TRABALHOS COM FANFIC NO ENSINO MÉDIO: UMA POSSIBILIDADE PARA AS AULAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL 

1 DESCRIÇÃO DA ESCOLA E DO PÚBLICO-ALVO DA PROPOSTA

A escola a ser caracterizada chama-se Escola Estadual Walther Weiszflog, localizase na Avenida dos Estudantes, nº 360, e atende alunos do 7º ano até o Ensino Médio.
Quanto à conservação do prédio, encontra-se em situação relativamente boa, apesar de existirem paredes sujas e riscadas, janelas, lâmpadas, cadeiras e carteiras quebradas.
O espaço físico da escola é dividido em dois prédios, ambos com um andar.
No prédio principal, no térreo, temos a sala dos professores, a sala da gestora, a secretária, uma sala pequena onde ficam os livros didáticos e apostilas (caderno do aluno) que sobraram e cinco salas de aula. Acessa-se o 1º andar por meio de dois vãos de escadas. Este possui dez salas de aulas, todas com ventiladores. No térreo, também temos um pátio grande com uma parte coberta e uma parte descoberta com um jardim pequeno (cuidado pelo professor de História do período da manhã), uma cantina e um refeitório. Os banheiros (masculino e feminino) ficam no térreo também.
O segundo prédio possui dez salas. A sala de informática, a biblioteca, duas salas com projetor e o restante das salas são utilizadas pelo Centro de Línguas.
Nesse prédio, há, ainda, um anfiteatro que fica um andar abaixo do térreo, acessado por escadas.
O acesso à quadra é feito pelo pátio, por escadas. A quadra é coberta e é independente da escola, sendo usada pela comunidade, sendo separada por um portão trancado, sendo possível sua abertura somente pelo pátio.
O público-alvo da proposta são os alunos da 1a
. série do Ensino Médio que se caracterizam como educandos de classe média ou baixa. Esses alunos têm como rotina, na maioria das vezes, unicamente estudar. Poucos têm outras responsabilidades, assim como trabalhar ou cuidar da casa.
10 Apesar de pouca responsabilidade, muitos ignoram a importância do estudo, visando apenas a conseguir notas e não aprender de fato. Além disso, a escrita é precária e o interesse em melhorar é pouco, quase nulo.

2 DISCIPLINA E ÁREA EM QUE A AULA SERÁ MINISTRADA

A aula será ministrada na disciplina Língua Portuguesa, na área de produção textual.
A ideia é trabalhar com uma turma da 2ª. série do Ensino Médio.

3 IDENTIFICAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA

Levando-se em consideração que grande parte dos adolescentes conhece uma fanfic, o trabalho com tal gênero justifica-se pelo fato do professor buscar trabalhos mais próximos do contexto em que os educandos estão inseridos.

Objetiva-se, assim, formar seis grupos em sala de aula, sendo que cada um ficaria com um subgênero das fanfics. São elas:
• Fanfiction (história escrita por fãs a partir de outra já existente ou de pessoas famosas). Esse grupo encarregar-se-á de criar uma ou mais fanfics para serem trabalhadas pelos outros.
• FanVid (vídeo criado a partir de uma fanfic, podendo ser um trailer que conta toda uma história).
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• FanTape (conjunto de músicas cujo tema assemelha-se ao da fanfic parcial ou totalmente) + OST (músicas, como as trilhas sonoras, para escutar enquanto o leitor lê os capítulos).
• FanArt (desenhos relativos à história, podendo ser do casal, do título ou até mesmo de uma determinada cena).
• Betagem. O grupo responsável pela betagem encarregar-se-á de corrigir qualquer erro existente na fanfic, sendo ele relativo à coesão, à coerência, a algum aspecto gramatical ou à ortográfica.
• Ripagem. Este grupo ficará responsável pela sátira. Pode ser da fanfic trabalhada em sala como também de outra. Os alunos desse grupo deverão, assim como os da betagem, ter conhecimentos bons de língua, afinal, não é possível satirizar um erro alheio sem saber qual é o correto. O grupo da ripagem é adequado para os alunos que muitos consideram problemáticos. É uma forma de eles terem um contato maior com o aprendizado da língua, podendo se sentir livres de algumas regras.
Todos os materiais produzidos pelos alunos serão avaliados durante e depois do projeto concluído e, em seguida, postados na Internet.
Almeja-se que os alunos tenham prazer em escrever, afinal eles falarão sobre algo que gostam, mudando uma história que já existe para uma que lhes agrade. E, que ao final, eles concluam que todo o conhecimento adquirido anteriormente é válido;
que o que eles leem por prazer pode ser usado a favor do ambiente escolar.


