TRABALHO: CATEGORIA FUNDANTE DO SER SOCIAL

.

Germano Lopes Ângelo[1]

Jacirene da Silva Viana[2]

 

 

Resumo: Este artigo analisa o trabalho como categoria fundante do ser social, parte da era terceária até a contemporaneidade, tendo como pressuposto o processo evolutivo do homem desde seu aparecimento, passando pela transformação do macaco em homem, modos de relação e trocas, até sua complexização social após as revoluções industriais.

 

Palavras-chave: homem, sociedade, trabalho.

 

Abstract: This article analyzes the work as basic category of the social part of the tertiary era until nowadays, with the assumption the evolutionary process of man from its appearance , through the transformation of the monkey in man , relationship and exchange modes , up to their social complexização after the industrial revolution.

Keywords: man, society, work.

 

Introdução

Por meio do materialismo dialético histórico,  busca-se analisar os processos que definem o que é o ser social, parti-se do pressuposto:  trabalho como categoria fundante do ser social. O objetivo deste artigo e traçar uma linha histórica para identificar o momento em que o homem passa a ser explorado pelo próprio homem

Este artigo está dividido em três partes cujos temas são os objetivos gerais deste trabalho. Na primeira parte  traçaremos uma linha histórica da origem do homem, procurando identificar o momento da transformação do macaco em homem, sobe o viés de Friedrich Engels e, por meio de Sérgio Lessa e Ivo Tonet vamos abordar o trabalho como categoria fundante do ser social.

 Na segunda parte deste artigo vamos focar sobre as formas de trabalho, produção de mercadorias e modos de produção capitalista, segundo Paulo Neto (2006).

Na terceira empregaremos o método materialismo dialético histórico, para analisar os diversos movimentos sociais tais como; a Revolução industrial, revolução francesa e os primeiros movimentos de luta com base no autor Max Beer (, 2006).

A origem do homem

Há várias centenas de milhares de anos, num período ainda impossível de determinar com precisão da era da história da terra a que os geólogos chamam a era terciária, provavelmente no fim desta, vivia algures na zona tropical – possivelmente num vasto continente hoje desaparecido sob o oceano Índico 1 – uma raça de macacos antropóides que atingira um grau de desenvolvimento particularmente elevado. Darwin forneceu-nos uma descrição aproximativa destes macacos que seriam nossos antepassados. Tinham o corpo inteiramente coberto de pelos, possuíam barba e orelhas pontiagudas e viviam em bandos na floresta (...) estes macacos começaram a perder o hábito de se servirem das mãos para caminhar e foram adotando a posição vertical. Estava assim dado o passo decisivo para a transformação do macaco em homem. (ENGELS, 1974, p. 171-172)

Segundo Friedrich Engels (1974) a caça e pesca, possibilitaram o desenvolvimento do homem de vegetariano a carnívoro este processo foi um novo passo na transformação do macaco em homem. Cita como exemplo a evolução intelectual de uma criança e uma repetição abreviada da evolução, tal como aconteceu com nossos antepassados.

Para entendermos melhor este processo vamos retroceder ainda mais na história indo até uma pré-história quando ainda tudo não passava de um caldeirão de matéria inorgânica a partir da qual em determinado algumas moléculas passaram a se reproduzir a si mesmas neste contexto:

Para Lukács, por tanto, existem três esferas ontológicas distintas: a inorgânica, cuja essência é o incessante tronar-se outro mineral; a esfera biológica, cuja essência é repor o mesmo da reprodução da vida; e o ser social, que se particulariza pela incessante produção do novo, por meio da transformação do mundo que o cerca de maneira conscientemente orientada teleologicamente posta (...) A pesar de distintas, as três esferas ontológicas estão indissoluvelmente articuladas sem a esfera inorgânica não há ser social. Isto ocorre porque há uma processualidade evolutiva que articula as três esferas entre si: do inorgânico surgiu a vida e, desta, o ser social (...) Para ontologia de Lukács, isso é da maior importância. Significa, acima de tudo, que o ser social pode existir e se reproduzir apenas em uma contínua e ineliminável articulação com a natureza. (LUKÁCS apud LESSA, 2007, p. 24-25)

Por tanto, a origem do homem se deu a partir de um processo natural de forma evolutiva. Para os idealistas as ideais constroem o mundo e, não os próprios homens, para o materialismo vulgar ou mecanicista o homem surge de uma hora para outra. Sendo um reflexo direto do próprio mundo material e não de um ser histórico que se evolui com o passar do tempo.  

