FACULDADES EVANGÉLICAS INTEGRADAS CANTARES DE SALOMÃO
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
LOHANNE GISELE CAMPOS ALVARENGA1
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS DOS PROFESSORES DE TERCEIRO ANO, DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROF. ORZINA DE AMORIM SOARES, EM CUIABÁ-MT.
Cuiabá
2015
1 Graduanda em Licenciatura Plena em Pedagogia pelas Faculdades evangélicas Cantares de Salomão – FEICS. E-mail: [email protected].
LOHANNE GISELE CAMPOS ALVARENGA
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS DOS PROFESSORES DE TERCEIRO ANO, DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROF. ORZINA DE AMORIM SOARES, EM CUIABÁ-MT.
Artigo apresentado à coordenação do Curso de Pedagogia da FEICS – Faculdades Evangélicas Integradas Cantares de Salomão, como requisito básico para obtenção do Grau de Licenciatura Plena em Pedagogia.
Orientadora: Esp. Giselda Beserra de Souza
Cuiabá
2015
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS DOS PROFESSORES DE TERCEIRO ANO, DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROF. ORZINA DE AMORIM SOARES, EM CUIABÁ-MT.
RESUMO
O presente artigo versa sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação no âmbito educacional. O objetivo geral da pesquisa foi analisar como os profissionais da Escola Municipal de Educação Básica Prof. Orzina de Amorim Soares percebem a importância das novas tecnologias. A metodologia utilizada foi a Bibliográfica, de abordagem qualitativa e quanto aos objetivos caracterizou-se como descritiva. Realizou-se uma pesquisa de campo, por meio de entrevista aplicada as três Professores de Terceiro Ano, do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Educação Básica Prof. Orzina de Amorim Soares, em Cuiabá-MT, com o intuito de analisar como estas professoras, percebem a importância das tecnologias da informação e comunicação na educação à medida que trazem em si uma revolução nos paradigmas educacionais atuais. Conclui-se que apesar das novas tecnologias serem instrumentos de trabalhos e informações essenciais para os professores e alunos, na Escola Municipal de Educação Básica Prof. Orzina de Amorim Soares, em Cuiabá-MT, elas não estão disponíveis para toda comunidade escolar, mas apenas para projetos da rede municipal, como o projeto Mais Educação.
Palavras-chave: Tecnologias da Informação. Educação. Professores. Escola. Ensino Fundamental
INTRODUÇÃO
A discussão sobre as novas tecnologias torna-se imprescindível, nos dias atuais, visto que os recursos tecnológicos digitais, são a tendência do contexto mundial e as instituições escolares são envolvidas. “As tecnologias mais recentes podem fazer parte do trabalho pedagógico escolar, desde que utilizadas como ferramentas a serviço de objetivos educacionais que estejam claros para a comunidade”.2
A relevância do presente trabalho está no fato de que hoje, é comum as crianças apropriarem-se dos recursos tecnológicos cada vez mais cedo. Os alunos da sociedade contemporânea estão chegando à escola trazendo consigo um vasto e
2 CORTELLA, Mario Sergio. Educação, Escola e Docência: Novos Tempos, Novas Atitudes. São Paulo: Cortez, 2014. p. 53.
rico leque de informações, exigindo dos professores formas diferenciadas de conduzir o ensino.
Vive-se atualmente cercado pelas novas tecnologias, e a escola, como instituição responsável pela formação integral do aluno, não pode ficar alheia, uma vez que a sociedade é quem constrói seus costumes a partir das vivências, não sendo possível fazer separação entre o social e o cognitivo. Segundo Pierre Lévy, o desenvolvimento dos indivíduos está extremamente conectado às condições externas das quais estão expostos, e que: “A inteligência ou a cognição são o resultado de redes complexas onde interage um grande número de atores humanos, biológicos e técnicos. ” 3
Pocho; Aguiar e Sampaio asseveram que a tecnologia deve ser vista como uma aliada na prática pedagógica, pois seu uso proporcionará viver-se em um espaço de interação e comunicação, e possibilitará aos professores valorizarem as vivências dos alunos através das mídias digitais, pois assim como a tecnologia para o uso do homem expande suas capacidades, a presença dela na sala de aula amplia seus horizontes e seu alcance em direção à realidade. E ainda, afirmam os autores, para que os alunos interajam pedagogicamente com ela, de modo crítico e criativo, o que irá contribuir para a formação de cidadãos mais atuantes na sociedade tecnológica em que vivemos, torna-se necessário que os professores conheçam e saibam utilizar educacionalmente as tecnologias disponíveis. 4
As novas tecnologias da informação e comunicação atraem e despertam o interesse das crianças, jovens, adultos e idosos, pois parecem mágicas, uma vez que se pode utilizar para estudar, como diversão, relações sociais, realizar pesquisas seja ela qual for, desde uma receita culinária, textos científicos a pontos turísticos de uma cidade ou país, tudo isso sem que a pessoa precise deslocar-se para tal realização. Ou seja, desperta a curiosidade das pessoas, que para o processo de ensino/aprendizagem é de extrema relevância.
