RESUMO: Este artigo trata da questão relacionada à tecnologia da informação na educação, considerando a relevância que o uso da informação e da educação tem, contemporaneamente, para a consolidação do processo ensino-aprendizagem. Discute-se como o uso da tecnologia de informação pode suscitar novas expectativas na formação educacional e como o contexto educacional se modifica em função da incorporação da tecnologia da informação. De cunho essencialmente bibliográfico, faz-se uma revisão literária de modo a propiciar a ampliação do debate acerca da importância que o uso racional dessas tecnologias representam no contexto educacional, e o que se pode esperar do binômio tecnologia x educação. Palavras-chave: Tecnologia da informação. Educação. Desafios. ABSTRACT: This article treats of the subject related to the information technology in the education, considering the relevance that the use of the information and of the education it´s has, actuality, for the consolidation of the process teaching-learning. It is discussed as the use of the technology of information can raise new expectations in the education formation and as the education context it´s modifies in function of the incorporation of the technology of the information. Of stamp essentially bibliographical, it is made a literary revision in way to propitiate the enlargement of the debate concerning the importance that the rational use of those technologies acts in the education context, and the one that one can wait of the binomial technology x education. Key-words: Information´s Technology. Education. Challenges.

INTRODUÇÃO

Quando se fala em tecnologia, evoca-se a concepção de complicados aparatos eletrônicos de informática e de comunicação, por exemplo. Na verdade, tecnologia é qualquer uso de instrumentação que possa servir como facilitador de um determinado propósito.

Assim, da mesma forma como o homem primitivo se utilizava de um simples pedaço de rocha para escavar sua caverna, para se defender ou buscar seu alimento, ou um pescador que se utiliza de uma rede para pescar uma quantidade maior de peixes, a tecnologia da informação não é tecnologia somente por representar uma intrincada teia de circuitos eletrônicos, mas por proporcionar ao ser humano a facilitação para o desempenho de certas atividades.

No aspecto direcionado para o debate proposto neste artigo, poder-se-ia considerar que um giz e um quadro-negro já foram considerados tecnologias atuais, assim como o são atualmente os recursos audiovisuais e outras parafernálias eletrônicas utilizadas para facilitar o processo de ensino-aprendizagem.

À parte essas tergiversações, o foco principal deste artigo se imbrica na questão da tecnologia – aqui considerada como principalmente os recursos de informática e de comunicação – de forma a se apreciar as duas vertentes que se envolvem nessa discussão, que aproveitamos para caracterizar como problemática investigada: a tecnologia representa realmente uma perspectiva de mudança paradigmática no contexto educacional, podendo promover uma eficácia na qualidade de ensino?

Para responder a essa indagação, efetuou-se uma revisão literária, em que foram elencados autores que discutem abertamente essa questão, uns concordando com essa argumentação, outros colocando-se em contraposição.

Portanto, o interesse se funda na tentativa de não somente observar o contexto do fator tecnológico à luz das evidências apregoadas como relevantes, mas sobretudo apontar para um caráter reflexiológico, que considera esses doutrinamentos como pressupostos em que se observa uma visão simplista: a do aluno como mero objeto de absorção de conhecimentos, mesmo sendo a proposta da tecnologia embasada na concepção da resolução de problemas, aos quais o aluno se estaria integrando.

ALTERAÇÕES NO CONTEXTO EDUCACIONAL EM FUNÇÃO DA INCORPORAÇÃO DA TECNOLOGIA

Observa-se, no cotidiano contemporâneo, que as tecnologias pertencem, mais do que nunca, ao presente humano, em qualquer circunstância. A queda nos preços das tecnologias de comunicação, o avanço significativo da informatização, a globalização da economia e a facilidade de acesso ao conhecimento vêm alterando de forma substancial e acelerada as relações da humanidade em todos os sentidos.

Essas mudanças e a velocidade com que se incorporam mais e mais no universo de pessoas em diferentes cenários e com diversas expectativas tem proporcionado uma modificação nas relações entre grupos e instituições, criando, ao mesmo tempo, uma diversidade de aplicações que até há pouco tempo seriam impensáveis.

Como afirma Moran (1994), uma das consequências deste cenário é uma nova dimensão na área do conhecimento. O uso das novas tecnologias a serviço da educação permite que um universo cada vez maior de pessoas tenha acesso a informações em uma velocidade que se aproxima do instantâneo.

