TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: a mediação on-line dinamizando o processo de ensino-aprendizagem no ensino superior 

Valmir Pereira[1]

 

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a utilização das tecnologias no sistema educativo de ensino superior, realizada junto a alguns professores e alunos da Universidade Estadual de Feira de Santana, na tentativa de conhecer, compreender e refletir sobre as políticas de inclusão das multimídias no cotidiano escolar e quais influências estas exercem no processo de ensino e de aprendizagem. A fundamentação teórica está amparada em dados bibliográficos colhidos em livros didáticos e artigos da internet de especialistas no assunto. Os resultados apontaram que a inserção da tecnologia no sistema educativo se tornou indispensável e, que a comunicação on-line pode ser mais uma estratégia de se adquirir o conhecimento, podendo dinamizar o processo educativo, dando-lhe um novo delineamento didático-pedagógico. Contudo, esta inserção da tecnologia continua lenta, devido à falta de uma política educacional que capacite profissionais para operacionalizar os equipamentos e de professores qualificados tecnologicamente para administrar esses programas em sala de aula.

Palavras-Chave: Tecnologia e Educação; Mediação On-line; Ensino e Aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

A informática tornou-se a principal via de acesso às informações, grande mecanismo de entretenimento e o meio mais utilizado para a realização de atividades de todos os setores da sociedade moderna. As constantes descobertas tecnológicas nas áreas de informação e comunicação têm proporcionado significativas alterações na rotina das pessoas, causando uma verdadeira revolução em todas as camadas da sociedade moderna e, o sistema educativo não ficou isento, em relação e essas mudanças.

Diante dessa constatação, a docência no ensino superior constitui-se atualmente, em um dos maiores desafios para os educadores na contemporaneidade, já que eles precisam de aprimoramento técnico para saberem manusear com proficiência as ferramentas tecnológicas e utilizá-las como um recurso didático e pedagógico auxiliar no seu fazer docente.

A inserção da tecnologia em todos os segmentos da sociedade e no sistema educativo deixa evidente que a comunicação on-line pode ser mais uma estratégia de se adquirir o aprendizado. Essa constatação fez com que alguns setores da educação sentissem a necessidade urgente de introduzir o computador e a internet no contexto educacional como ferramentas auxiliares da prática docente para facilitar e dinamizar o processo de ensino-aprendizagem.

Diante dessa nova concepção de mediar a aprendizagem, o fazer docente ganhou parâmetros extracurriculares e ultrapassou os limites escolares, levando os educadores a refletirem e modificarem suas posturas e práticas didáticas e pedagógicas. Além de dominar os conteúdos da disciplina que leciona, o educador passa a desempenhar uma função mais sóciopedagógica, humanística, mais motivacional e democrática, deixando de ser apenas um disciplinador e repassador de informações.

Ele passou a desempenhar as funções de mediador do processo educacional, onde todos os envolvidos compartilham experiências e aprendizados. Diante dessa nova metodologia, a sala de aula deixou de ser um espaço demarcado, onde o ator (professor) manipula a plateia (alunos) e todos se tornam ativistas desse novo modelo de ensino e aprendizagem.

Ao produzir este artigo, que tem como título “Tecnologia e Educação: a mediação on-line dinamizando o processo de ensino-aprendizagem no ensino superior” pretende-se investigar, identificar e refletir sobre o a inserção das tecnologias no sistema de ensino brasileiro; enumerar algumas contribuições proporcionadas pelas ferramentas tecnológicas à educação brasileira; conhecer como estão sendo utilizadas as Tecnologias de Informação e Comunicação e sua importância no processo de ensino-aprendizagem no ensino superior.

Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa exploratória e qualitativa, pois envolve um estudo de caso, onde se usou como componentes metodológicos, um levantamento bibliográfico e           a aplicação de um questionário com seis questões enviadas por e-mail para alguns educadores e estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana. A base teórica está alicerçada em dados coletados de livros didáticos, em artigos da internet defendidos por especialistas no assunto e na experiência do autor como graduado em Letras e Respectiva Literatura e Especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria.

