A IMPORTÂNCIA DOS DIVERSOS SABERES À FORMAÇÃO ACADÊMICO-PROFISSIONAL DE CONTADORES

1 INTRODUÇÃO

O conhecimento é de fundamental importância para a formação não só de profissionais, mas de seres humanos, ele irá nortear nossas ações perante os outros e a sociedade. Conhecer é agregar um novo conceito a um fato ou evento qualquer, ele surge das experiências acumuladas por meio da vivência e dos relacionamentos interpessoais.
Nós seres humanos somos os únicos com capacidade para criar, transformar o conhecimento e aplicar o que aprendemos. Isto diz respeito a uma característica humana de interagir ativamente sobre o mundo com o objetivo de garantir a sua sobrevivência. Por meio do uso de suas capacidades o homem busca compreender o mundo no qual ele vive, desta forma ele produz o conhecimento.
Integrar as várias áreas do saber é uma forma de tornar as pessoas capazes de entender e encarar os problemas da humanidade que a cada dia se tornam mais complexos e globais. O presente trabalho tem por objetivo expor a importância da ligação entre as disciplinas, analisar a influência dos diversos saberes na formação do profissional contábil e identificar os diferenciais que a união destes saberes produzem no contador como pessoa e como profissional.

2 SETE SABERES BÁSICOS PARA A EDUCAÇÃO


No ano de 1999, a UNESCO requisitou a Edgar Morin, filósofo nascido na França em 1921, um dos maiores representantes da cultura francesa, que expressasse suas ideias sobre a educação do amanhã. Surgiu então, o livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, composto da mais profunda reflexão do autor acerca dos problemas fundamentais do sistema de ensino no próximo século.
Morin enumera sete saberes indispensáveis, considerados por ele eixos para aqueles que fazem educação e se preocupam com o futuro das crianças e adolescentes.

  •   As Cegueiras do Conhecimento: o erro e a ilusão
  •   Os Princípios do Conhecimento Pertinente
  •   Ensinar a Condição Humana
  •   Ensinar a Identidade Terrena
  •   Enfrentar as Incertezas
  •   Ensinar a Compreensão
  •   A ética do Gênero Humano


2.1 As cegueiras do Conhecimento: O erro e a Ilusão

Para Morin a difusão do conhecimento é um dos principais objetivos da educação, no entanto ela não leva em consideração o conhecimento humano e ignora suas dificuldades e propensões ao erro e a ilusão. Nota-se uma visão negativa por parte do autor em relação ao sistema educacional e ao conhecimento que este transmite. Ele atribui ao sistema educacional a função de apresentar os erros e ilusões ligados a transmissão de informações e identificar suas causas.
A educação tem a obrigação de expor que não há conhecimento que não esteja sujeito ao erro e a ilusão. Sejam eles erros mentais, originados da incapacidade cerebral de discernir entre o imaginário e o real; erros intelectuais ligados a lógica que constitui nosso sistema de ideias, que constrói uma barreira e resiste à informação que não lhe convém ou que não pode assimilar e/ou os provenientes da razão que está sujeita a erros e ilusões no momento em que se converte em racionalização. A racionalidade é a melhor proteção contra o erro e a ilusão quando consegue distinguir e identificar suas insuficiências.
Também devem ser considerados pela educação os erros presentes nos paradigmas, que determinam conceitos segundo os quais os seres humanos devem pensar e agir, constroem verdades estabelecidas e crenças incontestáveis, que impedem o ser humano de pensar por si e buscar a verdade.
Os paradigmas em sua maioria associam-se às normas, proibições, rigidezes e bloqueios determinados por um imprinting cultural, termo proposto por Konrad Lorenz para conceber a marca indestrutível fixada pelas primeiras experiências do animal recém-nascido e pela normalização, processo de conformismo que anula nossa capacidade de contestar os "imprintings", fato que torna o homem refém de suas crenças e ideias.
A normalização e a construção de paradigmas inibe nossa capacidade de lidar com o inesperado, pois estamos acomodados de forma segura em nossas crenças, que somos incapazes de nos adaptar ao novo, por isso é necessário obter a habilidade de rever nossas teorias     e ideias, para quando o inesperado se manifestar.
A maior parte dos erros e ilusões são provenientes do exterior cultural e social que impossibilitam que a mente humana possua autonomia para buscar a verdade. Faz-se necessário compreender a essência e a origem dos processos de conhecimento e evidenciar as perguntas acerca de nossas possibilidades de conhecer, esse é objetivo principal da educação, tornar-nos capazes de alcançar a lucidez.
Morin anuncia problemas reais bastante discutidos pela sociedade, mas que não são os principais nem os mais urgentes do sistema de ensino. A primeira coisa a ser modificada seria a garantia de espaços e meios adequados para que se tenha acesso ao conhecimento sem distinção entre as pessoas ou exclusões.