Sartori e Roesler (2003) contribuem para esta argumentação, salientando que, em função da enorme capacidade de transmitir, processar e armazenar informações, em cojunto com as potencialidades comunicativas das novas tecnologias, a demanda sobre a educação tem sido direcionada no sentido de superar ultrapassadas práticas educativas, que se baseiam principalmente no modelo de produção industrial utilizado desde que se estruturou a política de ensino no país.

Pelo pensamento dos autores, percebe-se que a aplicação de tecnologias na educação tem por fundamento inaugurar novos modelos pedagógicos, desta feita voltados para o engajamento participativo, em uma sociedade em constante mutação.

Já não é novidade que essa mutação, no que concerne ao cenário educacional, vem se configurando pela utilização de equipamentos de informática, de modo crescente a cada dia. Em consequência, muitas investigações a respeito desta influência tecnológica no sistema educativo vem sendo geradas. No ponto de vista de Braga (1999), a maioria das pesquisas visando discutir o sistema educacional, em nível mundial, procuram embasamento em teorias ligadas à tentativa de entendimento sobre como o ser humano adquire conhecimentos, de forma a estabelecer uma relação com o processo educacional.

Sem dúvida, a partir do entendimento de como o ser humano aprende, se pode utilizar métodos e técnicas específicas visanto obter uma melhor perfomance educativa, aprimorando, por conseguinte, os processos de ensino e aprendizagem. Além do mais, tem-se, como ilustram Sabariz e Barreto (1999), que o uso de computadores e softwares pode ser muito agradável e realmente motiva os alunos para a aprendizagem, tanto que pode-se observar alunos consultando mais computadores do que livros.

Isso leva a crer que o aluno moderno, muito em breve, deverá abandonar o comportamento passivo do ensino tradicional e passar para um comportamento ativo, onde sua principal função é explorar o material didático disponibilizado e interagir com o professor e com os outros alunos. Quanto ao professor, ele não é mais o centro das atenções como antes. O aluno sente que deve aprimorar sua capacidade auto-didática para assim adquirir o melhor controle da aprendizagem (SABARIZ e BARRETO, 1999).

Essa concepção é corroborada por Almeida (1999) e Valente (1999), quando discutem que o uso crescente da tecnologia de informação e comunicação em escolas brasileiras tem por fundamento o caráter inovador de inserção do computador na escola com ênfase na mudança educacional e na aprendizagem do aluno. Embora a almejada transformação do sistema educacional não tenha se concretizado nesses projetos, eles lançaram as bases para a formação de uma massa crítica de pesquisadores que influenciou iniciativas posteriores.

É o que se verifica na atual política educacional, quando vislumbra-se que programas governamentais destinados à introdução dessas tecnologias na educação começam a se tornar realidade não mais como experimentos-pilotos, e atingem umpercentual considerável de escolas.

Para Pellegrino et al (1998, p. 4), "não se trata de uma formação voltada para atuação no futuro, mas sim de uma formação direcionada pelo presente, tendo como pano de fundo a ação imediata do educador". Neste posicionamento, identifica-se a procura pelo estabelecimento de uma congruência entre o processo vivido pelo educador formando e sua prática profissional.

Isso porque, a partir da convivência com os desafios e outros fatores que interferem no trabalho educativo, na busca conjunta de alternativas para sobrepujar as dificuldades, no compartilhamento de conquistas e fracassos, nas reflexões na e sobre a própria ação, o educador tem a possibilidade de compreender o que, como, por que e para que empregar o computador em sua ação (IMBERNÓN, 2000).

O QUE A INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA TRAZ DE BENEFÍCIO PARA A EDUCAÇÃO

De acordo com Sancho (1998), a introdução de novas tecnologias na educação remete a novos horizontes, na medida em que os trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente em rede para quem quiser. Alunos e professores encontram inúmeros recursos que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação.

Além disso, Tajra (1998) também assegura que o professor pode estar mais próximo do aluno, podendo adaptar a sua aula para o ritmo de cada um. O processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados.

Enfocando essa questão como um novo paradigma, Machado (1995) reforça que a tecnologia de informação e de comunicação exige a utilização de ambientes apropriados para aprendizagem, ricos em recursos para experiências variadas, que valoriza a capacidade de pensar e de se expressar com clareza, de solucionar problemas e tomar decisões adequadamente, na qual os alunos possuem conhecimentos, segundo os seus "estilos" individuais de aprendizagem.

Nessa questão [da aprendizagem] Gardner (1998) destaca que a aprendizagem se dá através da descoberta, tendo o professor o papel de ser um guia do aluno. O uso e a interação com a tecnologia da informação permitem essa interatividade, desmassificação e o surgimento das salas de aulas virtuais.