O pensador Paulo Freire afirma que o processo de aprender está permeado ao despertar da curiosidade no aprendiz, portanto, o desafio do medidor é de fazer com que a curiosidade seja crescente, pois desta forma, os educandos tornam-se
3 LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Editora 34 ,1993. p. 83.
4 POCHO, Cláudia Lopes; AGUIAR, Márcia de Medeiros; SAMPAIO, Marisa Narcizo. Tecnologia Educacional: Descubra suas Possibilidades na Sala de Aula. Coordenação de Lígia Silva Leite. 3. ed. revista e atualizada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. p. 07.
mais e mais criadores e poderão desta forma ir além. “O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente5 curiosos. ” 6
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar como os profissionais da Escola Municipal de Educação Básica Prof° Orzina de Amorim Soares percebem a importância das tecnologias da informação e comunicação na educação à medida que trazem em si uma revolução nos paradigmas educacionais atuais. Tal escolha justifica-se, porque são os professores responsáveis por mediarem e conduzirem o processo de ensino/aprendizagem, verificação importante, que capacita perceber como os profissionais da educação estão enfrentando em sua prática diária a inserção da tecnologia.
Primeiramente, foi realizado um breve histórico da evolução do conceito de tecnologia; Logo após procura-se relatar como ocorreu a introdução da tecnologia na educação – origem e novas tecnologias de ensino; A seguir são analisados os dados coletados na entrevista aplicada a três professoras do 3° ano do Ensino Fundamental da Escola Professora Orzina de Amorim Soares em Cuiabá/MT.
1. BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE TECNOLOGIA
As novas tecnologias da informação e comunicação sem sombras de dúvidas estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas “ [...] a forma técnica da cultura contemporânea é produto de uma sinergia entre o tecnológico e o social. ” 7
Nos dias atuais, é comum cada vez mais cedo, as crianças irem apropriando-se dos recursos tecnológicos devido a sua acessibilidade.
Uma nova forma de comunicação entre as pessoas vem sendo estabelecida e a cada dia que passa vai firmando-se na sociedade, como o acesso às informações sendo modificados com uma velocidade incrível.
As novas tecnologias não só estão presentes em todas as atividades práticas contemporâneas (da medicina à economia), como também tornan-
5 Epistemologia é a teoria do conhecimento, a ciência que investiga a crença e o conhecimento, procurando a natureza do saber científico e suas limitações.
6 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013. p. 83.
7 LEMOS, André. Cibercultura: Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2010. p. 15.
se vetores de experiências estéticas, tanto no sentido de arte, do belo, com no sentido de comunhão, de emoções compartilhadas.8
A tecnologia acompanha a história da humanidade, é indissociável e para cada época representa o momento que a sociedade está vivenciando, como delineia Lemos: “Podemos dizer que existe uma relação simbiótica entre o homem, a natureza e a sociedade. A cada época da história da humanidade corresponde uma cultura técnica particular. ” Sendo assim, para que haja a compreensão nos dias de hoje a respeito do que é tecnologia bem como o conceito, é preciso considerar sempre o processo histórico que a acompanha.
Lemos esclarece que a tecnologia sempre se fez presente na história da humanidade a começar com o surgimento das primeiras sociedades até as complicadas cidades pós-industriais. “ [...] o homem inventou o fogo, cultivou a terra, domesticou animais, construiu cidades, dominou a energia, implementou indústrias, conquistou o espaço cósmico, viajou aos confins da matéria e do espaço-tempo. ”9
Ainda segundo este autor, “Durante esse trajeto, a tecnologia ganhou significações e representações diversas, em um movimento de vaivém com a vida social, ou seja, a tecnologia não está somente ligada à internet, computadores, celulares, entre outros recursos tecnológicos, como se pensa nos dias atuais, é muito mais abrangente e antiga do que se pode imaginar, o autor também faz uma colocação importante que convém aqui ressaltar ‘’[...] é a tecnociência que deve negociar e aceitar os ditames da sociedade. ” 10
Aprende-se com Lemos que a tecnologia existente teve sua origem junto ao surgimento do homem e está em constante evolução. Foi através da agregação entre técnica e ciência que foi possível evidenciar o que se nomeia hoje de tecnologia. A partir do século XVII, a atividade técnica vai estar ligada ao conhecimento científico. No entanto, o autor adverte que ao se deparar com as palavras técnica e tecnologia não se pode confundi-las, pois parecem ter o mesmo sentido e significado, no entanto, existe uma considerável diferença entre elas e vale a pena aqui pontuar que não é fácil fazer tal distinção, pois é preciso compreender a origem e o que cada uma representa, somente assim, a possibilidade de confusão será mínima.
8 LEMOS, André. Cibercultura: Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2010. p. 17.
9 Idem. p. 25.
10 Ibidem. p. 25.
A origem da palavra técnica é grega tekhè, e sua tradução é arte. A tekhè é abrangente e cerca as atividades práticas na vida do ser humano, permeando assim, “desde a elaboração de leis e a habilidade para contar e medir, passando pela arte do artesão, do médico ou da confecção do pão, até as artes plásticas ou belas artes, estas últimas consideradas a mais alta expressão da tecnicidade humana. ” 11
Na busca por uma melhor compreensão do conceito de técnica recorre-se a Lemos que diz o seguinte: “[...] O conceito de tekhè é assim, fruto de uma primeira filosofia da técnica que visa distinguir o fazer humano do fazer da natureza, este último autopoiético, guardando em si os mecanismos de sua auto- reprodução”.