2.2 Os Princípios do Conhecimento Pertinente

De acordo com Morin, “O conhecimento do mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital”, ele também afirma ser necessário organizar e articular conhecimentos para assim compreender o mundo, e uma questão fundamental é a educação. A necessidade de promoção do conhecimento é um problema capital ignorado.
Mas uma notável dificuldade que se pode perceber é como ter acesso às informações e como organizá-las? Como perceber o complexo, o multidimensional? Nesse contexto vemos que se faz necessário à reforma do pensamento, e essa reforma se dá com a educação, no que diz respeito a nossa aptidão para organizar o conhecimento.
Morin diz que o grande problema enfrentado pela educação do futuro é tornar evidente, o contexto, onde é preciso situar as informações e dados em seu contexto para que assim adquiram sentido; o Global que é a relação todo/partes é mais que o contexto é o conjunto de diversas partes ligadas, mas é necessário recompor o todo para conhecer as partes, nesse contexto o autor aponta o global, o organizador, mas não explica como identificar as partes e todo de maneira objetiva; o Multidimensional onde sociedade e seres humanos são unidades complexas e multidimensionais, assim o ser humano é, ao mesmo tempo, biológico, psíquico, afetivo, social, racional e a sociedade comporta dimensões históricas, econômicas, sociológica e religiosa, o conhecimento pertinente deve reconhecer esse caráter e nele inserir todos os dados a ele pertinentes; o Complexo que é a união entre a unidade e a complexidade, os desenvolvimentos próprios nos confrontam cada vez mais com os desafios da complexidade, em consequência a educação deve promover a “inteligência geral”, mas de maneira apta a referir-se ao complexo, ao contexto de modo multidimensional.
Segundo Morin o desenvolvimento de aptidões gerais da mente permite melhor desenvolvimento das competências particulares ou especializadas. A ativação da inteligência geral é item básico, para organizar e mobilizar os conhecimentos do conjunto em cada caso particular. A educação do futuro, para promoção da inteligência geral deve utilizar os conhecimentos existentes, superar as antinomias e identificar a falsa racionalidade. A antinomia são contradições, que criam e alimentam disjunções entre as ciências e a humanidade. A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular e resolver problemas essenciais. A educação deve estimular o uso da inteligência geral, já a instrução para essa utilização extingue essa aptidão, e o objetivo é contrário, o objetivo é estimular e caso esteja adormecida, despertar.
Morin cita problemas pertinentes ao conhecimento, à inteligência geral, onde menciona que a hiper-especialização, impede a percepção do global e do essencial. O limite do conhecimento do todo ao conhecimento das partes, leva naturalmente o complexo ao simples. Nossa educação sempre nos ensinou a separar e não a unir os conhecimentos. A inteligência fragmentada, parcelada, disjuntiva, é uma inteligência cega que reduz a possibilidade de pensamento corretivo ou da visão em longo prazo. Um exemplo de ineficiência da inteligência geral ou inteligência disjuntiva é que quanto mais os problemas se tornam planetários, mais eles se tornam impensáveis.
É possível perceber a batalha de Morin contra a especialização, que certamente é prejudicial no sentido de restringir as possibilidades de compreensão e reflexão, mas que se faz necessária para o avanço do conhecimento científico, porque o estudo do todo impede que sejam levadas em consideração as particularidades relacionadas a cada coisa.
Outro problema estabelecido por Morin é a falsa racionalidade, incapaz de compreender o mundo e o humano aos quais se aplica, acreditando-se ser o único racional. O século XX viveu sobre o domínio da pseudoracionalidade que presumia ser a única racionalidade, mas a consequência foi o atrofiamento da compreensão, da reflexão e da visão em longo prazo. A partir dessa conclusão o autor questiona: “Porque se desconhecem os princípios maiores do conhecimento pertinente?” Segundo ele não se trata de abandonar o conhecimento das partes pelo conhecimento das totalidades, nem da análise pela síntese; é preciso conjugá-las.

