Nada que venha do governo merece crédito. É sempre bom ter "um olho na missa e outro no padre." Tudo que é oferecido ou empurrado garganta abaixo do povo, sempre há algo escuso ou interesses inconfessáveis por trás. O brasileiro na mão de quem detém o poder, nada mais é de que uma massa comandada. Não podia ser diferente, pois uma nação formada por sua maioria em semi-analfabetos, pessoas que fazem de tudo para burlar as leis existentes e normas de convivência em coletividade, que não sabem votar e só o fazem pela sua obrigatoriedade, tem mais é que aceitarem as imposições vindas de cima, calados e com o rabo entre as pernas tal e qual cachorros sem dono.
Agora mesmo estamos prestes a receber mais um golpe traiçoeiro: querem impor a esse fraco, desinformado, e ingênuo (até certo ponto), através de maciça propaganda governamental seguido de um novo referendo popular às custas de nosso dinheiro, a eliminação de uma vez por todas do porte legal de armas. Como não vemos uma forma do governo meter a mão em dinheiro de lobistas com a retirada das armas legais de seus proprietários, a única razão plausível para essa medida é ter as pessoas de bem sob a sua tutela. Caso algum dia seja necessário usar a força, a população desarmada é mais fácil ser dominada. Trocando em miúdos: tem cheiro a traição da grossa. E não é fato inusitado. Na década de 30 um grande chefe político dos sertões baiano, Horácio Queirós de Matos, sofreu na pele uma traição por parte do governo baiano, em conchavo com o governo federal, nos mesmos moldes do que se quer fazer agora. Paradoxalmente à sua vida de lutas pelas caatingas dos sertões e na chapada Diamantina, o coronel Horácio de Matos era um pacifista. Seu grande sonho era a paz no interior da Bahia. Portanto quando foi feito um pacto entre os governantes e Horácio de Matos, para um total desarmamento na Chapada Diamantina e regiões lideradas por ele, foi prontamente aceito. As armas foram depostas e transportadas aos milhares em comboios ferroviários, fortemente escoltado até a capital Salvador. Tão logo o governo se viu em vantagem bélica frente ao coronel Horácio de Matos, imediatamente mandou prende-lo. Foi levado para Salvador e algum tempo depois, por não haver uma acusação formada contra ele, foi solto, mas com bastantes restrições aos seus direitos de cidadão. Pouco tempo depois, passeando com sua filha de seis anos em um bairro de Salvador, foi traiçoeiramente assassinado. Seu assassino era um policial e que pouco tempo depois foi também morto, em queima de arquivo.
Esse novo assalto aos cofres públicos não tem sentido algum. Se alguém vai sair beneficiado, podem apostar que a população não é. As causas principais da violência em nosso país são outras e bem conhecidas: falta de controle da natalidade, má distribuição de rendas, impostos exorbitantes induzindo a quem produz e emprega a sonegá-los, péssima escolaridade e educação da população, a saúde só funciona se for paga, e o principal: falta de uma política severa com os infratores da lei. A impunidade aliada aos maus exemplos de quem nos governa, é a principal causa dessa violência insana que tomou conta de nosso país. A corrupção em todos os níveis de classe social sustenta e incentiva aos infratores.
Não vamos nos iludir com falsas promessas e as "boas" intenções de quem nos governa. O governo é a cara do povo, pois nós os colocamos lá. Se o povo presta, o governo presta. Caso contrário, é isso que aí está.
Beyler