O presente artigo tem como objetivo conferir uma alternativa metodológica, leitura de textos que contextualizam o assunto corpo humano proporcionando uma aprendizagem significativa. O trabalho foi desenvolvido em uma turma de sétima série de uma escola estadual do município de Rio Grande. Os resultados demonstram que os educandos eram acostumados a leitura tradicional do livro didático e se surpreenderam com os novos textos que foram entregues a eles, provocando um grande interesse dos mesmos pelos assuntos abordados, levantando muitos questionamentos durante as aulas, que contribuíram positivamente para o desenvolvimento das atividades. As dificuldades iniciais foram sanadas aos explicar o motivo da utilização de textos impressos e logo, estabeleceram-se relações de reciprocidade e cooperação na busca interpretativa.

Introdução:


A metodologia de ensino é constituída por procedimentos didáticos, ou seja, por métodos e técnicas de ensino que buscam levar para sala de aula a prática pedagógica, alcançando os objetivos do ensino-aprendizagem que é fazer que o educando desperte o interesse pelos assuntos abordados em aula, ocorrendo total interação entre o aprendiz e a matéria, facilitando o entendimento da mesma. Uma forma básica e fundamental de estudar é fazer a leitura de diversos textos. Como peça chave nesse campo está o livro didático, o qual se encontra nas escolas como ferramenta de consulta e pesquisa científica para alunos e professores. Além dos livros, os professores podem utilizar recursos como revistas ou internet para introduzir os assuntos de uma forma mais contextualizada, uma vez que os textos utilizados nas aulas de ciências são muito conceituais e poucos são os que contextualizam os conteúdos com a realidade dos educandos. Porém, textos contextualizados são mais fáceis de trabalhar em sala de aula? Trabalhar com esses materiais auxiliariam os estudos dos alunos em casa?
Pensando nesses questionamentos, o objetivo do artigo é analisar como os textos tirados de revistas e sites contextualizados com a matéria auxiliam os educandos na hora de estudar, visando à proposta de trabalho apresentada para a turma que foi discutir o assunto corpo humano através de textos que relacionam a matéria com a realidade dos alunos, a fim de que eles compreendam que o corpo é um sistema integrado, ou seja, vejam o corpo humano como um todo dinamicamente articulado, diferenciando os sistemas que o compõe, percebendo suas específicas funções, mas ao mesmo tempo integradas para manutenção do todo.
Os materiais utilizados neste trabalho ao longo do estágio foram textos que relacionam a matéria com assuntos abordados na 7º série e que interessam aos alunos, por exemplo, "Por que suamos?", "Ai! Ui! Estou ardendo!" "Por que sentimos câimbra?" (textos da revista Ciência Hoje das Crianças) textos que trazem os assuntos sobre o corpo humano em uma linguagem simples que aproxima a matéria do dia-a-dia do leitor, e ilustrativa fazendo que os educandos aprendam o conteúdo e não apenas decorem os termos e conceitos científicos. É uma maneira de aproximar a ciência do dia-a-dia dos nossos alunos, fazendo que eles percebam que o que estamos estudando são a anatomia e fisiologia do nosso corpo, compreendendo todos os processos que ocorrem nele.
A busca por textos que aproximam o educando da matéria exige do docente um tempo para procura e escolha de material, tornando essas atividades um pouco difíceis visto que no livro didático já tem a matéria que temos de ensinar. No entanto, é gratificante ver na face de cada um dos alunos o prazer em estudar, discutir, e observar a matéria que está sendo trabalhada de uma forma mais clara e contextualizada com sua realidade e, para isso todo esforço feito vale a pena.
Os estudos apresentados neste artigo demonstram a importância da leitura conforme alguns autores citados, dando ênfase de como textos contextualizados auxiliam os educandos no processo de aprendizagem, apresentando relatos de estudantes de uma turma de sétima série que comprovam o quanto essa metodologia traz resultados satisfatórios.


