmente, vários teóricos definem a era moderna como sendo a "Idade da Ansiedade". Pois, viver ansiosamente passou a ser considerada uma condição da qual, de certa forma, todos estão atrelados (BALLONE, 2005). Segundo Dalgalarrondo (2000), a ansiedade é um estado de humor desconfortável, uma inquietação e uma apreensão interna em relação ao futuro. Manifestações estas que levam a respostas somáticas, fisiológicas e psíquicas.
De acordo com Shinohara et al (2001): A ansiedade envolve respostas cognitivas, fisiológicas e comportamentais, com o objetivo de proteção. Sendo que as respostas fisiológicas impulsionam para fugir ou enfrentar. Desta forma, o comportamento tem função de inibir qualquer movimento de risco em direção á fuga ou a defesa, assim, o indivíduo sente-se amedrontado.
Para Barlow e Durand (2008) a ansiedade tem um sentido subjetivo de inquietação que compreende um conjunto de comportamentos como parecer preocupado e inquieto, ou uma resposta fisiológica que tem origem no cérebro, que reflete nos batimentos cardíacos e na tensão muscular.
Entretanto, conforme Nunes; Bueno e Nardi (2001), os padrões físicos de ansiedade variam amplamente de indivíduo para indivíduo. Esta vem acompanhada por uma sensação difusa, desagradável, de apreensão, e também por várias sensações físicas. Ainda, vale ressaltar que a diferença básica entre ansiedade normal da ansiedade patológica, é que esta última paralisa o indivíduo, trazendo desta forma, prejuízo ao bem-estar e ao desempenho, não permitindo a preparação para enfrentar situações ameaçadoras.
Diante disso, e possível constatar que a ansiedade passou a ser um distúrbio quando o ser humano colocou-a não a serviço de sua sobrevivência, mas a serviço de sua existência (BALLONE, 2005). Isso despertou o interesse em pesquisar para se ter mais conhecimento a respeito, pois a ansiedade excessiva também vem proporcionando danos ao desenvolvimento infantil, além de ser um tema muito intrigante e questionado no momento. Desta forma, a pesquisa visa analisar quais os fatores que são desencadeantes dos transtornos de ansiedade na infância.
Percebe-se que não há muitos autores que abordam este tema, em específico na infância, mas isso não pode ser desconsiderado, pois é um problema que vem afetando o desenvolvimento normal de algumas crianças. Assim, por meio da pesquisa realizada se constata a escassez de teóricos que se interessem e escrevam sobre esse assunto.
A presente pesquisa bibliográfica traz num primeiro momento, a definição do que é ansiedade e quais os principais transtornos desencadeados por esta. Já no segundo momento é explanado a ansiedade infantil e quais os principais transtornos que podem derivar desta. Enquanto que no terceiro, são explicados alguns dos possíveis fatores desencadeantes dos comportamentos ansiosos na infância e as consequências que estes podem trazer para o desenvolvimento infantil.



2. ANSIEDADE

2.1 Uma breve passagem na história da ansiedade

A palavra "ansiedade" deriva do termo grego Anshein, e tem por significado "estrangular, sufocar, oprimir". Os primeiros registros sobre ansiedade estão na Grécia clássica, esta que estava associada a sintomas corporais, embora Hipócrates tivesse descrito alguns casos de fobia, tanto na Antiguidade quanto na Idade Média a ansiedade raramente era tida como uma doença. (GRAEFF, et al. 1999)
Ainda de acordo com Graeff et al (1999,135 e 136): "[...] século XX, com Heidegger e Sartre [...] as fobias passam a ser encaradas como problemas médicos [...] o conceito de neurastenia, formulado pelo psiquiatra norte-americano Beard, englobava o que se entende hoje como estados da ansiedade patológica".
A partir do momento que as fobias passam a ser consideradas pela medicina como um problema de cunho patológico, há um novo olhar, científico, sobre a ansiedade. Teve grande proeminência na Psiquiatria com Sigmund Freud, na primeira metade do século XX.
Deste modo, Graeff et al afirmam que "os processos recentes das neurociências, o advento da Etologia, a evolução da teoria da aprendizagem e o sucesso relativo da Psicofarmacoterapia vêm orientando o curso da Psiquiatria em direção à Biologia" (1999, p.136).
Decorrente disso, a ansiedade passa a ser enquadrada dentro do paradigma evolucionário, no entanto segundo o mesmo autor:

O próprio Charles Darwin, em sua obra The Expression of Emotion in Man and in Animals, publicada em 1872, apontou o caminho seguido em nosso século pela Etologia, de buscar o valor adaptativo dos processos comportamentais e psicológicos. Sob esse ângulo, a ansiedade e o medo têm suas raízes nas reações de defesa dos animais, verificadas em resposta a perigos comumente encontrados no meio ambiente (GRAEFF, et al. 1999, p.136).

De acordo com essa perspectiva pode-se considerar que a ansiedade tem papel importante na adaptação do ser humano em seu meio, de forma que se exagerada, pode ser inadequada e prejudicial, podendo se tornar muitas vezes uma patologia. Isso será adiante abordado mais detalhadamente.

2.2 As diferentes concepções e teorias:

Conforme demonstram Nunes; Bueno e Nardi (2001) percebe-se a existência de algumas hipóteses etiológicas para a ansiedade patológica. Sob a concepção psicanalítica vale ressaltar:

[...] que a ansiedade é um sinal para o ego de que um instinto inaceitável está exigindo representação e descargas conscientes. A ansiedade desperta o ego para que tome medidas defensivas contra as pressões interiores. Se a repressão não for bem sucedida, outros mecanismos psicológicos de defesa podem resultar em formação de sintomas (p. 132).

Desta maneira, para a teoria psicanalítica a repressão quando não bem sucedida, pode consequentemente, auxiliar na formação de sintomas, em outras palavras, a repressão pode ser considerada como formadora de sintomas. Em contrapartida vem a teoria comportamental que compreende "que a ansiedade é uma resposta condicionada a estímulos ambientais específicos", prosseguindo com essa concepção e com o exemplo que se encontra em Nunes; Bueno e Nardi (2001, p.132): "Uma pessoa pode aprender a ter uma resposta interna de ansiedade após uma experiência negativa ou imitando respostas interna de ansiedade após uma experiência negativa ou imitando respostas ansiosas de seu meio social".
Outra interpretação sobre a ansiedade patológica é abordada pelos cognitivistas, estes que sugerem "que padrões de pensamento incorretos, distorcidos, impacientes ou contraproducentes acompanham ou precedem os comportamentos desadaptados".
Ainda em relação às abordagens, encontram-se também as teorias existenciais e as teorias biológicas:
- as teorias existenciais referem que as pessoas ficam ansiosas ao se tornarem conscientes de um profundo vazio em suas vidas. A ansiedade é a resposta a este imenso vazio de existência e significado;
- as teorias biológicas, ao definirem a ansiedade como uma função mental, criam hipóteses para sua representação cerebral. Estas teorias são baseadas em medições objetivas que comparam a função cerebral de pessoas normais com indivíduos com transtornos de ansiedade, principalmente através do uso de medicamentos ansiolíticos. É possível que certas pessoas sejam mais suscetíveis ao desenvolvimento de um transtorno de ansiedade, com base em uma sensibilidade biológica. Os três principais neurotransmissores associados à ansiedade são noradrenalina, o ácido gama-aminobutírico (Gaba) e a serotonina (NUNES; BUENO e NARDI, 2001, p. 132).

Pode-se concluir que cada teoria tem sua própria forma de interpretação quando se aborda a ansiedade patológica. Consequentemente, isso se reflete na forma em que cada uma irá trabalhar no tratamento da mesma.

2.3 Definição da ansiedade
Existem autores, incluindo Ballone (2005), que definem a era moderna como sendo a "Idade da Ansiedade". Pois viver ansiosamente passou a ser considerada uma condição da qual, de certa forma, todos estão atrelados.
A ansiedade vista pelo lado positivo permite que o indivíduo fique atento para enfrentar determinados perigos e tomar as devidas medidas para lidar com as ameaças. Assim, a ansiedade é algo útil, pois em sua ausência estaríamos vulneráveis aos perigos e ao desconhecido. Conforme Nunes; Bueno e Nardi (2001) está presente no desenvolvimento considerado normal, nas mudanças e nas novas experiências. Analisando desde os primórdios do homem, percebe-se que a ansiedade sempre esteve presente no seu contexto, mas apenas na era moderna que se está se dando à devida atenção a ela e também "a atenção [...] sobre o organismo e sobre o psiquismo humano" (BALLONE, 2005).
Ressalta-se também que a ansiedade moderada faz bem e é boa para a saúde. O desempenho físico e intelectual é impulsionado em direção a um desempenho maior se for orientado para o futuro, em excesso pode ser prejudicial, ficando fora do controle. Mas o que pode piorar a situação, é que a ansiedade grave normalmente não desaparece, ou seja, a ansiedade se torna contínua mesmo sabendo de que não a nada a temer (BARLOW e DURAND, 2008).
Considera-se a partir disso, que a ansiedade é importante para a adaptação do ser humano no meio em que está inserido. A falta ou ausência desta provoca certa vulnerabilidade a perigos e a situações que poderiam ser prejudiciais, e que até interferiria na sobrevivência da espécie.
Dalgalarrondo define a ansiedade:

A ansiedade é definida como um estado de humor desconfortável, uma apreensão negativa em relação ao futuro, uma inquietação interna desagradável. A ansiedade inclui manifestações somáticas e fisiológicas (dispnéia, taquicardia, vasoconstrição ou dilatação, tensão muscular, parestesias, tremores, sudorese, tontura, etc.) e manifestações psíquicas (inquietação interna, apreensão, desconforto mental, etc.) (2000, p.107).