Sobre tecnologia, Lemos revela que o que se chama hoje de tecnologia, é resultado da transformação dos produtos naturais primários em uma segunda natureza, da naturalização dos objetos técnicos e da sua fusão com a ciência. Segundo ele, não se sabe mais onde começam e onde terminam a ciência e a técnica, resultado evidente da modernidade.
Sobre a evolução das novas tecnologias, Lemos afirma: “ [...] a aventura das ‘novas tecnologias de comunicação’ (NTC) teve seu boom, no século XIX. Aqui, por meio de artefatos eletrônicos (telégrafo, rádio, telefone, cinema), o homem amplia o desejo de agir à distância da ubiquidade “12, ou seja, as novas tecnologias de comunicação iniciaram-se no XIX, e como revelado acima o homem despertou-se então para poder estar presente em vários lugares, utilizando tais recursos exemplificados. A tecnologia vai evoluindo e consequentemente é renomeada ao passar dos tempos, e no contexto atual são definidas como tecnologias da informação e comunicação (TICs), advindas a partir de 1975, “ com a fusão das telecomunicações analógicas com a informática, possibilitando a veiculação, sob um mesmo suporte – o computador, de diversas formatações de mensagens”.13
A exemplo dessas novas tecnologias mais usadas ultimamente no século XXI estão: os computadores portáteis pessoais, e para comparar a evolução que os computadores tiveram, Lévy pontua que “o primeiro computador, o Eniac dos anos 40, pesava várias toneladas, ocupava um andar inteiro em um grande prédio, e para programá-lo era preciso conectar diretamente os circuitos, por intermédio de cabos,
11 LEMOS, André. Cibercultura: Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2010. p. 26.
12 Idem. p. 68.
13 Ibidem, p. 68.
em um painel inspirado nos padrões telefônicos. Bem diferente dos que temos acesso nos dias de hoje. ”14
Outros exemplos de recursos tecnológicos são os pendrives, cartões de memória e HD externo que possuem a capacidade de armazenamento de dados, e cujas características principais são: ser na sua maioria, pequenos. Destaca-se, também o acesso à internet por meio wi-fi, que possibilita um grande número de pessoas conectarem-se de uma única vez, bastando apenas saber a senha e ter em mãos aparelhos como tabletes, celulares smartfone touchscreen cujo atributo principal desses aparelhos está em seus teclados digitais, rapidez e praticidade de conectar-se a internet.
2. INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO-ORIGEM E NOVAS TECNOLOGIAS DE ENSINO
A educação é um dos principais pilares que compõe a sociedade, pois é através dela que o indivíduo por meio do ensino sistematizado, pode efetivar sua cidadania ao aprender a posicionar-se, atuar e contribuir de forma plena na sociedade, e atualmente uma educação de qualidade está relacionada ao acesso à tecnologia.
2.1 INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
De acordo com as pesquisas foi nos anos 60 com a industrialização no Brasil, que as tecnologias foram introduzidas nas escolas. Mas, qual seria os objetivos e proposta para que as escolas aderissem às tecnologias? Pocho; Aguiar e Sampaio advertem que antes de responder-se a essa questão, é preciso diferenciar tecnologias independentes das dependentes, pois no que se refere ao ensino/aprendizagem qualquer que seja o recurso que venha para contribuir de maneira significativa, tornando o processo educacional mais atrativo, tanto para os professores como alunos, é considerado uma tecnologia.
De acordo com estes autores, os estudos realizados na Universidade de Harvard do Setor de Pós-Graduação feito por Thiagarajan e Pasigna (1988) a
14 LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Editora 34 ,1993. p. 62
respeito de Tecnologia Educacional, elas são classificadas em: Tecnologias independentes que “são as que não dependem de recursos elétricos ou eletrônicos para a sua produção e/ou utilizadas, e as dependentes são as que dependem de um ou vários recursos elétricos ou eletrônicos para serem produzidas e/ou utilizadas. ” 15
A relevância de tal definição se dá pelo fato de que estar-se com o objetivo de compreender como as tecnologias independentes invadiram o sistema educacional.
Voltando a questão que foi levantada acima, sobre os objetivos bem como as propostas da tecnologia na educação, evidenciou-se a seguinte resposta:
A proposta de levar para as salas de aula qualquer novo equipamento tecnológico que a sociedade industrial vinha produzindo, de modo cada vez mais acelerado, foi no Brasil, uma das pontas de um contexto político-econômico cujos objetivos eram inserir o país no mercado econômico mundial como produtor e consumidor de bens, em uma perspectiva um desenvolvimento associado ao capital estrangeiro.16
A intenção fica explicita que não era de usar os equipamentos tecnológicos para contribuir no processo educacional, através da escolha dos professores, mas fazer do país apenas um consumidor de tais recursos, sem ao menos ter claro os objetivos de o porquê estar comprando e em que poderia influenciar. Contudo, Pocho et al., ensina que a partir dos anos 80, o pensamento educacional tornou-se mais crítico e a Tecnologia Educacional passou a ser compreendida como uma opção de se fazer educação contextualizada com as questões sociais e suas contradições, propondo o desenvolvimento integral do homem e sua inserção crítica no mundo em que vive, salientando, no entanto, que a utilização tecnologia apenas não basta, sendo necessário inovar em termos de prática pedagógica.