O trabalho é a realização de determinadas atividades que visa à satisfação das necessidades do homem. No início foi a alimentação para garantir sua sobrevivência. O homem começa fazer prévia-ideação do que possa fazer para alcançar o seu objetivo. Segundo Lukács o trabalho é a forma originária do agir humano. E é este movimento que garante a existência das inúmeras e variadas formas de atividade humano – social, “A partir do trabalho, o ser humano se faz diferente da natureza, se faz um autêntico ser social, com leis de desenvolvimento históricas completamente distintas das leis que regem os processos naturais.” (LESSA; TONET, 2008, p. 13)

 Destarte, o trabalho configura-se como a objetivização da subjetivização por meio da teleologia. Passa a criar novas necessidades a partir da criação e socialização de determinadas ferramentas que visem facilitar suas atividades. O conhecimento acumulado é fator determinante para alcançar a evolução em todas as esferas. O diferencial entre homem e animal e a consciência, pois o homem é o único em se reconhecer como tal, Lessa diz que:

“O único pressuposto do pensamento de Marx é o fato de que os homens, para poderem existir, devem transformar constantemente a natureza. Essa é a base ineliminável do mundo dos homens. Sem a sua transformação, a reprodução da sociedade não seria possível (...) Sem a reprodução biológica dos indivíduos não há sociedade; mas a história dos homens é muito mais do que a sua reprodução biológica. A luta de classes, os sentimentos humanos, ou mesmo uma obra de arte, são alguns exemplos que demonstram que a vida social é determinada por outros fatores que não são biológicos, mas sociais. ”(MARX apud LESSA; TONET, 2008, p. 13)                   

O trabalho é a transformação da natureza, devido a sua prévia-ideação do projeto antes de ser objetivado na prática. As necessidades humanas são predeterminantes para a transformação do homem. A acumulação do conhecimento é a principal responsável pela evolução humana ao mesmo que esta numa constante criação de novas necessidades.

“(...) o complexo de complexos, que é o ser social segundo Lukács, é muito mais que uma mera totalidade: é uma universalidade potencialmente capaz de conscientemente dirigir sua história.” (LESSA, 2007, p.91)

Cada esfera tem um momento predominante, que se torna mais complexa como no caso social que é o trabalho, o salto não esgota o ser, pelo contrário ele vai necessitar das outras esferas (inorgânicas e orgânicas), porque tudo está em constante movimento. Constituindo assim o ser social como complexo do complexo, “(...) o trabalho funda o ser social, mas que a totalidade social não é redutível ao trabalho.” (LESSA, 2007, p.104)

Por outro lado, os elementos que nascem junto com o trabalho é a educação, linguagem e direito, dentro das quais a educação e linguagem são de caráter universal por ser uma exigência a toda atividade social (nascem com o trabalho), diferente do direito que é de caráter singular, pois aparecem só a partir da idade antiga e quando se intensificam as lutas de classes, o direito aparece como mecanismo para defender os interesses das classes dominantes, o direito não existia nas eras primitivas.

Neste primeiro momento  citamos:  Sérgio Lessa e Ivo Tonet (2008), Sérgio Lessa (2007) para demonstrar quais são os fatores que provam a tese de que o homem desde sua aparição nasce como ser social, pois o que fundamenta esta hipótese é o trabalho. Citamos Friedrich Engels para mostrar o processo de transformação do macaco em homem.

 

Formas de trabalho, produção de mercadorias e modos de produção capitalista

 

A respeito das formas de trabalho, produção de mercadorias e modos de produção capitalista Engels diz que:

Os homens que nos séculos XVII e XVIII trabalhavam na realização da máquina a vapor, ignoravam que criavam o instrumento que mais do que nenhum outro, iria revolucionar a ordem social do mundo inteiro e em particular da Europa, concentrando a riqueza do lado da minoria e o pauperismo do lado da imensa maioria; a máquina a vapor iria em primeiro lugar trazer o domínio político e social à burguesia e em seguida engendraria entre a burguesia e o proletariado uma luta de classes que só pode terminar com a queda da burguesia e a abolição de todas as oposições de classes(...) Os capitalistas individuais que dominam a produção e a troca só podem preocupar-se com o efeito útil mais imediato da sua ação. E até este efeito útil – na medida em que ele consiste no uso do artigo produzido ou trocado – passa inteiramente para o segundo plano; o único motor é o lucro a realizar pelo meio da venda. (ENGELS, 1974, p. 184 -185)

