INTRODUÇÃO

Trabalhar com Jovens e Adultos é instigante e, ao mesmo tempo, desafiador, pois esta população, que de um lado busca a aquisição e aplicação de conhecimentos acumulados pela humanidade, por outro lado possui uma vasta riqueza cultural; uma ampla vivência social e muita experiência de cognição. Esses alunos trazem consigo um descrédito na sua capacidade de aprender decorrentes de: multi-repetência nas quatro séries iniciais do ensino fundamental; e do abandono e posterior retorno à escola após vivenciar as primeiras experiências no mercado de trabalho muitas vezes formal, nele sendo motivado a retornar aos estudos para ter melhor oportunidade de se desenvolver. Há décadas, buscam-se métodos e práticas educativas adequadas à realidade cultural e ao nível de subjetividade do adulto. Essa busca pelo conhecimento é um processo amplo de aprendizagem, que envolve responsabilidades do educador e da escola sendo de suma importância, uma vez que, todo corpo docente servirá como instrumentos a ser usado na construção desse conhecimento. O educando é o sujeito principal, a escola é o meio e o educador é o mediador de todo os conhecimentos dentro da escola.
O tema em questão trata de um problema presente em todas as escolas e com mais intensidade nas escolas que oferecem a modalidade de Jovens e Adultos.
Para responder os nossos questionamentos, nos valeremos de autores que escrevem sobre o tema, tais como Paulo Freire, Moacir Gadote e Romão, 2001, p.31 na certeza de que nos darão subsídios que possam fundamentar consistentemente este trabalho. Sendo nosso objetivo, para assim desenvolver idéias capazes de alterar ou mesmo amenizar problemas da escola como o da evasão escolar.
Com este trabalho, trazemos alguns motivos que fazem com que os alunos da Escola Municipal Raimunda Neves Aguiar, principalmente a turma da (EJA), levam a tomar inúmeras iniciativa de desistência e até pelo o evadir-se do ambiente escolar.
ESPECIFICIDADE DA EJA NO ENSINO ? APRENDIZAGEM
O homem é um ser insaciável em todos os sentidos da vida. Busca sempre satisfazerem-se seus atos e atitudes para sua realização pessoal e até por necessidade de sobrevivência. Deseja ter casa, carro, bom emprego etc., tudo que possa melhorar sua vida mediante a sociedade. Ao pensarmos na especialidade da educação de jovens e adultos, precisamos entender quem são estes e reconhecer que estes são portadores de cultura e que essas bagagens culturais são diversas vezes relacionadas às suas biografias e ao contexto em que vivem entre outros aspectos. As Diretrizes Nacionais para EJA ressalta:
 Esta população chega à escola com saber próprio, elaborado a partir de suas relações sociais e dos seus mecanismos de sobrevivência.
 O contexto cultural do aluno trabalhador deve ser ponte entre o seu saber e o que a escola pode proporcionar, evitando, assim, o desinteresse, os conflitos e a expectativa de fracasso que acabam proporcionando um alto índice de evasão.
Nessa perspectiva, o professor deve investigar as situações vivenciadas pelos alunos e a maneira como estes participam deles, em que contexto, está inserido para que as situações de aprendizagens possam ser organizadas pautadas na bagagem cultural e nas vivências destes alunos. Todas as informações obtidas dos alunos são preciosas na conclusão dos temas e na escolha das atividades e das situações a serem discutidas. Nesse processo, a função do professor deixa de ser a de transmitir conhecimentos científicos e passa a ser a de trabalhar as concepções iniciais dos alunos, aproximando-os o máximo possível dos conhecimentos científicos.
(...) a aprendizagem escolar, ao promover um conhecimento legitimado pela sociedade, só se torna significativa para o (a) aluno (a) se fizer uso e valorizar seus conhecimentos anteriores, se produzir saberes novos, que faça sentido na vida fora da escola, se possibilitar a inserção do jovem e adulto no letramento. (MEC 2006)
De acordo essa afirmação não se deve achar que os alunos ao adquirir um novo conhecimento abandonarão suas idéias prévias, mas que as use, para que a partir delas, desenvolvam novos significados. Portanto, é necessário que o professor planeje as atividades de ensino-aprendizagem, que possibilitem ativar e trabalhar os conhecimentos prévios, levando os alunos a refletir, tomando consciência de seus conhecimentos e assim façam relações destes com o novo conhecimento. Para Freire (1991), valorizar o conhecimento que o educando traz deve ser ponto de partida da aprendizagem. Esse princípio demonstra uma atitude de respeito ao educando do EJA.
Contudo, o professor do EJA precisa estar atento para não cometer erros tais como:
1. Trabalhar os saberes do cotidiano apenas no início do processo de aprendizagem e pular para o conteúdo formal;
2. Tratar o cotidiano do aluno do mesmo modo como é traduzidos nos livros didáticos padronizados e estereotipados;
3. Desvalorizar o legado cultural, material e moral da comunidade a qual a escola está inserida;
4. Planejar aulas que tenham relação com a vida dos alunos de EJA, porém como versão empobrecida do que é dado a crianças e adolescentes.
Para finalizar o profissional que atua hoje na EJA, deve caracterizar-se como um professor que domina os instrumentos necessários para o desempenho competente de suas funções e ter a capacidade de refletir criticamente sua prática. É o professor quem determina como será a dinâmica da aula, valorizando a organização do grupo para a expressão das idéias, de forma que todos sejam capazes de falar e ouvir, mas igualmente motivados na busca de coerência para as suas próprias explicações. Concordo com Freire quando diz o seguinte:

"O professor que pensa certo deixa transparecer aos educando que uma das bonitezas de nossa maneira de estarem no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de intervindo no mundo, conhecer o mundo". (FREIRE, 1996, p.59-60).

O resultado dessa pesquisa sobre Educação de Jovens e Adultos demonstrou-me que são inúmeros os motivos que levam jovens e adultos a retornarem a escola. Porém esta procura não acontece de forma simples tornando assim um desafio para nós professores.
A IMPORTÂNCIA DOS SABERES PRÉVIO E DO COTIDIANO NA APRENDIZAGEM DE JOVENS E ADULTOS
Os jovens e adultos trabalhadores buscam na escola uma significação social para suas práticas, suas vivências e seus saberes. É sobre a importância destas vivências e destes saberes dos educando da EJA que tentarei repassar um pouco dessa importância para podermos refletir. A valorização dos saberes prévio e do cotidiano do aluno da EJA para aprendizagem tem suma importância, pois é fato que o estudante demonstra interesse pelo processo de aprender quando o seu dia-a-dia, o seu mundo concreto é usado como fonte de motivação. Além disso, os saberes prévios favorece um contato inicial com o novo conteúdo para construção dos novos significados.
Então, os saberes prévios são como uma radiografia inicial do aluno?
É isso mesmo o professor precisam investigar que conhecimentos os alunos possuem sobre o conteúdo concreto que se propõe aprender, conhecimentos estes que abrangem tanto saberes e informações sobre o próprio conteúdo como conhecimentos que, de maneira direta ou indireta, estão relacionados ou podem relacionar-se com ele. A aprendizagem de um novo conteúdo deve partir de algo que já conhecemos. COLLO (1990) destaca:

"Quando o aluno enfrenta um novo conteúdo a ser aprendido, sempre o faz armado com uma série de conceitos, concepções, representações e conhecimentos adquiridos no decorrer de suas experiências anteriores, que utiliza como instrumentos de leitura e interpretações e que determinam em boa parte as informações que selecionará como as organizará e que tipo de relações estabelecerá entre elas." COLLO (1990)