Segundo esses autores, somente nos anos 80 essa realidade começou a mudar, os objetivos e propostas para adotar a tecnologia na educação começaram a ser pensados e elaborados, colocando em foco a contribuição no desenvolvimento dos cidadãos, que deveria ser de forma significativa. Sua utilização não poderia ser em vão, como foi no princípio, pois não é o bastante inserir as tecnologias na prática pedagógica, para tornar o ensino melhor e de qualidade, mas a criatividade,
15 POCHO, Cláudia Lopes; AGUIAR, Márcia de Medeiros; SAMPAIO, Marisa Narcizo. Tecnologia Educacional: Descubra suas Possibilidades na Sala de Aula. Coordenação de Lígia Silva Leite. 3. ed. revista e atualizada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. p. 10.
16 Idem, p. 13.
empenho e comprometimento de todos envolvidos, é que faz total diferença. O ensino atual vem sendo reestruturado e a principal proposta é que seja significativo modelo de ensino-aprendizagem baseado na teoria de David Ausubel,17 e outros autores que orientam para esta prática.
Nesse sentido, Pocho et al., afirmam que no contexto atual do mundo globalizado, a inserção das tecnologias da comunicação e informação na educação é um fator imprescindível, visto que a rede mundial de computadores coloca as pessoas no foco das notícias e informações em tempo real e a escola não pode ficar alheia a este fato. ‘’
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que orientam e tem validade para todo o Brasil, na elaboração do currículo das escolas, orientam para a inserção da tecnologia. O primeiro livro com o título, Introdução aos PCNs indica que um dos objetivos do ensino fundamental é que os alunos sejam capazes de “saber utilizar diferente fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos”,18 cabendo assim, à escola, a função social de conduzir os indivíduos para adquirirem habilidades e competências para o uso da tecnologia, e o aluno deve apropriar-se de como utilizá-la da melhor maneira.
A respeito das tecnologias na educação, pode-se evidenciar que sempre se fizeram presentes considerando-se que o giz, quadro-negro, livro didático e atividades mimeografadas são considerados ferramentas tecnológicas. Porém, com a evolução e versões cada vez mais sofisticadas das ferramentas tecnológicas, exige-se da escola, através de seus gestores, professores e alunos, que estejam atualizados com esta gama de tecnologia, presente no cotidiano do cidadão.
Lévy confirma o que foi discutido acima sobre as mídias digitais nas escolas, afirmando que a informática e os meios de telecomunicações estão criando novas maneiras de o homem pensar, trabalhar, conviver e até mesmo no que diz respeito ao seu desenvolvimento intelectual, “Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. ”19 17 O pesquisador norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) dizia que, quanto mais sabemos, mais aprendemos. Para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias, já existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos.
18 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. p. 69.
19 LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento Na Era Da Informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Editora 34 ,1993. p. 04.
Na ótica de Pocho et al., as escolas e professores do mundo atual devem possibilitar aos alunos um ensino no qual tenham a oportunidade de vivenciar o uso das novas tecnologias, para que possam assim alinhar-se em um mundo rápido, exigente, que muda a todo instante, pois hoje é possível transmitir qualquer tipo de informação (escrita, falada, por imagens, digital) para qualquer lugar do mundo em fração de segundos. As novas tecnologias da informação e comunicação na educação (Tics) não podem ser vistas como as salvadoras da pátria, mas, uma vez utilizadas de forma planejada e cautelosa, poderão possibilitar mais opções e fazer com que o ensino seja mais eficaz e produtivo.20
Sendo assim, para o professor poder se posicionar na sua prática da melhor forma possível, e contribuir com excelência na educação de seus alunos, dependerá unicamente e exclusivamente do seu querer e disposição. O professor sempre será a chave importante, pois ele é quem media o ensino, e espera-se que seja investigador, pesquisador, eterno aprendiz, para assim, obter êxito no processo educacional junto aos alunos. Se o sistema educacional, seja público ou particular, tiverem professores preparados para uma educação inovadora como exige o mundo globalizado, o ensino consequentemente será de qualidade e assim, todos os envolvidos terão a oportunidade de progredirem.
3 METODOLOGIA
Maria Helena Michel descreve a Ciência como sendo o conhecimento que pressupõe reflexões, experiências sistematizadas que são adquiridas por meio da observação, identificação, pesquisas e explicações. Ela afirma que: “Ciência não é poesia nem especulação. [...] a ciência objetiva ‘preservar os fenômenos’ e ‘tornar inteligível o mundo”. 21
Através do método bibliográfico buscou-se “arregimentar informações, entender mais detalhadamente o assunto” sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação, pois, segundo Michel, a revisão de literatura tem como objetivo: “[...] verificar o estágio teórico em que o assunto se encontra no momento
20 POCHO, Cláudia Lopes; AGUIAR, Márcia de Medeiros; SAMPAIO, Marisa Narcizo. Tecnologia Educacional: Descubra suas Possibilidades na Sala de Aula. Coordenação de Lígia Silva Leite. 3. ed. revista e atualizada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. p. 07.