A importância da Leitura


Ler é mais do que decodificação de palavras, frases e textos. É necessário reflexão, interpretação do que está sendo lido para que não se torne um exercício de alienação e sim que a pessoa busque uma compreensão contextualizada. A pessoa que lê adquire conhecimento enriquecendo seu vocabulário e amplia sua formação pessoal potencializando sua capacidade intelectual de uso e manipulação do conhecimento.
Segundo Ferreiro,
a leitura nos dá a segurança na construção da linguagem clara dizendo o que queremos dizer. A informação garante um nível satisfatório de argumentos. (2004, p. 27)
A Leitura é essencial em todas as áreas do conhecimento, pois possibilita a aquisição de diferentes pontos de vista e alargamento de experiências. É importante que o leitor coloque atenção no que está sendo lido para que compreenda a idéia geral do texto.
Lima apud Gregory,
a mente humana até onde a conhecemos, é uma força que funciona ativada por motivações. Um relógio pode bater as horas junto a um ouvido, um objeto pode lançar sua imagem dentro do campo visual, mas a mente desatenta não ouvirá nem verá nada. (1991, p. 104)
Para o educando, a leitura é um importante veículo para a criação, transmissão e transformação da cultura, por isso é importante levarmos a ele textos que chamem a atenção para que após a leitura, sejam feitas as reflexões sobre o assunto.
Às vezes o que é ensinado na escola é esquecido com o tempo. Se praticássemos a leitura interpretativa, buscando compreender o que está sendo lido ao invés decorar informações, os conhecimentos não seriam esquecidos posteriormente e as dúvidas que temos ao escrever poderiam ser sanadas pelo hábito de ler, pois a leitura torna nosso vocabulário mais amplo e diversificado.
Segundo Silva,
o ato de ler é, fundamentalmente, um ato de conhecimento. E conhecer significa perceber mais contundentemente as forças e as relações existentes no mundo da natureza e no mundo dos homens. (1995, p.12)

Para incentivar os educandos à leitura numa aula de ciências é importante que o docente exerça essa prática que é fundamental nos processos de aprendizagem, pois assim ele se torna um observador, investigador e reflexivo sobre suas dinâmicas, aprimorando suas práticas pedagógicas e aproximando os discentes da matéria.
No que se refere ao ensino de ciências e biologia o livro didático é fundamental, uma vez que constitui material pedagógico para a construção de vários conceitos que irão formar os alunos, sendo referência para o estudo. Desse modo, a forma que tais conteúdos são abordados deve ser atual e completa. Segundo Neto e Fracalanza (2003), é possível afirmar que nos últimos anos, as coleções de obras didáticas não sofreram mudança substancial nos aspectos essenciais que derivam de fundamentos conceituais, os quais determinam as peculiaridades do ensino no campo das Ciências Naturais. Por isso devemos utilizar novas metodologias, como a procura de textos que não só conceituem, mas que despertem a curiosidade dos educandos sobre os assuntos abordados, porque assim, além de incentivar a leitura na sala de aula, a matéria se torna mais atrativa para educadores e educandos.
Conforme Plácido et al (2007),
é importante acrescentar que com a inserção das novas tecnologias nas escolas o educador, além de perceber que a perspectiva de Educação está mudando, nota que a metodologia de ensino também precisa mudar, principalmente no que se refere à leitura. Visto que, com o uso de novas ferramentas é possível trabalhar no incentivo à leitura na sala de aula, e que esta, proporcione o retorno pedagógico do qual tanto o professor quanto o aluno poderão usufruir.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a importância do livro didático, notadamente como aspecto fundamental nas políticas educacionais oficiais, fica evidente através da implantação, por meio desse órgão, da prática de compra dos livros didáticos nas escolas públicas, subordinada à análise prévia realizada por especialistas e materializada através do "Guia do Livro Didático". Sendo assim é papel do docente escolher as obras didáticas para seus educandos, porque devemos buscar melhorias em relação à forma de como o conteúdo está apresentado nos livros didáticos e se ele vai de encontro com a realidade da escola e dos alunos.
Torres afirma que:
existe uma notável dificuldade para atualizar os conteúdos nos livros-texto, algo que se torna visível se nos detivermos a analisar o grau de demora em formar parte de seu temário das novidades científicas, artísticas, literárias, etc., que estão produzindo dia a dia. (1994, p. 177)

Por isso é importante que os professores pesquisem nos livros os assuntos que são abordados nas aulas e analisem se esses estão atualizados e adequados para trabalhos de leitura. Muitos dos textos que os livros didáticos de ciências trazem, introduzem os conceitos e significados, mas não conseguem fazer que o educando relacione a teoria à prática. Nesses casos podem-se usar também materiais impressos e até mesmo, elaborar seus próprios textos, incentivando assim as muitas formas de ler sem ser a tradicional leitura do livro.
Segundo Machado (2000),
contextualizar é uma estratégia fundamental para a construção de significações. Na medida em que incorpora relações tacitamente percebidas, a contextualização enriquece os canais de comunicação entre a bagagem cultural, quase sempre essencialmente tácita, e as formas explícitas ou explicitáveis de manifestação do conhecimento.