Analisando a questão da criação de projetos pedagógicos, Hernandez (1998) afirma que a introdução das novas tecnologias na educação facilita a criação destes, bem como trocas interindividuais e comunicação à distância, redefinindo o relacionamento estabelecido entre professor-aluno. Os professores, nesse viés, deixam de ser líderes oniscientes e os materiais pedagógicos evoluem de livros-textos para programas e projetos mais amplos. As informações se tornam mais acessíveis, os usuários escolhem o que querem, e todos se tornam criadores de conteúdo.

Por falar em aspectos individuais, Moraes (1997), relacionando pesquisas atuais no segmento educacional, aponta que o resultado destas mostra que o conhecimento se processa de forma interligada, mas com ênfase em caminhos diferentes para cada pessoa. Desse modo, uns se apóiam mais no visual, outros no sonoro, outros no sinestésico, isso porque os meios de comunicação desenvolvem linguagens complementares, supostas, que atingem o indivíduo em todos os sentidos e conseguem que cada um encontre a forma de compreensão para a qual está mais apto.

No entanto, Mercado (1999) adverte que as novas tecnologias, por si só, não são veículos para a aquisição de conhecimento, capacidades e atitudes, mas precisam estar integradas em potentes ambientes de ensino-aprendizagem, situações que permitam ao aluno os processos de aprendizagem necessários para atingir os objetivos educacionais desejados. Todavia, as mesmas pesquisas apresentadas no estudo de Moraes (1997) registram que os processos de ensino-aprendizagem têm contribuído na produção de conhecimentos empíricos para a concepção de poderosos ambientes de aprendizagem com base nas novas tecnologias.

Enveredando por essa questão, discute-se, a seguir, como as estruturas do processo de ensino-aprendizagem, através do uso da tecnologia da informação e da comunicação, propiciou uma mudança de paradigmas na questão da formação individual do aluno, em termos contemporâneos.

OS DESAFIOS IMPOSTOS PELA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Para quem reverbera o uso da tecnologia de informação e comunicação como um item mais do que necessário para a construção de uma consciência educacional mais direcionada, cabe lembrar que, desde tempos imemoriais, os sistemas educacionais têm sido profundamente questionados por não buscarem fundamentos que possibilitem a efetivação da formação necessária às novas competências para o cidadão planetário.

O primeiro desafio, a nosso ver, consiste na percepção de que a universalização do ensino e da formação em nível tecnológico impõe um raciocínio que não promete resolver ou superar os muitos desafios educacionais contemporâneos. Mais do que isso: observando o ponto de vista de Pretto (2000), verifica-se que, inclusive, muitas as questões nessa área são interpretadas como simples conseqüência da evolução das tecnologias, mais precisamente da evolução da informática.

Na ótica do autor, o desafio que está sendo posto vai muito além da simples incorporação dessas tecnologias como novas interfaces comunicacionais. Pretto observa que essa concepção sobre o uso das tecnologias de comunicação e informação tem sido experimentada em vários países do mundo, sendo, no momento atual, discutida sua verdadeira eficácia.

Em, outro trabalho, Pretto (2000) avalia que já está virando senso comum afirmar-se que a incorporação da informática na educação não pode ser mera repetição dos tradicionais cursos ou aulas, estando as mesmas, no entanto, ainda centradas na superada e tradicional concepção das tecnologias educacionais, associadas à práticas de instruções programadas tão conhecidas dos educadores algumas décadas atrás.

Para nosso entendimento, o desafio maior, avaliando essas interpretações, seria uma mudança de enfoque na visão da educação dita formal, ou seja, aquela que irá permanecer no espaço escolar. Isso porque, em nosso entender, a escola não vai desaparecer, mesmo que inovações como a educação à distância reverberem como objetos de consumo das instituições de ensino ou de práticas pedagógicas tidas como transformadoras.

Levy (1996) considera que, no conjunto, os desafios maiores consistem na aplicação de mudanças posturais daqueles que se propõem a mudar o contexto educacional. O autor discute que,

Quando vemos a quantidade e qualidade das sugestões referentes à educação no Brasil, e as confrontamos com o processo real, vem-nos à mente o conceito de "impotência institucional" que utilizamos para caracterizar a perda de governabilidade na administração pública em geral. Quando boas idéias e pessoas bem intencionadas e com poder formal não levam a resultados, é preciso avaliar de forma mais ampla os mecanismos de decisão e a dimensão institucional do problema (p. 98).