No que diz respeito a modo de produção escravista citamos Paulo Neto (2006) na qual afirma que as comunidades primitivas não escravizavam os prisioneiros de guerra porque não tinham o conhecimento do sistema de escravatura, só aparecerá com o surgimento do excedente e este movimento que vai mudar radicalmente as relações sociais:

O modo de produção escravista, ou escravismo, que esteve na base da grande civilização grega e teve continuidade com o Império Romano (...) até sua queda. Na sociedade escravista, as relações sociais eram presididas pelo antagonismo entre escravos e seus proprietários (...). O escravismo, com todos os seus horrores, significou, em relação à comunidade primitiva, um passo adiante na história da humanidade: introduzindo a propriedade privada dos meios fundamentais de produção e exploração do homem pelo homem, diversificou a produção de bens e com o incremento da produção de mercadorias (produção mercantil), estimulou o comércio entre distintas sociedade. Nesse modo de produção, o trabalho era realizado sob coerção aberta o excedente produzido pelo produtor (o escravo) lhe era subtraído mediante a violência real e potencial. (NETTO, 2006, p. 66-67)

Por outro lado, o feudalismo tipo de sociabilidade instaurado na Europa por volta do século XI, cuja característica era prestação de serviço do camponês ou servo ao senhor feudal donos das terras a qual estavam ligados. A queda do feudalismo se dá após revoluções (inglesa e francesa) inaugurando assim o Estado Burguês, que seria uma unidade administrativa a serviço da classe burguesa, este ato permitirá a estruturação para o desenvolvimento das novas forças produtivas (capitalista). Que foi “(...) gestado no ventre do feudalismo e no interior do qual a produção generalizada de mercadorias ocupa o centro da vida econômica.” (NETTO, 2006, p.75)

“(...) a mercadoria é uma unidade que sintetiza valor de uso e valor de troca (...) a produção de mercadorias tem como condições indispensáveis a divisão social do trabalho e a propriedade privada dos meios de produção.” (NETTO, 2006, p. 80)

As forças produtivas que fazem parte deste processo são; os meios de produção que é tudo aquilo da qual o homem se vale para o trabalho (instrumentos, ferramentas, instalações, e outros) os objetos de produção que é todo material bruto o modificado pelo trabalho e por último a força de trabalho que é a energia humana. A produção mercantil simples era desenvolvida por artesãos e camponeses, os mesmos eram os donos dos meios de produção tinham acesso aos produtos de forma direta e estavam ligados a produção local. Já a produção mercantil está fundada sobre o trabalho assalariado os trabalhadores não são os donos dos meios de produção e não tem mais acesso de forma direta ao produto fruto do seu trabalho (alienação). A força de trabalho se converte em mercadoria, pois o homem pós feudalismo é livre para vender sua força trabalho para quem ele quisesse era esta a liberdade que o capitalismo prometeu as massas se apoiar a queda do feudo.

A acumulação primitiva segundo Netto (2006) se produziu na Inglaterra na sua forma mais clássica, este foi um dos fatores que impulsionaram o desenvolvimento capitalista, por meio da exploração, suor e sangue. Neste caso foram às políticas de cercamentos das terras comunais camponesas os fundiários após expulsarem os camponeses usaram os campos para a pastagem de ovelhas que iriam fornecer matéria prima à indústria têxtil que estava em pleno auge. Empurrando assim estes desapropriados para as cidades a onde passariam a fazer parte do proletariado ou do exército de reserva industrial.

Ascensão do Capitalismo

O valor de uma mercadoria é a média do trabalho que esta demanda para ser feita, e este valor fica explicito na troca de mercadorias, o dinheiro passa a ser o ponto central nervoso do modo de produção capitalista. Os donos dos meios de produção lucram quando conseguem fazer trabalhar o assalariado mais tempo do necessário este é chamado de mais-valia. A lei do valor é aquilo que estabelece a dinâmica do capitalismo ao mesmo tempo em que a fundamenta.

