O século XX foi marcado pelo medo e incerteza de mais uma vez, o mundo mergulhar de maneira catastrófica em conflitos ainda maiores do que já havia sofrido. Neste momento o mundo se dividia em dois grandes blocos econômicos, de um lado o socialismo (ou comunismo) que defendia a possibilidade de um mundo melhor mais humano e igualitário. E do outro o capitalismo (ou liberalismo) que defende de maneira rígida e racional o desejo de liberdade e justiça. Com o fim da Segunda guerra mundial, os EUA capitalista e URSS socialista, dividiram o mundo e iniciaram uma disputa ainda maior, para conquista de aliados que seguissem as doutrinas impostas pelos modelos defendidos pelos referidos países.

Como era de se esperar em meio à crise que ocorria no mundo, tal fato despertou insegurança nos setores tradicionais da nossa sociedade. Pois poderia colocar em risco a manutenção do sistema capitalista no Brasil. Foi nesse momento que os militares ganharam força, iniciando um regime ditador no Brasil em Abril de 1964. Após o golpe comandado pelas forças armadas em 31 de Março do mesmo ano, contra o então presidente João Goulart e teve seu fim com a eleição indireta de Tancredo Neves e José Sarney em Janeiro de 1985.

Com o slogan:" Brasil, ame-o ou deixe-o", obescureceu a sociedade brasileira de modo que o governo ditador difundiu a idéia que a intervenção militar impediria a implantação de um regime comunista no Brasil e que era necessária uma intervenção militar para reestabelecer à ordem e colocar o país de volta no caminho certo, longe da ameaça comunista, utilizando-se desse argumento para justificar as suas ações arbitrárias e violentas. Desse modo o golpe militar se originou na "conspiração anti-vargas",sendo que Vargas era alvo de críticas e repressões por seus opositores principalmente os militares.

O regime militar caracterizou-se pela falta de democracia, desaparecimento de direitos constitucionais, censura perseguição política e repressão aos que eram opositores ao regime.Pode-se também definir por principal razão da implantação do regime ditador no Brasil o medo sofrido pelo grandes proprietários de terra, quanto as reformas agrárias que trariam prejuízos imediatos aos grandes latifundiários, principalmente a redução de suas propriedades, proposta defendida desde a abolição da escravidão em 1888. Ou seja, enquanto a população, sofria com os desastres do regime, os grandes latifundiários estavam preocupados na possibilidade de perder seus bens, valiosos. Suas propriedades.

Em todo caso o mais prejudicado foi a população menos favorecida, como afirma Piletti (1997):

"As condições de vida da população continuaram sempre mais precárias: no campo, sem a propriedade de terra, assistência técnica ou condições de sobreviver, milhões de pessoas foram levadas a migrar para as cidades; estas, inchadas repentinamente por milhões de novos habitantes, tiveram seus problemas multiplicados: a especulação imobiliária, a falta de trabalho, a ausência de saneamento básico e condições de higiene para a maior parte da população, a precária e insuficiente assistência médica e muitos outros fatores conduziram milhões de brasileiros a viverem em favelas, cortiços, sob viadutos ou nas ruas, sem as mínimas possibilidades de uma vida digna. Como consequência, os índices de mortalidade infantil crescem, as doenças contagiosas aumentaram, fazendo os brasileiros um povo doente e faminto."

(Piletti, 1997, p.115)

Toda essa miséria deixou empobrecido também os cofres públicos nacionais, pois nesse período o Brasil contrairá uma dívida externa que ultrapassou os cem milhões de dólares. Dívida que até hoje ainda não foi totalmente quitada. A marginalidade foi um dos fatores mais agravantes para o aumento da miséria e as mortes que ocorreram nesse processo da ditadura.

Tornou-se necessário naquele momento, adequar todas as instâncias nacionais aos interesses da nova classe no poder para que o Regime Militar pudesse ser legitimado e não correr o risco de ser deposto. Nesta perspectiva, foi criado um aparato governamental que diminuía os direitos civis e políticos da população a fim de calar as possíveis vozes de contestação ao regime.

Para os militares esse período seria uma transição rápida para o retorno a democracia e aos direitos que haviam sido caçados. Porém o que se seguiu foram 21 anos de ditadura militar com inúmeras pessoas sendo perseguidas, presas, torturadas e mortas. Ou seja, os maiores prejudicados foram cidadãos que tinham a promessa de proteção e tiveram apenas destruição nos mais diversos âmbitos sociais.

Referências:

PILETTI, Nelson: História da educação no Brasil. 7. ed. São Paulo. Ática, 1997.