A contextualização no ensino de ciências facilita a aprendizagem da matéria que possui inúmeros termos e conceitos que muitas vezes não são de fácil entendimento. De acordo com Kock e Elias (2006) "a leitura é um processo ativo de construção de sentidos, necessitando da interação entre leitor e autor, tendo como veículo o texto." Sendo assim quando a escrita relaciona a matéria da vida do educando o aprendizado flui paralelamente ao que está sendo ensinado, pois ao passo que se ensina e se lê vamos construindo saberes sobre os assuntos.


A escolha da escola


No primeiro semestre de 2010, no Estágio III em Ciências, do curso ciências biológicas licenciatura, em uma escola estadual no município do Rio Grande, começava o estágio obrigatório em uma turma de sétima série. A escolha da escola foi estabelecida, pois os funcionários foram cordiais e a boa estrutura e organização da instituição torna o ambiente de trabalho propício para quem está iniciando na carreira de educador. A escola situa-se na Rua Dom Pedro II e acolhe educandos dos bairros Getúlio Vargas e Vila Militar. Possui um pátio enorme e um pequeno parquinho para as crianças. O laboratório de informática possui 20 máquinas conectadas à internet e a biblioteca é bem ampla e bem arejada, além de possuir mesas para estudo local e bastantes livros para pesquisa. Em relação ao acervo de ciências e biologia, foi notado que é atualizado e apresenta diversidade de materiais como algumas edições da revista Ciência Hoje, além de diferentes livros na área. O laboratório de ciências é bem organizado, e tem muito material bom para expor em aulas práticas, como vidraria para realização de experiências e alguns animais conservados no álcool.
Outro motivo pela escolha da escola foi à identificação da estagiária com o objetivo da escola, que é "prestigiar o conhecimento e a formação, assim podemos avaliar o aluno em seu processo de aprendizagem de maneira mais abrangente, considerando suas habilidades, peculiaridades e limitações" (PPP da escola, 2008), pois acreditamos que o professor tem papel fundamental no processo de formação do educando e que nós educadores, temos que buscar o melhor caminho para o entendimento de uma matéria afim de que essa possa ser analisada, discutida e guardada como informação, conhecimento e não decorada, para assim avaliar nossos discentes considerando suas habilidades, peculiaridades e limitações.
A turma assumida tinha 18 alunos. A maioria de classe média baixa e com idades entre 14 a 17 anos. No primeiro contato com eles foi observado que a maioria dos educandos eram repetentes, e que poucos tomavam gosto pela matéria ciências, por ela possuir muitos conceitos e termos que muitas vezes são difíceis de ser lembrados. Por esse motivo foi proposto a turma uma maneira de ensinar os conteúdos de forma que eles pudessem aprender o que estava sendo debatido nas aulas.