2.3 Ensinar a Condição Humana

Morin afirma que a educação do futuro deverá focar no ensino da condição humana. Questionar a condição humana envolve uma indagação acerca do nosso lugar no mundo. No final do século XX, o tráfego de conhecimentos, muda a situação do ser humano no universo. O progresso de várias áreas da ciência, da ecologia, da biologia entre outras alteraram o conceito sobre o Universo, a Terra, a Vida e sobre o próprio Homem, no entanto, contrário a esse avanço observa-se o aumento da ignorância em relação ao todo, enquanto o conhecimento das partes se faz mais presente.
É necessário para a educação do futuro, divulgar a consolidação dos conhecimentos provenientes das ciências naturais, com o intuito de situar a condição humana e evidenciar suas complexidades.
O ser humano é ao mesmo tempo inteiramente biológico e inteiramente cultural, e traz consigo essa unidualidade originária. É super e hipervivente: aperfeiçoou de modo surpreendente as potencialidades da vida. Exprime de maneira hipertrofiada as qualidades egocêntricas e altruístas do indivíduo, alcança paroxismos de vida em êxtases e na embriaguez, ferve de ardores orgiásticos e orgásmicos, e é nesta hipervitalidade que o Homo sapiens é também Homo demens.
Em suma, o homem é um ser plenamente biológico, mas, se não dispusesse plenamente da cultura, seria um primata do mais baixo nível. A cultura reúne o que é preservado, transmitido e aprendido e guarda normas e princípios de aquisição. O homem e o humano se encontram atrelados a três circuitos essenciais para sua vida enquanto ser e enquanto pessoa.
1. O circuito cérebro/mente/cultura (a mente é o surgimento do cérebro que suscita a cultura, que não existiria sem o cérebro)
2. O circuito razão/afeto/pulsão (encontramos, ao mesmo tempo, uma tríade bioantropológica distinta de cérebro/mente/cultura: decorre da concepção do cérebro triúnico de Mac Lean. O cérebro humano contém: a) paleocéfalo, herdeiro do cérebro reptiliano, fonte da agressividade, do cio, das pulsões primárias, b) mesocéfalo, herdeiro do cérebro dos antigos mamíferos, no qual o hipocampo parece ligado ao desenvolvimento da afetividade e da memória a longo prazo, c) o córtex, que, já bem desenvolvido nos mamíferos, chegando a envolver todas as estruturas do encéfalo e a formar os dois hemisférios cerebrais, hipertrofia-se nos humanos no neocórtex, que é a sede das aptidões analíticas, lógicas, estratégicas, que a cultura permite atualizar completamente.)
3. O circuito indivíduo/sociedade/espécie (Os indivíduos são produtos do processo reprodutor da espécie humana, mas este processo deve ser ele próprio realizado por dois indivíduos. As interações entre indivíduos produzem a sociedade, que testemunha o surgimento da cultura, e que retroage sobre os indivíduos pela cultura.)
Compete à educação do futuro cuidar para que a ideia de unidade da espécie humana não apague a ideia de diversidade. Existe a unidade e a diversidade humana. A unidade não está presente somente nos traços biológicos da espécie Homo sapiens. A diversidade não está apenas nos traços psicológicos, culturais, sociais do ser humano. Existem outras unidades e diversidades que legitimam as características do ser humano em "ser humano". Elas se concentram nas esferas individual, social e na diversidades culturais que fazem do ser humano Sapiens/demens, ser complexo que traz em si caracteres antagonistas, e Homo complexus, ser racional e irracional, capaz de medida e desmedida; sujeito de afetividade intensa e instável.
Todo o real desenvolvimento humano significa desenvolver em conjunto as autonomias individuais, as participações comunitárias e o sentimento de pertencer a espécie humana.