Por meio do materialismo histórico identificamos movimentos sociais tais como; a Revolução industrial, revolução francesa e os primeiros movimentos de luta, neste contexto Max Beer diz:

A revolução burguesa, iniciada em 1642, sob formas e com alternativas diversas, continuo a se desenvolver até 1689, terminando pela vitória da burguesia e pela derrota da monarquia absoluta. A Inglaterra tornou-se uma república, mas conservou a antiga fachada monárquica. O poder do povo era ainda relativamente pequeno(...) os interesses do comércio e da indústria adquiriram uma influência preponderante logo no começo da revolução. Seu principal porta-voz foi Olivier Cromwell. Essa influência tornou-se ainda maior durante o século 18. a partir desse momento, toda a política do governo inglês se orientou no sentido da conquista de vastos mercados para o comércio e a indústria. (BEER, 2006, p. 353)

 A revolução burguesa trouxe consigo a acumulação primitiva de capital, este movimento possibilitou o desenvolvimento industrial, este fato fez da Inglaterra um país industrializado num curto período deixando de ser um país agrário. A partir da revolução industrial se originariam fenômenos sociais diferente a todos aqueles vivido pela humanidade ao longo da história, trilhando assim uma nova era para a civilização. “ (…) suas consequências foram incomparavelmente mais vastas e mais profundas que as de todas as revoluções anteriores, porque lançou as bases de uma nova ordem social e criou os meios para a superação da miséria, da opressão e das diferenças de classe (…) foi a origem do proletariado e do socialismo moderno.”(BEER,2006, p. 355)

As revoluções industriais criaram o liberalismo que pregava a liberdade de mercado sem a intervenção do estado.

“Seus principais representas na Inglaterra, foram Adam Smith (…) Jeremias Bentham e Davi Ricardo (…) esses últimos , embora favoráveis aos operários, praticamente desempenharam o papel de teóricos aos interesses do capital e, em geral, da propriedade privada, que consideravam a mais sólida base para a vida social.”(BEER,2006,p.357)

Os levantes da prole fizeram com que o estado ganha-se o papel fundamental do  para dar garantias a expansão do capitalismo. As reivindicações da classe proletariado deram início aos sindicatos e diversas formas de organizações que lutariam em prol de melhorais laborais ao longo do período das revoluções industrias até hoje.

Em Leipzig, onde as ideias sociais de 1848 a 1849 sempre se conservam vivas, foi que surgiram as primeiras manifestações do movimento operário independente (…) Lassalle publicou a sua famosa carta aberta, na qual declarava que os operários deviam organizar um partido independente, capaz de encabeçar a luta pelo sufrágio universal e pela criação de cooperativas, com o auxílio do Estado, uma vez que os meios propostos pelos liberais não poderiam de modo algum melhorar a situação da classe operária. Enquanto existir trabalho assalariado, afirmava Lassalle, os operários não poderão sair da miséria, porque a impiedosa lei dos salários aniquila todas as tentativas de melhora. (BEER, 2006, p. 549)

Segundo Max Beer a União Geral dos Trabalhadores Alemães foi fundada em 1863 tendo como primeiro presidente Lassalle ficando apenas por uma no a frente interrompida pela morte do mesmo, até então a União já possui mais de 4 mil membros. Outro movimento que nasceria um ano depois da criação da União, foi a Associação Internacional dos Trabalhadores em 1864, puxada pela campanha  em prol do sufrágio universal por parte dos proletários ingleses. Que reuniram organizações operárias inglesas, francesas, italianas e alemães, dentro os quais se encontrava Karl Marx a quem foi confiado a direção intelectual do movimento.  As principais reivindicações seriam a lutas pela organização do proletariado em partido de classe, criação de cooperativas operárias, e outros. No entanto, a manutenção desta como organização de massa nunca foi possível apenas reunia um pequeno grupo de chefes e os operários mais ativos.

A comuna de Paris deixou um ensinamento que não se pode cometer duas vezes o mesmo erro, tal como foi o movimento do proletariado em 1848 e logo pelo proletariado alemão em 1918-1919, na qual ao invés de segurar o poder por um tempo necessário, entregaram a reorganização ao sufrágio universal, dando chances a classe burguesa que logo esmagaria os revolucionários e tomaria o poder que lhe tinha sido tirado por um curto período.

O capitalismo: Acumulação primitiva, expansionista ao monopolista

 

Após a queda do feudalismo como tipo de sociabilidade o novo tipo chamado de capitalismo, se reinventa para se manter como modelo de sociabilidade. Assim, vemos como a mesma modificou os modos de produção e troca, ao longo da sua história. Neste contexto Netto diz que, “(...) a mercadoria é uma unidade que sintetiza valor de uso e valor de troca (...) a produção de mercadorias tem como condições indispensáveis a divisão social do trabalho e a propriedade privada dos meios de produção.” (NETTO, 2006, p.80)

Como ponto central está à divisão do trabalho, a desintegração da família e a condição paupérrima a qual o indivíduo é submetido, em prol da acumulação de riqueza em mãos dos donos dos meios de produção. A industrialização é considerada como a principal responsável por este estágio da humanidade moldada pelo tipo de sociabilidade chamada capitalista. Se começa a fazer a primeira divisão do trabalho com o intuito de potencializar a produção ao mesmo tempo em que se cria um fetiche pela mercadoria produzida pelo próprio produtor, neste caso seria o proletário, que vende sua força de trabalho e, o dono dos meios de produção se apropria das riquezas por ele produzidas.