Praticando a Leitura nas aulas de ciências


Acreditando que a leitura nas aulas de ciências é um método de auxiliar os alunos na compreensão da matéria, o trabalho realizado com eles durante dois meses utilizava textos que contextualizavam os conteúdos com o nosso dia-a-dia, para que eles pudessem melhor entender o assunto corpo humano. O docente deve ter consciência da necessidade de se utilizar metodologias que facilitem ao aluno a obtenção do conhecimento, não só através de textos trazidos pelo livro didático e sim ir além, utilizando revistas, jornais e internet para complementar os recursos didáticos que permitirão que o educando reflita sobre um fato ou um acontecimento, levando-os a fazerem questionamentos sobre os assuntos abordados em aula.
Os assuntos trabalhados nessa turma foram células, tecidos e sistema digestório. "É impossível sensibilizar os alunos para a leitura, se o professor não tem o hábito de ler." (HENGEMÜHLE, 2004, p.136). Sendo assim foi colocado em prática pela educadora, o que seria exigido dos educandos, a leitura dos materiais, pesquisando textos que contextualizavam com a matéria que seria dada em aula. Foram utilizados 12 textos tirados de sites para introduzir os assuntos e outros foram elaborados com a fundamentação teórica de cada conteúdo. Esses materiais foram entregues impressos aos educandos, para leitura e discussão dos temas.
Conforme Bambergur (2002, p.32) "a leitura suscita a necessidade de familiarizar-se com o mundo, enriquecer as próprias idéias e têm experiências intelectuais, o resultado é a formação de uma filosofia da vida, compreensão do mundo que nos rodeia". Pensando que a ciência faz parte do nosso cotidiano e visando a importância de seu entendimento para compreender as interações do homem com a natureza e do homem com ele mesmo, foram selecionados textos visando contextualizá-los com assuntos que podem ocorrer com qualquer pessoa.
Ao trabalhar o conceito de células foi levado para aula textos que traziam como temas células tronco e células gaméticas. A partir desses assuntos foram feitos questionamentos do tipo "O que é uma célula?", "Todas as células têm a mesma forma, função e tamanho?". Conforme iam surgindo dúvidas a respeito da aula o assunto era discutido, respondendo as perguntas a fim de esclarecê-las. Percebe se que dessa maneira os educandos interagiam bastante, pois eles traziam situações e questionamentos coerentes com os temas abordados em aula.
Na abordagem do assunto tecidos foi o momento em que mais se exercitou a leitura. A maioria dos recursos foi tirada do site Ciência Hoje das crianças, pois a linguagem aplicada nos textos é extremamente acessível e direcionada à faixa etária dos educandos, proporcionando a eles uma leitura de fácil compreensão. Essa facilidade serve como incentivo para a leitura e evita que eles se oponham a participar da atividade proposta, o que ficou evidente a cada texto, já que foi observada a participação de todos os educandos ativamente nas tarefas.
Para introduzir o tema sistema digestório foi levado para a turma o texto "A Dura Jornada de Um Bombom Boca Adentro" ( Adaptado do texto: A Dura Jornada de Um Sanduíche Boca Adentro, da revista Superinteressante, Ano 4, no 12) e para cada aluno foi entregue um bombom para que eles pudessem acompanhar a história e entender os processos que ocorrem na digestão do bombom. Conforme eles iam comendo, buscava-se relacionar as etapas com a abordagem do texto, fazendo reflexões e tirando as dúvidas sobre o assunto.


Dificuldades


Em relação à dificuldade encontrada durante o estágio, pode-se afirmar que a principal consiste, em conseguir a atenção dos alunos na hora da abordagem dos assuntos. Além do mais, é frustrante para uma educadora preparar sua aula, gastar dinheiro com as impressões e ao chegar na turma e perceber que os seus alunos simplesmente ignoram o material preparado, as explicações do educador e parecem não valorizar todo o esforço envolvido anteriormente.
A maioria dos textos utilizados nas aulas foi impressa e entregue a cada educando. No entanto, eles não estavam acostumados a trabalhar somente com esse tipo de material (xerox e impressão) e isso não os agradou no primeiro momento. Os alunos faziam piadinhas dizendo que iam montar um livro devido ao grande número de folhas que era entregue a eles e o pior era que, em algumas ocasiões, os educandos perdiam o material.
Conforme Krasilchik (1987) um ensino de ciências com herança no poder autoritário da ditadura militar apresenta ainda hoje os seguintes legados: Alguns educadores possuem bons diálogos com seus educandos, porém outros mostram certo autoritarismo para conseguir o respeito dos educandos. Acredito que para um professor ser respeitado na sala de aula ele precisa tanto estabelecer os limites de cada aluno como saber respeitá-los.
O Educador deve proporcionar um clima de confiança e respeito, garantindo um ambiente propício para a aprendizagem, onde os educandos se sintam seguros para fazer questionamentos e dar opiniões, num permanente exercício de democracia. Pensando dessa forma, logo que percebida a insatisfação dos educandos, procurou-se entender o que estava acontecendo, e conversando com a turma chegamos a conclusão que, poderia se passar alguns textos no quadro, mas isso tomaria muito tempo da aula e perderíamos, pois as discussões sobre os temas teriam que ser menores. Sendo assim eles entenderam o porquê de estarmos utilizando textos xerocados ou impressos, e foram mais cuidadosos com material.



