Wertheimer (1945) em processos complexos do pensamento humano, realizou uma distinção formidável entre o pensamento produtivo e atividade automatizada. Além de adultos, estudou crianças, tentando diagnosticar sua capacidade para aprender, usando método de questionamento crítico semelhante ao que ficaria conhecido como o método clínico de J. Piaget.
Segundo conclusões de seus estudos, o pensamento produtivo é aquele que ocorre após um período de encubação, um lapso de tempo, que permite a percepção da estrutura do problema, pela focalização da atenção em suas relações internas essenciais, e reorganização dessas relações de forma a preencher a lacuna ou identificar a informação que está faltando. No pensamento produtivo há criação de nova forma, há o exame da situação sob um novo ângulo, fundamental para a produção da solução.
Que se diferencia da atividade automatizada , como o nome indica, reproduz, não é criativa, não busca solução nova e limita-se à repetição mecânica de passos memorizados ou aprendidos sem uma verdadeira compreensão. Nela há pouca generalização ou transferência para situações novas.
Em análise comparativa com nossa prática, entendemos que a atividade automatizada, é reducionista, descalifica e empobrece o cuidado, nos privando de novas experiências e novos níveis de realidade e complexidade. É a aplicação de técnicas e procedimentos prontos que aprendemos desde sempre na academia, e que, qualquer situação problema fora dessa lógica de aprendizado, torna-se um desafio não superado.
O pensamento produtivo, envolve o desejo de chegar a uma compreensão real do problema, busca , questiona, investiga, proporciona nova compreensão estrutural da situação.
Pode-se destacar alguns mecanismos acionadores do pensamento produtivo:
1) Paixão: quando se tem um motivo que é consumidor, energizante, que obsessivo, isso lhe dá estímulos para reforçar a busca pelo sucesso, e faz com que liberem seu verdadeiro potencial.
2) Crença: todo livro religioso fala sobre poder e o efeito da fé e da crença na humanidade. Nossas crenças sobre o que somos e o que podemos ser determinam precisamente o que seremos e o que pensamos.
3) Estratégia: é um meio de organizar recursos. Devem-se usar esses recursos de maneira mais efetiva. Estratégia é o reconhecimento de que os melhores talentos e ambições também precisam encontrar o caminho certo.
4) Clareza de valores: são sistemas específicos de crenças que temos sobre o que é certo e errado para nossas vidas. São os julgamentos que fazemos sobre o que torna a vida digna de ser vivida. Muitas pessoas não tem uma ideia clara do que seja importante para elas.
5) Energia: o grande sucesso é inseparável da energia física, intelectual e espiritual que nos permite obter quase tudo o que temos.
6) Poder de união: pessoas produtivas tem uma extraordinária capacidade de unir-se com outras, de ligar-se e desenvolver uma relação harmônica com pessoas de diferentes procedências e crenças.
7) Domínio da comunicação: a maneira como nos comunicamos com os outros e com nós mesmos é que, no final, determina a qualidade de nossas vidas.
Esses mecanismos são necessários, para produção do pensamento, mas para que ocorra o pensamento produtivo de fato nosso estado mental e comportamental deverá estar propicio para tal. A chave para produzir um aprendizado significativo, então, é representar coisas para si, de uma maneira tal de estado de recursos que fique fortalecido para praticar os tipos e qualidades de ação que criem o desejado resultado.
Assim, fica claro que, se estamos sempre focalizando as coisas más da vida, tudo quem não quer, ou todos os possíveis problemas, entramos num estado que apoia esses tipos de comportamentos e resultados.
O próprio conhecimento é transdisciplinar, pois, buscamos a compreensão de várias realidades com o intuito de entendermos o problema, necessitamos assim de compreensão do próprio eu, para atingirmos novas etapas do processo, estar numa situação de inúmeros recursos para que o aprendizado seja significativo. Logo, a dualidade ensino / aprendizagem, nunca estiveram tão distintas a ponto de determinar uma ou outra, dentro da nossa realidade, seria perfeito se pudessémos associá-las de forma efetiva.
Podemos concluir então que, não é fácil como se imagina produzir conhecimento, que na maioria das vezes automatizamos nossas ações, e esse automotismo, pode ser expressado de forma simples, imperceptível, como decorar uma disciplina para realização de uma prova. Criar ambientes seguros e favoráveis para a produção do conhecimento, hoje é visto como grande meta a ser alcançada.
O conhecimento não pode ser resumido a recursos de mídia, ou cópias de textos, teorias mastigadas, rótulos pedagógicos, a associação ciência e prática, nos coloca como conhecedores, e veículos de mudança da realidade, não como sujeitos passivos, que não controem, que nada mudam, a passividade nos leva a estagnação.
Segundo, Vilma de Carvalho (2009) "Penso que os estudantes de enfermagem, como encontrados de permeio com as sendas investigativas do conhecimento, não podem e não devem ser tratados como objetos de tecnologia pedagógica artificial puramente idealizadora para a construção de sujeitos de mentalidade de alta resolução. A inteligência humana já é, por si, o princípio da ordenação do cosmos, E se entendida nos termos da intellectus agens, a inteligência estudantil, é atividade viva, é a faculdade do pensar e doa agir capaz de organizar as sensações da aprendizagem, torná-las em abstrações enquanto conceitos inteligíveis, altamente referentes daquele específico cuidado de que se fala."
Morin (1980) apresenta as características não elementares da individulaidade, explicando que todo indivíduo constitui-se de características infra, extra, supra, meta-indivíduos, que correspondem respectivamente aos seus elementos químicos, na infra, ao ecossistema, na extra e à sociedade em que está inserido, na supra e metam. Essas características particulares do indivíduo ao mesmo tempo que o singulariza, o distingue e diferencia, não enquanto membro de uma categoria pertencente à espécie, mas como autor de seu processo organizador que o torna sujeito.
O ser humano vive a construção de sua própria identidade, que pressupõe a liberdade a a autonomia, para tornar-se sujeito, através das dependências que alimenta, necessita ou tolera, como por exemplo da família, da escola, da linguagem, da sociedade.
Conclui-se que quando temos consciência de quem somos, do que somos capazes, ao que devemos dedicar nosso esforços, no que se concentrar, gastamos energia positiva, entramos em um estado de ricos recursos, onde somos capazes de produzir conhecimento, em conversa constante com nosso próprio eu, deixamos de lado nosso egocentrismo, e vemos o mundo diferente, numa visão holística, multidimensional e multi referencial.