2.4 Ensinar a Identidade Terrena

O estudo da expansão da era planetária se tornará indispensável para todos nós e deve constituir em objeto para a educação. É importante ensinar a história da era planetária que tem inicio no estabelecimento da comunicação entre todos os continentes no século XVI, e mostrar como todas as partes do mundo se tornaram solidárias, mas, sem deixar de ressaltar as opressões e  a dominação que devastaram a humanidade e que ainda existem.
A crise planetária composta por duas barbáries que marca o século XX nos deixou uma dupla herança:
1. A herança da morte - composta não somente pelas dezenas de milhões de mortos das duas guerras mundiais e dos campos de extermínio nazistas e soviéticos; mas também a de dois novos poderes de morte, as armas nucleares e a degradação da biosfera que se potencializa em cada um de nossos abraços e esconde-se em nossas almas com o chamado mortal das drogas
2. A morte da modernidade - quando a modernidade é baseada na fé incondicional no progresso, na tecnologia, na ciência, no desenvolvimento econômico, ela morre porque vimos que o desenvolvimento industrial pode causar danos à cultura e poluições mortais; vimos que a civilização do bem estar podia gerar ao mesmo tempo mal-estar.
Nossa única esperança é acreditar na inteligência e na criatividade do homem, em desenvolver a ciência. A união planetária tem o mundo, como um mundo independente, considerando a Terra a primeira e ultima pátria. Desde o século XX os humanos estão vivendo os mesmos problemas fundamentais de vida e de morte e estão unidos na mesma comunidade de destino planetário. Por isso que temos que aprender a conviver no planeta Terra, aprender a viver, aprender os costumes, aprender a diversidade, aprender a respeitar aos nossos pensamentos e os dos outros.
É no encontro com seu passado que conseguimos encontrar energia para enfrentar o presente e preparar o futuro. A busca do futuro melhor deve ser complementar, não mais antagônica, ao reencontro com o passado.
Temos que ter consciência dos problemas sociais e planetários e tentar conduzir a sociedade rumo a solidariedade e compaixão, assim sem  pensar somente no progresso, poderemos preservar nosso planeta e fazer com que este sobreviva mesmo em meio a crise.

2.5 Enfrentar as Incertezas

As ciências nos permitiram conquistar várias certezas, mas evidenciaram, ao longo dos séculos inúmeros pontos de incertezas. O sistema de ensino deve incluir no seu currículo o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas, nas ciências da evolução e nas ciências históricas.
As incertezas estão presentes na realidade, no conhecimento, na ecologia da ação e na imprevisibilidade.
1. A incerteza do real: nossa realidade é construída da por meio da nossa percepção do seria a realidade. Precisamos saber interpretar a nossa realidade para depois reconhecer o realismo.
2. A incerteza do conhecimento: o conhecimento é um mundo de incertezas, que comporta o risco das ilusões e dos erros. O conhecimento é uma variedade de incertezas e certezas.
3. As incertezas e a ecologia da ação: Ação é decisão, escolha, realizada sempre com a consciência do risco e das incertezas, lembrando que toda ação  terá uma reação.
Para toda ação empreendida em meio incerto, existe contradição entre o princípio do risco e o princípio da precaução, sendo um e outro necessário.
4. A imprevisibilidade em longo prazo: é possível  calcular os efeitos de ações em curto prazo, mas já em ações em longo prazo na maioria das vezes são imprevisíveis.
Será necessário ensinar princípios estratégicos que nos possibilitem encarar e enfrentar os imprevistos, o inesperado e as incertezas e mostrar como modificar o desenvolvimento dessas incertezas em virtude de informações adquiridas ao longo de nossa trajetória. È importante que os educadores se ocupem em preparar as mentes para esperar o inesperado e enfrentar a incerteza de nossos tempos.

