Dayane Franciny de Oliveira Caldeira e
Nathália Gomes Tirado


RESUMO: O presente trabalho retrata o objeto de estudo da teoria do conhecimento, sendo o conhecimento um processo dinâmico, estabelecendo relação entre o sujeito e o objeto a ser estudado, ou seja, o sujeito é o ser humano e o objeto pode ser qualquer coisa que o leve a novos conhecimentos, até mesmo influenciado por fatores ambientes e possíveis necessidades. O enfoque é demonstrar que o conhecimento não pode ser algo cristalizado a apenas um conceito, mas que cada indivíduo possa estar aberto a inovar suas linhas de pensamento, produzindo novos paradigmas, não aceitando atitudes dogmáticas, refletindo e questionando.

Palavras-chave: Teoria do conhecimento, Dogmática e Paradigma.

ABSTRACT: This paper portrays the object of study of theory of knowledge, knowledge being a dynamic process, establishing a relationship between subject and object to be studied, ie, the subject is the human being and object can be anything that leads to new knowledge, even influenced by environmental factors and possible needs. The focus is to demonstrate that knowledge can not be crystallized something just a concept, but that each individual may be open to adapt their lines of thought, producing new paradigms, not accepting dogmatic attitudes, reflecting and questioning.

Keywords: Theory of Knowledge, Dogmatic and Paradigm.


INTRODUÇÃO


O presente trabalho retrata a teoria do conhecimento, seu objeto de estudo é o próprio conhecimento, sendo o conhecimento um processo, estabelecendo relação entre o sujeito e o objeto a ser estudado, ou seja, o sujeito é o ser humano e o objeto pode ser qualquer coisa que o leve a novos conhecimentos, até mesmo influenciado por fatores ambientes e possíveis necessidades.
O conhecimento é dinâmico, está em constante modificação e evolução, pode prover também das informações que recebemos, através de nossas percepções e sentidos, onde se acaba por encará-las como realidade.
O enfoque do trabalho é demonstrar que o conhecimento não pode ser algo cristalizado a apenas um conceito, mas que cada indivíduo possa estar aberto a inovar suas linhas de pensamento, expondo suas idéias, se desprendendo de crenças e técnicas antigas, produzindo novos paradigmas, não aceitando atitudes dogmáticas, refletindo e questionando.
Portando, utilizando a gama de conhecimento ao seu redor para ser tornar um individuo politizado e contradogmático, com senso crítico, criativo e autônomo.


1 CONHECIMENTO PERCEPTIVO E TEORIA DO CONHECIMENTO


Quando se visualiza algo se tenta atribuir conceitos e conclusões, essas muitas vezes precipitadas a aquilo que se vê e sente, acreditando nos sentidos que os seres humanos possuem.
A maneira mais simples de conhecimento é aquela que surge das informações que recebemos através dos sentidos, afinal as pessoas tendem a encarar as percepções como pura realidade, por exemplo: através da percepção, acreditavam que o sol se movimentava em torno da Terra, enquanto a mesma permanecia aparentemente imóvel e também que o mundo era quadrado porque o horizonte era plano. Sendo assim, pode-se afirmar que a realidade não esta limitada a aquilo que se pode verificar pelas sensações captadas pelo corpo e por esse motivo surge uma forma de conhecimento denominado científico, que tem como objetivo mostrar que as impressões do que parece ser real podem estar equivocadas (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 5-6).
Com o estudo do conhecimento científico surgem novas possibilidades e maneiras de criticar a realidade e com isso surge a Filosofia e a Ciência.
Foram criadas a Filosofia e a Ciência para que não se encarassem as percepções como pura realidade, aumentando a capacidade de questionamento, assim tornando o conhecimento mais rigoroso. A Filosofia se ramifica em diversas áreas e duas delas são: A Teoria do Conhecimento e a Epistemologia (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 6).
Para explicar essa teoria Mezzaroba e Monteiro afirmam que a mesma se preocupa com estudos relacionados ao aspecto cognitivo e os tipos de conhecimento existentes (2008, p. 6-7). Portando, a teoria do conhecimento está diretamente ligada à filosofia, por abranger estudos relacionados á mente, ao conhecimento já obtido pela sociedade, valores morais, estéticos e lingüísticos, associada à epistemologia, que estuda o caráter científico e analisa a origem, a estrutura e a lógica do conhecimento.