O proletário não tem acesso direto à mercadoria no sentido de uso após o término de sua produção como em outrora, quando o indivíduo era dono do meio de produção para a confecção do que precisava para seu uso. Este processo colocava o indivíduo numa situação de detentor do conhecimento do processo do início até o produto final, de determinadas produções.  Nesta fase do capitalismo que é a acumulação primitiva, cujo custo significa a miseralização do homem, onde é considerado apenas como um dos meios para adquirir as riquezas necessárias para a expansão deste tipo de sociabilidade:

Criou-se a moderna ciência da tecnologia o princípio de considerar em si mesmo de cada processo de produção e de decompô-lo, sem levar em conta qualquer intervenção da mão humana, em seus elementos constitutivos (...) A indústria moderna nunca considera nem trata como definitiva a forma existente de um processo de produção. Sua base técnica é revolucionária, enquanto todos os modos anteriores de produção eram essencialmente conservadores. (MARX, 1980, p. 557)

Estes movimentos trouxeram a especialização do trabalho, esta é outra fase da divisão do trabalho. Este processo se inicia no primeiro estágio do capitalismo no modo de produção e troca materializado nas indústrias, fábricas, e outros tipos espaços que apareceram com esta nova forma de produção.

             Para amenizar as péssimas condições as quais os proletariados eram submetidos, e na busca por melhorias a esta situação se projeta a legislação fabril Inglesa que foram letras mortas no papel, devido à falta de fiscais e de instituições encarregadas de fazer cumprir esta lei, se provou foi ineficiente para superar os vários problemas que os proletariados enfrentavam tanto no gênero como na divisão do trabalho de forma cronológica (idade).

Marx (1980) dizia que havia irracionalidade no sistema capitalista de produção, no sentido mais humano de ser. Enquanto ao tratamento do mesmo como apenas um objeto a produzir excedente. Isto acontece quando se faz uma divisão do trabalho a tal ponto de embrutecer o indivíduo quando o condena apenas a um tipo de atividade. Neste período do capitalismo a inserção de mulheres e crianças e de trabalhadores sem habilitação de criam a nova base para uma nova metamorfose no mercado de trabalho. Por outro lado, este modo de produção cumpria a função de desintegrar um dos pilares da antiga base econômica que era a família.  Continua e afirma que o interesse do acesso a educação por parte do trabalhador enquanto criança é apenas uma transição visando a sua re-inserção no mercado de trabalho, os adultos não entrariam nesta fase, pois à vida útil no sentido trabalhista era de uma expectativa de vida curta.

Hoje com a expectativa de vida maior, se é preciso de todas as faixas etárias como exército de reserva de mão de obra qualificada, porque cada vez que o próprio sistema alcança avanços tecnológicos se dispensa trabalhadores, para serem re-aproveitados num outro momento, num momento em que a atividade demanda de conhecimento acumulado. Acompanhando assim, o movimento tecnológico do modo de produção no sistema capitalista.

Os detentores dos meios de produção o propriamente dito o capitalismo, estava numa fase na qual se praticava a concorrência, só no século XX se passaria a praticar os cartéis, e associação, fusões, trustes, caracterizando uma nova fase do capitalismo como sistema de modos de produção e trocas agora ele seria o capitalismo monopolista ou liberal. Para tal, urge instauração de uma sociedade jurisprudente que vai garantir e legitimar a propriedade privada dos donos dos meios de produção, isto é feito por meio do Estado que atua como órgão administrador dos interesses dos que acumulam riquezas. Dentro desta lógica os possuidores de uma consciência de si e para si criam mecanismos como as leis, para naturalizar a exploração do homem pelo homem. Ao se criarem leis que supostamente protegem o dão regalia ao trabalhador se está criando uma arma contra o mesmo. O indivíduo quando de submete as leis do Estado, esta aceitando sua realidade de explorado. Essa mesma lei que protege, condena.

