TOPLESS  - PEITO NÃO É FALTA  DE RESPEITO.

           Em nome da ordem pública, da legalidade, vimos estarrecidos, quando a policia do Rio de Janeiro, usando de força armada reprimiu usuárias de inofensivos “topless”, prática de uso do biquíni apenas com a parte de baixo e que deixam expostas as mamas. Culminando com a prisão de um pacífico casal carioca. Que pretendia tão somente aproveitar um belo dia de sol.

       Atitude incoerente com a realidade brasileira porque o mesmo comportamento, ora é aplaudido, ora é tolerado e pasmem, ora reprimido.

      Naquela cena pública e banal, não houve nenhuma licenciosidade ou erotismo, a afrontar os olhos do povo brasileiro acostumado a pouca roupa usada neste inigualável país tropical que por seu clima exige roupa leve, colorida, bonita e bastante exígua, principalmente no verão, para tornar suportável e menos fatigante a temperatura desta estação em nosso lindo “patropi”.

      A repressão ao topless, isto é, a prática de bronzear-se sem a parte superior do traje de banho, se deu em uma pacata praia com poucos frequentadores e a maioria adeptos do hoje tão famoso personagem, que de repente se viu nas páginas dos jornais de todo mundo, ganhando, portanto, repercussão internacional.

     Estamos às vésperas do carnaval grande festa profana, que no Brasil, prima pela nudez, sem qualquer repressão e expõe mulheres seminuas que desfilam pelas avenidas, criando símbolos sexuais, assistidas por toda população, sob calorosos aplausos populares e total aceitação Social e Estatal, neste passo devemos reconhecer, que é no mínimo contraditório reprimir alguns  anônimos topless usados nas praias.

      A Europa e Estados Unidos, gente conservadora e de estilo de vida totalmente diferente do nosso, adotou faz tempo a confortável prática do topless. Sendo usado sem qualquer inibição por mulheres de todas as idades e com o devido respeito às usuárias e ao cidadão e sem falsos puritanismos.

      A sociedade brasileira não está preocupada com peitos a mostra, os sérios problemas que assolam o país, não deixam tempo nem disposição para tratar de assuntos tão individuais e desimportantes, que em nada afrontam ou denigrem, a imagem daqueles que vêm ou daqueles que usam.

     Temporada após temporada as roupas diminuíram ou esticaram, ao sabor da moda e dos interesses comerciais sem que isso tenha influenciado, o alto índice de criminalidade e a violência que cresce de forma desordenada e assustadora em todo território nacional.

      A humilhante prisão de Rosemeri , serviu como desencadeador da liberação do agora famoso topless, vários Estados já legalizaram seu uso, e o Espirito Santo, está na iminência da sua legalização, adequando à situação à realidade do ano 2000.

       A exibição da mama não pode ser considerada  atentado ao pudor e muito menos crime.

 Pois a sua essência  e função  primeira é  alimentar, amamentar e merece respeito sem nenhum controle externo.

Para que se configure o delito previsto no artigo 233 do CPB,  exposição há que ter intenção sexual, exigindo conotação maliciosa e que tenha estímulo sexual.

 O pudor, bons costumes, escândalos, são conceitos valorativos que regem uma sociedade em momentos determinados. Condutas consideradas há algum tempo escandalosas, hoje, podem ser moralmente indiferentes, desde que não venham a ser lesivos a terceiros, ou seja nocivo a sociedade.

       A mulher conquistou o direito de dispor do seu próprio  corpo, através de árduas lutas de muitos anos, sem pretender ofender moralmente, aqueles que a rodeiam e sem nenhuma intenção de provocar a lascívia em que quer que seja. Neste caso específico o topless ganhou proporções exageradas e virou vilão, porque é usado por algumas mulheres que pretendem simbolizar a sua liberdade banhando-se publicamente, de charmosos topless nas praias do nosso País.

 A exemplo das belas índias brasileiras, que vivem completamente nuas e merecem o respeito de toda a sua tribo, mesmo sendo considerados selvagens

        O que na verdade interessa à Sociedade é ter um apoio Estatal eficiente, que possa proporcionar segurança ao cidadão, mas contra os riscos reais, nunca contra inocentes mamas bronzeadas.

 Com equilíbrio social, moral e ecológico, poderemos projetar para o mundo a imagem do Brasil, livre, alegre, seguro e justo, que se orgulha do seu povo e pode mostrar o peito com Respeito.

Vera Carly Lopes

Fevereiro de 2000.