Completando a ideia anterior, Barlow e Durand (2008), afirmam que nos seres humanos a ansiedade tem um sentido subjetivo de inquietação, compreendendo um conjunto de comportamentos como parecer preocupado, ansioso e inquieto ou uma resposta fisiológica que tem origem no cérebro, que reflete nos batimentos cardíacos e na tensão muscular.
De acordo com Shinohara et al (2001): A ansiedade envolve respostas, sejam elas afetivas, cognitivas, fisiológicas e comportamentais, cujo objetivo é a proteção. Sendo que as respostas fisiológicas impulsionam para fugir ou enfrentar. Consequentemente o comportamento tem a função de inibir qualquer movimento de risco em direção á fuga ou a defesa, dessa forma o indivíduo sente-se amedrontado. Esse fenômeno também é considerado para Barlow e Durand (2008, p.133): "[...] uma reação de emergência, é chamada resposta de fuga ou resposta de luta".
Em nível cognitivo há vários sintomas que envolvem a ansiedade, entre eles encontra-se a hipervigilância e consciência auto-focada. Outros sintomas ainda, envolvem a dificuldade de pensamento dos quais incluem a baixa concentração, bloqueio e dificuldade de raciocinar. Não descartando os sintomas conceituais que seriam as distorções cognitivas, ativação de crenças relacionadas com o medo, imagens ameaçadoras e aumento na freqüência de pensamentos automáticos (SHINOHARA et al, 2001).
Mas deve ser ressaltado que, segundo Nunes, Bueno e Nardi (2001), os padrões físicos de ansiedade variam amplamente de indivíduo para indivíduo. Esta vem acompanhada por uma sensação difusa, desagradável, de apreensão, e também por várias sensações físicas.
Continuando com linha de raciocínio de Shinohara (2001), as pessoas ansiosas têm por característica as preocupações excessivas de possíveis soluções para conviver com o suposto "perigo". A busca incessante á respostas para a incerteza criada, muitas vezes não corresponde ao previsto. Automaticamente não eliminando-a. A busca de estar permanentemente em segurança pode influenciar indiretamente e inadequadamente nas escolhas e em consequência gerar uma ansiedade constante e persistente que acabam por impedir que o indivíduo leve uma vida normal.
A diferença básica entre ansiedade normal da ansiedade patológica, é que esta última paralisa o indivíduo, trazendo desta forma, prejuízo ao bem-estar e ao desempenho, não permitindo a preparação para enfrentar situações ameaçadoras (NUNES; BUENO e NARDI, 2001).
Referente à perspectiva de Ballone (2005, p.03), a ansiedade pode se mostrar em três níveis:

[...] neuroendócrino, visceral e de consciência. O nível neuroendócrino diz respeito aos efeitos da adrenalina, noradrenalina, glucagon, hormônio anti-diurético e cortisol. No plano visceral a ansiedade corre por conta do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), o qual reage se excitando o organismo na reação de alarme (sistema simpáticoto) ou relaxando (sistema vagal) na fase de esgotamento. Cognitivamente a Ansiedade se manifesta por dois sentimentos desagradáveis: 1-Através da consciência das sensações fisiológicas de sudorese, palpitação, inquietação e outros sintomas autossômicos (do sistema nervoso autônomo); 2-Através da consciência de estar nervoso ou amedrontado.

Segundo Shinohara (2001) a ansiedade que antes era um mecanismo adaptativo diante de perigos verdadeiros torna-se inadequado se usado para alarmes falsos e se usado em grande frequência. Os sintomas de ansiedade, estes que refletem no funcionamento do medo no cérebro - na tentativa de lidar com situações difíceis - geram em excesso e inapropriadamente ameaças em resposta a situações geralmente inofensivas.
Para Barlow e Durand (2008), teoricamente existe diferença entre medo e ansiedade. Sendo que esta última é caracterizada por um estado de humor orientado para o futuro, ou seja, prever e controlar os eventos que estão por vir. Já o medo é uma reação emocional imediata para o perigo atual, com tendência de ações escapatórias.
Conforme descreve Shinohara et al. (2001), é de suma importância responder com ansiedade a determinadas situações ameaçadoras, a que se refere à ansiedade considerada normal. Porém, quando se fala da ansiedade anormal ou patológica, trata-se se uma resposta inadequada a determinado estímulo, referente à sua duração ou intensidade.
Na atualidade, a ansiedade está exercendo um novo papel, além de ser necessária para a sobrvivência, vem se tornando algo que foge dos padrões de normalidade. O que causa uma preocupação cada vez maior.
A ansiedade passou a ser objeto de distúrbios quando o ser humano colocou-a não a serviço de sua sobrevivência, como fazia antes, mas a serviço de sua existência, com o amplo leque de circunstâncias quantitativas e qualitativas desta existência. Assim, o estresse passou a ser o representante emocional da Ansiedade, a correspondência psíquica de toda movimentação que o estresse causa na pessoa. O fato de um evento ser percebido como estressante não depende apenas da natureza do mesmo, como acontece no mundo animal, mas do significado atribuído a este evento pela pessoa, de seus recursos, de suas defesas e de seus mecanismos de enfrentamento. (BALLONE, 2005 p. 01).
Hoje, nos deparamos quase que todos os dias com a competitividade social, a segurança, a competência profissional, a sobrevivência econômica, e várias outras ameaças abstratas e reais, que podem ser considerados o perigos da idade atual. Considerando que a ansiedade está contínua e crônica. A adrenalina, atualmente está aumentando quase diariamente.
Os acontecimentos estressantes desencadeiam vulnerabilidades psicológicas e biológicas para a ansiedade. Em sua maioria, esses fatos são interpessoais por natureza - casamento, divórcio, dificuldade no trabalho, morte de um ente querido e assim por diante. Alguns podem ser físicos, como um machucado ou uma enfermidade. As pressões sociais, por exemplo, ir bem na escola, também podem oferecer estresse suficiente para desencadear a ansiedade. Os mesmos estressores podem provocar reações físicas, como enxaqueca ou hipertensão e, reações emocionais, como ataque de pânico (BARLOW, 2002 apud BARLOW e DURAND, 2008, p.137).

Para Ballone (2005): O estresse passou a ser representante emocional da ansiedade, a correspondência psíquica de toda a movimentação que este pode então, causar na pessoa. O fato de determinado evento ser percebido como estressante, não depende apenas da natureza do mesmo, mas é relevante o significado atribuído a este evento pelo indivíduo, dos recursos próprios, de suas defesas e também de seus mecanismos de enfrentamento. Ou seja, isso diz respeito mais a personalidade, do que aos eventos em si.
A diferença básica entre ansiedade normal da ansiedade patológica, é que esta última paralisa o indivíduo, trazendo desta forma, prejuízo ao bem-estar e ao desempenho, não permitindo a preparação para enfrentar situações ameaçadoras. Conforme afirmam Nunes; Bueno e Nardi (2001), os principais transtornos de ansiedade são: o transtorno de pânico, o transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno misto de ansiedade e depressão, transtorno de estresse pós-traumático, a fobia social, fobias específicas e a agorafobia. A seguir apresenta-se uma tabela:

Classificação dos Transtornos de Ansiedade segundo o DSM-IV
? Transtorno de Pânico com Agorafobia
? Transtorno de Pânico sem Agorafobia
? Agorafobia sem história de Transtorno de pânico
? Fobia Específica
? Fobia Social
? Transtorno Obsessivo-compulsivo
? Transtorno de estresse Pós-compulsivo
? Transtorno de estresse Pós-traumático
? Transtorno de Ansiedade Generalizada
? Transtorno de Ansiedade devido uma condição médica geral
? Transtorno de Ansiedade induzida por substância
? Transtorno de Ansiedade não especificado
GRAEFF, et al. (1999, p. 142)
Pressupõe-se que atualmente se tenha outros transtornos desencadeados pela ansiedade. Entre eles se encontra também o transtorno de ansiedade de separação, que será descrito mais adiante, que tem por característica ser um transtorno típico da infância.

2.4 Definição dos Transtornos

2.4.1 Transtorno de pânico

Primeiramente será abordado o Transtorno de pânico. Sendo este caracterizado por ataques de pânico que é uma experiência abrupta de intenso medo ou desconforto agudo, acompanhado por sintomas físicos como palpitações, dor no peito respiração e tontura. (BARLOW e DURAND, 2008). Complementando a ideia anterior, Graeff et al. (1999), sugerem que o transtorno de pânico caracteriza-se pela ocorrência repetida de ataques de pânico; que são caracterizados por súbitos episódios de terror, acompanhados de intensas manifestações autonômicas, como palpitação, dispnéia, tremores e tontura, acompanhado geralmente por ansiedade.
Com base nas afirmações conclui-se que os episódios de pânico de ocorrência quase que constante acompanhado por ansiedade e com algumas manifestações físicas e emocionais que definem o transtorno de ansiedade.
Aspectos característicos do transtorno de pânico são ataques de ansiedade aguda e grave, recorrentes os quais não requerem circunstancia ou situação específica. O primeiro ataque é demarcado por ser imprevisível ou espontâneo. O indivíduo durante o ataque pode se sentir confuso, ter dificuldade para se concentrar e vontade de abandonar o local (buscar ajuda ou ir para outro lugar ventilado), além dos sintomas citados anteriormente, o indivíduo pode apresentar medo de morrer ou medo de enlouquecer (NUNES; BUENO e NARDI, 2001).
O DSM-IV sugere três tipos básicos do ataque do pânico, são eles:

[...] aquele ligado a situação, o inesperado e o predisposto pela situação. Se você sabe que tem medo de lugares altos ou de dirigir através de longas pontes, poderia ter um ataque de pânico nessas situações, não em outras: esse é um exemplo de ataque de pânico ligado à situação (sugerido). Você pode experimentar um ataque de pânico inesperado (não sugerido) se não tiver uma pista de quando e onde o próximo ataque ocorrerá. O terceiro tipo, o predisposto pela situação, está entre os outros dois. É provável ocorrer um ataque onde já ocorreu um, por exemplo, em um centro comercial. Se você não sabe que ele acontecerá hoje, e ocorre, o ataque é predisposto pela situação (BARLOW e DURAND, 2008, p. 1333 e 134).