Por exemplo; no momento em que o trabalhador desconsidere os abusos dos seus empregadores, este será punido, porque os que criam as leis são os defensores da propriedade privada. Neste tipo de sociabilidade na qual se enaltece o valor de troca, o futuro não é promissor, vai continuar gerando miséria e assim o processo de degradação humana, isto acarretará o verdadeiro apocalipse. È necessária a emancipação humana, para mudar esta realidade e acabar com a exploração do homem pelo homem, acabar com o trabalhão assalariado e passar por um modo de produção coletivo, a onde não haveria à necessidade das leis, pois os valores perdidos entrariam in cena, isto daria as mesmas oportunidades para todos os indivíduos, se aboliria a antiga classificação social.

 Para Karl Marx a prioridade era a instauração da ditadura do proletariado, durante o período de transição para o comunismo, em primeiro momento a manutenção do Estado era de suma importância, depois desapareceria para dar lugar à administração democrática da sociedade, Marx frisa o uso do Estado para a emancipação humana e não política.  Pois Karl afirmava que o Estado é fruto da propriedade privada e só desapareceria quando se acabasse com a propriedade privada.

  Isto significaria passar do socialismo para o comunismo a onde regeria a democracia do proletariado ou das massas. A falsa liberdade e falsa participação na esfera política seriam superadas de tal maneira que;

Para Marx, não haveria uma essência humana independente da história. Os homens são o que eles se fazem a cada momento histórico. A reprodução da sociedade burguesa produz individualidades essencialmente burguesas. Contudo, reconhecer esse fato não significa afirmar que a essência mesquinha do homem burguês seja a essência imutável da humanidade. Demonstra Marx que, tal como a humanidade se fez burguesa, ela também pode ser comunista. Por isso, dizem os revolucionários, o capitalismo não é o fim da história. Entre a sociedade burguesa e a sociedade comunista não há nenhum outro obstáculo senão as próprias relações sociais. Isso significa que existe a possibilidade histórica de a fraternidade comunista se tronar, nas nossas vidas cotidianas, um fato tão característico da futura essência humana como o individualismo burguês o é da nossa essência atual. Não nos deve surpreender que a concepção revolucionária soe estranha aos ouvidos de muitas pessoas. Submetidas a uma vida de miséria e privação, à opressão cotidiana, à competição desenfreada por um lugar ao sol, todos nós convivemos com a sensação de estarmos submetidos a um destino, a uma força, que não controlamos e sequer conhecemos. Essa vida cotidiana desumana (ou seja, não humana) faz com que os homens sequer cheguem à consciência de que são eles que fazem a sua própria história. ”(MARX apud LESSA; TONET, 2008, p.14-15)

Enfim, fica demonstrado por meio do materialismo dialético histórico, que não há um tipo de sociabilidade que seja eterno, tal como em outrora foi o feudalismo algo como impossível de ser superado e logo de revoluções foi superada e instaurada o novo tipo de sociabilidade que impera até nossos dias que o capitalismo que se apropriou e modificou o verdadeiro sentido de se fazer democracia cuja característica fundante foi a participação do povo na esfera política de forma direta ao contrário usa a representativa e participativa como uma forma de maquiar o que acontece de fato a onde o povo não participa em decisões importantes e sim para legitimar e aprovar interesses inerentes a classe que se instauro na figura do estado ou governo (pós a queda do feudalismo) e até nossos dias se encontra ativa. E como vimos por meio da história no período feudal as massas viam como algo impossível de ser superada hoje graças a história temos esse exemplo pela qual podemos deduzir que a alienação para uma não consciência de si é parte dos mecanismos usada pela classe dominante dona da democracia. E explícito que não existe. Para tanto, o comunismo é a superação do capitalismo na sua essência.  

 

Referência Bibliográfica:   

BEER, Max. História do socialismo e das lutas. 1.ed. São Paulo: Cortez,2006.(p.355-607)

ENGELS, Friedrich. Dialética da natureza. s.ed.Lisboa:Editorial Presença, 1974.(p.27-39)

LESSA, Sérgio. Para a compreender a ontologia de Lukács. 3. ed.Ijuí:Ed.Unijuí,2007.(p.17-104)

LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução à filosofia de Marx.1. ed.São Paulo: Expressão Popular,2008.(p.10-27)

MARX, Karl. Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico. Vol.3. Trad. Reginaldo Sant´ Anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

NETTO, José Paulo. Economia política: uma introdução crítica. 1. ed.São Paulo: Cortez, 2006.(p.78-93)

 

 

[1]             Acadêmico e pesquisador/ Bacharelado em Ciências Sociais – UFRR

[2]          Acadêmico e pesquisador/ Bacharelado em Ciências Sociais – UFRR