21 MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 2009. p. 05.
atual, com o propósito de levantar suas novas abordagens, visões, aplicações, atualizações”.22
Por meio de uma pesquisa de campo procurou-se conhecer as perspectivas dos professores de terceiro ano, do ensino fundamental, da escola municipal de educação básica Prof. Orzina de Amorim Soares, em Cuiabá – MT, sobre as tecnologias da informação e comunicação na educação
O tipo de abordagem desenvolvida no presente trabalho foi a Pesquisa qualitativa, que segundo as autoras Lakatos e Marconi “preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Este tipo de abordagem fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc.” 23
Em relação à Técnica e Instrumentos Utilizados foram aplicadas perguntas semiabertas, instrumento de coleta de dados constituído por seis perguntas, respondidas oralmente. O tipo de entrevista realizada foi a padronizada, que também, na ótica de Lakatos; Marconi “quando o pesquisador segue um roteiro previamente estabelecido, as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas”, sendo assim, as perguntas respondidas pelos professores foram iguais, ou seja, mesmas questões semiestruturadas para todos.
Quanto a População Participante, compreendeu uma amostra de 3 (três) professoras do 3º ano, do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Educação Básica Prof. Orzina de Amorim Soares, em Cuiabá-MT.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA PESQUISADA, AVALIAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Esta seção refere-se ao Perfil do local da pesquisa, Contextualização dos resultados e Análise de resultados.
3.1.1 Localização e Perfil do bairro e da Escola
22 MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 2009. p. 41.
23 LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. São Pulo: Atlas, 2011. p. 269.
A Escola Municipal de Educação Básica Professora de Amorim Sores, está localizada na Avenida Coronel José Estevão Torquato, sem número, no bairro Jardim Vitória, na Cidade de Cuiabá/MT, Regional Norte. O bairro possui as características seguintes: Quanto à escolaridade predomina o grupo de 4 a 7 anos de estudo, sendo que 15,34% não possuem instrução, 15,34% possuem de 1 a 3 anos de estudo, 39,77% possuem de 4 a 7 anos, 15,01% de 8 a 10 anos, 10,80% de 11 a 14 anos e 2,84% 15 anos ou mais, conforme dados da Prefeitura Municipal de Cuiabá, ao traçar o Perfil Socioeconômico dos Bairros da Capital, em 2007.
Figura 1- Escola Municipal de Educação Básica EMEB Professora de Amorim Sores.
Fonte: Arquivo pessoal de Lohanne Gisele Campos Alvarenga
O bairro é de renda médio-baixa, sendo que a média da renda dos responsáveis pelos domicílios é de 3,83 salários mínimos. Conforme a classe de rendimento mensal do responsável pelo domicílio, o bairro apresenta predominância de pessoas com rendimentos na faixa de até 2 salários mínimos (S.M)24. A escola funciona em regime anual, no período matutino e vespertino, mantendo a Modalidade de Educação Infantil - Pré Escola e a Séries Inicias do Ensino Fundamental em regime de 1° ciclo - 1° ao 3° ano. A idade dos estudantes que frequentam a instituição é de 04 a 09 anos de idade. O Projeto Político Pedagógico (PPP) está sendo atualizado, segundo a Diretora, e trata-se de um documento que de forma globalizada sistematiza todo o trabalho escolar e [...] tem a ver com a
24 Dados da Prefeitura Municipal de Cuiabá. Perfil Socioeconômico dos Bairros da Capital, em 2007. Disponível em: http://www.cuiaba.mt.gov.b/upload/arquivo/per fil_dos_bairros.pdf. Acesso em: 18 Set. 2015.
organização do trabalho pedagógico em dois níveis: organização da escola como um todo e como da sala de aula ‘’ [...].25 Recentemente a escola passou por reforma em sua estrutura física, que consta de um pátio grande e 13 salas de aulas que abrigam cinco turmas da Educação Infantil e seis para as Séries Iniciais. As cinco turmas da educação Infantil ficam num anexo, que agrega ainda a quadra poliesportiva coberta. Dispõe também, de sala dos professores, secretária, sala de diretor e coordenador, cozinha, refeitório, 2 banheiros femininos e 2 masculinos, sendo dois para cada espaço para os alunos e 2 para os professores e demais funcionários da escola.
Quanto aos recursos humanos, conta com 27 professores e 462 alunos, distribuídos em 25 turmas, além dos funcionários de diversos seguimentos.
A Escola Municipal de Educação Básica EMEB Professora de Amorim Sores, tem como Missão, proporcionar aos educandos o necessário desenvolvimento de suas potencialidades como elementos de auto realização e preparo do exercício sócio cidadão.
3.2 ANÁLISE DOS DADOS
Dados do questionário aplicado às três professoras de Terceiro Ano, do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Educação Básica EMEB Professora de Amorim Sores, portanto, uma amostra, com o mesmo teor e quantidades de perguntas, num total de seis.
3.2.1. Dados do questionário aplicado às professoras, identificadas como A, B e C
Perguntado para as professoras, se as novas tecnologias disponíveis, influenciam e traz de alguma forma uma revolução na educação, a professora A disse que sim, porque atrai as crianças e proporcionam novos conhecimentos, mas adverte que ao utilizarem as novas tecnologias, as crianças sejam assistidas e acompanhadas por um adulto, pois da mesma forma que auxiliam, os veículos de comunicação oferecem riscos. A professora B respondeu que sim, mas pondera:
25 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político-Pedagógico da Escola: Uma Construção Possível. Vários autores, Ilma Passos Alencastro (org.). – 29° ed. – Campinas. SP: Papirus, 2013. p. 14.