Referente a isso, alguns ataques de pânico estariam mais propensos de ocorrer em algumas situações e não em outras, da mesma forma que um ataque poderia ocorrer em uma determinada situação sendo esta inesperada, não sabendo precisamente quando e onde ocorrerá o próximo ataque.
O pânico pode também ser uma resposta característica ao estresse que acontece em famílias e pode ter um componente genético separado da ansiedade. Porém, a ansiedade e o pânico estão intimamente relacionados (BARLOW, 2002, apud, BARLOW e DURAND, 2008), de forma que a ansiedade venha a aumentar a probabilidade do pânico.
O mesmo autor sugere ainda que existem dois tipos de transtorno de pânico:
? Transtorno de Pânico com Agorafobia (TPA):
Nesse caso os indivíduos experimentam ataques de pânico graves e inesperados, eles podem pensar de que estão perdendo o controle ou morrendo. Por não saberem quando um novo ataque pode ocorrer desenvolvem agorafobia, medo e também evitam situações em que se sentiram inseguros no caso de ataque ou sintomas de pânico.
? Transtorno de Pânico sem Agorafobia (TP):
Muitas pessoas também que possuem ataques de pânico não necessariamente desenvolvem esse transtorno. Várias pessoas experimentam a ansiedade e o pânico sem desenvolver a agorafobia. Esse transtorno então é chamado de transtorno de pânico sem agorafobia.
Seguindo com esta linha de pensamento, pode-se então considerar a síndrome do pânico pode ou não ser acompanhada de agorafobia. Pressupõe-se que os indivíduos, em suas crises podem apresentar o medo de perder o controle, ter um ataque cardíaco ou também ter medo de enlouquecer, como foi mencionado anteriormente.

2.4.2 Agorafobia

Com base em Nunes; Bueno e Nardi (2001), o termo "agorafobia" significa ter medo de estar em lugares abertos. Ou seja, designa medo de sair de casa ou de situações nas quais o socorro imediato não é de fácil acesso. Dentre esses medos pode-se citar o medo de elevadores, de aviões, de cinemas, de multidões, lugares públicos, e muitas outras situações da qual o indivíduo tenha que deixar ou se distanciar de sua casa.
A agorafobia pode ser de certa forma uma esquiva de algumas situações desagradáveis, ou um meio não tão saudável de superá-las. Ou nas palavras de Barlow e Durand (2005, p.147): "[...] a agorafobia pode ser caracterizada tanto por evitar situações ou como por sofrê-las com enorme angústia".
A característica fundamental da agorafobia é o comum medo de passar mal e não ter o socorro fácil e imediato nas situações temidas, sendo este o mais incapacitante dos transtornos fóbicos, pois alguns indivíduos ficam inteiramente confinados ao lar. Se não tratada pode piorar com o passar dos anos (NUNES; BUENO e NARDI, 2001).
Para melhor compreensão a tabela abaixo vem acrescentar a idéia do autor:

Diretrizes diagnósticas da CID-10 para Agorafobia (F40. 0)
2. Os sintomas psicológicos e autonômicos devem ser primeiramente manifestações de ansiedade e não se secundários a outros sintomas, tais como delírios ou pensamentos obsessivos.
3. A ansiedade deve estar restrita a pelo menos duas das seguintes situações: multidões, lugares públicos, viajar para longe de casa e viajar sozinho.
4. A evitação da situação fóbica deve ser ou estar sendo um aspecto proeminente.
NUNES; BUENO e NARDI ( 2001, p.137)

2.4.3 Transtorno de ansiedade generalizada

No transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o foco está presente em todos os eventos da vida diária. As crianças com TAG costumam se preocupar como o desempenho acadêmico, físico e social (SILVERMAN, LA GRECA e WASSERSTEIN, 1995; WEEMS; SILVERMAN e LA GRECA, 2000; apud BARLOW e DURAND, 2008).
Considera-se desta maneira, que todos os eventos do cotidiano do indivíduo estão propensos a sintomas e comportamentos ansiosos, quase que constantemente, sendo que não contém um objeto específico, mas sim está relacionada a situações da vida diária. Esse transtorno pode ser considerado crônico contendo vários sintomas de função somática, como explica Nunes; Bueno e Nardi (2001, p.138):

É um transtorno crônico de ansiedade, caracterizado por preocupações irrealistas ou excessivas, com diversos sintomas somáticos. O aspecto essencial é a ansiedade generalizada e persistente. Essa ansiedade patológica crônica não é restrita a uma situação ambiental ou objeto específico, ela é "livremente flutuante". Como em outros transtornos ansiosos, o sentimento de nervosismo é acompanhado de queixas somáticas, como tremores, tensão muscular, sudorese excessiva, sensação de cabeça leve, palpitações, tontura e desconforto digestivo. Alguns receios podem estar presentes, como o medo de adoecer, de que alguma coisa negativa aconteça com familiares, problemas econômicos etc.

Pressupõe-se perante essas informações, que a ansiedade generalizada é demarcada pelo estado de apreensão constante, independente da sua intensidade flutuante, cuja causa não é identificada. É geralmente acompanhada de tensão motora e também hiper-reatividade neurovegetativa (GRAEFF, et al. 1999).
A maior parte dos dias de uma pessoa que tem transtorno de ansiedade generalizada é carregada por uma grande angústia que se perdura constantemente. Em decorrência destes fatores o indivíduo fica mais tenso e consequentemente possui um índice menor de concentração, o que acarretará certas limitações e sofrimentos.

2.4.4 Transtorno obsessivo-compulsivo

O transtorno obsessivo-compulsivo, também reconhecido pela sigla TOC, tem por característica "pensamentos obsessivos ou atos compulsivos recorrentes", conforme indicam Nunes; Bueno e Nardi (2001, p.143).
Todos os transtornos de ansiedade impedem que o indivíduo leve uma vida normal, e isso se reflete em seu bem estar, e acarreta o sofrimento, porém conforme afirmam Barlow e Durand (2008, p. 181): "o TOC é o auge devastador dos transtornos de ansiedade". Pelo fato de possuir além de seu repertório de sintomas, algumas peculiaridades de outros transtornos. Continuando com a ideia dos autores citados anteriormente, sugerem que:

[?] não é incomum para alguém com TOC experimentar ansiedade generalizada grave, ataques de pânico recorrentes, esquiva debilitante e depressão profunda, tudo simultaneamente com os sintomas obsessivo-compulsivo. Em outros transtornos de ansiedade o perigo está em um objeto ou em uma situação externa, ou pelo menos na memória de alguém. No TOC, o acontecimento perigoso é um pensamento, uma imagem ou um impulso que o paciente tenta evitar [...] (BARLOW e DURAND, 2008, p. 181).
Esse transtorno como já foi mencionado anteriormente, é marcado pelos atos de compulsão e obsessão que o indivíduo apresenta com certa frequência. Referente às definições de Kaplan; Sadock e Grebb (1997):
Uma obsessão é um pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva. Uma compulsão é um comportamento consciente, estandardizado e recorrente, como contar, verificar ou evitar. As obsessões aumentam a ansiedade da pessoa, enquanto a execução das compulsões a reduz. Entretanto, quando um indivíduo resiste à realização de uma compulsão, a ansiedade aumenta (p. 567 e 568).

As compulsões podem ser tanto comportamentais como lavar as mãos, conferir; quanto mentais como pensar sobre certas palavras em uma ordem específica, contar, rezar, e assim por diante. Quem sofre de TOC, tem redução do estresse ou preservação de um acontecimento pavoroso. As compulsões não mantêm nenhuma relação lógica com a obsessão. (BARLOW e DURAND, 2008).
Na perspectiva de conforme Kaplan; Sadock e Grebb (1997), este transtorno é incapacitante, porque as obsessões podem consumir tempo e interferirem na rotina normal do indivíduo, nas suas atividades sociais habituais ou relacionamentos com amigos e familiares.
O transtorno obsessivo-compulsivo é um dos transtornos que causa mais sofrimento no indivíduo e, também nas pessoas que estão ao seu redor. De certa forma por ser algo constrangedor, influencia no relacionamento com meio.

2.4.5 Transtorno de estresse pós-traumático

O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), segundo Barlow e Durand (2008), é um transtorno emocional que segue um trauma. Segundo Nunes; Bueno e Nardi (2001), este se desenvolve em pessoas que experimentaram estresse físico ou emocional de magnitude suficientemente traumática para qualquer pessoa, mas deve-se considerar que nem todas as pessoas que passam por um evento traumático, em conseqüência terão o transtorno de estresse pós-traumático (KAPLAN; SADOCK e GREBB,1997).
Como complementação, Graeff et al (1999) sugerem que este transtorno consiste em reviver experiências perturbadoras, como sonho, lembranças vividas de imagens do passado, que invadem involuntariamente a consciência, como se fossem flashbacks.
Vale salientar que o transtorno de estresse pós-traumático é subdividido em dois:
? O TEPT agudo pode ser diagnosticado um mês após o acontecimento. Mas quando o transtorno de estresse pós-traumático continua por mais de três meses, é considerado crônico.
? O TEPT crônico geralmente esta associado com comportamentos esquivos proeminentes (DAVIDSON et al., 1991, apud BARLOW e DURAND, 2008).
Os transtornos de estresse pós-traumático podem se desenvolver, até mesmo meses depois do indivíduo ter vivenciado um evento traumático. Sendo que estes podem ser acompanhados por sintomas graves, como amnésia para todos os traumas ou para algumas partes deles, entorpecimento emocional e desrealização, ou sentimentos de irrealidade emocional e desrealização, ou sentimentos de irrealidade. Ou seja, uma pessoa experimenta pessoalmente um trauma e desenvolve um transtorno (BARLOW e DURAND, 2008).