Nesta perspectiva, os conteúdos escolares ganham força e sentido se, em seu processo de aprendizagem, o aluno é estimulado a relacionar esses conteúdos aos seus saberes prévios (suas próprias representações), os quais englobam opiniões, aspectos religiosos e culturais, preconceitos etc. A aprendizagem dos jovens e adultos será, cada vez mais, significativa quanto mais relação ele for de estabelecer entre o que já conhece, ou seja, seus saberes prévios e o novo conteúdo que lhe é apresentado como objeto de aprendizagem.
Para sabermos o cotidiano dos alunos jovens e adultos precisamos usar e representar um saber reflexivo, pois através dessa reflexão podemos analisar o fruto da vida que ele vive com um saber já amadurecido com resultado de experiências organizadas de valores e princípios éticos e morais que foram adquiridos fora da escola. A clareza do saber cotidiano é produto de soluções que os seres humanos (jovens e adultos) desenvolveram para enfrentar os muitos desafios que enfrentam na vida caracterizada pelo modo de pensar do dia-a-dia. Esses saberes são baseados no senso comum bem diferente do conhecimento formal com qual o aluno da EJA se encontra na escola. É esperado que o estabelecimento de uma relação entre o conhecimento novo e o que o aluno já tem crie conflitos cognitivos, que resultem numa organização de conceitos e, conseqüentemente, numa aprendizagem verdadeiramente significativa. A pesar de ser um conhecimento elaborado, os saberes prévios e o do cotidiano são pouco valorizados no mundo escolar, até mesmo pelos próprios alunos que consideram estes inadequados, sem valor ou mesmo equivocados.
Nesse caso a escola deve romper a barreira entre os saberes do cotidiano e os saberes aprendidos na escola reconhecendo que os jovens e adultos são construtores de cultura e possui conhecimentos que serão sistematizados para construção de outro tipo de saber. O conhecimento científico. Segundo Santos, (1996), agindo assim a escola demonstrará que:

"Há diferentes formas de conhecimento: não há um saber em geral, nem ignorância em geral. Sabemos algo de certo sistema de conhecimento e ignoramos algo de certo sistema de conhecimento. O conhecimento é sempre a trajetória de um ponto de ignorância específico para um ponto de saber específico. E, portanto, há diferentes ignorâncias como há diferentes formas de saber" (SANTOS, 1996, p.1).