“não digo uma revolução, mas influência bastante. Hoje, a tecnologia está presente em todos os lugares, nos shoppings, em bares, em restaurantes, etc, no sistema de Wi-Fi. A professora cita os celulares, WhatsApp, que dão acesso às crianças de uma maneira mais simples ou mais arrojada, aos conhecimentos, e completa: ”Sem nenhuma dúvida, a tecnologia é da geração deles, não é da minha”. A professora C disse que as novas tecnologias, trazem benefícios principalmente quando se fala em informações a serem passadas para os alunos e nos trabalhos extraclasses, solicitados pelo professor, porque algo que dificilmente tem no papel, com a tecnologia é bem acessível para pesquisar, não só na escola como fora, porque o professor desenvolve sua aula e solicita atividades que requerem pesquisas, entrevistas, então, são vários benefícios.
Percebe-se, que todas concordam sobre a influência das novas tecnologias na educação. As professoras A e C assinalam que o aluno com acesso às tecnologias e informações aumenta a oportunidade de aprendizagem. A professora C destaca que os conhecimentos são mais ampliados quando utilizada a tecnologia, em detrimento de algo que tem no papel, pois segundo ela, a tecnologia é bem mais favorável para ensinar. Realidade confirmada na fala da professora B quando afirma que as novas tecnologias não são do tempo dela, e que as crianças hoje têm acesso de alguma maneira as tecnologias sofisticadas ou simples, presentes em vários lugares onde a trama social se desenvolve e consolida-se.
Questionadas se na prática pedagógica, os novos recursos tecnológicos contribuem/auxiliam no processo de ensino/aprendizagem, a professora A falou que sim, pois a tecnologia traz movimentos aos objetos de estudo, facilitando o aprendizado dos alunos ao absorverem mais conhecimentos. A Professora B também concordou, acrescentando que o professor não é o detentor do conhecimento e pode inovar seu planejamento, procurar outras ideias, comparar o que você faz com os trabalhos de outros colegas, inclusive de outros Estados. As redes sociais estão aí para isso. A Professora C disse que sempre dispõe de tecnologia na escola, e cita como exemplo o retroprojetor, e data show, para preparar suas aulas. Cita o projeto Mais Educação que tem informática, com uma sala específica, cujas aulas já são previstas no planejamento, auxiliando muito no processo ensino/aprendizagem.
Na análise da pergunta número dois, nota-se que todas concordaram que tais recursos tecnológicos têm potenciais que contribuem no processo de
ensino/aprendizagem. A professora A, reconhece que as tecnologias trazem movimentos aos objetos de estudo e que desta forma poderá “facilitar” o aprendizado e os alunos poderão absorver mais conhecimentos. A professora B, disse que um dos aspectos importantes na utilização das novas tecnologias na educação se dá pela facilidade para realizar pesquisas, está atenta ao que outros profissionais estão desenvolvendo, e ampliando a maneira como ela desenvolve o seu planejamento. A professora C, elencou alguns instrumentos, dos quais em sua prática pedagógica a escola disponibiliza para ela, e afirma que auxiliam sim, inclusive para fazer registro das atividades que desenvolve junto aos alunos.
Quanto à pergunta de número três, com a acessibilidade às tecnologias, os alunos atualmente chegam à escola, trazendo vivências, que oportunizam um leque de informações e se as professoras consideram, e valorizam essas vivencias a resposta da professora A foi: sim, com certeza, porque essas vivências norteiam o planejamento dos professores, ampliando as informações sobre o conhecimento prévio do aluno, acerca do tema da aula. A professora B disse que elas são importantes no dia-a-dia, não resta a menor dúvida, mas que não são todos alunos que têm acesso a essas tecnologias, até pelo perfil econômico do bairro em que eles moram, mas que a algumas delas como o celular, eles têm. São poucos alunos da escola que tem computador ou internet em casa, e é visível a evolução daqueles que tem acesso às novas tecnologias. A Professora C aconselha sobre o cuidado que se deve ter com o acesso da tecnologia feito pelas crianças, porque hoje está muito avançado isso, principalmente o uso da internet dentro dos lares. Precisa, ponderar, ter limite. “Na minha própria família percebo que hoje quase não se lê, não se escreve, tudo está pronto, “pronto para mim”. Isto, segundo a professora traz muito prejuízo, porque as crianças estão sendo vítimas de assaltos a exemplo de um caso que aconteceu próximo à casa dela, quando um menino de doze anos quase perdeu a vida por causa de um tablete. O quer dizer disso? São coisas que tem que ter cuidado e saber usar. Porque uma criança para estar com um aparelho tecnológico avançando assim, pode ser perigoso, então, também tem prejuízo, tem o lado positivo, mais também o negativo, conclui.
Nota-se ao fazer a apreciação das respostas, que a professora A considera importantes as vivências dos alunos, advindas dos recursos tecnológicos, e ressalta ainda que o professor pode pesquisar e trazer mais informações, dando possibilidades para os alunos ampliarem o que já sabem. Com isso, o que era
somente uma informação tem uma grande possibilidade de torna-se conhecimentos significativos. Para Pais, um dos grandes desafios quando os recursos tecnológicos são usados é justamente o de transformar as informações, aquilo que os alunos vivenciam em conhecimentos, e isso não ocorrerá de forma espontânea, porque a elaboração do conhecimento exige um trabalho e persistência do sujeito. A professora B, pontua que em decorrência das condições financeiras dos alunos, nem todos tem acesso ao universo tecnológico, e cita o celular como sendo um dos possíveis acesso. Segundo ela, é visível a evolução daqueles que têm, sem deixar de ressaltar tanto os pontos negativos como positivos que as tecnologias estão proporcionando as novas gerações.