De forma mais abrangente, é visível a percepção de que a essa mudança, ou, como denomina Dowbor (1998, p. 4): "a transformação dos espaços do conhecimento", não pode se dar apenas de dentro dos espaços da educação, já que exige ampla participação e envolvimento de segmentos empresariais, dos sindicatos, dos meios de comunicação, das áreas acessíveis da política, dos movimentos comunitários, dos segmentos abertos, das igrejas, entre outros.

Isso porque, de acordo com o autor supracitado, a educação desempenha um papel chave nestas transformações, "[...] mas é um dos atores, e não pode olhar apenas o seu próprio universo, sobretudo se o seu papel deverá ser crescentemente o de articulador nos diversos subsistemas" (p. 3, grifo no original).

Portanto, percebe-se que não há fórmula para as alternativas institucionais. Não obstante, as transformações que nos interessam mais diretamente se dão sem dúvida na base, na própria escola. Dowbor (2001), inclusive, reforça que é importante ter a visão de que o conjunto educacional está progressivamente se reformulando, sendo necessário, então, que todos os segmentos sociais sejam conclamados a um melhor entrosamento, para uma devida compreensão das novas tecnologias e dos novos desafios, bem como para trazer idéias sobre soluções institucionais que gerem melhores condições de sua aplicação.

O QUE SE PODE ESPERAR DO BINÔMIO TECNOLOGIA X EDUCAÇÃO: AS PERSPECTIVAS ATUAIS

Gadotti (2000), ilustre educador contemporâneo, cita que, desde 1969, com os estudos protagonizados por McLuhan, que se discute em relação às conseqüências da evolução das novas tecnologias, centradas na comunicação de massa e na difusão do conhecimento. Contudo, estas ainda não se fizeram sentir plenamente no ensino, pelo menos na maioria das nações.

Para este autor, somente a aprendizagem a distância, principalmente a baseada na Internet, é que parece ser a grande novidade educacional neste novo milênio. Como destaca, "[...] a cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação a distância com base na Internet" (p. 5).

Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, a "cultura digital".

Por outro lado, Silva e Marchelli (1998), consideram que os sistemas educacionais ainda não conseguiram avaliar suficientemente o impacto da comunicação audiovisual e da informática, seja para informar, seja para bitolar ou controlar as mentes. Os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Destarte, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para isso é preciso dominar mais metodologias e linguagens, inclusive a eletrônica.

Como discute Dowbor (1998), costuma-se definir a era atual como a "era do conhecimento". Se for pela importância dada hoje ao conhecimento, em todos os setores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do conhecimento, na sociedade do conhecimento, sobretudo em conseqüência da informatização e do processo de globalização das telecomunicações a ela associado. Pode ser que, de fato, já se tenha ingressado na era do conhecimento, mesmo admitindo que grandes massas da população estejam excluídas dele.

No entanto, o que se constata é a predominância da difusão de dados e informações e não de conhecimentos. Isso está sendo possível graças às novas tecnologias que, na opinião Gadotti (2000), estocam o conhecimento, de forma prática e acessível, em gigantescos volumes de informações, que são armazenadas inteligentemente, permitindo a pesquisa e o acesso de maneira muito simples, amigável e flexível.

Em nossa interpretação, isso já ocorre, porém de maneira desordenada. Pela Internet, a partir de qualquer sala de aula do planeta, pode-se acessar inúmeras bibliotecas em muitas partes do mundo. As novas tecnologias permitem acessar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas também por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc. Nos últimos anos, a informação deixou de ser uma área ou especialidade para se tornar uma dimensão de tudo, transformando profundamente a forma como a sociedade se organiza.

Parafraseando Sancho (1998), as novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa, pois podem, de casa, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância, ou seja, "buscar fora" a informação disponível nas redes de computadores interligados e nos serviços que respondem às suas demandas de conhecimento.

Esse é, sem dúvida, um espaço potencializado pelas novas tecnologias, inovando constantemente nas metodologias. Concebe-se, então, que novas oportunidades estão se abrindo para educadores e educandos. Esses espaços de formação têm tudo para permitir maior democratização da informação e do conhecimento, representando, portanto, menos distorção e menos manipulação, menos controle e mais liberdade. É uma questão de tempo, de políticas públicas adequadas e de iniciativa da sociedade. Como enfatiza Gadotti (2000): a tecnologia não basta. É preciso a participação mais intensa e organizada da sociedade. O acesso à informação não é apenas um direito. É um direito fundamental, um direito primário, o primeiro de todos os direitos, pois sem ele não se tem acesso aos outros direitos.