Enfim, é fundamental que nós como educadores de Educação de Jovens e Adultos procurem conhecer nossos educando, suas expectativas, sua cultura, as características e problemas ao seu redor, suas necessidades de aprendizagem. Deveremos conhecer também os conteúdos, saber planejar e desenvolver situações de ensino e de aprendizagem estimulando sempre as interações sociais de nossos alunos. Pois o maior desenvolvimento da educação de jovens e adultos exige a busca de uma identidade própria para a modalidade, visto que sua estrutura (currículo, materiais didáticos, organização de horários, formação de professores) por muitos anos tornou o ensino seriado de adolescentes como parâmetro de organização. Assim, para que a EJA assuma uma identidade própria, é colocada a necessidade de:
Assegurar a formação de professores de modo a proporcionar um melhor conhecimento das especificidades do trabalho na EJA;
Elaboração de materiais norteadores e didáticos específicos para a EJA impe que professores tomem como referência para sua prática pedagógica o modelo de ensino e avaliação que desenvolvem no ensino regular;
Que os professores desperte a importância do saber prévio do educando como elemento importante para promoção da sua aprendizagem, o que requer um trabalho voltado para a interdisciplinaridade;
Garantir condições para que o aluno trabalhador permaneça na escola, através da elaboração de horários de estudos mais adequados à sua realidade, de modo a reduzi a evasão e a baixa freqüência dos alunos.
EVASÃO ESCOLAR NA EJA
O tema da evasão escolar é um assunto abordado por vários autores e em várias obras, a exemplo de Paulo Freire e Moacir Gadote. Porém, é na EJA que vemos os números mais alarmantes desse fenômeno. Mediante essa defasagem e por já trabalhar com o EJA aproveito a oportunidade para falar um pouco sobre essa evasão na Escola Municipal Professora Raimunda Neves Aguiar na qual já venho atuando há cinco anos e conseguir a entrevista com alguns alunos o qual mim passou o motivo pelo qual ocorre a desistência, também usei como base nessa pesquisa os dados referente ao ano letivo de 2008, no qual informa que tivemos uma evasão chegando a quase 50% dos alunos inscritos e com isso, cheguei à conclusão que esse não é um projeto simples ou de iniciativa unicamente na realização apenas de um trabalho de conclusão de curso, pois existe uma grande pressão interna e externa buscando incessantemente a erradicação do analfabetismo.
Paulo Freire diz em seu livro "A Pedagogia do Oprimido" que não há nada melhor para o desenvolvimento dos alunos, que o respeito aos conhecimentos com os quais o aluno já chega ao adentrar a escola, sendo o dever do professor e mesmo da instituição o de instigar para que esses conhecimentos sejam ampliados e até mesmo melhor, entendidos em um contexto amplo.
De acordo essa afirmação o debate é longo e repousa sobre o velho dilema que aflige a educação brasileira surgindo assim às perguntas: Qual a educação que temos? Qual a educação que queremos para a EJA?
Portanto, a escola não é o único lugar onde o aluno adquire conhecimento, e ainda há questionamentos que afirmam ter a escola uma estrutura de leis e toda uma programação que não permite o desenvolvimento do aluno há seu tempo e assim não permitindo que o aluno venha a desenvolver suas habilidades.
É fato que cada aluno tem suas peculiaridades e quando se trata dos alunos da EJA tal é nosso espanto ao nos depararmos com aquele aluno rico em conhecimentos, pois "o ser humano é um ser ao mesmo tempo singular e múltiplo".
Outra questão que preocupa o professor da EJA é sobre qual seria a forma correta de avaliar esse aluno, evidenciando as peculiaridades desse público impõe, pois: "(...) cabe ao professor reconhecer as diferenças na capacidade de aprender dos alunos, para poder ajudá-los a superar suas dificuldades e avançar na aprendizagem" (HOYDT, p. 07, 2004).
Sendo assim a nova LDB de 2000 definiu os objetivos da EJA, dando direitos a esses excluídos do ambiente escolar, o retorno à escola para lhes proporcionar um ambiente agradável e propício, pronto para garantir que esse aluno não mais a abandone. E assim, para que a dívida com os jovens e adultos seja reconhecida, é preciso que este reconhecimento traga também à consciência de que enquanto não se investir na qualidade da educação e nos professores, os problemas de evasão, repetência, exclusão e tantos outros continuarão existindo e a escola continuará, cada vez mais, a se afastar da sua real missão que vai muito além de ensinar a ler e escrever.
DESCRIÇÃO DOS PROBLEMAS ABORDADOS
Dos vários tipos de problemas detectados nessa pesquisas da Evasão na Educação de Jovens e Adultos ao que se refere à Escola Municipal Professora Raimunda Neves Aguiar na cidade de Cícero Dantas, entre elas as dificuldades financeiras são o que mais contribuem. Algumas mães não têm com quem deixar seus filhos menores para ir à escola, algumas insistem em levá-los, mas tem causado muitos transtornos, tanto para as mães que não conseguem se concentrar nas aulas, quanto para a escola.
