A nossa vida é uma fonte inesgotável de lembranças, algumas são boas e outras nem tanto. Guardamos todos os momentos, sejam eles tristes ou alegres, mas, sempre temos a esperança de que dias melhores virão. Desde a nossa infância criamos heróis e ídolos, a começar pela escola.

A escola é o lugar ideal para aguçarmos a nossa imaginação, sempre depositamos na figura do professor uma enorme expectativa e responsabilidade, criando uma figura imaginaria do professor como um ideal de vida e conduta. Lembro muito bem como se fosse ontem, o dia em que dei vida a minha imaginação. Projetei o homem de hoje através de um espelho (do exemplo que recebi), espelhei um ideal de vida na figura de um professor que tive quando jovem. Aquele sujeito é que era exemplo de dedicação, paciência e profissionalismo. Sempre empenhado em dar o melhor de si, sempre preocupado e comprometido com a docência crítica, com muita paciência. Planejando aulas, pesquisando na biblioteca da escola e fazendo cursos e mais cursos para aperfeiçoar a sua dinâmica, didática de aula e conhecimento.

Marcou de forma positiva todo o desenvolvimento educacional de toda a turma, até por que, no contexto social em que estávamos inseridos já sabíamos o que queríamos para nossas vidas. Éramos todos muitos humildes e vivíamos entre o trabalho na roça e o estudo na cidade. Tínhamos a consciência de que só mudaríamos de vida através da educação, do conhecimento crítico da realidade e, o professor Pedro da Silva passava este conhecimento para nós, com muita segurança e vivencia de vida, entendia a nossa situação sócio-econômica.

Na sua visão de mundo não podia existir educação sem razão, sem crítica e sem criatividade, temos que sonhar e almejarmos algum lugar, a educação tinha que ter um fim em si mesmo. Tinha que denotar uma mudança. Ele passava isto para nós, dizendo que a sociedade é muito avaliativa e tínhamos sempre que darmos o melhor de nós. É claro nunca nos preocupando com conceitos alheios aos que almejamos alcançarmos.

Ele nos ensinava que tínhamos que ser sensíveis a realidade, para aguçarmos nossa criatividade, como forma de construirmos um mundo melhor e mais justo, é claro sem deixarmos de ser nós mesmos em nosso dia-a-dia.

O professor Pedro nos ensinou que “educação é vida” e a escola deve ser um laboratório e não um auditório. A principal finalidade da educação deve ser de desenvolver as capacidades das pessoas em situação de aprendizagem como elemento de auto-realização e, não “transmitir” somente conhecimentos. Dizendo-nos que seria impossível saber tudo, mas, garantindo que criaria condições necessárias á aprendizagem de cada um de nós. Através de nossa ação condicionada ao estimulo do exterior seriamos capazes de alcançar o conhecimento.

Ele se considerava um colaborador, pois acreditava que o conhecimento só poderia ser alcançado por nós mesmo.

Aquilo é que era exemplo de cidadão e professor a ser seguido, pois sempre procurou criar um ambiente de respeito e aceitação mútua, onde nós alunos podíamos compartilhar, desenvolver e aprender tanto uns com os outros e com o professor, como também independentemente.

Bons tempos, tudo está a nossa volta, mas, contornados pelo devir. Podemos ter a certeza de que todas as formas e suas praticidades foram passadas a nós, somos livres para pensarmos e agirmos dentro da óptica da racionalidade social e moral, que a sociedade nos exige. Hoje posso dizer com satisfação que os sonhos e as admirações não foram em vão.