2.4.6 Fobias específicas

Fobia é o medo irracional que pode provocar a esquiva consciente do objeto, atividade ou situação específica que seja temida, a presença ou antecipação da fobia provoca grave sofrimento no indivíduo afetado. Que reconhece sua reação como sendo excessiva, essa reação fóbica acarreta uma perturbação da capacidade do indivíduo (KAPLAN; SADOCK e GREBB,1997).
De acordo com Barlow e Durand (2008), pode-se considerar que a fobia específica é um medo irracional de um objeto ou de uma situação específica que interfere na capacidade de viver do individuo. Para Mackinnon; Michels e Buckley (2008): "o indivíduo fóbico é caracterizado pelo uso da evitação como meio primário [...] sua vida mental está centralizada em medos irreais e aflitivos (espaços abertos, alturas, metrô, elevadores, engarrafamentos e outros)".
De acordo com a perspectiva de Barlow e Durand (2008), identificam-se quatro tipos principais de fobias específicas: (1) o tipo animal; (2) o tipo do ambiente natural, por exemplo: altura, tempestade e água; (3) o tipo ligado ao sangue, machucado, injeção; (4) o tipo situacional: avião, elevador ou lugares fechados. Também se identifica uma quinta categoria para aquelas fobias que não entram em nenhum dos quatros tipos; um exemplo desse tipo de fobia são aquelas situações que pode levar o sufocamento, vômito, ou a contrair uma doença, ou em crianças a esquiva de sons altos ou de personagens fantasiosos. Essas fobias se classificam em:
? Fobia de sangue machucado ou injeção:
Essa fobia ocorre com mais frequência em famílias do que qualquer outro transtorno fóbico. Pelo fato provável que as pessoas com essa fobia herdam uma forte resposta vaso-vagal ao sangue, machucado ou a possibilidade de ter que tomar injeção, também causa a queda da pressão sanguínea e tendência ao desmaio essa fobia se desenvolve com a possibilidade de se ter essa resposta. A média de idade do início dessa fobia é por volta dos nove anos (ANTONY, BROWN e BARLOW, 1997 a; ost, 1998 apud BARLOW e DURAND, 2008).
? Fobia situacional:
Essas fobias são caracterizadas pelo medo de transporte público ou de lugares fechados. A claustrofobia, medo de lugares fechados e pequenos, ela é situacional assim como a fobia de avião.
A principal diferença entre a fobia por situação e o transtorno de Pânico com agorofobia, é que as pessoas com fobia situacional não experimentam ataques de pânico fora do contexto do objeto ou da situação fóbica. Já as pessoas com transtorno de pânico, poderiam experimentar ataques de pânico inesperados, sem que houvesse sinais de que estariam para acontecer.
? Fobia de ambientes naturais:
Muitas vezes, pessoas jovens desenvolvem medo de situações ou acontecimentos que ocorreram na natureza; isso denomina fobias do ambiente natural. Por exemplo: altura, tempestade e água.
Algo nos genes torna mais sensível a essas situações; essas fobias têm uma idade de pico para início em torno dos sete anos. Não são fobias verdadeiras se as pessoas estão apenas passando por um medo. Para ser considerado uma fobia é preciso que ela seja persistente e interfira significativamente na vida da pessoa.
? Fobia animal:
Essa fobia se caracteriza pelo medo de animais e insetos. Esse medo pode ser comum, mas torna-se fóbico se houver uma interferência grave na vida da pessoa.
O medo experimentado por essas pessoas com fobia de animais é muito diferente da leve repulsa comum. A idade do surgimento dessa fobia é por volta dos sete anos (ANTONY, BROWN e BARLOW, 1997, a; ost 1998 apud BARLOW e DURAND).
? Outras fobias:
Considera-se que essas "outras" fobias podem causar problemas substanciais. Se uma pessoa, por exemplo: que por medo de contrair uma doença caminha longas extensões, é provável que tenha fobia de doença. Os indivíduos não acreditam que tenham a doença de maneira grave pode ser incapacitantes, por que esses indivíduos evitam o contato com pessoas das quais poderiam contrair uma doença ou lugares suscetíveis a disseminar alguma enfermidade.
A fobia de sufocamento é caracterizada pelo medo e pela atitude de evitar tomar pílulas, de ingerir alimentos ou líquido que possam produzir perda significativa de peso. Essas fobias de sufocamento e vômitos são relativamente comuns e quase sempre tem origem de um pedaço de comida. Em alguns casos graves, as pessoas tornam-se incapazes de comer alimentos sólidos, além disso, perdem peso e passam por graves deficiências nutricionais e dentais. Se essa fobia for prolongada, pode ocorrer a deteorização do tecido das gengivas por falta de uso e consequentemente a perda dos dentes. Essas pessoas se mantêm com dietas líquidas.

2.4.7 Fobia Social

A fobia social é o medo patológico de comer, beber, tremer, falar, enfim agir de maneira ridícula na presença de outras pessoas como apresentam Nunes; Bueno e Nardi (2001). Pessoas com demonstração de ansiedade geralmente não tem nenhuma dificuldade com a interação social. Mas quando têm de fazer algo em frente das pessoas, a ansiedade assume o controle e eles se concentram na possibilidade de que não enfrentar dificuldades, isso é marca quem possui fobia social (BARLOW e DURAND, 2008).
A fobia social pode ser classificada em duas, sendo elas, a fobia social circunscrita e a generalizada, segundo Nunes; Bueno e Nardi:

A fobia social pode ser circunscrita, isto é, restrita a apenas um tipo de situação. A pessoa teme, por exemplo, escrever na frente dos outros, mas no restante das situações sociais não apresenta qualquer tipo de inibição exagerada. A fobia social generalizada caracteriza-se pelo temor a todas ou quase todas as situações sociais. A esquiva é marcante, e em casos extremos pode resultar em isolamento social (2001, p.141).

Em decorrência da fobia social o indivíduo se isola do convívio social, onde possa estar exposto a outros, perdendo assim, qualquer vínculo afetivo e não conseguindo se relacionar com os demais.
Segundo o DSM-IV, 1994 apud Falcone ( 2001, p.120) "[...] Os indivíduos com fobia social podem ser classificados de acordo com dois subtipos: o generalizado e o circunscrito. Os fóbicos sociais generalizados costumam temer tanto as situações públicas envolvendo desempenho (falar em público, escrever, comer ou beber na presença dos outros, usar em banheiros públicos etc.) quanto as situações de interação social (iniciar ou manter conversações, participar de pequenos grupos, comparecer a um encontro, falar com autoridades, ir a festas etc.). os fóbicos sociais circunscritos podem temer apenas uma situação pública de desempenho, como também algumas situações (mas não a maioria) de interação social

2.4.8 Transtorno misto de ansiedade e depressão

O transtorno misto de ansiedade e depressão compreende sintomas depressivos juntamente com sintomas ansiosos, mas quando se reúne os dois, tem-se o transtorno em si. Como complementação desta ideia Dalgalarrondo explica: "Quando sintomas depressivos e ansiosos estiverem presentes, nenhuma das duas síndromes [...] é, contudo, grave o suficiente para, por si só, constituir um diagnóstico, denominando-se, então o quadro de síndrome mista de depressão e ansiedade" (2000, p. 188).
Ou seja, conforme Kaplan; Sadock e Grebb (1997, p.552), "A combinação de sintomas de ansiedade e depressão resulta em um comprometimento funcional significativo para o indivíduo afetado".
Como explica Dalgalarrondo, a ansiedade de origem orgânica é constituída por uma síndrome ansiosa, que é consequente a uma doença ou condição orgânica. Sendo em alguns casos, a síndrome ansiosa segue-se à instalação de uma doença orgânica (por exemplo: hipertireoidismo, lúpus eritematoso sistêmico, etc.) ou condição orgânica (uso de medicamentos como corticóides, interferon, etc., ou de substancias tóxicas, como chumbo ou o mercúrio, etc.). As síndromes ansiosas podem ser comuns nos quadros psicopatológicos associados ao período pré-menstrual. Na ansiedade com base orgânica é peculiarmente frequente a presença da irritabilidade e da labilidade do humor (2000, p. 188 e 189).
Abaixo se apresenta uma tabela sobre os diagnósticos para o transtorno misto de ansiedade e depressão:

Diretrizes Diagnosticas da CID-10 para o Transtorno Misto de Ansiedade e Depressão
? Há sintomas de ansiedade e depressão presentes, porém nenhum conjunto de sintomas, considerados separadamente, justifica outro diagnóstico.
? Sintomas autonômicos estão presentes.
NUNES; BUENO e NARDI (2001, p.140)

2.4.9 Transtorno de ansiedade de separação

Anteriormente foram descritos alguns dos principais transtornos de ansiedade. Agora será mencionado o transtorno de ansiedade de separação que mais adiante, será aprofundado, pois é um transtorno típico da infância.
Levando em consideração todos os transtornos de ansiedade podem ocorrer durante a infância, esse transtorno adicional de ansiedade é específico de crianças que tem por característica irreal de que algo acontecerá com os seus pais, ou com outras pessoas importantes para elas, ou que alguma coisa possa acontecer consigo mesma, e a separará de seus pais. Esses temores fazem com que as crianças se recusam a dormir sozinhas podendo ser caracterizados por pesadelos que envolvam uma separação possível e sintomas físicos, angustia e ansiedade (BARLOW et al., 2003, apud BARLOW e DURAND, 2008).
"O transtorno de ansiedade de separação, contudo, está presente quando emerge uma ansiedade excessiva e evolutivamente inadequada, envolvendo a separação de uma figura de vinculação importante" (KAPLAN; SADOCK e GREBB, 1997, p. 1028).
A criança passa por uma fase conturbada em sua vida, esse momento de separação dos pais ou de entes queridos é difícil, sendo que até certo ponto é normal sentir-se ansiosa, mas caso isso siga um grau de anormalidade pode se tornar um transtorno.