Estrutura-se em artigo em quatro seções, assim distribuídas: Na primeira seção traça-se uma visão geral do assunto em pauta para situar o leitor. A segunda seção apresenta um breve relato sobre o ensino superior no Brasil e as técnicas de ensino mais utilizadas em sala de aula. A inserção da tecnologia é assunto na terceira seção, que tem no seu contexto algumas asserções de especialistas no assunto; faz-se referência à problemática, influências e importância da utilização das multimídias no fazer docente. Reserva-se para a quarta seção, os procedimentos metodológicos e os resultados obtidos frente às declarações dos educadores e estudantes que foram investigados através de um questionário. Na quinta seção, nas considerações finais relatam-se algumas reflexões sobre o assunto em discussão.

 

2 O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

A história da educação no Brasil nos remete aos tempos em que os jesuítas chegaram ao nosso país com a missão exclusiva de ensinar a religião católica aos indígenas e alfabetizar os filhos de colonos portugueses. Anatasiou (2001), explica que o método utilizado era chamado de escolástico, onde o conhecimento era repassado, de forma indiscutível, pronto e acabado.

Com a vinda da Família Real, em 1808 surgiram as primeiras escolas de ensino superior no Brasil, que ofereciam um ensino mais profissionalizante que universitário, seguindo o modelo francês-napoleônico (ANASTASIOU, 2001). O objetivo era o de preparar funcionários da corte para o serviço público.

O início do século XIX trouxe para a educação brasileira as influências da metodologia alemã, o modelo Humboldtiano de ensino, (Anastasiou, 2001).  Neste contexto, professores e alunos se coadunavam para a resolução de problemas nacionais e para a construção do conhecimento através da produção científica.

Este modelo de ensino fora interrompido em 1964, com a instalação da Ditadura Militar, que retomou o modelo de ensino centralizador, pautado na transmissão mecânica de conteúdos. Com o fim da Ditadura Militar, a nova LDB 9.394/96 restabeleceu para a educação superior brasileira, o modelo Humboldtiano, voltado para a construção do saber, tendo como fundamento o ensino, a pesquisa e a extensão. (Anastasiou, 2001).

Atualmente, com as descobertas tecnológicas nas áreas de informação e comunicação e sua utilização no sistema educativo têm proporcionado significativas alterações na metodologia do exercício da docência.  A aquisição do conhecimento transpôs as paredes das instituições de ensino. O fazer docente ganhou parâmetros extracurriculares e ultrapassou os limites escolares, fazendo com que, os educadores revissem e modificassem suas posturas e práticas didáticas e pedagógicas.

 

2.1 ESTRATÉGIAS DE ENSINO

Afinal, diferente do que muitos nós podemos imaginar, atuar como professor ou professora demanda muito mais do que saber apenas os conteúdos a serem ensinados – implica em conhecer desde a história da educação e concepções de aprendizagem até indicações práticas de como e por que realizar determinadas atividades pedagógicas em sala de aula. (ZEN, 2011, p. 7).

As práticas educativas são instrumentos indispensáveis para sucesso do educador na sua carreira docente. Através delas, ele seu perfil profissional e dá andamento a todo o processo de ensino-aprendizagem.

Um bom planejamento permite ao docente direcionar e executar suas atividades de forma objetiva e segura, apresentando estratégias de ensino que viabilize o desenvolvimento cognitivo dos alunos e, que facilitem a interação intra e interpessoal dentro da sala de aula.

Neste sentido, a tecnologia tornou-se uma parceira muito importante para os educadores que podem através das redes sociais e de outros instrumentos tecnológicos dinamizar e democratizar suas aulas, como também, as relações sociais e interpessoais da comunidade acadêmica.

No ensino superior, as técnicas e estratégias de ensino são bastante diversificadas, por ser a docência universitária exercida por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, sem ter na sua maioria, uma formação pedagógica específica. Estes profissionais levam para a sala de aula, apenas as experiências didático-pedagógicas que tiveram quando alunos e suas experiências de vida como educador e Ser social.

As estratégias e técnicas de ensino mais utilizadas pelos docentes são as aulas expositivas, portfólio, seminário, painel integrado, estudo de caso, pesquisa bibliográfica, simpósio, dramatização, trabalho em grupo, estudo dirigido resenha, estudo de texto, etc.

Com a inserção da tecnologia na educação o fazer docente ganhou um novo paradigma, tornando as atividades escolares mais dinâmicas, mais motivacionais e mais flexíveis, onde o alunado ganhou mais autonomia acadêmica.