2.6 Ensinar a Compreensão

A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. Compreender significa ser capaz de procurar conhecer o sistema de referências de alguém, quer dizer, o quadro social que o informa, que o dirige. A compreensão mútua entre os seres é o cerne para que as relações humanas saiam do seu estado de incompreensão. Educar com foco na compreensão humana irá garantir a solidariedade intelectual e a moral da humanidade.
Existe duas formas de compreensão: a compreensão intelectual ou objetiva e a compreensão humana intersubjetiva. A primeira é formada pelo aprendizado em conjunto (o texto e seu contexto, as partes e o todo, o múltiplo e o uno) passa pela inteligibilidade e pela explicação. Explicar é conceituar o que é preciso conhecer como objeto e aplicar-lhe todos os meios objetivos de conhecimento. A segunda ultrapassa a explicação, ela comporta o conhecimento de sujeito a sujeito, agrega um processo de empatia, identificação e projeção.
As barreiras inerentes a essas compreensões são muito grandes, a indiferença, o egocentrismo, o etnocentrismo, o sociocentrismo, que possuem como característica comum se situarem no centro do universo e considerar tudo o que lhe é estranho ou distante como secundário.
Viver nos demanda a compreensão de modo desinteressado. Exige grande esforço, pois não se deve esperar nada em troca. A compreensão é favorecida pelo bem pensar, que permite aprender em conjunto e pela introspecção, pratica mental de auto exame que nos ajuda a compreender nossas fraquezas a fim de conseguirmos enxergar e compreender as fraquezas dos outros.

2.7 A Ética do Gênero Humano

A reflexão sobre os problemas da compreensão deve ser uma das finalidades da educação do futuro. Ela deve conduzir a antropo-ética e atribuir ao ser humano a forma de indivíduo/ sociedade/ espécie, inseparáveis e também co-produtores um do outro.
Isso nos leva a assumir a missão de trabalhar para a humanização da humanidade ensinando a ética do gênero humano que não pode ser ensinada por meio de lições da moral, mas, deve se formar as mentes com base na consciência de que o humano é um indivíduo, parte da sociedade e parte da espécie tendo aspiração e vontade.
A educação deve contribuir não somente para a tomada de consciência mas também permitir que essa consciência se traduza em vontade de realizar a cidadania terrena.
Segundo Morin, a dominação, a opressão e barbárie humanas permanecem no planeta e se agravam, e a resposta para tais conflitos humanos e educacionais é a universalização da cidadania, incentivando a compreensão impediremos que o avanço da incompreensão se torne crucial e destrua as relações entre as pessoas. Devemos aceitar as diferenças e os desafios e possuir um sentimento de empatia e tolerância com as pessoas.
Não temos como conhecer o futuro mas teremos que buscar a hominização na humanização pelo acesso à cidadania terrena de modo crítico e participativo sem nos preocupar com as manipulações ideológicas dos tempos modernos a fim de transformar a espécie humana em verdadeira humanidade.

3 INFLUÊNCIA DOS DIVERSOS SABERES NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS

Diversos saberes contribuem na construção e formação de um profissional, foi feita uma pesquisa entre os contadores a respeito de quais conteúdos das áreas amplas lhes despertaram maior interesse durante a graduação e sobre a influência destes na sua atuação profissional. As duas disciplinas mais citadas foram Ética Profissional e Psicologia em Gestão de Pessoas, na visão dos profissionais contábeis tais disciplinas exercem um papel importante na sua atuação profissional e combinadas com seus conhecimentos específicos os tornam profissionais completos.
A Ética Profissional é essencial não só para os contadores mas à todos os profissionais que desejam sucesso na profissão. Atuar com ética e honestidade é imprescindível, visto que, o profissional contábil obtém informações exclusivas das empresa,  e é fundamental manter o sigilo para que esta não seja prejudicada. Ao completar sua formação ele deve estar ciente do conjunto de responsabilidades que assumiu perante a sua categoria profissional e às pessoas que irão utilizar os seus serviços.
A Psicologia contribui com os profissionais na construção das suas relações interpessoais, o ajuda a manter o equilíbrio e enfrentar os possíveis conflitos, desafios e adversidades da profissão.
Para Iudícibus (2010), o profissional contábil precisa de ética profissional e pessoal, de capacidade de comunicação, de resistência a pressões e de viver sob pressão. Seu conhecimento deve ser amplo, contendo as normas internacionais de contabilidade, legislação fiscal e comercial.
A educação além de encorajar o pensamento reflexivo, deve contribuir com a construção do raciocínio lógico e fazer com que o indivíduo questione a realidade em que está inserido, a fim de torná-lo capaz de modificá-la quando julgar necessário. A formação exerce nesse processo um papel fundamental, ela contribuirá com o desenvolvimento do sujeito e do seu conhecimento.

