Quando entrei definitivamente para a área educacional em 2006 senti uma mudança radical em minha vida, já que o início dessa minha jornada se deu em uma creche para crianças de até três anos.
Ao deparar-me com a realidade da sala de aula que até então era só teoria, senti-me impotente e frágil diante desse novo desafio. O que fazer? Perguntei-me. Crianças a correr, gritar, outras a agarrarem-se em minhas pernas... Como direcionar essa energia que eles possuiam para o lugar certo?
Foi a partir desses questionamentos que foram surgindo as ideias que coloquei em prática. Fiz várias pesquisas, comprei livros que me ajudaram a decidir o que fazer, e a partir dessa decisão comecei a utilizar jogos, músicas, danças, artes e a confecção de objetos com materiais recicláveis em sala de aula. Essa foi a minha primeira expedição e obtive êxito, já que consegui conquistar a confiança e o carinho dos pequeninos, com muita dedicação e carinho.
No ano de 2008 o trabalho tornou-se árduo. Como muitos professores, ensinava em uma escola pela manhã em Ilhéus e à tarde em Itabuna numa classe de cinco anos com 28 alunos. Adaptada com a creche em que havia lecionado, levei um susto ao deparar-me com essa nova realidade, duríssima por sinal. Foi uma angústia muito grande perceber a forma como as crianças se comportavam, pois eles jogavam até cadeiras para o alto. Não foi fácil, muitas vezes chorei, pensei em desistir do magistério, porém perseverei e comecei outra vez a desenvolver um novo trabalho, com muita cautela e criatividade para a conquista desses novos aventureiros. Aprendi que no lugar onde chegamos precisamos florescer; as minhas árvores já estavam dando frutos.
Em 2010, por causa da constante correria em busca de transporte, resolvi trabalhar apenas em Itabuna. Tudo resolvido? Nem pensar... Diariamente o meu reloginho, pontualmente às 4:30 h da manhã me diz: - Professora, já raiou um novo dia e precisas ir à escola, mesmo tendo que pegar três ônibus até chegar lá...
Após o término das aulas matutinas, caminho em torno de 20 minutos, faça chuva ou faça sol, até chegar à outra escola onde lecionarei no turno da tarde. Lá esquento a minha marmita e preparo-me para essa nova e instigante jornada. O cansaço é constante mas a força que emana de mim torna-me a cada dia uma profissional melhor e mais criativa. Acreditem!!! Meu corpo cansa, minha alma não. No final da tarde, retorno à minha cidade com a satisfação de ter vencido mais uma batalha e ter alcançado os objetivos esperados.
Pela falta de recursos materiais nas escolas e por uma educação melhor, tornei-me uma "pedinte", pois para conseguir implementar os projetos que desenvolvo na sala de aula, solicito à amigos e familiares que me doem materiais que possa utilizar com os meus alunos e tenho conseguido amealhar muitos e já recebi doações de brinquedos até da Suíça.
Percebo que tenho agradado aos meus alunos e isso me torna uma pessoa mais satisfeita com o trabalho que realizo. Sei das dificuldades que passo, entretanto, enquanto docente, sempre tenho a esperança de que irá chegar um dia em que teremos uma escola dos sonhos, onde possa tão somente um professor dedicar-se exclusivamente à sua classe.