Ensinar e aprender constituem em espetáculo sem fim. Pode haver um antes, quando planejamos nossas ações, quando ensaiamos nossas atuações. Há um durante, quando colocamos em práticas as ações tão cuidadosamente planejadas. Mas é impensável considerar que o ensinar e o aprender cheguem ao um fim, que culminem em uma avaliação que aprove ou desaprove. (ZEN, 2011, p. 83, grifos do autor).

Seguindo nessa direção, o educador poderá fazer de suas aulas um “espetáculo sem fim” utilizando estratégias de ensino modernas e inovadoras que estimulem os estudantes a fazerem da interação uma fonte de conhecimento, a descobrirem-se como atores e autores de seus aprendizados, levando-os a refletirem sobre suas atividades acadêmicas. A tecnologia pode ser o instrumento impulsionador desse novo olhar docente de fazer do ensino uma arte prazerosa de aprender e de ensinar.

3 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

 A inserção das ferramentas tecnológicas de informação e comunicação na educação e das redes sociais no cotidiano da sociedade impõe grades mudanças e novas competências técnico-profissionais aos educadores, maior flexibilidade e dinamismo ao sistema educativo; maior liberdade e emancipação acadêmica aos discentes.

O computador e a internet ocupam hoje, um lugar de destaque na vida humana, trazendo informações atualizadas e instantâneas, ligando as pessoas em todas as partes do mundo e encurtando distâncias, antes imagináveis, através das redes sociais.

De acordo a Revista Nova Escola (15/07/2012), a professora Léa da Cruz Fagundes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi a pioneira na utilização da informática educacional no Brasil, quando desenvolveu estudos para identificar os problemas de aprendizagem com crianças repetentes, que na sua maioria apresentavam situações sociais trágicas que marcavam suas vidas.

A professora Léa Fagundes utilizou a linguagem Logo (linguagem de programação para crianças), onde uma tartaruga pode ser movimentada na tela do computador através de comandos digitados. Neste método, a criança desenvolve seu raciocínio e criatividade, riscando, apagando, pintando e formando projetos. Esta linguagem foi desenvolvida pelo matemático Seymour Papert, do Massachusetts Institute of Technology, (MIT) Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos, na década de 60.

A tecnologia impõe ao educador novas atitudes pedagógicas, diferentes didáticas para conduzir o processo de orientar a aprendizagem, já que se tornou inconcebível a não utilização da mediação on-line no fazer docente como um instrumento facilitador do ensino, da aprendizagem e da interação entre docentes, discentes e toda a comunidade escolar.

A sociedade contemporânea passou e conviver com um novo modelo de comunicação, potencializada pela WEB, a partir do momento em que o desenvolvimento tecnológico disseminou a internet, que trouxe para o convívio social, diversos tipos de redes sociais que possibilitam a interação, a troca de experiências e de conhecimentos entre todos os setores da sociedade, sem que seja necessária a presença dos envolvidos no mesmo espaço físico.

O computador - instrumento cultural da contemporaneidade revela-se como um novo espaço de interação, como um novo contexto social da produção discursiva. Os processos interativos mediados pelo computador, em especial pela internet, consistem numa interação dinâmica. (PEREIRA e MOURA, 2055, p. 70).

A comunicação on-line mudou completamente as relações interpessoais e a relação de espaço e tempo entre o emissor e o receptor, abrindo novas opções para que o indivíduo tenha acesso à informação e, assim, produzir e/ou ampliar o seu próprio conhecimento, investindo na sua formação como cidadão social.

Por não estar em contato físico com seu interlocutor e o sistema tecnológico, nem sempre oferecer total segurança, os cuidados devem ser redobrados, principalmente, quando for preciso se passar informações pessoais, para não cair nas armadilhas de indivíduos que usam a internet para fins ilícitos, com a intenção de obter vantagens e prejudicar pessoas desavisadas e inocentes.

As mídias tecnológicas têm ocupado um espaço muito significativo na comunicação moderna, determinando um novo perfil de mensagem, com sua linguagem própria, que muitas vezes foge das normas gramaticais. Apesar de toda essa inovação comunicacional, a mídia impressa jamais poderá ser substituída ou esquecida, pois ela representa e narra e conserva a história da humanidade através dos tempos, se constituindo num arquivo material que acompanhará a história de muitas gerações, servindo também, de fonte de pesquisa e de inspiração para gerações futuras.