Em relação à questão número quatro, se é relevante proporcionar aos alunos, vivencias tecnológicas no processo educacional, a professora A, afiança que sim, a escola e o professor devem estar atentos às novas tecnologias para que possam atrair as crianças e proporcionar situações para novos conhecimentos. A Professora B concorda, dizendo que não resta a menor dúvida, porque quem não acompanha a evolução do tempo, da vida, das coisas vai ficando para trás. Ela, refletindo sobre a realidade na qual está inserida, relata que a escola ainda não tem um laboratório de informática porque está em reforma, e quando funcionava usava-se apenas uma hora por dia para cada turma. Quando em funcionamento é incentivado sua utilização pelas crianças, mas percebe-se que as crianças utilizam muito para desenho e menos para jogos pedagógicos, até porque os próprios pais também não têm acesso a essas informações. Eu não sou uma professora excelente nessas tecnologias, mas com o pouco que sei incentivo meus alunos. Nesta escola, com o terceiro ano, a 2° série antiga, e na outra escola que eu trabalho onde os alunos têm um nível um pouco melhor de acesso as tecnologias, eu incentivo muito às pesquisas. A Professora C afirma que sim, porque pode trabalhar jogos, sensibilizar, e que o bom seria que todos os professores tivessem e pergunta: você já pensou, se tivesse uma sala que eu mesma pudesse trabalhar a tecnologia? A nossa realidade ainda está muito distante disso, não temos tecnologia em sala de aula como outros países investem, porém, mesmo assim o que tem disponível ajuda, já é bom para nós, porque o aluno vai ter acesso a aquilo aí, uma vez que tem criança que diz: na minha casa tem tudo, mas tem aluno que não tem.
Assim, percebe-se que as entrevistadas consideram relevante proporcionar aos alunos, vivências tecnológicas no processo educacional, mas todas lamentam a
falta de um laboratório de informática na escola, cuja ausência, implica na baixa aprendizagem daqueles que não dispõem de tecnologia nas suas casas.
Na pergunta de número cinco procurou-se saber das professoras sobre o Desenvolvimento de Projetos Educacionais que é uma excelente oportunidade para que a pesquisa se faça presente, pois possibilita ao educando aprofundar seus conhecimentos e o mediador acompanhar, orientar e selecionar junto às fontes verídicas. Foi perguntado a elas se concordam, e tem incentivado essa prática. A Professora A concordou, pois através dos projetos iniciam-se pesquisas, mas lembra de que os professores devem ficar atentos às fontes, se são confiáveis e contextualizadas. E isso valoriza e incentiva os alunos. A Professora B também concordou e disse que quando os alunos têm acesso a esse tipo de informação por meio de uma pesquisa que é solicitada, aqueles que não têm o computador em casa, a mãe faz e traz lá do trabalho, ou o pai, a tia ou a madrinha, alguém que eles conseguem. “A gente cobra bastante. Eles trazem prontinho, então aí quando eu vejo que não é aquilo que eu gostaria, é coisa que eles deveriam fazer ou quem fez, não fez certo eu pego um correto e faço a comparação com eles, então eles já vão aprendendo a selecionar o que pode ou não pode. A gente cobra bastante isso, até para poder orientar para eles não caírem nas armadilhas das tecnologias também. ”
A professora C respondeu da seguinte forma: O professor tem que estar sempre se capacitando, pois não sabemos tudo e o processo de aprendizagem existe até Deus levar. Então, precisa sim, ter essas qualificações, pesquisas. Eu vou ser bem sincera: Eu sou do tempo da leitura, eu não tenho muita vontade de estar na frente do computador. Faço meu trabalho, meus cursos, preciso mandar o trabalho via internet, mas me realizo, lendo e escrevendo. Sou do tempo da leitura e da escrita entendeu? Agora, não desfaço da tecnologia, porque ela é muito importante. Admiro os jovens, pessoas novas, que pegam um aparelho e rapidinho já conectam. Eu acho isso, uma coisa do outro mundo, muito bonita.
A respeito do desenvolvimento de projetos educacionais em sala de aula as professoras deixam claro que é importante desenvolvê-los. As três professoras disseram que oportunizam aos seus alunos desenvolverem projetos. As professoras A e B partilham da mesma ideia no que se refere à postura que o professor deve ter, de estar acompanhando as pesquisas que os alunos estão fazendo, pois assim, poderão selecionar conteúdos que sejam significativos e dentro do real contexto que cercam o assunto pesquisado. Concordam que o aluno aprende mais pesquisando,
embora alguns por não terem acesso à tecnologia, pedem para terceiros fazer, o que compromete a aprendizagem da criança. Deve-se destacar aqui, a resistência da professora C ao uso das novas tecnologias, dando preferência à pesquisa por meio bibliográfico, sem utilização de computadores, no entanto, ao falar sobre as novas gerações, mostrou-se encantada por eles dominarem as tecnologias.
A última questão foi a seguinte: tendo em vista o uso das tecnologias na escola, quais dificuldades encontradas no âmbito da prática pedagógica? Por que?