A importância do texto contextualizado para os educandos


Trabalhar um assunto a partir da definição teórica do mesmo exige maior compreensão na leitura e por isso muitas vezes dificulta o aprendizado. A contextualização dos conceitos com a realidade dos educandos facilita o entendimento, por estabelecer relação direta do conteúdo abordado com a experiência cotidiana de cada um.
Nesta turma de sétima série observou-se o quanto era importante tratar os assuntos de forma contextualizada, pois ficou explícita a dificuldade deles na matéria e, principalmente no que diz respeito à memorização dos conceitos logo no primeiro dia de aula. Percebe-se também que o aprendizado de uma disciplina como a de ciências parecia necessitar de alguns recursos que despertassem interesse dos educandos. Foi então que a escolha de textos com linguagem acessível foi proposta à turma, com a finalidade de aumentar a interação do aluno com a matéria, proporcionando as verdadeiras aprendizagens sobre os conteúdos.
Os trabalhos em grupo foram incentivados, pois acredita-se que dessa forma se cria um ambiente em sala de aula caracterizado pela investigação e exploração de diferentes idéias por parte dos educandos, bem como interação entre eles, socialização de procedimentos encontrados para solucionar e entender uma questão e a troca de informações. Portanto, atividades desse tipo promovem o envolvimento entre os alunos com capacidades e interesses diferentes, ao invés do individualismo. Todos os educandos participavam bastante das aulas mostrando interesse pelas atividades e discussões dos assuntos e respeitando a opinião dos colegas.








Resultados da utilização dos textos contextualizados


Analisando a metodologia utilizada no estágio, percebemos que os resultados pela utilização dos textos contextualizados com essa turma foram satisfatórios, pois um dos métodos de avaliação consistia em considerar o que era feito a cada tarefa passada e todos os educandos participaram das aulas, obtendo o máximo de aproveitamento em cada atividade.
Um teste final foi aplicado por exigência do modelo de trabalho da escola e o aprendizado sobre o que foi abordado em aula se refletiu de maneira muito positiva. Dos dezoito educandos, somente quatro não conseguiram atingir a média para aprovação na disciplina. Ao discutir o gabarito do teste ficou comprovada a importância de utilizar textos contextualizados com essa turma, já que o relato deles demonstrava o quanto o uso desse material facilitou o entendimento dos conteúdos de ciências que vimos na sala de aula ao longo do período que estive com eles.
Como os textos discutidos possuíam uma linguagem simples e de fácil entendimento, ao retomar a leitura em casa, esse material auxiliou nos estudos para o teste. O vínculo estabelecido entre os textos e o cotidiano dos educandos permitiu que eles entendessem os conceitos ao invés de decorá-los como mostra falas de alguns educandos logo abaixo:
Educando A: "os textos que a professora usa são divertidos. Mostra o que acontece com o nosso corpo e assim eu entendo a matéria."
Educando B: "entendo que ciência é a minha vida e minha vida é ciência. Tudo que fazemos e sentimos é ciência e isso é mostrados nos textos que a professora nos dá"
Educando C: "poderíamos montar um livro com tantas folhinhas que a "ssora" deu. Os textos me ajudaram na revisão da matéria em casa, porque pela primeira vez eu não senti sono ao estudar ciências."
Educando D: "até eu que não gosto muito de ciência estou curtindo bastante os textos que a professora tem dado, porque os assuntos são bem legais e eu consigo entender, tanto que não estudei muito para a prova e consegui passar"
Educando E: "se tivesse aprendido ciências assim ano passado eu não teria rodado. Agora eu não decoro eu lembro o que li e quanto mais eu leio mais vontade eu tenho de ler."
No último dia do estágio foi aplicada uma dinâmica "Que bom, Que tal, Que pena", com a turma para que eles pudessem avaliar o período em que a estagiária esteve com eles e a metodologia utilizada por ela. Os gráficos a seguir representam as respostas dos educandos a cada tópico da dinâmica.


Gráfico 1: Características que os Educandos consideraram boas durante o estágio.
Gráfico 2: Características que os Educandos gostariam que fossem diferentes.

Gráfico 3: Sugestões dos Educandos em relação as aulas.