4 IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS E DOS SABERES PERTINENTES DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

O conhecimento não é guiado apenas historicamente, mas depende em boa parte de nós como cidadãos, como profissionais, e as transformações que somos capazes de discernir com o objetivo de nos tornamos cidadãos cientificamente cultos.
A Contabilidade como ciência social ao ampliar seus objetivos move-se continuamente em busca do real, isso concomitantemente com sua existência o que permite a analise especifica e algumas interferências posteriores, muitas vezes resultando em significativas contribuições para o processo evolutivo.
As novas formas de organizar o trabalho contábil com a gestão organizacional exigem além de competência profissional, um complexo processo de formação inicial e continuada do contador, e o novo contexto econômico faz constantes exigências ao profissional da contabilidade, pois o contador como gestor do patrimônio das entidades, tem funções mais abrangentes do que apenas o registro dos eventos contábeis, como por exemplo, decidir e agir em condições de continuidade e competitividade do empreendimento. Dentro desse contexto podemos afirmar a importância das disciplinas cursadas não apenas durante este período letivo, mas de toda a graduação.
A fim de exemplificação podemos citar a disciplina Teoria Avançada da Contabilidade que tem como finalidade propiciar conhecimentos básicos ao entendimento das Normas e Princípios pertinentes à Contabilidade. A imposição do valor social da Contabilidade, e de caráter informativo para a tomada de decisão, abriga preceitos éticos e concernentes à apreensão destes saberes.
No mundo dos negócios, o processamento de informações com auxilio de sistemas é uma das atividades mais difundidas e fundamentais. O principal objetivo dos sistemas de informação é que os tomadores de decisão possam extrair e obter o máximo das informações necessárias. A disciplina Sistemas Contábeis, objetiva à gestão de informações societárias e gerenciais com o controle dos dados, a geração de informações e o domínio das técnicas contábeis que favorecem ao gerenciamento organizacional, permitindo um melhor acompanhamento da empresa e de seus resultados.
Nas organizações, a Ciência Contábil possui papel fundamental na geração das informações necessárias à tomada de decisão, faz exigências para que o profissional da contabilidade tenha condições de delinear projetos de trabalho por meio de visões prospectivas sistêmicas, nas diferentes filosofias organizacionais. Nesse contexto vemos a importância dos conhecimentos específicos e dos saberes pertinentes do conteúdo programático, a fim de formar profissionais com postura ética e gerencial, pra atuação na ampla área da Ciência Contábil.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo objetivou verificar a importância dos diversos saberes à formação acadêmico-profissional de Contadores, Economistas e Administradores. Após a elaboração da resenha crítica do livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, de Edgar Morin, foi possível verificar a existência de sete saberes essenciais dos quais a educação do futuro não pode deixar de tratar em toda sociedade e cultura.
O objetivo principal de Morin é expor problemas fundamentais que permanecem totalmente ignorados e que são de extrema importância para se ensinar no próximo século. Ao longo da leitura do livro e posteriormente elaboração da resenha foi possível identificar a importância de se ensinar o que é o conhecimento, as causas do erro e da ilusão, além de verificar em que medida a condição planetária se torna um buraco negro da educação.
Um dos principais pontos abordados durante o artigo foi o motivo do conhecimento nunca ser um reflexo ou espelho da realidade e as possíveis implicações disso, assim como o papel que a incerteza possui durante o processo de informação, incluindo uma abordagem profunda sobre a antropo-ética.
Por meio da análise dos temas propostos foi possível concluir que construir novas realidades educativas a partir dos sete saberes requer uma reforma no sistema educacional desde à sua base para que este possa preencher as lacunas do conhecimento que não consegue transmitir. Não se pode generalizar o conhecimento , ao contrário, deve-se elaborar um currículo que visa religar os conhecimentos, as disciplinas, os saberes.
Através da elaboração e aplicação de questionário a contadores, sobre a importância dos diversos saberes à sua formação acadêmica e sua atuação profissional, pode-se conhecer as disciplinas que despertaram maior interesse durante a graduação cursada, a relações existentes entre os conhecimentos amplos ou gerais e os conteúdos específicos da área profissional em que atua os contadores e a importância dos conhecimentos de outras áreas à atuação profissional.
Assim, a partir de estudos e observações elaboradas, foi possível perceber que a educação quando agrega ao profissional valores éticos, morais e consegue torná-lo capaz de construir seu próprio raciocínio torna-se o diferencial deste no mercado de trabalho.

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