O objeto da teoria do conhecimento é, portanto, o próprio conhecimento. A Epistemologia é outra área da Filosofia muito próxima da primeira, mas que se ocupa do estudo da própria Ciência. As preocupações epistemológicas são as que se voltam para a análise dos pressupostos, dos interesses e das idéias subjacentes aos grandes projetos científicos (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 7).


O conhecimento é o objetivo dessa teoria, para abordá-la são colocadas em questão às áreas que estudam a mesma, como a filosofia e epistemologia, sendo possível não apenas conhecer, mas refletir como, o modo e o que se conhece.


1.1 O QUE É CONHECIMENTO


O conhecimento é algo dinâmico, ele está presente desde a concepção e vai sendo lapidado ao decorrer da vida. As pessoas adquirem conhecimento e assim se desenvolvem intelectualmente buscando cada vez mais novos conhecimentos, pois ele evolui constantemente. Na pré-história os homens das cavernas utilizavam os seus conhecimentos para produzirem ferramentas, que os auxiliavam como meio de sobrevivência, já no século XXI aproveitando esse desenvolvimento foram criadas novas invenções com objetivo de facilitar as ações cotidianas.


Essas invenções e descobertas só puderam ser produzidas pela civilização humana porque a capacidade de produzir conhecimento é inerente à nossa natureza. A humanidade possui hoje a faculdade plena de evocar qualquer forma de conhecimento. E o homem, buscando sempre algo mais que possa solucionar seus problemas, perseguindo as respostas para as adversidades que enfrentam, desencadeou crescente processo de atividade sobre a natureza, produzindo tecnologia - o resultado do conhecimento aplicado ? explorando tudo que encontra em seu meio, inclusive seu sistema de relações sociais, políticas e, até mesmo, a sua própria faculdade de conhecer (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 4).


O Conhecimento é um processo de constante aprendizagem, antes de se tornar algo sistematizado, ou seja, com embasamentos teóricos e práticos, ele sofre muitas influências, pois o mesmo depende do meio que estamos inseridos.
Como cita os autores Mezzaroba e Monteiro (2008, p. 4-5) o conhecimento não é uma meta a ser atingida e sim um processo que se constrói e reconstrói diariamente. Compara o mesmo com um grande rio que possui várias trajetórias, diversas paisagens, recebe afluentes, se transforma em riachos, cachoeiras, isso tudo antes de desaguar no oceano.
Os autores atribuem dois tipos de sujeitos de conhecimento, um é aquele que conhece e o outro é o objeto a ser conhecido, ambos são ligados pelo conhecimento.
"O conhecimento é o resultado de uma relação que se estabelece entre um sujeito que conhece, que podemos chamar de sujeito cognoscente, e um objeto a ser conhecido, o objeto cognoscível" (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008 p. 7).
O conhecimento tem diversos objetos para que se retirem as informações e novos conhecimentos que podem ser ou não científicos, devido a infinidade de coisas existentes no mundo e a maioria delas criadas pelos homens que buscam cada vez mais novas formas de saber.
O objeto do conhecimento pode ser qualquer elemento, por exemplo: o próprio homem, idéias, conceitos abstratos, fenômenos da Física, da natureza, políticos, legislativos entre outros (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p.7).
Assim como existe algo que se busca conhecer (objeto) também existe alguém que busca o conhecimento (sujeito), ou seja, o sujeito sempre busca o identificar e conhecer os conceitos do objeto. Esse sujeito pode ser qualquer um de nós, como afirmam Mezzaroba e Monteiro e ainda concluem que:


Todos nós somos sujeitos do conhecimento! Então, você traz consigo mesmo, como característica natural, o fato de ser um sujeito cognoscente, e tudo com que você se relaciona são os seus objetos cognoscíveis. Todos somos capazes de produzir conhecimento, porém não necessariamente sob sua roupagem científica [...] (2008, p. 8).