Muitas pessoas podem até pensar que, com a comunicação on-line, o papel do educador deixará de existir ou que sua importância na sala de aula tornar-se-á irrelevante. A interação presencial entre o educador e os alunos apresenta vantagens e peculiaridades que não podem ser desempenhadas pela comunicação on-line (Kloch, 2007). Além do mais, nesta atual estrutura educacional, o papel do educador ganhou novas dimensões, outras atribuições, aumentando ainda mais, sua importância na orientação técnico-didático-pedagógica.

Com a introdução das mídias tecnológicas na sua prática diária, o docente precisará se qualificar e familiarizar-se com estas ferramentas para saber utilizá-las com proficiência na mediação do processo de aquisição e desenvolvimento cognitivo do estudante, para que ele não perca seu espaço como educador diante desse novo paradigma educacional. Neste sentido, Kloch, 2007, p. 211, faz a seguinte observação: “O professor não será substituído pelo computador. Mas o professor que não acompanhar as tendências tecnológicas, sim, será substituído por outro”.

 Portanto, o grande desafio do educador na atualidade reside justamente em saber aglutinar e mesclar suas estratégias de ensino tradicionais com metodologias e inovadoras que permitam sua evolução profissional e o sucesso do processo educativo, qual é responsável, propiciando a seus discentes uma formação sociocultural plena e proficiente.  

3.1 INTEGRAÇÃO: TECNOLOGIA/EDUCAÇÃO     

“Ensinar é perseguir fins, finalidades. Em linhas gerais, pode-se dizer que ensinar é empregar determinados meios para atingir certas finalidades”.  (TARDIFF, 2005, P. 125).

A difusão tecnológica transformou substancialmente os hábitos da sociedade do século XXI, em contrapartida, a integração da tecnologia no sistema educativo tem enfrentado grandes entraves de ordem administrativa, técnica e pedagógica, contribuindo assim, para o sucateamento de inúmeros equipamentos tecnológicos que se encontram nas instituições públicas de ensino e emperrando a evolução do processo educativo.

De acordo com Moran (2012), a cultura da educação brasileira é mais tradicional que inovadora, preocupando-se demasiadamente com o ensino e pouco com a aprendizagem. Muitas escolas contam com um número enorme de computadores e equipamentos de informática, porém, eles continuam sem utilidade, devido à falta de uma política educacional que congregue profissionais habilitados para operacionalizar estes equipamentos e de professores treinados para ter domínio da tecnologia e implementar os programas educacionais em sala de aula.

Muitos gestores e educadores resistem a este processo de integração educação/tecnologia, pois se sentem inseguros para utilizar as multimídias na sua práxis escolar. Desse modo insistem em permanecer aplicando o modelo tradicional de ensino, baseado no repasse de conteúdos sem a utilização de modernos equipamentos tecnológicos.

Seguindo neste pensamento, Guilherme Conde Godói, Coordenador de comunicação e informação no Brasil da UNESCO, em entrevista à Revista Veja (09/06/2010) faz a seguinte referência:

Ainda não conseguimos desenvolver de forma massiva metodologias para que os professores possam fazer uso dessa ampla gama de tecnologias da informação e comunicação, que poderiam ser úteis no ambiente educacional. O desafio é mundial. Mas pode ser ainda mais severo no Brasil, devido a eventuais lacunas na formação e atualização de professores e a limitações de acesso à internet - problema que afeta docentes e estudantes.                        

Ainda, neste sentido, a professora Léa Fagundes, ao ser entrevistada pela Revista Nova Escola (15/07/2012), afirmou que, o que mais emperra o uso da informática na escola é a falta de continuidade dos programas nas sucessivas administrações. Que o estado e a administração da educação precisam garantir aos gestores e educadores a infraestrutura, o apoio técnico, financeiro e político do processo de inovação tecnológica.

3.1 REDES SOCIAIS

As redes sociais - chat, email, wiki, twitter, facebook, e outras, oferecem várias alternativas de intercâmbios e interações interpessoais, podendo também, ser utilizada como um ambiente virtual de aprendizagem, que por suas características técnicas e operacionais extrapola os limites das fronteiras escolares, mas que traz para dentro do ambiente escolar a linguagem e os aprendizados dessas comunidades sociais.

O professor torna-se um animador da inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. Sua atividade será centrada no acompanhamento e na gestão das aprendizagens: o incitamento à troca dos valores dos saberes, a meditação relacional e simbólica, a pilotagem personalizada dos percursos de aprendizagem etc. (LÉVY, 1999: p. 171).