3. ANSIEDADE INFANTIL

Como foi pressuposto no capítulo anterior, a "ansiedade consiste em um complicado padrão de respostas cognitivas, afetivas, fisiológicas e comportamentais, evolutivamente desenvolvida para nossa proteção" (SHINOHARA, 2001, p.73). Desta forma alguns indivíduos podem apresentar a ansiedade como uma resposta para a adaptação diante de algumas situações consideradas de risco, as quais o indivíduo tem que se preparar e emitir comportamentos adequados à situação específica. Porém, podem-se encontrar situações em que as reações de ansiedade tenham uma intensidade muito elevada, assim se essa ansiedade for de longa duração pode desencadear um transtorno de ansiedade (SALLES e LÖHR, 2005).
A ansiedade que se pode perceber no desenvolvimento infantil é necessária para a adaptação da criança ao meio e também para que ela consiga estabelecer uma pequena distância entre os pais e/ou os cuidadores, superando saudavelmente a distância das figuras de apego.
De acordo com Conte (1997) apud Salles e Löhr (2005), a relação que os estabelecem com seus filhos, desde os primeiros momentos de suas vidas talvez seja um dos principais responsáveis pelo processo de desenvolvimento global da criança. Por meio deste processo que a criança aprende os padrões de interação mais utilizados pelos seus pais, as exigências e expectativas parentais, enriquecendo seu repertório comportamental.
Através de pesquisas realizadas cujo objetivo era de investigar as possíveis relações existentes entre a ocorrência de ansiedade infantil com as características dos diferentes estilos de interação estabelecido entre mãe e filhos, demonstraram que o controle excessivo das mães sobre o comportamento dos filhos parece ser mais importante fator que contribui para o desenvolvimento da ansiedade infantil. Diminuindo assim, a possibilidade da criança descobrir suas próprias capacidades e limitações através de sua experiência direta com o ambiente (SALES, 2003 apud SALLES e LÖHR, 2005).
Percebe-se que para ocorrer um bom desenvolvimento a criança deve desempenhar algumas atividades que antes não conseguia realizar sozinha e se adequar a uma nova realidade se tornando mais independente. Não se deve esquecer que a ansiedade de separação na criança é essencial para o seu desenvolvimento normal, sendo diferente de uma ansiedade patológica, ou seja, que é o transtorno de ansiedade de separação que é prejudicial para a criança e também afeta o bom convívio familiar. Na seqüência a definição e as implicações do transtorno de ansiedade de separação.

3.1 Transtorno de ansiedade de separação

Com base no critério apontado para esse transtorno do DSM-IV-TR (2003, p. 144), "a característica essencial do Transtorno de Ansiedade de Separação consiste numa ansiedade excessiva envolvendo o afastamento de casa ou de figuras importantes de vinculação".
A criança passa por um momento conturbado em sua vida, o qual a separação dos pais ou de entes queridos é difícil, sendo que até certo ponto é normal sentir-se ansiosa, mas caso isso siga um grau de anormalidade pode se tornar um transtorno.
Correspondendo o critério dado pelo DSM-IV-TR, e complementando a idéia anterior, conforme o CID -10 (1992) é normal em crianças que estão aprendendo a andar e pré-escolares demonstrarem um grau de ansiedade em relação a separações das pessoas as quais estão vinculadas. De modo que certo "grau de ansiedade é um fenômeno universal, um componente esperado do desenvolvimento normal de uma criança" (KAPLAN; SADOCK e GREBB, 1997, p.1028).
A necessidade que essas crianças enfrentam de estar sempre perto ou em contato com figuras significativas é um fator essencial. Com explica o DSM-IV-TR (2003, p. 144):

Os indivíduos com este transtorno podem experimentar sofrimento excessivo recorrente, quando do afastamento de casa ou de figuras importantes de vinculação, freqüentemente precisam saber de seu paradeiro e sentem necessidade de permanecer em contato (p.ex., por meio de telefonemas). Alguns indivíduos sentem saudade extrema e chegam a sentir-se enfermos devido ao desconforto, quando estão longe de casa. Eles podem ansiar pelo retorno ao lar e fantasiar acerca da reunião com as figuras de vinculação.

Sabe-se que todos os transtornos de ansiedade podem ocorrer durante a infância, mas o transtorno de ansiedade de separação é um transtorno adicional de ansiedade específico de crianças e adolescentes, tendo característica irreal de que algo acontecerá com os seus pais, ou com outras pessoas importantes para elas, ou que alguma coisa possa acontecer consigo mesma, e a separará de seus pais. "As crianças com este transtorno frequentemente expressam o medo de se perderem e jamais reverem seus pais" (DSM-IV-TR, 2003, p. 145).
Os temores fazem com que as crianças se recusem a dormir sozinhas podendo ser caracterizados por pesadelos que envolvam uma separação possível e alguns sintomas físicos, como angústia e ansiedade (BARLOW et al., 2003, apud BARLOW e DURAND, 2008).
Além de a criança demonstrar uma preocupação excessiva diante da separação, pode também desenvolver alguns sintomas físicos como sugere o DSM-IV-TR (2003, p. 145):

Queixas somáticas, tais como dor abdominal, dor de cabeça, náusea e vômitos são comuns quando a separação ocorre ou é prevista. Sintomas cardiovasculares, tais como palpitações, tontura e sensação de desmaio iminente, são raras em crianças menores, mas podem ocorrer em indivíduos mais velhos.

Além dos sintomas psicofisiológicos, outros são característicos desse transtorno, entre eles está à exigência de atenção constante, queixam-se de que não são amadas, expressam o desejo de morrer, sintomas que emergem quando a separação de uma figura parental torna-se necessária, mostram-se tristes e choram com facilidade. Esse transtorno tem probabilidade maior de surgir durante a infância até a adolescência, mais precisamente antes dos 18 anos (KAPLAN; SADOCK e GREBB, 1997).
Como é afirmado no DSM-IV-TR (2003), o transtorno de ansiedade de separação pode ocorrer na idade pré-escolar ou qualquer outro momento, antes dos 18 anos, mas vale ressaltar ainda que esse transtorno é raro na adolescência. Com períodos de exacerbação e remissão.
Ainda com base no critério anterior, existem alguns fatores que podem exercer grande influencia no desencadeamento desse transtorno, tais como o fato da criança vir de uma família muito unida, também após algum estresse vital (p. ex., morte um parente ou animal de estimação, etc.). Percebe-se que crianças com esse transtorno frequentemente são descritas como exigentes, intrusivas, carentes de constante atenção. Essas excessivas exigências frequentes na criança se transformam em uma fonte de frustração para os pais, resultando em ressentimento e conflitos na família.

3.2 Transtorno obsessivo-compulsivo infantil

Complementando ao que já foi exposto no capítulo anterior sobre o transtorno obsessivo-compulssivo (TOC), e seguindo a mesma definição, porém agora com o foco na infância. Segundo Piacentini (1999) apud Regra (2002, p.157):

[...] as obsessões são consideradas como pensamentos, imagens ou impulsos indesejáveis e intrusivos que funciona como um disparador para um aumento rápido e insignificante de ansiedade e tensão e as compulsões são comportamentos abertos destinados a reduzir esses sentimentos negativos.

Sendo que nas crianças, se tem uma dificuldade em relatar e descrever os seus próprios sintomas, ou seja, dificuldade em relatar o que está sentindo, por este motivo dificulta o diagnóstico e consequentemente o tratamento (BALLONE, 2006). Referente ao TOC, conforme Banaco (1999) apud Regra (2002, p. 157), "os pensamentos são ?respostas encobertas? e ?comportamento? é uma relação entre estímulos (antecedentes e conseqüentes) e a resposta [...]".
Os pensamentos dos indivíduos que possuem o transtorno envolvem a necessidade de repetir várias vezes a mesma ação alterando o seu comportamento considerado normal, que a partir de então será mascarado por culpas e medos. Complementando essa ideia:

[...] entre os transtornos de ansiedade, exatamente em função de uma de suas características proeminentes, que é a fusão psicológica entre pensamento e ação, ou seja, o prejuízo dos limites entre o mundo mental e mundo real, semelhante o que ocorre nos delirantes. Como esses indivíduos acreditam que pensar algo ruim poderá resultar de fato nesse acontecimento, o próprio sentimento de raiva ou sua expressão tenderiam a ser suprimidos, para evitar "fatalidades" (TALLIS apud, TORRES; 2001, p.329).

Pressupõe-se que a necessidade do indivíduo em realizar incessantemente através ou por meio de ações os seus pensamentos que são carregados de sentimentos de angústia, ansiedade e de que algo ruim irá acontecer, se esse novo repertório de comportamento não se concretizar.
Sabe-se que "embora não se saiba a causa do TOC, destaca-se a interação de fatores genéticos com fatores ambientais, refletindo a interação de predisposição biológica com fatores ambientais" (SHAVIT, BRAVO, BALTIERI e MIGUEL, 2001, apud, REGRA, 2002, p. 162). Considerando assim, o TOC apresenta envolvimento dos fatores ambientais e os biológicos, não só um desses fatores, mas sim os dois juntos.
Nas crianças nota-se que as idéias obsessivas mais frequentes tem como foco a contaminação ou germes, em sequência medo de que algo ruim vai acontecer para si e para seus familiares. Com manifestações excessivas, entre elas a religiosidade exagerada, moralização, carregados de pensamentos em pecados. Os rituais deste transtorno na infância são marcados pelos excessos de lavar as mãos, tomar banho e de escovação. Entretanto não se descarta a hipótese de que esses sintomas mudem no decorrer do quadro clinico da criança (BALLONE, 2006).
De modo geral, portanto, percebe-se que as manifestações mais comuns são aquelas que envolvem um conteúdo manifesto de limpeza excessiva de si própria (crenças relacionadas a doenças), e também manifestações envolvendo sentimento de culpa que tem por necessidade de ser inibidos. Mas, a relação existente entre TOC com a religiosidade e o desenvolvimento moral da criança pode ser um meio influenciante, pois, é o momento em que a criança toma por conhecimento essa realidade social e cultural. Como sugere Torres "[...] pessoas que atribuem maior significado moral aos pensamentos seriam mais vulneráveis a obsessões. A busca de virtude (perfeccionismo moral) predisporia os sintomas, pois pensamentos imorais equivaleriam atos imorais" (2001, p. 333).
Deve-se ressaltar ainda, que o TOC é uma doença crônica que afeta tanto os adultos como crianças. Impedindo que os indivíduos levem uma vida normal e fiquem "presos" em um mundo de perfeccionismo, o qual tem por foco diminuir a ansiedade e o medo excessivo.

