Tempo de reforma

Antes que 2012 completasse seu ciclo de passagem, resolvi que era tempo de reformar meu apartamento. Fora toda a dor de cabeça que um ser humano comum enfrenta com pedreiros, material de construção, entulhos e desordem, tudo transcorreu como deveria. O barulho ensurdecedor me fez querer mudar para a Ilha de Caras.

Mas como eu não sou nenhuma celebridade ou ex- BBB, não havia outra escolha a não ser continuar ali, firme, buscando acreditar que dias melhores estariam por vir.

Moro num apartamento pequeno, mas aconchegante. Busco fazer com que meu espaço tenha a minha cara. Percebo em mim um processo de transformação importante e necessário. Acabo de aderir à turma de balzaquianos, me vejo mais maduro e consciente, entendo que o tempo de experimentações acabou. Agora é para valer. Gravando.

A necessidade de reforma no apartamento foi assim, inconsciente. Assim como eu mudei, precisava também mudar meu espaço. Passei os últimos dois anos visitando os sótãos e porões da alma. Lavando, limpando, tirando as teias de aranha. O rancor e a mágoa fazem a gente carregar muito peso desnecessário. Sentimentos ruins impedem que a vida flua leve, como deve ser.

O corpo envelhece, com a inexorável passagem do tempo. É inevitável. O envelhecimento da alma, contudo, é opcional. Até acho que a minha alma é um pouco enrugada, mas é uma ruga boa, que traz consigo sabedoria. Não devemos negar as marcas que a vida faz em nós. É história, é aquilo que vivemos. Minha alma de agora, de um jovem, começa a dar lugar a um espírito mais experiente, mais vivido.

Essa fase de transição está se completando. A mudança interior aconteceu. Reformei por dentro. O jovem que eu fui nunca vai deixar de existir. Começo a entender que a paz não é a ausência de conflitos. Amadurecimento.  Jogar o que não vale a pena fora e ficar só com o que é essencial.

O ano só está começando e traz com ele novas oportunidades de escolhas. Estou feliz com as minhas. Não deixe de fazer as suas. Ninguém pode fazer isso por você.