TECENDO REFLEXÕES SOBRE A PEQUENA PRODUÇÃO DO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO
1- Introdução
O presente texto tem como objetivo tecer algumas reflexões acerca da pequena produção do Semi-Árido brasileiro. Para elaboração desse trabalho usei como fundamentação alguns autores entre eles, VESENTINI (2002), ALMEIDA (2005).
O Semi-Árido brasileiro é uma região com características bastante peculiares, que merecem ser destacadas para melhor compreensão da dinâmica de produção desenvolvidas naquele setor. O Semi-Árido brasileiro é um dos maiores, mais populosos e também mais úmidos do mundo. Essa área abrange o norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, os Sertões da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e uma parte do sudeste do Maranhão.
Para entender como se dá a pequena produção nessa região, faz-se necessário compreender que o índice pluviométrico é pouco significativo nessa área, as chuvas são má distribuída, física e temporalmente, o que torna complexa a produção agrícola. No que se refere ao consumo e abastecimento de água para os moradores desse setor, é pertinente ressaltar que o Nordeste possui um dos maiores índices de evaporação do Brasil, o que torna reservatórios de água pouco profundos inúteis em épocas de seca. Para solucionar essa problemática o Governo federal instituiu o projeto de cisternas para o acúmulo de água nas residências para que as famílias solucionem seu consumo diário.

A figura acima demonstra a atividade da dona de casa fazendo uso da cisterna para cozinhar os alimentos e realizar as atividades domésticas.
Podemos então inferir que as atividades produtivas estão influenciadas pelas características climáticas do Semi-Árido brasileiro. A população desse setor dedica-se às mais diversas ocupações. Há pessoas que trabalham na agricultura, enquanto outras estão empregadas nas indústrias, no comércio, nos bancos e nas repartições do governo do estado ou nas prefeituras. Assim cada um com seu trabalho, contribui para a economia da área em questão.
Em relação a agricultura no Semi-Árido, pode-se dizer que essa atividade econômica contribui com o maior volume de nossas exportações.Dentre os vários produtos cultivados nessa atividade destacamos a soja, a cana-de-açúcar, o abacaxi, o sisal, o algodão, a laranja,entre outros. A agricultura é desenvolvida sob a forma de policultura, isto é, o cultivo de vários produtos, aliada à pecuária leiteira. Os agricultores além de possuírem seus plantios criam gado para vender o leite e produtos derivados.
A vegetação típica do Semi-Árido constitui-se de mata esparsa, adaptada ao regime de semi-aridez. É uma vegetação complexa e heterogênea, que consegue sobreviver em solos normalmente rasos e arenosos.


Em relação a caracterização física do semi-árido, ALMEIDA(2005,p.82) afirma que:
Típica da região do polígono das secas( sertão do nordeste e norte de minas), a caatinga é um bioma de clima semi-árido, solos pouco profundos e pedregosos e chuvas escassas e mal distribuídas.Enquadra-se nas formações arbustivas,com árvores pequenas e arbustos espaçados, onde é comum a presença de cactáceas.Por ser definida pela escassez de água, a caatinga apresenta espécies xerófitas.Suas raízes são profundas e ramificadas para alcançar o lençol freático que fica mais profundo na época da seca.
A autora afirma que as plantas características do semi-árido são apropriadas ao clima dessa região. Possui aspectos condizentes a distribuição de chuvas nessa área.
2-CARACTERIZANDO AS ATIVIDADES PRODUTIVAS NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO
A realidade da pequena produção do semi-árido brasileiro reflete a transição do modelo econômico do país de agroexportador para subdesenvolvido industrializado. Á medida que a indústria se torna o eixo principal e condutor da economia brasileira, a agricultura constitui-se como dependente e subordinada à indústria e aos interesses econômicos de grupos brasileiros internacionais.
As principais características da pequena produção do semi-árido brasileiro são: introdução da industrialização na agricultura, predomínio da agricultura familiar subutilização do espaço agrícola, predominância da produção de gêneros agrícolas destinados à subsistência. A agricultura familiar se configura como uma atividade praticada por agricultores no sentido de subsistência, ou seja, o homem planta para o consumo da sua família. Segundo VESENTINI (2002,p.75):
As principais lavouras brasileiras se desenvolvem nas grandes propriedades e destinam seus produtos à exportação ou à transformação industrial. È claro que o café, a cana-de-açúcar, o algodão, o cacau, a soja e a laranja também são consumidos internamente. Mas o produto de melhor qualidade é exportado, ficando o pior para o consumo interno.


O autor denuncia que os produtos de melhor qualidade são destinados ao mercado externo e isso acaba prejudicando o consumo das pessoas que moram no Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma das características marcantes nos últimos tempos na pequena produção agrícola é o uso de máquinas para auxiliar na produção e agilizar o processo de colheita.

Na pequena agricultura comercial e de subsistência, a utilização de equipamentos e técnicas modernas ocorre num grau bem menor que na grande agricultura comercial. Os estabelecimentos rurais têm também tamanhos muito menores.
A maior parte da mão-de-obra utilizada na pequena agricultura é familiar e a produção destina-se principalmente, à própria subsistência, isto é, ao sustento da família, e à comercialização no mercado interno. Em algumas áreas, os pequenos e médios proprietários fornecem matérias-primas para as indústrias.
A grande concentração de terras na mão de minorias acaba prejudicando a pequena produção do semi-árido, pois os mais pobres acabam sem ter terras para cultivar e os ricos possuem terras improdutivas.
Segundo PEIXOTO (1998,P.2) " Atualmente, apesar da expansão dos complexos agro-industriais na economia brasileira a pequena produção ainda apresenta uma expressiva participação na produção de alimentos ". Com isso podemos dizer que a pequena produção agrícola é importante no cenário brasileiro e seu valor deve ser reconhecido.


REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de. Geografia: geografia geral e do Brasil. São Paulo:Ática,2005
VESENTINI, J.William. Geografia Crítica.São Paulo: Ática, 2002
PEIXOTO,Sergio Elísio. A pequena Produção Agrícola :algumas questões atuais.Revista Bahia agrícola,v.2,novembro de 1998