Das mães pesquisadas, fiquei um tanto quanto emocionada com o problema de uma delas e chegou comover-me sua situação. Dizendo ela, que necessita estudar, mas nem sempre a cabeça ajuda, porque é separada do marido tem apenas 24 anos de idade e três filhos, sem a ajuda do pai das crianças, ela é a responsável, e não está conseguindo educá-los, devido ter que sair cedo para o trabalho e retorna só à noite, quando chega a casa não encontra os filhos. Estão todos na rua, aprendendo o que não presta, dizendo ela, que o filho mais velho já esteve preso e conhece toda a malandragem da rua, os outros ele pediu ajuda ao conselho tutelar, mas está indo pelo mesmo caminho.
Outro fator está sobre a diferença de idade, sendo que a EJA, tem sido alvo da Escola Regular, todo aluno que não desenvolve suas capacidades de aprendizagem é empurrado de forma indireta para a EJA. Diante do assunto exposto, este aluno sofre pressão psicológica ao deparar com a realidade de não conseguir acompanhar na sala de aula as atividades propostas. O educador procura fazer um trabalho diferenciado de modo que desperte o desempenho de suas habilidades, contudo na maioria dos casos não se obtém sucesso, devido este aluno conhecer todo o processo de uma sala de aula que não conseguiu despertar nele o interesse pela escola. Portanto, quando o mesmo chega à EJA, encontra-se cansado, massacrado, desmotivado convencido de que não consegue mais aprender.
Outro problema que vem ocorrendo bastante é com relação ao cônjuge. Esse tem causado grandes transtornos por causa do ciúme, bem mais acentuado no sexo masculino, insinuando que a companheira retorna à escola, não com intuito de estudar, e sim para fins amorosos. Muitos são os artifícios que eles utilizam para dificultar a permanência da mesma na escola. Há casos em que se dá ao trabalho de se fazer presente o tempo integral na escola. Quando não há possibilidade disso acontecer, ele impõe condições que a leva a desistência.
O estresse também é outro fator que contribui, pois a vida agitada, a poluição (visual, do ar, auditiva, etc.), o excesso de trabalho, os baixos salários a falta de condições de vida (educação, segurança, laser, etc.), além de tantos outros fatores, causam o estresse. Nas salas de aula de EJA, estas marcas se evidenciam, de um lado, por atitudes de extrema timidez e, por outro, por atitudes de irreverência e transgressão. Estes estudantes demonstram vergonha em perguntar ou em responder perguntas, nervosismo exacerbado nas situações de avaliação, ou então se mostram agitados e indisciplinados. O papel do (a) professor (a) de EJA é importante para ajudar a diminuir situações de estresse que possam causar riscos a saúde do educando.
Alcoolismo, saúde e qualidade de vida também foram citados como grandes causas da evasão, como sabem o consumo do alcoolismo de forma inadequada constitui um problema que afeta toda sociedade. É comum nas salas de EJA dos entrevistados a maioria dos homens faltam às aulas para curtições nos bares deixando a escola para segundo plano. Trabalhar esse assunto implica em considerar com os alunos os efeitos do consumo de álcool para saúde e a qualidade de vida destes educando. Consumir bebidas alcoólicas na sociedade contemporânea, de modo geral, é aceito e difundido, considerado até algo inofensivo. Entretanto temos que orientar que em excesso, o consumo de álcool passa a ser um problema para o indivíduo, a família e a sociedade. Discutir o assunto com os educando deverá alertar para efeitos nocivos do consumo exagerado de álcool. Nesse caso trabalhar as temáticas relacionadas à saúde deve levar o educando a encará-la como um bem individual e coletivo e, portanto responsabilidade para cada um de nós.
Esses foram alguns relatos de alunos, pois sabemos que problema é o que não falta dentro da educação com o EJA, por exemplo, outro fator agravante é o horário que nem sempre condiz com o trabalho e por isso necessita de uma compreensão não só do educador, mas de todo o corpo administrativo escolar. Quando a escola é muito exigente quanto ao cumprimento do horário, a tendência deste aluno é a desistência, porque quando não consegue obedecer às normas da escola, o educador por mais que compreenda a situação do educando, chega um determinado momento que nem um, nem o outro tem mais argumento para assegurar a permanência do mesmo na escola.
Em muitos dos casos quando é oferecido o lanche na escola, há uma freqüência maior por parte dos educando, quando o mesmo vive sozinho, ele ganha tempo não necessitando de preparar sua refeição, podendo chegar no horário exigido pela escola. Para alguns desses alunos da EJA o lanche é tido como a sua segunda refeição do dia. BERGEVIN (1969,20) argumenta que:

"A flexibilidade dos programas é outro elemento próprio da educação de Jovens e Adultos, mais ainda do que da educação de criança. Por que o adulto já teve conhecimento de uma escola do passado, onde o ensino era totalmente tradicional, hoje ele confronta com uma escola nova, com desafios a vencer".


De acordo esse argumento nova atitude mental da vida implica uma revisão das tomadas de posição frente a soluções já estereotipadas. O aluno se vê diante de situações, para as quais deve criar caminhos novos, soluções diferentes, mais de acordo com seu próprio modo de entender do que em consonância com a tradição. Não só as realizações atuais, mas a maneira de ser e pensar diferencia o homem atual, em relação a outras épocas. É necessário analisar minuciosamente os alunos que freqüentam essas aulas, pois adultos e jovens possuem toda uma história de vida a qual os levaram para fora da escola e agora os trouxeram de volta. Neste caso, o educador sabendo das expectativas do educando adulto deve ampliar seus interesses mostrando que uma verdadeira aprendizagem depende muito mais que atenção às exposições feitas pelo professor e atividades mecanizadas de memorização.
Antigas experiências de fracasso e exclusão no ensino regular deixam nos jovens e adultos uma auto-imagem negativa, cabendo aos educadores ajudarem os educando a reconstruírem sua imagem da escola, das aprendizagens escolares e de si próprios. Os professores devem urgentemente iniciar um movimento voltado à concepção de estratégias, elaboração e aplicação de instrumentos para o tratamento e organização de dados para interpretação dos diagnósticos da EJA. E assim, as salas de aula que no início de ano estavam cheias, vão se esvaziando até sobrar apenas professor, quadro e giz. Situação que preocupa especialistas na área de educação, que chamam a atenção para as soluções junto a Secretaria de Educação.
DESEMPENHO DE PAPÉIS
Para iniciar o tema deste artigo, é necessário lembrar os vários papéis que as pessoas desenvolvem e como estes mudam com o passar do tempo. Minicucci (1993) explica os vários papéis que o ser humano desenvolve:

Na vida desempenhamos vários papéis, e estes mudam permanentemente. Papéis de filhos, primeiro pequenos, depois adultos. Papel de pais, primeiro jovens, dispensando todos os cuidados aos filhos e depois idosos, precisando destes cuidados. Papéis sociais, de amigos, colegas, participantes de grupos que tem atividades em diversos assuntos que podem ser religiosos, de lazer ou de cidadania entre outros. Papéis profissionais onde posso ser membro, coordenador, diretor, respondendo pelas atribuições próprias a cada um deles (MINICUCCI, 1993 apud ARÁOZ, 2003).

Sabemos que em uma organização cada colaborador desempenha diferenciados papéis, mas todos têm a mesma responsabilidade. Já hierarquicamente existem diferenças, porém os gestores querem que todo o trabalho seja realizado e idealizado em conjunto com todos os participantes dos Setores das organizações. Para que todo este processo seja desenvolvido Aráoz (2003) afirma que:

É necessário reconhecer os papéis que são desempenhados, ter consciência deles, para poder melhorar a atuação e assim conseguir sucesso na vida, tanto na família como no trabalho. Saber equilibrar a personalidade para desempenhar todos eles, depende da compreensão desses papéis, da sua abrangência e da sua mutabilidade, ou seja, da visualização dos múltiplos aspectos de atuação e o conhecimento de como estes aspectos mudam de acordo com as diversas circunstâncias pelas quais o ser, o grupo ou a comunidade atravessa (ARÁOZ, 2003).


Na nossa vida pessoal também desempenhamos papéis de vital importância para o crescimento social e conseqüentemente no futuro em uma organização. Onde temos sempre que buscar o aprimoramento necessário, para desenvolver um papel relevante em qualquer lugar que formos contribuir com o nosso trabalho ou nas relações interpessoais com a família.
MOTIVAÇÃO
Na sua maioria as teorias de motivação foram desenvolvidas por psicólogos, porém, como a motivação tem uma característica essencialmente humana, precisamos trabalhar o aspecto motivacional com os nossos educados para que dessa forma o ambiente de trabalho seja mais propício para que as atividades sejam desenvolvidas com um bom desempenho e uma integração com o grupo, ou seja, os gestores das escolas juntamente com todo corpo docente devem criar um ambiente onde os seus educando se sintam motivados para desenvolver suas atividades. Segundo Chiavenato (1999):