4 RESENHAS

4.1 Resenha da obra Pedagogia da autonomia:

saberes necessários à prática educativa, de Paulo Freire FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 2002.
EDUCAÇÃO E AUTONOMIA Pedagogia da Autonomia é um livro da autoria do educador brasileiro Paulo Freire, sendo sua última obra publicada em vida. Nele, o autor apresenta propostas de práticas pedagógicas necessárias à educação como forma de construção da autonomia dos educandos, valorizando e respeitando sua cultura e seu acervo de conhecimentos junto à sua cultura e seu acervo de conhecimentos junto à sua individualidade.
No início da obra, Freire fala da necessidade do professor respeitar e considerar o conhecimento que seus educandos trazem para escola, por se tratar de sujeitos sócio-histórico-culturais, transformadores do seu meio.
O autor defende que o professor deve reconhecer esse conhecimento e procurar desenvolvê-lo cada vez mais. Assim, o professor agirá eticamente na sua relação consigo mesmo e com o outro. A essa ética, Freire denomina de ética universal do ser humano e julga-a como essencial para a prática docente e, ao mesmo tempo, inseparável da mesma.
Freire demonstra, também, que, por meio do ensinar, aquele que ensina também aprende o saber, como também da mesma maneira que aquele que aprende o determinado assunto, também passa a ensinar. Ele diz que "não há docência sem 13 discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem a condição, de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender" (FREIRE, p. 23).
O educar explica, também, que não devemos deformar a criatividade do educando para que o educador mantenha vivo o gosto pela criatividade e pelo nãoconformismo.
O ideal é que o professor estimulasse o educando a arriscar-se, aventurar-se em novos horizontes, não ficando unicamente no saber tradicional, indo além do que lhe é ensinado: "pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito no processo" (p. 26).
Ademais, de acordo com o autor, "ensinar exige respeito aos saberes dos educandos" (p. 30), isto é, devemos respeitar o conhecimento que os alunos trazem dentro de si naturalmente para a sala de aula aproveitando todo esse conhecimento como forma de contextualizar as aulas, usar a experiências dos educandos a nosso favor. Na obra, o autor chega a questionar o leitor a esse respeito:
Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina [...] Por que não estabelecer uma "intimidade" entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? (p. 30).
Freire defende, ainda, a ideia da curiosidade, expondo que "ensinar exige curiosidade" (p. 84), dizendo que o educador não deve inibir a curiosidade do seu educando, pois estará inibindo ou dificultando sua própria curiosidade. Ele justifica dizendo que a curiosidade é o que move o educador e o educando, que isso os insere na busca pelo conhecimento e que isso é um direito de todos, o direito à curiosidade. É papel do professor levar o aluno a pensar. Despertar a curiosidade é algo libertador, é algo que deve estar permanentemente em exercício.
Na obra, é apresentado que se deve respeitar a autonomia do outro, não como um favor. Como seres conscientes e éticos devemos fazê-lo:
14 O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente
à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência (p. 58-9).
Entendemos, assim, que o professor deve aceitar e respeitar o seu aluno, pois esse já vem com um conhecimento de mundo para a sala de aula. Isso não deve ser ignorado. Além disso, é papel do educador ser educado e ensinar tudo ao seu educando sem negar o direito que esse tem de aprender.
Podemos, dessa forma, entender ao final da leitura da obra Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa que esse é um livro que todos que querem ser professores deviam ler, que é possível colocar imediatamente alguns conceitos em prática e que os problemas mais graves que envolvem a educação nacional podem ser amenizados aos poucos, com aulas que fujam dos aspectos negativos do ensino tradicional, envolvendo mais os alunos com criatividade, interação e aguçando sua curiosidade.

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