3.3 Transtorno de ansiedade fóbica e Transtorno de ansiedade social na infância

Tanto crianças, como adultos podem desenvolver transtorno de ansiedade fóbica numa ampla série de objetos e situações. Alguns medos mostram uma especificidade marcante para uma fase do desenvolvimento e aparece em certo grau na maioria das crianças, conforme os critérios do CID-10 (1992).
Como complemento deste critério, pode se afirmar que a fobia social pode ter início na infância (DSM-IV, 1994 apud FALCONE, 2001). Porém, alguns autores afirmam que esta tem início na adolescência (HEIMBERG, DODGE e BECKER, 1987; TURNER e BEIDEL, 1989 apud FALCONE, 2001).
Em relação ao transtorno de ansiedade fóbica na infância deve-se considerar alguns aspectos adicionais oferecidos pelo CID-10 (1992, p. 269), "(a) o início é durante período etário apropriado do desenvolvimento; (b) o grau de ansiedade é clinicamente anormal e (c) a ansiedade não faz parte de um transtorno mais generalizado".
Essa ansiedade durante o período da infância pode e irá interferir no bom desenvolvimento da criança, pois isso irá refletir nos anos seguintes, ou seja, servirá como empecilho para uma vida normal se não diagnosticada e tratada adequadamente.
Na infância o papel de dominância da família pode ter como determinantes a idade e força. Entretanto, é no início da vida escolar que o indivíduo começa a estabelecer o seu papel social, também com a formação de grupos na adolescência, onde se percebe com maior expressão. Cujo propósito, dos outros membros do grupo é de avaliar o indivíduo, desta forma se estabelece uma hierarquia. Aos que são vulneráveis às situações de estresse poderão responder com ansiedade e recolhimento, consequentemente, isso baixará o seu estatus social, propiciando assim, um padrão de comportamento evitativo frente às situações sociais (ÖHMAN, 1986, apud, FALCONE, 2001).
É normal no desenvolvimento da criança, passar por um período de ansiedade social, porém se a ansiedade aumentar ou for direcionada a várias situações consideradas ameaçadoras para ela, que consequentemente irá alterar o seu repertório de comportamento. Como completo a essa perspectiva:

Uma precaução a estranhos é um fenômeno normal na segunda metade do primeiro ano de vida e um certo grau de apreensão ou ansiedade social é normal durante o início da infância, quando as crianças encontram situações novas, estranhas ou socialmente ameaçadoras. Essa categoria deve, portanto, ser usada apenas para transtornos que surgem antes da idade de 6 anos, que são tanto inusuais em grau quanto acompanhados por problemas no funcionamento social e que não são parte de alguma perturbação emocional mais generalizada (CID-10, 1992, p.269).

As experiências cotidianas do indivíduo irão refletir na sua vida futuramente, este pode se esquivar de situações consideradas por ele constrangedoras em seu meio social. Já nas crianças isso se difere em alguns aspectos, como ressalta o CID- 10 (1992, p. 269 e 270):

[...] crianças com esse transtorno mostram um medo e/ou evitação persistente e recorrente de estranhos; [...]. O medo está associado a um grau normal de vinculação seletiva com os pais ou com outras pessoas da família. A evitação ou medo de encontros sociais é de um grau que está fora dos limites normais para a idade da criança e está associado a problemas clinicamente significativos no funcionamento social.

O medo e a ansiedade levam a evitar determinadas situações sociais que podem interferir no bom convívio em sociedade. Assim, as "lembranças que determinadas situações podem ser sistematicamente evitadas, tornando-se impossível uma análise mais ampla de todos os aspectos que estejam ligadas a ela" (PENTEADO, 2001, p. 258). Ou seja, recordações e lembranças de situações que envolveram momentos de ansiedade tendem a ser evitadas.

3.4 A ansiedade na concepção da Terapia Cognitiva e na Terapia Comportamental

3.4.1 Concepção da Terapia Cognitiva

Na concepção da Terapia Cognitiva a ansiedade implica na ocorrência de uma condição aversiva, algum grau de incerteza ou dúvida e uma forma de impotência do organismo em uma dada situação (BOVI, 2004 apud BRITO et al; 2007). Ou seja, ansiedade é uma condição necessária para os indivíduos, mas em determinadas situações ela pode vir a se tornar algo ruim. "O sistema autônomo que tem como principal função, alterar e preparar o sujeito para determinadas situações [...], preparando o indivíduo para enfrentar ou fugir em específicos momentos de sua vida, sendo esse sistema benéfico para a pessoa" (BRITO et al. 2007, p. 30).
De acordo com Peres (2001), a ansiedade tem por função ajudar as pessoas a escaparem de situações perigosas, porém o ansioso em excesso avalia incorretamente a situação, percebe os riscos de forma exagerada e diminui os seus próprios recursos de enfrentamento. Conforme Brito et al (2007), as pessoas que demonstram ter ansiedade distorcem a realidade dando a ela outro significado e adotando uma postura de observação continuada do seu comportamento, onde qualquer alteração que ocorra no organismo ou no ambiente sinaliza o potencial de ansiedade.
Os pensamentos automáticos do indivíduo têm relação no desencadeamento dos transtornos de ansiedade, como pressupõe Wielenska; Araújo; Nernik 1998 apud Brito et al (2007, p. 30), "de acordo com o cognitivismo, os transtornos de ansiedade são estabelecidos a partir da aprendizagem de esquema cognitivos inadequados, os quais, na presença de eventos vitais estressantes, eliciam pensamentos disfuncionais automáticos".
Para Peres (2001) os pensamentos automáticos disfuncionais de uma pessoa são influenciados pelas suas crenças centrais. As crenças que esses indivíduos têm de si mesmos e do mundo os tornam propensos a interpretar várias situações como ameaçadoras. Essas crenças centrais são principalmente relacionadas à vulnerabilidade, ou seja, a existência de um ponto fraco pelo qual as pessoas podem atacar ou se ferir.
Na perspectiva do mesmo autor, a ansiedade não é um inimigo, mas pelo contrário, é algo que tem utilidade, sendo benéfica em determinadas situações. Os indivíduos com resquícios de ansiedade exagerada superestimam o perigo inerente a uma situação. Automaticamente isso ativa o "programa de ansiedade", ou em outras palavras, o "sistema de alarme" que prepara o indivíduo para enfrentar rapidamente o perigo. Sendo que este age impulsivamente sem análise lógica ou um planejamento prévio. Assim, o sujeito passa a prestar atenção às ameaças, interrompendo as atividades habituais.
O tratamento do sujeito ansioso consiste na terapia cognitiva em: "[...] identificar os pensamentos automáticos e os pensamentos disfuncionais, possibilitando que o cliente tenha consciência de suas crenças para modificá-la" (ABREU, 2004 apud BRITO et al. 2007, 31).
Conforme afirma Peres (2001), a ansiedade quando disparada por uma avaliação errônea, consiste em respostas inadequadas á situação, sedo por assim dizer, um alarme falso. Portanto um sujeito com transtorno de ansiedade faz essa distorção cognitiva antecipando uma ameaça, mesmo quando existe uma pequena probabilidade de ela ocorrer.
Ainda, embasados nas explicações do mesmo autor, através da terapia cognitiva, existe a oportunidade de ensinar formas de uma avaliação mais verdadeira e realista do perigo. O objetivo da terapia é então, de desligar o alarme falso que tem influencia sobre a ansiedade e manter apenas o alarme real, que é essencial para a sobrevivência. Sendo assim "Nos transtornos de ansiedade, a ênfase do tratamento está na reavaliação do rico em situações e dos recursos da pessoa para lidar com a ameaça" (2001, p. 234).
A terapia tem como finalidade proporcionar ao indivíduo a capacidade de identificar seus pensamentos de forma real e tentar modificar os pensamentos disfuncionais.

3.4.2 Concepção da Terapia Comportamental

Na visão de Skinner (1998), a ansiedade consiste em um estímulo que precede caracteristicamente um reforçador negativo forte que terá um efeito de longo alcance. Este evoca um comportamento condicionado pela redução de ameaças semelhantes e também traz fortes respostas emocionais. Deste modo a ansiedade tem propósito inibidor ou de esquiva para uma situação considerada aversiva e condiciona o comportamento a várias situações ameaçadoras.
Desta forma, "a esquiva é um comportamento natural dos organismos resultante dos reforçadores que são amplamente liberados pelo contexto sócio-verbal. A esquiva traz um alívio imediato, porém traz conseqüências como o afastamento das fontes de reforçadores e das contingências" (BAUM, 1999; CATANIA, 1999; SKINNER, 1998; SIDMAN, 1995 apud BARBOSA, 2004, p. 164).
Ou ainda, para Sidman (1989), a esquiva demonstra ser algo antecipatório que aparentemente é controlada pelo não- acontecimento de algo futuro, ou seja, ela impede que um evento indesejado aconteça.
Nesta perspectiva, segundo Brito et al (2007), quando o comportamento de fuga e esquiva é emitido pelo sujeito visa o afastamento ou a interrupção do contato com pensamentos, memórias e sentimentos com toda uma estimulação encoberta de ansiedade, classificada como uma evitação experiencial.
Não se deve esquecer que a ansiedade tem também propósitos positivos como afirma Brito et al (2007):

Várias manifestações de ansiedade tem como característica a descrição do estado como sensação prazerosa. O respondente que um sujeito emite momentos antes da chegada de uma pessoa querida que estava longe, comumente, é tido como um sentimento de ansiedade bem-vinda. Nossa sociedade valoriza e reforça o comportamento de pessoas que expressam publicamente seus sentimentos. Porem quando o sentimento está ligado a contingências basicamente aversivas, a ansiedade é tida como uma manifestação ruim que deve ser tratada (p. 32).

Considera-se desta forma que a ansiedade é benéfica até certo ponto, no momento em que foge da normalidade, esta impede o indivíduo de levar uma vida tranquila, além de se tornar algo prejudicial a seu bem estar e a sua saúde. Então, como sugere Barbosa (2004), "os ansiosos têm suas atenções voltadas para o meio externo, com a intenção de controlar as ?ameaças? do ambiente e tentar diminuir a insegurança sobre o que podem vir a vivenciar no futuro, através desta tentativa de controle" (p.164).
Os indivíduos desenvolvem estratégias que auxiliam de modo a evitar as situações que irão desencadear ansiedade exagerada ou que trarão desconforto. Como complemento a essa ideia Skinner explica:

Embora o aspecto emocional possa ser distinto do efeito aversivo condicionado responsável pelo comportamento de evitação, é possível que a emoção também seja aversiva. As respostas de evitação podem ser interpretadas em parte, como uma fuga dos componentes emocionais da ansiedade (1998, p.197).