[...] a motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforço em direção a determinados objetivos organizacionais, condicionados pela capacidade de satisfazer objetivos individuais. A motivação depende da direção (objetivos), força e intensidade do comportamento (esforço) e duração e persistência. (CHIAVENATO, 1999)

Então para Chiavenato (1999) a motivação está contida nas próprias pessoas através os seus interesses e objetivos, podendo ainda ser influenciada por situações externas as suas metas e ao próprio desenvolvimento do seu trabalho na organização. Refere-se ao envolvimento em determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, envolvente ou, de alguma forma, geradora de satisfação. Para existir a motivação todos têm que demonstrar competência, desejos e objetivos particulares no desenvolvimento das atividades dentro de uma instituição. Contudo as organizações não podem trabalhar a motivação só em favor dos resultados positivos, os gestores têm que trabalhar na perspectiva que esta será uma prática continua há ser o tempo todo renovado e valorizando-os, pois caso contrário o resultado será negativo.
Sendo assim trabalhar a motivação do jovem e adulto em uma instituição escolar é o que todo gestor gostaria de perceber na sua organização, vendo os seus colaboradores motivados e integrados juntamente entre educados e educadores percebendo as necessidades primordiais de qualquer instituição, de forma a atingirem e desenvolverem atividades integradas com todo o grupo de trabalho, mas para que isso aconteça todos precisam estar desempenhando na organização uma função que se identifique, desta forma o seu papel será primordial importância no andamento dos resultados positivos que as organizações e seus gestores almejam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No final da realização do trabalho constatamos que mais importante do que a natureza acadêmica do conhecimento é a sua função de auxiliar os alunos na percepção e na abstração das relações existentes entre os fatos históricos, as informações científicas e específicas tratadas nas diversas disciplinas do Ensino Fundamental. (Re) conhecer e (re) valorizar os conhecimentos prévios dos alunos foi uma proposta metodológica bem sucedida uma vez que os estudantes detêm um conjunto de saberes já que estão todos inseridos no tempo e espaço, com histórias e vivências diferenciadas. O diálogo entre estes saberes e o discurso escolar mostrou-se, pois como um princípio a ser perseguido nas relações e intervenções pedagógicas e metodológicas no trabalho com a EJA. Nesse processo de construção do conhecimento pelo aluno foi possível conciliar lazer e estudo, contribuindo para desconstruir o mito de que só a sala de aula produz saberes e que a aquisição dos mesmos não pode ser algo prazeroso. Com o desenvolvimento deste projeto interdisciplinar de ensino buscou-se, além da interação entre todas as disciplinas, ampliar para os alunos a sua concepção sobre as formas de acesso ao saber, a legitimação das possibilidades de trocas entre a escola e outros espaços de formação cultural.
Sabemos que as relações interpessoais são os contatos entre as pessoas e estes contatos ocorrem em todas as relações sociais, para que percebêssemos que as pessoas são diferentes e muitas vezes são obrigadas pela necessidade de conseguirem um olhar novo mediante a sociedade.

REFERÊNCIAS

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CAMPOS, Dinah M. de S. Psicologia da aprendizagem. 23 ed. Petrópolis: Vozes, 1993.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria clássica da administração. 7. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
______ Coleção Caderno de EJA: Segurança e saúde no trabalho/caderno do professor. Brasília: MEC, 2007
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 27. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 21003.
GADOTTI. Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo. Peirópolis, 2001 (Série Brasil Cidadão)
GUIMARÃES, Sueli Édi Rufino; BORUCHOVITCH, Evely. O estilo motivacional do professor e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspectiva da teoria da determinação. In: Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 17, n. 2, Porto Alegre, 2004.
LEITÃO, Sergio Proença; FORTUNATO, Graziela; FREITAS, Agilberto Sabino de. Relacionamentos interpessoais e emoções nas organizações: uma visão biológica. Rio de Janeiro, set/out, 2006.
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____Salto para o Futuro: Educação de Jovens e Adultos. Brasília: MEC/Secretaria de Educação a Distância, 1999.