Contudo, para que as redes sociais possam funcionar como um ambiente virtual para contribuir com a construção do conhecimento caberá ao educador ter o cuidado de alertar seus discentes sobre os perigos da internet e ter a habilidade para que essa cultura cibernética vinda das redes sociais seja transformada em conhecimento científico e cultural.

3.2 MEDIAÇÃO ON-LINE: um recurso pedagógico

Dentro da nova concepção educacional dos tempos modernos, a palavra mediar (grifo do autor) tem merecido relevância por colocar em debate os procedimentos metodológicos aplicados pelos docentes na sua práxis pedagógica.

Deve-se entender mediação pedagógica como a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta como a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte “rolante” que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. (MASETTO, 2000, P. 132).

Tomando como base as proposições dos autores supracitados entende-se que os procedimentos do educador em sala de aula o direciona para uma ação mais orientadora, mais dialógica e mais humanística, atribuindo-lhe o papel de guia educacional (grifo do autor) que conduz o aluno para desbravar suas potencialidades, explorar suas qualidades, produzir seu autoconhecimento e construir sua identidade sociocultural.

A comunicação on-line dar ao aluno independência para ele administrar parte de seus estudos, enriquecer sua cultura, descobrir e desenvolver habilidades que lhes são inerentes e, que muitas vezes estão ocultas e podem ser potencializadas com o tirocínio oferecido pelas ferramentas tecnológicas.

As estratégias de ensino viabilizadas através da Web podem dinamizar o processo educativo, dando-lhe um novo delineamento e redefinindo as relações interpessoais entre educadores e alunos, atingindo também, toda a comunidade acadêmica. Como uma nova alternativa de aprendizagem, o ambiente virtual tornou-se parceiro indispensável do educador moderno, sem, contudo ocupar definitivamente o espaço e a função didático-pedagógica que este exerce em sala de aula.

A presença física do educador em sala de aula influencia psicologicamente o aluno no seu estado motivacional, transmitindo-lhe confiança na solução de suas dúvidas, pois os questionamentos precisam de um retorno imediato, que dá ao aluno segurança para avançar nas suas proposições e caminhada acadêmica. E, aliado à comunicação on-line, esses dois vieses metodológicos poderão fortalecer as relações interpessoais, além de propiciar um ganho considerável na troca de experiências e de conhecimentos entre docentes e discentes.

Contudo, para que esta parceria obtenha pleno êxito é indispensável que o educador tenha domínio e construa um projeto pedagógico baseado nas ferramentas tecnológicas que irá utilizar nas suas atividades docentes. Agindo assim, o educador poderá desempenhar uma função mediadora e colaborativa, onde todos os envolvidos compartilharão experiências, planejando, atuando, avaliando e reconstruindo o aprendizado. Neste contexto, a sala de aula deixará de ser um espaço dividido em ator e plateia e todos se tornarão ativistas desse novo modelo de ensino e aprendizagem.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Esta pesquisa está classificada como exploratória com uma abordagem qualitativa, envolvendo um estudo de caso. O referencial teórico está embasado no levantamento bibliográfico pesquisado em livros didáticos e artigos da Internet escritos por especialistas no assunto. O estudo de caso está fundamentado nas respostas dos questionários enviados por e-mail para alguns educadores e estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana, - UEFS, estado da Bahia, com as seguintes questões: 1 – Qual a sua opinião a respeito da inserção das tecnologias no sistema de ensino brasileiro? 2 – Em sua opinião, a utilização dos recursos tecnológicos em sala de aula contribui para a dinamização e enriquecimento da aprendizagem? Comente. 3 – A Instituição em que você leciona e/ou estuda disponibiliza equipamentos tecnológicos para a sua utilização em sala de aula? 4 - A Instituição em que você leciona e/ou estuda oferece cursos específicos de aperfeiçoamento para se trabalhar com equipamentos tecnológicos na prática docente? 5 – Você utiliza os recursos computacionais em sala de aula? Comente. 6 – Como você analisa seus conhecimentos na área de informática?

4.1 OS DADOS

Este questionário foi aplicado entre os dias 07/05/2012 a 17/08/2012, sendo enviados para professores de diversas áreas ou departamentos com titulação em mestrado e doutorado. Os estudantes entrevistados foram de cursos diversificados, frequentando entre o quarto e décimo semestre, portanto, todos estão a mais de dois anos na Instituição.

