Era uma empresa muito enrolada


Não tinha processo, não tinha nada


Ninguém podia trabalhar nela não


Porque na empresa não se tinha organização


... Mas era tudo com muito esmero


Na empresa dos Bobos, resultado zero


 

Tenho certeza que alguns vão ler essa brincadeira com a música A Casa, eternizada por Toquinho, e pensar isso é a cara da minha empresa. Quero deixar claro que qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência e o texto abaixo foi baseado em fatos reais.

Claro, eu posso estar exagerando, claro que sim, alguns podem também achar que nos dias de hoje não existem mais empresas que vivem totalmente sem processos e metodologia. Deve ser a mesma teoria que diz que no futebol não existe time bobo... ok, não vamos falar de futebol, isso me faz lembrar a Copa. Mas, posso garantir que essas empresas existem, não são poucas e, mais ainda, elas sobrevivem... ou tentam sobreviver.


Mas o ponto a ser entendido é: como convencer a alta gerência e diretoria que aplicando novos processos e mudando toda a forma de trabalhar e gerir TI o negócio como um todo vai sair ganhando? Não é tarefa fácil, porque quando você fala isso à diretoria só escuta: saindo, saindo.


Na essência de uma gestão moderna é essa a função da alta gerência de TI: mostrar para todas as áreas e, principalmente, para a diretoria onde está o valor que TI pode agregar ao negócio. E certamente esse valor está ligado diretamente ao diferencial competitivo que pode ser alcançado.


O primeiro passo é direcionar o orçamento de TI para ações que realmente agreguem valor ao negócio. E isso é uma luta árdua, porque é difícil mostrar para uma pessoa (cliente interno) que a solicitação dele pode ser muito importante para o seu dia-a-dia, mas efetivamente não vai agregar valor ao negócio como um todo. Esse tipo de solicitação, que não está alinhada com o negócio, não pode ter em hipótese alguma prioridade sobre as que estão mais ligadas ao negócio. A área de TI precisa gastar seus esforços com o que realmente trás benefícios para o negócio, e esse é o primeiro passo para medir o resultado real que TI alcança.


Para mudar o cenário da falta de maturidade na gestão de TI focada nos objetivos do negócio, a empresa precisa estar disposta a mudar. Esse é o ponto! Podemos estar todos certos de que essas mudanças serão processos dolorosos e demorados. Como diz Jack Welch: A disposição para mudar é um ponto forte de um profissional, mesmo que isso signifique mergulhar parte da empresa em confusão durante algum tempo. Isso faz todo sentido, afinal se você quer ver o arco-íris precisa providenciar a chuva.


Normalmente essas empresas imaturas no que se refere a processos e metodologia tem um quadro de funcionários pouco motivado e certamente com baixa experiência e conhecimento em gestão, processos e metodologias. A verdade é que a empresa precisa montar o seu plano estratégico para implantação de todo o ferramental necessário para melhoria, e controle, da produtividade e análise dos resultados. E esse planejamento passa por troca de pessoal, treinamento, contratações etc. Só quando temos um quadro forte e capaz, podemos começar a detalhar e executar o planejamento. Caso contrário, a possibilidade de fracasso é grande porque a tarefa de implantar todo esse ferramental não é tarefa simples.


É importante observar que hoje quando falamos de um profissionais de TI em alto nível, fora o conhecimento técnico que é importante, ele precisa ter habilidades pessoais mais especificadas e é exatamente nesses quesitos que estão os resultados diferenciados que a empresa pode alcançar. Eu diria que esse perfil deve incluir entre outras coisas: espírito empreendedor, não gostar de oba-oba e preferir resultados, motivado, articulado e não ter medo de se expor.


Mas eu acredito que o mais importante para o profissional moderno é a criatividade e  a imaginação! Já dizia Einstein que ... a imaginação é mais importante que o conhecimento..., e ele estava 100% certo. Principalmente para os dias de hoje onde basicamente o conhecimento técnico do ferramental, técnicas e metodologias envolvido está nivelado entre os concorrentes e o que realmente gera diferença está em outras habilidades mais particulares.