Conhecimento é uma ação natural do ser humano que durante sua evolução busca sempre novos meios de conhecer algo, uns possuem mais e outros menos, mas todos o possuem.


1.2 O PROCESSO DO CONHECIMENTO


A evolução humana ocorre por meio do surgimento de novos conhecimentos para suprir possíveis necessidades, tais conhecimentos podem ser passados de geração em geração, adquiridos pelo meio em que se vive ou através do âmbito escolar, onde o formulamos e reformulamos.
"O processo de evolução da humanidade está diretamente vinculado á qualidade do conhecimento adquirido. Mas, para isso, é necessário que o conhecimento "se elabore e reelabore no âmbito educativo" (DEMO, 1994 p. 15-16, apud, MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 8).
Para explicar essa afirmação de Demo, Mezzaroba e Monteiro (2008, p. 8), relatam que herdamos inconscientemente e conscientemente uma gama de conhecimentos que tendemos a desenvolver e reproduzir, o modificando de acordo com novas perspectivas e necessidades, provenientes de nosso dia-a-dia.
Conforme há necessidade o conhecimento vai sendo aprimorado, afinal ele é um processo dinâmico e não estático, sofrendo diversas mudanças.


1.3 DEFINIÇÕES DE CONHECIMENTO E VERDADE


Quando pesquisa-se algo, se busca respostas verdadeiras como meio de adquirir conhecimentos, porém nem tudo que se encontra poderá ser entendido e fixado como verdade.
Segundo Mezzaroba e Monteiro (2008, p.11) a Igreja católica acreditava que os índios não possuíam alma e que os escravos não eram humanos. Outra questão levantada e considerada incontestável era a que o Sol se movia em torno da Terra.
Pode-se perceber que nem tudo que se imagina ser verdade, de fato é algum estudioso questionou o porquê dessas afirmações e a partir daí foi em busca de conhecimentos para provar ou encontrar o que de fato seria real.
"O problema é que hoje sabemos que as verdades sobre os fatos, as idéias, a realidade, enfim, além de não serem absolutas, também podem ser transitórias, e até consensualmente aceitas" (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p.11).
Deve-se refletir e questionar o que nos passam como verdade, não cristalizando pensamentos, pois dessa forma poderá se tornar um indivíduo alienado.


1.4 DOGMÁTICA


Tudo que aceitamos como verdade, certeza e indiscutível é denominado um dogma. As pessoas tendem a ter atitudes dogmáticas no momento em que não questionam a verdade. Segundo Mezzaroba e Monteiro o pensamento ou a atitude dogmática são conhecimentos cristalizados, ditos como verdadeiros, dispensando qualquer reflexão (2008, p.12).
Atualmente quando indivíduos se deparam com fatos novos de conhecimento, os mesmos são tidos como algo desnecessário, não mudando suas idéias e aquilo que acredita ser real para ele.


Diante de um fato, extraordinário ou excepcional, a tendência de um comportamento dogmático será reduzir essa nova realidade (extraordinária ou excepcional) aos padrões do já sabido e conhecido. Dessa forma, apesar de descobrirmos que existe algo de diferente daquilo que havíamos suposto, essa nova descoberta não abala nossas crenças e idéias anteriores (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 13).


Uma pessoa com atitudes dogmáticas esconde as realidades que a cercam, ou seja, são omissas a elas. Como afirma os autores à pessoa que assume uma postura dogmática está condicionada a acreditar que o mundo existe tal como se percebe (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 13)
Existem soluções para quebrar e interferir essa atitude. A atitude é algo adquirida e cada uma possui a sua. Assim como afirma os autores a solução para essa atitude é ser contradogmático, adotando critérios críticos para que sejam capazes de estranhar, indagar, questionar a realidade (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 13).
Portando seja contradogmático, é através da crítica que adquirimos novos conhecimentos, esses geradores de atitudes que poderão modificar objetos.


