Hj vim falar de uma época especial na minha adolescencia : meu segundo grau, numa escola técnica estadual, localizada no Brás .

O prédio ,tem uma arquitetura bonita tipo Greco- romana sei lá, pé direito alto, vitrais , estátuas, um elevador antigo que nunca funcionou, escadas de mármore já gasto pelo tempo, seu António era o caseiro , o Luiz , nos ajudava em tudo dizia onde seriam as aulas organizava tudo, bedel eu acho , professores inesquecíveis, festas memoráveis, Semanas do KK deliciosas, às quintas feiras tinha o Adilson ,um ex aluno de enfermagem, que nos presenteava com suas visitas, e eu me apaixonei por ele no primeiro momento que o vi..., numa peça de teatro em recepção aos bichos ( nós alunos do primeiro ano), tema pra um proximo texto meu...paixão à primeira vista e amor platon ico(Ai...), tinha tb alunos figuras como o Néo (Nelson), que já fazia o 1º ano de desenho de comunicação pela enésima vez e não tinha intenção de mudar isso, fã declarado da Cannabis Sativa , tinhamos um pouco de medo dele no inicio, mas se mostrou um cara incrivel, carinhoso com todas nós, e sempre atencioso.


O Cacá tinha tb a eterna guerra entre as meninas que faziam Nutrição e Dietética , que nós do Técnico de enfermagem chamávamos , em Off ,de (PF) pilotos de fogão, enquanto elas nos chamavam , tb em Off ,de LM ( limpa merda) nos odiávamos mas convivíamos em paz...



Matávamos aulas chatas e nos escondíamos do Luiz, nas salas vazias de Desenho de comunicação , todas com janelas grandes que davam pra uma vista pra nós urbanóides belissima... a linha de trem de carga, que deixava a paisagem muito interessante pela ausência de casas e prédios e nos dava pores do sol maravilhosos, valia a pena matar aula pra vermos o espetaculo do sol e seus raios entre as nuvens. Nessa época nossa preocupação era só tirar notas boas , e ir bem nos estágios, conquistar a Prof. Emília , nossa professora de Fundamentos da enfermagem,uma japonesa linha dura que olhava pra algumas meninas e dizia "... a enfermagem não é pra vc minina... " aprender enfim a biologia com o Prof. Tetsuo , e a química que nunca aprendemos direito no 1º grau .

Na formatura, depois de longos, exaustivos e maravilhosos quatro anos, me escolheram pra ser a oradora da turma, disse não de jeito nenhum... eu falando em publico? só ia chorar ...rsrs mas eu era uma espécie de elo entre as turmas da minha sala que era um pouco dividida , prometi escrever o discurso e só...Foram irredutíveis e enfim aceitei... Pensei é só não olhar pra plateia nem pros professores, nem pra ninguém que vou conseguir falar, fiz o discurso , enfim, era nossa despedida.


No dia D, todos preparadíssimos, até eu , por incrível que pareça,rsrs
Mas na hora de todas as turmas entrarem, começou a tocar nada mais nada menos que CArruagem de Fogo... Jesus !!! Fui pega de surpresa, aquele som alto penetrando nos nossos corações e o mestre de cerimonias chamando nossos nomes... as lágrimas já caindo, e eu travada, muda, bege, quando apareceu do nada a professora Gloria de obstetrícia com seu sotaque gaúcho me agarrou pelos ombros e disse : "Vai lá filha seus colegas depositaram em vc uma confiança muito grande... Vai la filha..Vai... " Carruagem de fogo rolando, o mestre me chamando: Ivani Batista , e eu morta de vergonha , ajeitei a beca e de pastaa na mão entrei, pra um dos momentos mais emocionantes da minha vida até aquele momento...
Foi lindo! Ao agradecer os pais , chorei muito e muita gente chorou comigo na plateia e no palco... li meu discurso e fui apaludida de pé... mas eu não ouvia , não sentia e nem via nada , me contaram depois.
Minha historia com o Cacá findou ali... mas como qualquer ex aluno de lá... tenho um pedacinho deste colégio no coração...


bjs