Dos dez (10) questionários enviados aos professores, seis (6) voltaram respondidos. Referente aos estudantes, sete (7) deles devolveram o questionário respondido. As respostas apresentadas são diretas e objetivas, desse modo, passíveis de serem interpretadas, analisadas e comentadas.

Sobre a questão 1, os docentes acharam necessária e urgente a utilização das tecnologias no sistema educativo, pois, além de potencializar e enriquecer o ensino, o cotidiano humano está permeado pelas TIC e, a educação não pode se abster de inseri-la no ambiente escolar. Também reconheceram que o processo de implantação, ainda não aconteceu verdadeiramente, devido à falta de políticas públicas, de adequação curricular e pedagógica das escolas e, a não qualificação dos professores para lidar e acompanhar o desenvolvimento tecnológico.

Já os educandos, entendem como muito importante e indispensável para o desenvolvimento da educação, a utilização desses equipamentos, pois complementa e facilita o acesso ao aprendizado, além de integrar o estudante com o mundo globalizado. Ressaltaram ainda, que o educador precisa estar preparado para trabalhar com as novas tecnologias.

Na questão 2, cinco dos seis educadores investigados acreditam que a utilização dos recursos tecnológicos, enriquecem, dinamizam, estimulam e dá outra dimensão metodológica, na medida em que estabelece uma comunicação dialógica, promove a troca de conhecimentos, dar mais autonomia ao estudante, levando o educador e os alunos a refletirem sobres suas ações educativas.

Contudo alertam que, para que esse processo tenha pleno êxito torna-se fundamental que o educador esteja preparado para trabalhar com a tecnologia e aberto para a mudança de mentalidade e de sua prática educativa. Um dos educadores acha que o recurso por si próprio não garante a aprendizagem, pois faltam ao sistema de ensino brasileiro recursos tecnológicos apropriados, formação docente especializada e tecnologias específicas para a área do conhecimento.

Neste quesito, os alunos afirmaram que, com a utilização da tecnologia, o assunto a ser estudado torna-se menos complexo, a aprendizagem mais significativa, as aulas mais atraentes, mais dinâmicas, mais participativas, instigando o estudante a buscar a informação e o conhecimento.

No que se refere à questão 3, alguns educadores acenaram positivamente, apontando o  datashow, o pen drive e o notebook  como únicos recursos tecnológicos usados nas suas aulas. Outros afirmaram que estes recursos são disponibilizados através de solicitações prévias, e que, ainda não existe disponibilidade de equipamentos midiáticos para atender à grande demanda da Instituição. Respostas similares foram dadas pelos estudantes investigados.

A questão 4 apresentou opiniões diversificadas. Um dos professores entrevistados diz ter participado de vários cursos; outro afirmou ter realizado alguns cursos, mas cursos específicos para outra área. A maioria dos questionados disseram que não participaram de nenhum curso, e que existem projetos para se trabalhar com outra modalidade de ensino (Semipresencial e a Distância). Neste quesito, apenas um aluno afirmou positivamente, os demais disseram não ou desconhecem a oferta de cursos específicos para a área de informática na Instituição em que estudam.

Na questão 5, um dos educadores entrevistados diz optar por não utilizar recursos computacionais em sala de aula. Os demais afirmaram que utilizam em sua aulas, o datashow, o pen drive e o notebook. Os discentes responderam que esses recursos são utilizados, condicionados à apresentação de trabalhos acadêmicos, palestras e seminários.

Ao responderem a questão 6, dois educadores afirmaram ser satisfatórios seus conhecimentos computacionais, os demais classificaram  ser primários, limitados e incipientes suas habilidades com os equipamentos tecnológicos e recursos midiáticos. Já os estudantes classificaram como razoáveis seus conhecimentos sobre a informática.

O presente testemunho deixa evidente que os professores têm mais dificuldades em lidar com a tecnologia do que os estudantes. Talvez seja este um dos entraves/resistências da não inserção dos recursos tecnológicos no sistema educativo brasileiro de forma imediata.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS

As opiniões dos sujeitos pesquisados através dos questionários deixaram evidente que a inserção da tecnologia no sistema educativo se tornou uma necessidade urgente e indispensável e, que a comunicação on-line pode ser mais uma estratégia de aquisição do aprendizado, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico e mais motivador. Por isso é que muitos gestores e educadores estão começando a utilizar o computador e a Internet em suas atividades escolares como uma ferramenta de auxílio da prática docente.