Referente à perspectiva de Brito et al (2007, p.32), "A análise do comportamento explica o fenômeno da ansiedade como uma manifestação constituída pelo sentimento que a compõe, pelo papel operante que esse sentimento exerce no meio e pela funcionalidade da emissão desta classe de respostas".
Essa terapia tem como fundamento fazer com que o indivíduo consiga discriminar os seus comportamentos que produzem consequências aversivas, fazer com tome por conhecimento as situações que o levam a emitir determinados comportamentos, e assim estabelecer um novo modelo comportamental. "Cabe ao terapeuta demonstrar a ação dos eventos aversivos na vida do cliente elevá-lo a discriminar como tais eventos adquiriram as funções aversivas? (BRITTO e DUARTE, 2004, p.166), para que este possa então, planejar suas ações e emitir comportamentos mais adaptativos" (BRITO et al, 2007, p. 33).
"Qualquer tentativa terapêutica de reduzir os ?efeitos da ansiedade? deve operar sobre essas circunstâncias, não sobre o estado interveniente. O termo médio não tem significado funcional, seja em uma análise teórica, seja no controle prático do comportamento" (SKINNER, 1998, p. 198).
Vale ressaltar que dentro de uma abordagem comportamental não é viável um procedimento padronizado para o tratamento dos transtornos de ansiedade. A terapia comportamental tende alterar a relação de coerção a qual o sujeito está embutido na atualidade (BRITO et al, 2007).
De acordo Sanders (1996) apud Ingberman, as intervenções tem como objetivo processos interacionais. Sendo que o foco das intervenções está voltado na alteração do comportamento dos pais com relação a seus filhos, podendo incluir nesta mudança outros aspectos do funcionamento da família. Como Skinner (1953) apud Löhr (1999) propõe, "[...] algumas vezes, o terapeuta deve construir um novo repertório que seja suficiente no mundo em que o paciente se encontra" (p.99).
Ou ainda, nas palavras de Löhr:

"[...] quando o cliente chega, precisamos de forma ética e com maior grau de neutralidade possível, analisar o caso, avaliando as dificuldades apresentadas, suas implicações para a vida do cliente [...] para de posse de um panorama da questão, podermos delinear um programa de intervenção, que pode ser dirigido tanto à criança quanto a seus responsáveis, ou a toda família" (1999, p.100).

No caso de tratamento com crianças, muitas dificuldades que ocorrem estão direcionados a aspectos muito mais amplos do que na questão prática, assim, surge a ideia de intervenções específicas para problemas específicos (BANDURA, 1978 apud LÖHR, 1999).
Para Löhr (1999), a análise comportamental aplicada permite vereficar às muitas variáveis de qual o comportamento é função. A partir dessa compreensão, as ações são viabilizadas de forma mais eficazes no sentido de auxiliar a criança a vencer dificuldades que impedem um desenvolvimento normal. Ou seja, como esse mesmo autor complementa "[...] o terapeuta tem condições de analisar de forma mais objetiva a relação terapeuta-cliente e propor intervenções que permitam ao cliente atingir objetivos produtivos" (1999, p.100).



4.CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO AOS SEIS ANOS

Assim como nas outras faixas etária, aos seis anos ocorrem várias mudanças físicas, emocionais, e comportamentais importantes na vida da criança. Aos seis anos de idade ou próximo deles ocorrem modificações fundamentais tanto somáticas quanto psicológicas. É uma idade de transição (GESSEL, 1998). O desenvolvimento deve ocorrer em certo grau de normalidade para que não surjam fatores que poderão desencadear futuras dificuldades para a criança.

4.1 Relações familiares

As relações familiares influenciam no desenvolvimento de qualquer indivíduo que está passando por mudanças, mas essencialmente aos seis anos com o início da vida escolar as crianças precisam ter o apoio de todos, principalmente dos seus familiares, pois, está iniciando outras formas de contato social. De modo que, conforme Smith e Strick (2001), os medos aparentemente não estão conectados necessariamente à escola, por exemplo, a criança pode desenvolver a ansiedade excessiva em relação aos estranhos ou a separação dos pais. E os novos contados sociais a serem adotados pela criança vêm associados a um distanciamento dos pais nesse tempo que a criança permanece na escola.
Segundo Bowlby (2002), o apego1 é algo essencial para a criança em desenvolvimento, sendo que este constrói uma maior proximidade e contato com uma figura específica, e proporciona segurança para que esta criança possa recorrer quando estiver assustada, cansada ou doente. O comportar-se dessa maneira é um atributo da criança, sendo que este só se modifica com o tempo e não é afetado pela situação do momento.
Dentro do vínculo familiar pode ocorrer também o nascimento de outra criança, esta que vem modificar a estrutura do núcleo familiar. O filho ou os filhos que o casal já possuía, vão ser de certa forma menos privilegiados. Com a chegada de um novo membro os olhares e as atenções antes dadas aos outros membros da família serão proporcionados a este, como explica Shaffer:
Após o nascimento do bebê, a mãe costuma dedicar menos atenção e carinho a seu filho mais velho, que pode responder a essa negligência com um temperamento difícil e um apego menos seguro, particularmente se for 2 anos mais velho ou mais, e perceber melhor que a relaçao exclusiva que possuía com seus cuidadores foi diminuída com o nascimento do bebê (Teti et al., 1996). Obviamente, os filhos mais velhos se ressentem da perda da atenção materna e podem apresentar animosidade para com o bebê por ter ocupado seu lugar; seu próprio comportamento difícil pode piorar a situação alienando seus pais (2005, p.551).

Ressaltando que e característico da criança de seis anos, querer ser sempre a primeira em tudo, e com a vinda de outro membro é possível, então que sinta ciúmes de quaisquer atenções e presentes oferecidos ao irmão mais novo, entre outras situações (GESSEL, 1998).
Este é um dos fatores que pode gerar o conflito entre irmãos e também, entre pais e filhos. Portanto, "[...] a relação entre os irmãos tendem a ser menos conflituosas quando pais e mães respondem com carinho a todos os seus filhos e não favorecem sistematicamente apenas um deles" (BRODY, 1998 McHALE et al. 1995 apud SHAFFER, 2005, p.552).
Conforme explica Bee (1996), as crianças que recebem menos atenção e carinho das mães são mais deprimidas, preocupadas ou ansiosas do que os irmãos. Quanto mais diferença existir no tratamento dos irmãos, maior será a probabilidade de rivalidade e hostilidade entre os irmãos. Os pais tratam as crianças de modo diferente por várias razões, dentre elas a idade das crianças, entretanto mesmo que os pais são consistentes na maneira de responder a criança numa determinada idade ou em um determinado momento, estes não estarão se comportando consistentemente em relação a todas as crianças, estas por sua vez notam e criam modelos internos sobre o significado dessas diferenças de tratamento. Isso fica cada vez mais claro que as diferenças de tratamento são importantes no modelo interno de self 2, e contribuem muito para as variações de comportamento entre as crianças da mesma família.
Quando se tem e/ou se conquista um relacionamento saudável entre os irmãos alguns benefícios surgem, ou seja, com o "vínculo seguro com um irmão pode ajudar a prevenir a ansiedade e outros problemas de adaptação, os quais podem resultar do fato de ser ignorado ou rejeitado por seus pares" (EAST e ROOK, 1992: STORMSHAK et al. 1996 apud SHAFFER, 2005, p.553).
A conduta de antes seguida pela criança é modificada devida a ocorrência da chegada de um irmão. Gessel (1999, p.59) coloca que, "[...] Pode já ter tido ciúmes de um irmãozinho mais novo, mas, [...] toma conta dele de uma forma protetora e útil". Porém, se isso representar algo negativo, ou for mal elaborado a criança pode desencadear alguns comportamentos que antes não emitia, podendo ser prejudicial para si e desestabilizando o convívio familiar.




1.Apego consiste em um relacionamento social entre dois indivíduos quando cada um dos parceiros construiu programas de interação diática que são partilhadas com o outro (BOWLBY, 2002).
2. self: conceito de si mesmo.

4.2 Convívio social

O ingresso no meio escolar é algo diferente, que consequentemente, exige uma adaptação ao novo contexto no qual a criança estabelecerá outros contatos sociais fora do ambiente familiar, e também vivenciará novas experiências, aprenderá outras coisas e estabelecerá outros vínculos. Como pressupõe Smith e Strick (2001), a competência social causa impacto sobre o nível de conforto com o qual o indivíduo age no mundo. A capacidade para formar e manter relacionamentos melhora a qualidade de vida e, também é fundamental para construção da auto-estima.
Um vínculo que a criança pode estabelecer no convívio escolar é a amizade com outras crianças. De modo que, os amigos desempenham um papel significativamente importante na vida das crianças, a descoberta de que possuir ao menos uma amizade de apoio que pode reduzir a solidão e vitimização das crianças não populares, excluídas do grupo. O relacionamento íntimo construído com um ou mais amigos pode prover uma rede de segurança emocional, um tipo de segurança que além de ajudar a criança a lidar de modo construtivo com os novos desafios, também pode fazer com que o estresse seja mais fácil de suportar. As amizades íntimas e de apoio desempenham um papel importante na promoção das competências sociais e também na autoestima. Sendo assim os amigos são fontes potencialmente significativas de segurança e de apoio social, esse vão se tornando cada vez mais importantes no cumprimento desse papel à medida que as crianças crescem (SHAFFER, 2005).
A sociabilidade auxilia de forma positiva, ou seja, a interação que vai estabelecer com os demais trará benefícios tanto na convivência escolar, como para a sua vida. Ás "crianças que iniciam o jardim-de-infância com seus amigos parecem gostar mais da escola e apresentar menores problemas de adaptação do que aquelas que entram na escola sem nenhum amigo" (GARY LADD e cols, 1987, 1990, 1997 apud SHAFFER, 2005, p. 610).
A escola proporcionará o suporte para que a criança venha a estabelecer novos vínculos, os que vão lhe transmitir mais segurança e perseverança nas situações futuras. O suporte emocional desses vínculos é fundamental para que esta tenha um bom desempenho escolar.
Como sugere Gessel (1998):

A escola é uma unidade social mais vasta que o lar; mas é muito menos complexa e, em muitos aspectos, menos decisiva na organização da personalidade da criança. Proporciona-lhe, porém, um alargamento importante da rede das suas relações interpessoais. Ao iniciar a sua vida escolar, a criança defronta um grande número de problemas de ajustamento social. [...] Tem os novos impulsos e as novas incertezas que vêm com a idade de seis anos. A tranqüilidade do ingresso na escola irá depender largamente da sua maturidade emocional. [...] (p. 297).