1.5 PARADIGMAS


Se fossemos levar ao pé da letra o sentido da palavra paradigma, poderíamos dizer que seria o mesmo que padrão ou modelo, segundo a tradução do dicionário mais conhecido no Brasil.
Existem muitos fatores que interferem no processo de conhecimento, por mais que nos aprofundemos nas pesquisas, e isso é necessário, o máximo que conseguiremos é produzir conhecimento dentro de limites e de certo paradigma.
"Quando você produz conhecimento, o faz dentro dos limites de um determinado paradigma, ainda que disso não tenha consciência" (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p.16).
As crenças, valores sociais e técnicas herdadas por um determinado grupo de pessoas, em dado momento da história, atual ou não, podem ser de ordem social e/ou cultural, são paradigmas. Mezzaroba e Monteiro afirmam que os maiores paradigmas são aqueles de cunho social e cultura (2008, p. 16).
Paradigma social seria a forma de organização da sociedade, como tratar seus problemas, sua economia, política, ou seja, sua forma de desenvolvimento.


No paradigma social em sentido estrito temos um perfil de modo como a sociedade se organiza, como identifica seus problemas, o modo pelo qual se habitua a respondê-los, o modo de produção econômica, sua forma de organização política e jurídica, enfim, seu modo de desenvolvimento (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p.16).


Para que surja um novo paradigma torna-se necessário, mudanças das velhas crenças e formas de pensar. Segundo Mezzaroba e Monteiro (2008, p. 17) as limitações que encontramos no processo de busca do conhecimento verdadeiro, estão nas velhas crenças, que predefinem a forma do pensamento da sociedade. Dessa forma, mesmo que surja um novo paradigma, não se deve analisar essa mudança como sendo certa ou errada, apenas momentânea.


1.6 O MITO DA CAVERNA


O mito da caverna é uma alegoria de Platão (1986 apud MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p.19-21), que explica através da mesma a atitude dogmática de homens que habitavam uma caverna, estes ligados uns aos outros por cordas amarradas em suas pernas e pescoços, obrigados a permanecerem voltados para a parede do fundo da caverna e de costas para a entrada da luz solar.
Esses homens não conheciam o mundo exterior, onde outros homens carregavam estátuas de pedra e madeira de formas variadas, através da entrada de luz eram projetados sombras e sons ecoados desse mundo, sendo esses a dimensão da realidade para os aprisionados.
Supondo que um desses homens consiga se libertar e sair da caverna e ver esse mundo novo, ele primeiramente se sentira perdido e verá uma nova realidade com detalhes mais ricos do que as sombras e sons antes projetados na caverna. Assim, agora as sombras é que pareciam irreais para ele. Contemplando tanta beleza e ao mesmo tempo confuso, ele pensa em seus companheiros que ficaram na caverna e resolve voltar para libertá-los da ignorância e da prisão, porém, quando isso acontece é recebido como um louco e desprezado, seus companheiros não acreditam na realidade que existe fora da caverna e o que voltou para salvá-los, também não consegue mais viver na realidade das sombras.
Afirmam os autores, que tudo aquilo que não podemos ver claramente no plano da sensibilidade, se transforma em objeto de crença a partir do momento em que se tem condição de percebê-lo com nitidez, assim como no mito, onde o libertado passou a acreditar na nova realidade a partir do momento em que viu com os próprios olhos esse novo mundo (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2008, p. 21).


CONCLUSÃO


Pode-se concluir com a realização da presente pesquisa que o conhecimento esta presente nas vidas dos seres humanos desde o nascimento e os acompanham até o último dia da mesma, sofrendo alterações significativas para que cada vez mais sejam capazes de criar objetos e estudá-los.
Para isso devem-se criar novos paradigmas, buscando novos conhecimentos, novas formas de se pensar, não aceitando apenas um conceito como verdade absoluta, modificando até mesmo a forma com que se utilizam os conhecimentos adquiridos.
Enfim, a sociedade não deve adotar atitudes dogmáticas, sendo omissa, conformada e acomodada com as realidades, rompendo essas atitudes através das críticas, ou seja, questionamentos, reflexões, indagações entre outras, visando o crescimento do conhecimento pessoal e social. Dessa forma, o mundo terá um maior êxito, com indivíduos mais otimistas, dedicados, criativos e determinados, conquistando igualdade e exterminando o preconceito e descriminação.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Cláudia Servilha. Manual de Metodologia da Pesquisa no Direito. 4ª ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2008.