Aponta também que, apesar de ser importante e imprescindível, a utilização da tecnologia na educação tem esbarrando em problemas infraestruturais, políticos e profissionais. A falta de adequação das salas de aulas para a instalação de equipamentos tecnológicos; a não qualificação técnica dos profissionais da educação para trabalhar com essas ferramentas; a carência de programas educacionais específicos para essa área do conhecimento, a falta de equipamentos em número suficiente para atender à demanda de usuários faz com que esse processo continue lento e sem atender às expectativas da comunidade acadêmica.

Diante do exposto, se faz necessário e urgente a adoção de políticas públicas educacionais mais consistentes que possam modificar a estrutura tradicional e engessada dos procedimentos metodológicos, oriundos de uma concepção arcaica de ensino, visando se estabelecer um novo modelo de prática docente na educação brasileira.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As relações do homem com o seu meio social e os acontecimentos históricos de uma determinada época podem determinar a reconstrução, evolução, ou a modificação de teorias e tendências ou a criação de um novo modelo educativo.

 A utilização de computadores e de modernas ferramentas tecnológicas têm dinamizado e facilitado o acesso à comunicação, fazendo com que as informações cheguem instantaneamente em todos os lugares do mundo. Dessa forma, a aquisição do conhecimento ultrapassou as barreiras das Instituições de ensino, deixando de ser um privilégio de poucos para se tornar um bem de todos aqueles que buscam o saber.

As TIC, se utilizada adequadamente, podem se tornar uma ferramenta pedagógica riquíssima para auxiliar o educador nas suas atividades docentes. Através desses recursos, diversas estratégias educacionais podem ser criadas e recriadas dando mais flexibilidade ao processo de ensino-aprendizagem, fazendo com que a rotina do dia a dia escolar tenha um novo panorama didático-pedagógico.

Norteado pelos depoimentos dos investigados, chega-se às seguintes conclusões:

  • Ainda não existem no âmbito escolar, metodologias propícias para que os professores utilizem os recursos tecnológicos para fins pedagógicos;
  • Se as Instituições de ensino não treinarem tecnicamente seu quadro funcional para dominarem os recursos tecnológicos que dispõem, de nada adiantará adquirir centenas de computadores e aparelhos multimídia;
  • Os programas governamentais de inserção da tecnologia no sistema educativo, ainda não conseguiu sair da teoria.

O cenário apresentado nos remete a uma longa reflexão e abre discussões sobre o atual processo de inclusão das Tecnologias de Informação e Comunicação na educação brasileira. Neste sentido, alguns questionamentos tornam-se pertinentes:

  • Que caminhos e procedimentos administrativos e didático-pedagógicos precisam ser tomados para que as TIC sejam integradas definitivamente no sistema de ensino em nosso país?
  • Como quebrar as resistências de professores e gestores que insistem em não utilizar os recursos midiáticos como novas estratégias de ensino?
  • Que atitudes e ações devem ter as autoridades educacionais para tornar real e não utópico a utilização da tecnologia e recursos midiáticos no processo de ensino-aprendizagem?

REFERÊNCIAS

ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Metodologia do Ensino na Universidade Brasileira: elementos de uma trajetória. In. CASTANHO, Sérgio, CASTANHO, Maria Eugênia (orgs). Temas e Textos em Metodologia do Ensino Superior. 7 ed. Campinas:, SP: Papirus, 2001.

FAGUNDES, Léa Cruz. Inclusão Digital. Nova Escola. Disponível em: http//www.google.com.br. Acesso em: 3 jul 2012.

GODOI, Guilherme Conde. Desafios aos Professores: aliar tecnologia e educação. Veja. Disponível em: http//www.google.com.br. Acesso em: 3 jul 2012.

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LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: 1999.

MASSETO, M. T. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000.

MORAN, José Manuel. Integração das Tecnologias na Educação. Disponível em: http//www.eca.usp.br/prof/moran. Acesso em: 9 jul 2012.

PEREIRA, Ana Paula M. S. & MOURA, Mirtes Zoé da Silva. As Produções Discursivas nas Salas de Bate-papo: formas e características processuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

TARDIFF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 5ª. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

ZEN, Mariane Werner. Organização do Trabalho Pedagógico na Sala de Aula: planejamento, metodologia e avaliação. Indaial: Uniasselvi, 2001.



[1] Graduado em Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura, Especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria e Pós-Graduando em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. Email: [email protected][email protected][email protected]