CONCLUSÃO

Ouso da tecnologia no universo educacional se torna imprescindível, na contemporaneidade, mais pelo processo de mudanças que a humanidade vem enfrentando, em todos os níveis, e nos quais a tecnologia da informação e da comunicação vem assumindo seu papel de relevância.

Como dito no preâmbulo introdutório, há muitas formas de compreender a tecnologia. De maneira ampla, esta pode ser entendida como qualquer artefato, método ou técnica criado pelo homem para tornar seu trabalho mais leve, sua locomoção e sua comunicação mais fáceis, ou simplesmente sua vida mais agradável e divertida.

No âmbito do presente artigo, no entanto, considera-se como tecnologia aquela que se relaciona com métodos inovadores de educação, calcados na concepção de que essa tecnologia se relaciona com o uso da informação e da comunicação.

Pelo direcionamento que a pesquisa tomou, percebe-se que essas tecnologias, contemporaneamente, são úteis ao processo de ensino-aprendizagem, na medida em que possibilitam ao aluno aumentar suas potencialidades educativas, bem como sua capacidade de adquirir, organizar, armazenar, analisar, relacionar, integrar, aplicar e transmitir informação.

Várias expressões são normalmente empregadas para se referir ao uso da tecnologia, no sentido visto, na educação. A expressão mais neutra, denominada "Tecnologia na Educação", parece preferível, visto que permite fazer referência à categoria geral que inclui o uso de toda e qualquer forma de tecnologia relevante à educação. Porém, para contextualizar o exposto neste artigo, considera-se o uso da informática e das redes de comunicação, como a Internet, a exemplo.

Não há porque negar que atualmente a expressão "Tecnologia na Educação" é empregada direcionadamente para a informática, que se tornou o ponto de convergência de todas as tecnologias mais recentes. E especialmente depois do enorme sucesso comercial da Internet, computadores raramente são vistos como máquinas isoladas, sendo sempre imaginados em rede – a rede, na realidade, se tornando o computador.

Assim, concebe-se que a tecnologia na educação deixa aberta a possibilidade de que tecnologias que tenham sido inventadas para finalidades totalmente alheias à educação, como é o caso do computador, possam, eventualmente, ficar tão ligadas a ela que se torna difícil imaginar como a educação era possível sem elas. Hoje, porém, a educação é quase inconcebível sem essas tecnologias. Segundo tudo indica, em poucos anos o computador em rede estará, com toda certeza, na mesma categoria.

Também não se tem dúvida de que a educação pode ocorrer através da auto-aprendizagem, isto é, através daquela modalidade de aprendizagem que não está associada a um processo de ensino, mas que ocorre através da interação do ser humano com a natureza, com outras pessoas, e com o mundo cultural. Uma grande proporção da aprendizagem humana acontece desta forma, e, segundo alguns pesquisadores, esse tipo de aprendizagem é mais significativa – isto é, acontece mais facilmente, é retida por mais tempo e é transferida de maneira mais natural para outros domínios e contextos – do que a aprendizagem que ocorre em decorrência de processos formais e deliberados de ensino.

O que é particularmente fascinante nas novas tecnologias disponíveis hoje, em especial na Internet, não é que, com sua ajuda, seja possível ensinar remotamente ou a distância, mas, sim, que elas ajudam a criar ambientes ricos em possibilidades de aprendizagem nos quais as pessoas interessadas e motivadas podem aprender quase qualquer coisa sem ter que se tornar vítimas de um processo formal e deliberado de ensino. A aprendizagem, neste caso, é mediada apenas pela tecnologia.

Quando alguém usa os recursos tecnológicos hoje disponíveis para aprender de maneiras auto-motivadas e exploratórias, ele usa materiais de diferentes naturezas, preparados e disponibilizados em contextos os mais variados, não raro sem qualquer interesse pedagógico, e ele faz isso de maneira totalmente imprevisível, que, portanto, não pode ser planejada, e num ritmo que é totalmente pessoal e regulado apenas pelo desejo de aprender e pela capacidade de assimilar e digerir o que ele encontra pela frente.

Dessa maneira, o que se tem como relevante para a discussão que ora se encerra, é a maneira pela qual o uso racional da tecnologia deve ser empregado na educação, de modo a fomentar no aluno o interesse pela pesquisa, pela resolução de problemas de maneira autônoma e pelo uso de uma linguagem no mínimo inteligível. Assim, se justifica o uso da tecnologia da informação e da comunicação na educação, se esta servir aos propósitos educacionais de fato.

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