Os educandos consideraram "Que Bom!" o fato de terem participado de aulas com atividades dinâmicas como a leitura de textos contextualizados e experiências. "Que Pena" eles caracterizaram pelo fato da professora deixar de dar aula para turma e alguns lamentaram por não terem conseguido alcançar a média para aprovação na disciplina. O tópico "Que Tal?" foi relacionado ao desejo dos educandos em continuar a ter aula com a professora estagiária ou que ela sugerisse a metodologia de leitura de textos contextualizados para o professor regente continuar no mesmo ritmo, pois essa maneira de ensinar facilitou o aprendizado da turma na matéria de ciências.


Proposta de Intervenção:


Buscar romper a linearidade e fragmentação dos conteúdos para torná-los contextualizados para os estudantes é um grande desafio que se tem no ambiente escolar. Os educadores muitas vezes encontram dificuldades para realização de atividades que vão de encontro com a realidade dos educandos, pois a procura por materiais toma bastante tempo, pois é necessário que as tarefas sejam coerentes com o cotidiano dos indivíduos para que eles possam relacionar a teoria com a prática de seu dia-a-dia.
Diante dos resultados obtidos nesta pesquisa, acredita-se que como educadores devemos trazer para sala de aula idéias, assuntos do interesse dos educandos, pois essa é a melhor forma de mantermos a atenção deles e assim ensinarmos o conteúdo, buscando que eles façam reflexões sobre o que estava sendo trabalhado nas aulas em forma de produções textuais e exercícios. Essa ação de reflexão possibilita que o aprendiz aumente seu vocabulário, ocorrendo dessa forma verdadeiras aprendizagens sobre a matéria.
Quando é sugerido trabalhar com textos contextualizados, essa prática pode ser utilizada em todas as áreas de ensino, pois o objetivo dessa tarefa é aproximar os conteúdos do educando, aumentando o interesse desse pelas matérias que até então eram consideradas ruins devido à leitura exaustiva.
Um educador atento observa as ações de seus educandos e a partir daí pode levantar várias possibilidades de abordagens sobre os conteúdos de ciências, como foi feito nessa turma de sétima série ao trabalhar o assunto de tecido epitelial. Inicialmente foi feita uma introdução com um texto que falava dos benefícios e malefícios do sol na nossa pele, isso por que a professora notou que os alunos se preocupavam em relação à exposição ao sol. O Educador pode sugerir também que o educando faça uma pesquisa de assuntos que sejam do seu interesse, porém que façam relação com a matéria que está sendo abordada nas aulas. Dessa forma a interação do aluno com os assuntos aumenta o conhecimento do mesmo acerca do conteúdo.

Considerações Finais:


O estágio exerce papel fundamental na formação profissional do educador, pois a experiência enriquece e aprimora o conhecimento, capacitando o mesmo a construir saberes e ser capaz de ajudar os seus educandos na sala de aula, buscando metodologias que favoreçam o rendimento máximo de cada aluno.
Quando se delimitou o tema, a intenção foi estimular a superação das dificuldades de entendimento da matéria Ciências, atribuindo a leitura como fundamental no processo educacional e propondo aos educandos trabalhar com textos contextualizados, visto que esses possuem uma linguagem acessível, facilitando a compreensão da matéria.
A análise apresentada neste artigo mostra que a leitura de textos contextualizados auxilia no desenvolvimento do conteúdo em sala de aula e nos estudos dos alunos em casa, aumentando a interação do educando com a matéria. Essa interação proporciona o conhecimento da própria realidade. É comum nas escolas que a maioria dos educadores utilize o livro didático como único elemento chave de sua prática pedagógica. Porém muitos dos textos presentes nos livros de ciências são somente conceituais, dificultando o entendimento do conteúdo, tornando assim a leitura, para o educando, um processo doloroso.
Os educandos em geral não estavam acostumados com a metodologia de leitura de textos contextualizados e com o manuseio de materiais impressos, o que foi comprovado pelo fato deles perderem o material que recebiam. Conforme eles foram conhecendo essa prática educativa, eles acabaram se interessando mais pelos tópicos de abordagem e estabeleceram relações com suas vivências cotidianas, aumentando o interesse dos educandos pela matéria, fazendo com que esses cuidassem melhor do seu material e com isso aumentando o rendimento dos mesmos. Tal fato confirma a hipótese de que a leitura também permite um Ensino de Ciências que relaciona teoria e prática, e que essa última se dá de maneira mais agradável tanto para o educador quanto para os educandos.







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