Vejo também que hoje no mercado já não existe uma grande dúvida sobre TI ser ou não um diferencial para qualquer negócio. Ela pode elevar a competitividade da empresa, e no mercado globalizado esse é um ponto fundamental que parece já ter sido aceito por boa parte do mercado, ao menos pela parte que pretende sobreviver. Nos dias atuais se você pensar demais sobre um novo produto, e se não possuir agilidade para implantá-lo, pode ter certeza que o concorrente já estará vendendo algo similar antes de você. E então você terá perdido o mercado, as chances de crescimento e possivelmente uma boa quantidade de lucro para sua empresa.


Cada vez mais se torna necessário que TI consiga prover informações e infra-estrutura para que as áreas de negócios possam fazer o que deve ser feito de forma rápida e eficiente: gerar novos negócios e aumentar o lucro.


Mas a grande dúvida é sobre o que deve ser utilizado como ferramental para que a área de TI alcance altos níveis de produtividade, qualidade e controle. A resposta para essa pergunta não existe, não de forma fácil, rápida e indolor. Eu poderia falar sobre uma série de processos e metodologias, mas não acredito que isso agregue algum valor ou ajude alguém a chegar a algum lugar. Tenho certeza que cada caso é um caso, o que é bom para uma empresa pode não ser para outra. Não acredito em fórmulas mágicas, é necessário muito estudo e análise para se tomar uma decisão como essa.


Existe um conjunto de processos e metodologias que são os hits do mercado: CMMI, PMI, BSC, EVA, RUP, ITIL, CoBiT etc. Alguns até me agradam bastante. Porém, o pior erro que uma empresa pode cometer é pensar nesses processos e metodologias apenas porque estão na moda ou porque alguém disse que realmente geram resultados. Isso será fatal, para você e principalmente para o negócio.


Mais uma vez citando Jack Welch As três coisas mais importantes que você precisa medir em seu negócio são: satisfação do cliente, clima organizacional e fluxo de caixa. Faça uma análise pensando no negócio de TI de uma empresa: como medir esses itens (principalmente o fluxo) se não sabemos quanto gastamos, se as pessoas trabalham desordenadamente, se não controlamos e não agimos pró-ativamente em função dos desvios? Impossível eu diria! Nesse cenário o negócio TI, como se diz, vai para o saco e conseqüentemente o negócio da empresa não consegue obter de TI o apoio necessário para prover o diferencial competitivo que o negócio precisa no mundo moderno.


Em algum lugar eu já li que o pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas. E é exatamente ai que está o papel da alta gerência de TI, ajustar as velas e ajudar o Capitão a gritar Terra à Vista!. Cada vez mais TI precisa falar a língua dos negócios e estar totalmente alinhado com os objetivos corporativos da empresa. Foi-se o tempo onde às pessoas que trabalhavam no CPD poderiam ser os nerds da empresa, e ficavam trancadas nas salas comendo e digitando o dia todo. Hoje TI tem que estar dentro do negócio, participando dele e apoiando e participando das tomadas de decisões.


É, parece algo difícil de ser alcançado (e realmente é). Mas podem ter certeza que ao alcançar isso você estará fazendo a diferença para a empresa e estará provendo um diferencial importante para o negócio. Você terá alcançado o que muitos estão tentando mas normalmente não conseguem, que é uma área de TI totalmente integrada com o negócio. Só então as outras áreas vão conseguir olhar para TI sem ver apenas um gastador de dinheiro que está fora da realidade da empresa.


Eu, como profissional de TI, me sinto muito feliz em trabalhar em um ambiente  participativo. Em saber que a minha área é fundamental para o negócio, e em saber que a minha opinião não é importante apenas para decidir a escolha de Java ou .Net, que minha opinião é importante para a tomada de decisão do negócio, para decisões sobre que caminhos devemos tomar e para onde devemos navegar. Sim, porque estamos todos no mesmo barco e antes estávamos sendo guiados com os olhos de outros, mas agora a nossa visão também pode ajudar a determinar o rumo do barco.


Eu me sinto melhor assim, e você?