Trabalho em Equipe em uma sociedade de classes

 

                                                            Wanderson Vitor Boareto

Trabalho em equipe é o grande desafio da nossa era, devido às necessidades de mercado e as mudanças nos meios de produção. Em todas as esferas formadoras, o trabalho em grupo  ou em equipe, é utilizado como metodologia avaliativa, já que, quem não consegue trabalhar em conjunto, esta fora das necessidades das empresas e órgãos contratantes. Lembrando que o trabalho em grupo não é uma opção e sim uma imposição do sistema de produção.

As escolas de base já estão se preparando para esta realidade através do modelo utilizado nas avaliações e nos cursos de capacitação de professores. Em 2014 o Estado de Minas lançou uma nova proposta de educação para o ensino médio das escolas públicas de Minas, o Reinventando o Ensino Médio. Esta nova disciplina vem com o intuito de preparar o estudante de ensino médio para as novas necessidades. A pergunta é: será que prepara mesmo?

As provas avaliativas do governo mineiro, tem por finalidade medir o índice das capacidades já consolidadas pelos estudantes. Isso é uma forma ilusória, já que os alunos fazem com o máximo de descaso, pois isso para eles não é importante. As escolas  tentam  estimular os alunos na hora de fazer  as  provas, os resultados para o desempenho da escola e de todo o grupo ( equipe de professores, administrativo e alunos), porém isso não vem sendo alcançado com êxito.

Veja bem, o uso da palavra grupo, equipe. A importância da máquina educacional, trabalhar como um todo. Quem tenta ir contra o sistema esta fora, é descartado. O estranho que o sistema do capital prega outra coisa em sua prática diária. O individualismo, a competitividade é a roupagem dos servos do capital, esta ideologia está enraizada na mentalidade da massa trabalhadora. Isso é muito prolixo. Mas quem disse que a vida tem lógica.

Pensando assim a falta de auto-estima, de valorização do saber real, da família como agente formador, da religião como meio catequizador e dos nichos de amizade como meios de práticas sociais, está sendo substituído pelo ser anti-social. É ser humano? Está absoluto, ultrapassado. Uma vez que estamos na era o empreendedorismo. Empreendedor é o cara, sabe aonde quer chegar. Trabalha com metas, em grupo se for necessário é criativo, gosta de desafios. Este ser é uma criatura do capital e como sua origem é o lucro, para ele tudo depende do preço, do valor pago. Os empreendedores são super humanos e estão aptos ao mercado e ao lucro. Lembrando que no sistema do capital o Deus é o lucro e o empreendedor é o sumo sacerdote desta religião que tem mais adeptos que o Cristo.

Seria muita ingenuidade não entender a importância dos novos tempos, porém em um sistema onde três quartos da população mundial, vive abaixo da pobreza e 95% da população não sabe pensar, sabe negociar, olhar para o próprio umbigo e até repassar as sobras caso perceba que vai lucrar mais doando o resto a alguém ou alguma entidade beneficente.  É claro que há algumas exceções, mas é a minoria. Não sejamos hipócritas nossa sociedade está um caus. Qual seria a saída?

São muitas as teorias. Algumas delas falidas na prática. Mas ideologicamente produz riqueza e para o sistema é isso que interessa. O termômetro de nossa crise está estampado  nos jornais e nos meios de comunicação (violência, a saúde de baixa qualidade, educação que não educa) todos estes discursos muito comuns em época de eleição que promove grupos na esferas do poder. Uma das empresas mais lucrativas no Brasil é seca do nordeste, já que isso gera verba infinita para ser desviada e continuar financiar partidos e grandes EMPREENDEDORES, é claro que em equipe, em grupo.

O filosofo Chinês Confúcio ensina: “Que para se ter uma coisa que dure dez anos deve se plantar arroz, para se ter uma  coisa que dure sem anos deve se plantar uma árvore, mas se quer mudar uma civilização deve se plantar filosofia no coração das crianças”.

Lembrando que filosofia é o amigo do sábio como nos ensina os gregos antigos. Sabedoria proporciona uma capacidade de se libertar das correntes do consumismo, da escravidão da competição e da falta de  escrúpulos, já que para o sábio a vida é para ser vivida como ser humano social, vivendo a plenitude da beleza (no sentido ensinado por Platão).