Para Papalia e Olds (2000), o desempenho escolar das crianças está relacionado com sua vida emocional. Conforme a perspectiva de Gessel (1998), embora a criança esteja ansiosa por entrar no primeiro ano, esta pode sentir dificuldades no seu ajustamento escolar. Como complementam Thurber (1995) apud Shaffer (2005), as crianças em idade escolar quando separados daqueles que amam por longos períodos, podem demonstrar sinais de ansiedade e de depressão.
Considerando que a ansiedade que a criança poderá vir a apresentar no início do convívio escolar, até certo ponto é normal desde que não se ultrapasse os limites. No primeiro ano, muitas crianças, que não estão completamente preparadas sentem que as coisas são difíceis. Podendo vir a transmitir suas tensões, com vômitos pela manhã, antes de irem para a escola. Às vezes podem ter pesadelos ou voltar a urinar na cama. Na escola denotam grande falta de atenção. Esforçam-se no seu trabalho, mas têm pouco êxito. Tais sinais e sintomas demonstram que as crianças não estão preparadas para o primeiro ano (GESELL, 1998). Ressaltando que "o excesso de estresses durante a infância e através do ciclo de vida é definitivamente nocivo aos seres humanos" (DAVIDOFF, 1983, p.442).
Referente ao último autor os estudantes ansiosos algumas vezes revelam que se sentem bloqueados quando submetidos a testes e que não são capazes de recuperar informação que conhecem. Ansiedade pode afetar aprendizagem de várias formas. Em termos de modelo de memória, a ansiedade pode influenciar a codificação, armazenamento e recuperação. Embora os efeitos sobre os vários processos de memória não se separam facilmente uns dos outros. De modo geral, a ansiedade parece facilitar o processo em tarefas simples, ou embaraçar as realizações completas. As pessoas se saem particularmente mal em situações pressionadas, estressantes, tais como exames importantes.
Em alguns casos específicos o convívio escolar se torna foco de comportamentos ansiosos que podem vir a se tornar, conforme APA (1994) apud Papalia e Olds (2000, p.300):

A fobia escolar pode ser um tipo de transtorno de ansiedade de separação, um problema que envolve excessiva ansiedade por pelo menos quatro semanas, ligada ao afastamento de casa ao das pessoas com quem a criança está apegada [...] Elas podem desenvolver o transtorno após a morte de um animal de estimação, uma enfermidade ou uma mudança para uma nova escola.

Prosseguindo com essa mesma linha de pensamento, os autores sugerem que a fobia escolar, aparentemente, tem mais a ver com o medo de deixar a mãe, do que com o medo da escola. As crianças tendem a serem alunos médios ou bons. Podem ser tímidas e retraídas quando distantes de casa, mas caprichosas e exigentes com os pais.
5. METODOLOGIA DA PESQUISA

5.1 Pesquisa Bibliográfica

É necessário conhecer sobre o assunto que será abordado, para isso é importante que antes de qualquer outra medida seja feita uma pesquisa bibliográfica. Desta forma se considera que "[...] a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras" (MARCONI e LAKATOS, 1999, p.73). Percebe-se a necessidade de revisar, ler, explorar mais e mais sobre o problema em questão para se ter um conhecimento amplo sobre o que será explorado na pesquisa.
Nas palavras de Cozby (2003, p. 37), "uma revisão dos estudos realizados o ajudará a tornar a idéia mais clara e a planejar o estudo", ou seja, é importante saber e obter o conhecimento do que alguns autores pensaram, escreveram e publicaram sobre o assunto para se ter um grande referencial teórico.

"A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros pesquisas monografias, teses, material cartográfico, etc. [...]. sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]" (MARCONI e LAKATOS, 1999, p. 73).

Por meio da pesquisa bibliográfica se obtêm as informações necessárias para criar novos argumentos sobre determinado assunto, além, de proporcionar um grande embasamento teórico que é de suma importância quando se trata de uma pesquisa científica.


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desta pesquisa "Transtornos de Ansiedade na Infância" teve-se a oportunidade de recorrer a vários autores para se ter uma melhor compreensão e explicação sobre a ansiedade e os transtornos que podem ser desencadeados pela mesma. Este trabalho proporcionou um impulso motivador e uma vivência única no contexto acadêmico, no qual o pouco que se experiencia é o suficiente para criar uma nova forma de analisar e entender as pessoas que sofrem com a ansiedade excessiva.
Com a pesquisa foi possível definir os principais transtornos de ansiedade. Porém, vale ressaltar que a ansiedade é importante para a adaptação do ser humano, pois permite que este fique atento para enfrentar situações perigosas e tomar as devidas medidas para lidar com as ameaças do dia-a-dia. As respostas que a ansiedade envolve, são de cunho de proteção para o indivíduo.
Entretanto, quando se utiliza a ansiedade permanentemente a fim de se sentir mais seguro diante de algumas situações, isso pode refletir indiretamente nas escolhas e, em consequência gerar uma ansiedade constante e persistente, na qual impedem o indivíduo de levar uma vida normal, além de gerar comportamentos e preocupações excessivas. Então, pode vir a ser prejudicial, desencadeando uma patologia: transtorno.
São múltiplos os transtornos que podem ser desencadeados pela a ansiedade, cada qual com as suas próprias características e peculiaridades, desse modo os transtornos se assemelham diante de que todos têm um grau de ansiedade excessiva.
Devido à pesquisa ser direcionada à infância, deve-se considerar que existe um transtorno específico da infância sendo este o transtorno de ansiedade de separação, além de outros que pode surgir nessa fase. Como abordou a pesquisa os transtornos mais comuns na infância: o transtorno obsessivo compulsivo infantil, o transtorno de ansiedade fóbica e o transtorno de ansiedade social na infância.
O principal objetivo era compreender os desencadeantes dos transtornos de ansiedade na infância, pois estes podem vir a comprometer o desenvolvimento normal da criança, de forma que são inúmeros os fatores que podem contribuir para que se torne uma patologia. Então, pode-se verificar que algumas variáveis podem interferir no desenvolvimento: o início do período escolar, as relações familiares, o convívio social e, também a necessidade de adaptação ao novo contexto.
A partir disso, pode-se considerar que a importância das relações familiares no desenvolvimento de qualquer indivíduo como essencial, pois, proporciona segurança, estabilidade e o apoio necessário. Essa segurança também é transmitida através do apego, que é constituído desde o nascimento da criança e que deve ser preservado no início da escolarização, de maneira que quando a criança estiver insegura possa recorrer às figuras de apego. Então, é fundamentalmente importante para a criança o apoio incondicional dos familiares, principalmente dos pais, estes que de certa forma lhe trarão maior segurança para que consiga superar a separação deles e demonstrar-lhe que nada de desagradável vai acontecer com eles na sua ausência. Se esta atenção que os pais devem ter com os filhos nesse período, for descuidado pode gerar na criança medos e angústias.
Também, é importante ressaltar que a constituição da estrutura familiar, às vezes pode ser alterada com a chegada de um novo membro ao convívio familiar. Dessa maneira, se isso não for bem elaborado pela criança por intermédio dos pais, pode trazer danos e conflitos futuros. Com o nascimento de um bebê atenção dos pais se voltará para ele, e isso, pode de certa forma, modificar a relação entre os pais e o irmão mais velho, principalmente se este está iniciando seu percurso de escolarização.
A conduta da criança é modificada devida à ocorrência da chegada de um irmão, porém, se isso representar algo negativo, ou for mal elaborado a criança pode desencadear alguns comportamentos que antes não emitia, podendo ser prejudicial para si e desestabilizando o convívio familiar. E se isso coincidir com o início da escolarização pode ser mais difícil, pois nessa etapa da vida se requer adaptação e é necessário e indispensável à atenção redobrada dos familiares de modo, que estes vão fornecer o suporte que esta precisa.
A adaptação da criança seja na escola ou em qualquer outro contexto requer uma elaboração, esta deve estar preparada para enfrentar as novas situações. Considerando que ao início da escolarização, é exigida da criança uma adaptação, onde esta estabelecerá novos contatos sociais fora do ambiente familiar, e também vivenciará novas experiências.
Os contatos sociais que serão estabelecidos durante a vida escolar são importantes, ou seja, os amigos podem proporcionar o suporte para criança no processo de socialização, e por meio desses vai se constituir a segurança e a estabilidade para enfrentar as situações futuras. De certo modo, os amigos fornecem o amparo emocional, este que é fundamental para um bom desempenho escolar. Então, as amizades são fontes potencialmente significativas de segurança e de apoio social, esses vão se tornando cada vez mais importantes no cumprimento desse papel à medida que as crianças crescem. Deve-se considerar desta forma, que a interação com meio traz fatores positivos para a vida do indivíduo.
Caso a criança não estabeleça nenhum vínculo interpessoal pode implicar e dificultar a sua adaptação e consequentemente a socialização. Pois, a interação é relativamente importante nessa fase do desenvolvimento, pelo fato desta auxiliar de forma positiva, ou seja, os vínculos afetivos estabelecidos com os demais trará benefícios tanto na convivência escolar, como para a sua vida.
Finalizando, é de suma importância considerar todos os fatores envolvidos no surgimento dos comportamentos ansiógenos e, que estes variam de indivíduo para indivíduo. Além, de que é fundamental que se tenha um acompanhamento psicológico desde o início dos sintomas para que não ocorram maiores consequências.


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