A professora A disse que para ela incluir a tecnologia na prática pedagógica é fácil devido à disponibilidade que tem a internet. Porém, a escola ainda não oferece uma sala específica, para que cada aluno possa tirar sua duvidas e buscar novos conhecimentos. A professora B esclarece que a escola está em reforma e o laboratório que começou a funcionar no começo do ano passado, foi desmontado. No entanto, no tempo que ele funcionou ia lá uma hora por dia (uma vez na semana), sendo que o ideal seria que tivesse um professor específico para ensinar, a manusear o equipamento, como se fosse uma disciplina mesmo. A professora C lamenta o fato da escola não ter uma sala de informática, a utilizada é do Mais Educação, que até está em processo de reforma. “Assim, quando a gente precisa de televisão, tem pessoas que levam na sala. Tem o som, o data show, mas uma sala especifica para os alunos nós não temos. No dia a dia, planejamos de acordo com as condições que temos. ”
Percebe-se assim que as professoras A B e C, partilham da mesma ideia, que há necessidade de um laboratório de informática atualizado e com a presença de um profissional da área para dar suporte, porque o que elas dispõem hoje é de uma sala de informática do projeto Mais Educação, que nem sempre está disponível para todos os alunos, e quando está, é apenas por uma hora, tempo mal utilizado devido à ausência de um profissional da área que auxilie os alunos nas atividades de pesquisas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A problemática que norteou ao desenvolvimento da presente pesquisa foi o de poder constar se as novas tecnologias são eficientes para a realização do processo de ensino/aprendizagem, diante dos paradigmas atuais, e ao desenvolver da pesquisa, podem-se fazer algumas colocações:
As tecnologias como pode ser evidenciado, não é algo assim, tão inédito, já faz algum tempo que elas existem, porém, seu acesso era restrito, poucas pessoas podiam ter os recursos tecnológicos. Diferente dos dias atuais, à imensa quantidade de produção, e os valores oferecidos, tornam acessíveis à população uma gama de aparelhos tecnológicos.
A facilidade com que a sociedade dispõe para comprar aparelhos tecnológicos tem modificado a forma de organização das pessoas, no âmbito da comunicação, do trabalho e do lazer.
A escola e os professores não percebiam a necessidade de estarem levando para a sala de aula as tecnologias, incluindo-as em seu planejamento e não consideravam que os recursos tecnológicos pudessem de alguma forma contribuir no processo de ensino/aprendizagem. No entanto, atualmente vive-se uma nova realidade de cada vez mais cedo as crianças estarem em contato com o mundo virtual, exigindo da escola novas formas de organizar-se, considerando que por vezes, as primeiras letras que as gerações atuais conhecem são de um teclado dos aparelhos eletrônicos.
A presença das novas tecnologias não garante efetivamente que a aprendizagem irá ocorrer, para que elas possam ser eficientes no âmbito educacional, o mediador dos recursos didáticos deverá estar atento aos desafios inerentes ao seu uso;
Para o mediador contribuir com os educandos e atender às novas competências exigidas pela sociedade, as finalidades educacionais devem estar claras, tanto para ele, como para os alunos, assim, os suportes didáticos tornam-se úteis e seu uso ilimitado.
As três professoras entrevistadas de uma forma global, concebem que as novas tecnologias da informação e comunicação na educação têm relevância, e que seu uso é importante, porém, fica evidente que o acesso a computadores, internet e outros recursos tecnológicos ainda está incipiente, tanto para alunos como professores porém, mesmo diante das dificuldades tentam buscar da melhor maneira agregar as TICS para desenvolverem a prática pedagógica, e assim, ampliar e aproximar as práticas sociais do cotidiano escolar.
Vale salientar que os professores da rede Municipal de ensino precisam lançar a lista de frequência dos alunos em sistema on-line, fazer cursos, registros, bem como o relatório dos alunos, ou seja, o professor necessita se atualizar e estar
aberto para aderir às novas tecnologias, pois tanto em sua prática docente como a forma de organização do sistema educacional e social exige que se use as tecnologias, pois elas não são mais uma opção.
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, David. Aprendizagem Significativa Disponível em: <http://revistae scola.abril.com.br/formacao/david-ausubel-aprendizagemsignificativa662262.Shtm l >Publicado em NOVA ESCOLA Edição 248, dezembro. 2011. Título original: Aponte para aprender. Acesso em: 09/05/2015.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CORTELLA, Mario Sergio. Educação, Escola e Docência: novos tempos, novas atitudes. São Paulo: Cortez, 2014.
Dados da Prefeitura Municipal de Cuiabá. Perfil Socioeconômico dos Bairros da Capital, em 2007. Disponível em: http://www.cuiaba.mt.gov.b/upload/arquivo/per fil_dos_bairros.pdf. Acesso em: 18/09/2015.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. São Pulo: Atlas, 2011.
LEMOS, André. Cibercultura: Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2010.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento Na Era Da Informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Editora 34 ,1993. 208 p.
MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 2009.
POCHO, Cláudia Lopes; AGUIAR, Márcia de Medeiros; SAMPAIO, Marisa Narcizo. Tecnologia Educacional: Descubra suas Possibilidades na Sala de Aula. Coordenação de Lígia Silva Leite. 3. ed. revista e atualizada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
Significados BR. Significado de Epistemologia, em 2015. Disponível em: https://www.significadosbr.com.br/epistemologia. Acesso em: 17/10/2015.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político-Pedagógico da Escola: Uma Construção Possível. Vários autores, Ilma Passos Alencastro (org.). – 29° ed. – Campinas. SP: Papirus, 2013.